Soneto Da Morte escrita por AngelSPN


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Agora as pontas começarão a serem ligadas e aos poucos o mistério sombrio e aterrador tomará conta dos corações sensíveis.



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A mulher corria com as mãos nos ouvidos, o som estava acabando com sua sanidade mental. Deveria ter ouvido a jovem loira, mas Jéssica não quis acreditar. Era mais fácil não admitir o que parecia óbvio. Mas estava apaixonada, estava cega por aquele homem sedutor. Eles estavam juntos a mais de um ano e desse amor nasceria o fruto que daria continuidade ao nome da família.

— Alex! Por quê? — Jéssica tinha a garganta dolorida, mas era bom ouvir uma voz humana, mesmo que fosse a sua.

Lembrou dos momentos de terror e voltou a correr, já havia abandonado o sapato de salto que tanto amava. Sua barriga começou a doer.

— Não, não, não... Por favor, bebezinho agüente firme. Estamos quase chegando a um lugar seguro. — No entanto Jéssica voltou a ouvir a melodia com mais intensidade, conforme o som aumentava sua barriga se agitava.

Com dores insuportáveis ela ajoelhou-se na grama enlamacenta. Gritava estridentemente por ajuda, desconhecia o local. Seus olhos totalmente vidrados e arregalados olhavam para os lados. Ninguém a ouviria.  Mas Alex estava a poucos metros, e a passos lentos seguia de encontro a mulher.

— Não, Alex! Por favor... — Soluços agora estremeciam ainda mais o corpo da jovem. — Por favor, eu te imploro. Não nos machuque!

— Jéssica querida. — Aquela voz não era a do amado Alex. O corpo sim, mas a coisa a sua frente mostrava-se frio, calculista e tinha um odor tão repulsivo que Jéssica não agüentou o embrulho do estômago. — Pobre criança, não sinta medo. Prometo que serei rápido.

Os olhos da mulher estavam manchados de preto devido a maquiagem antes tão bela, eles estavam esbugalhados pelo horror e pela dor. A mão que saia do casaco preto era quase ossuda de uma pele muito fina. Jéssica em um desespero puxou-lhe o braço arrancando com facilidade a camada de pele que envolvia aquela mão repulsiva.

— Meu Deus, o que você é? — O terror envolveu todas as células de Jéssica e mesmo em carne viva aquela mão aproximou-se levemente em seu rosto e um imenso véu negro cobriu sua mente.

— Vamos querida, ainda não terminamos. — Alex agora estava com ela nos braços, a chuva torrencialmente caíam sobre eles, os relâmpagos intensos clareavam o rosto da jovem. E a criatura continuava a passos lentos cantarolando sua melodia horripilante.

***

Jéssica abriu os olhos com dificuldade, sentia algo batendo neles. Tentou levar as mãos ao rosto. Não teve domínio sobre elas. Sua cabeça rodava e de seus lábios o murmúrio de um “ajuda-me”.

— Querida, você acordou? Não era para ser assim. Seria melhor se continuasse dormindo. — O homem parou com a pá nas mãos apoiando-se nela.

— Nã..ão...— As palavras não saiam conforme sua vontade.

— Renda-se. Será melhor para você. Poupará um desgaste desnecessário. — Jéssica apenas seguia olhando-o parecia com o Alex que ela conhecera, e o som de uma criança chorando quebrou seu silêncio.

A mulher grunhia e em um último esforço olhou para sua própria barriga, não tinha certeza. Voltou a olhar para aquele que um dia fora seu companheiro. E gritou histericamente em um esforço descomunal as palavras:

— Meu... Bebê! — Até mesmo para Alex era surpreendente aquela força interior que a mulher mantinha. Deixou a pá de lado, desapareceu momentaneamente do campo de visão da jovem e voltou pulando para dentro do buraco em que se encontrava Jéssica.

— É um lindo garoto. Puro como a mãe. Mas o DNA do pai.

Alex aproximou o bebê no rosto da jovem mãe. Lágrimas escorriam em abundância do rosto transfigurado pela dor. A criança era linda e filha de um monstro. Jéssica mantinha os olhos na criança, mas a vida abandonara-lhe naquele momento.

***

Jo Harvelle ouvia a mesma mensagem mais de dez vezes, “O telefone está desligado ou fora da área de cobertura”. Desligou, pegou as chaves do carro e seguiu pela estrada esburacada. Após alguns quilômetros chegou a uma casa muito bonita ao estilo contemporâneo.

Segurou a campainha insistentemente, viu as luzes do andar de cima acendendo. Levou a mão à cintura certificando-se que a faca de prata que ganhara do pai continuava ali. A porta abriu mostrando um jovem rapaz ainda sonolento.

— Qual é o seu problema garota?

— Preciso falar com sua irmã. É urgente.

— Jéssica ainda não voltou. Assim que ela chegar com Alex, ela ligará para você... Senhorita? — O garoto agora olhava com um olhar mais atrevido para a loira.

— Joanna. Por favor, se ela aparecer me ligue.

— Tá.

Jo desceu os degraus e seguiu para seu carro.

— Garota maluca. Mas bem gostosinha. — O jovem fecha a porta sorrindo e volta para o interior de sua casa. Ele nem poderia desconfiar que Jéssica jamais fosse voltar.

***

Sam pegou sua mochila, caminhou lentamente até a porta do hotel. Abriu-a cautelosamente e olhou seu irmão dormindo com um livro no colo. Suspirou profundamente e fechou-a sem fazer ruído. Dean não entendia o que se passava dentro dele, não seria capaz de dizer ao irmão que estava com medo de si mesmo e toda aquela raiva que crescia em seu peito. Sabia que era algo demoníaco, que cresceria de uma forma que talvez colocasse a vida do irmão mais velho em perigo. Tinha que descobrir o que estava lhe acontecendo, e não queria envolver o irmão em mais uma missão sombria. Dean já passara por muitos perigos, sofrimentos que fogem a vida humana resistir. Depois do que acontecera no banheiro do hotel, não hesitara em procurar a fundo uma solução para esse mistério. Sam olhou para os lados, não iria levar o carro do irmão. Roubou qualquer um que estava ali e deu a partida.

Uma hora depois o loiro acorda sobressaltado, teve um pesadelo com o pai. Respirou fundo ao perceber que eram apenas sonhos. Levantou, sentiu um arrepio percorre-lhe a espinha. A cama do irmão estava intacta, suas roupas e a mochila não estavam no quarto. Sam havia partido.

— Droga Sam! — O loiro deu um tapa em um abajur que se estilhaçou de encontro a parede.

Dean pegou o telefone, tentou ligar para o irmão. Desligado. Ele passou a mão nervosamente entre os fios de cabelos dourados. Juntou suas coisas e saiu. Foi até a recepção e confirmou suas suspeitas. Sam havia partido sem ele. O rapaz entrou no impala, estava pensativo e um de seus telefones toca.

— Sam juro por Deus que vou...

— John é você? — A voz feminina do outro lado da linha interrompeu a frase do rapaz.

— Não... é o filho dele. Quem é? — Dean suspirou tentando manter a calma.

— Dean Winchester? — A surpresa naquela voz e a do rapaz em saber que a mulher do outro lado da linha o conhecia, manteve-o concentrado novamente.

— Quem está falando?

— Meu nome é Helen Harvelle garoto. Conheci seu pai, quando ele e meu marido foram caçar. Preciso muito falar com ele. Além de ter pistas sobre algo demoníaco, minha filha Jo resolveu caçar sozinha. Preciso da ajuda dele. — A mulher tentava manter-se firme, mas Dean sabia que por de trás dessa firmeza o medo se instalava em seu timbre de voz. — Mas por que raios você está com o telefone de John? Ele... — Ela interrompeu a frase. — John está bem não está? — Helen já imaginava a resposta.

— Para ser sincero, Dona... Não ele não está. Ele... Morreu. — Dean sentiu as palavras morrerem em sua garganta rouca.

Um breve silencio se fez entre eles. Nenhum dos dois ousou quebrar essa barreira. Mas Helen pigarreou e continuou:

— Eu... Sinto muito meu rapaz. Foi o demônio?

— Achamos que há envolvimento... Com eles. Como você sabe de tudo isso? Papai nunca nos falou de você ou sua família.

— É? John era cheio de mistérios. Preciso de caçadores com experiência, e você foi criado desde pequeno para lutar contra o mal.

Dean sorriu. Quanta ironia. Cresceu lutando contra as criaturas e, no entanto não conseguia domar o gênio do irmão.  E nem mesmo onde ele havia se metido.

— Helen... Não é? Estou com problemas neste momento. Meu irmão meio que... Me deixou para trás e não sei onde diabos ele se meteu. Tenho que protegê-lo e nem isso fui capaz de fazer. Imagina se sou capaz de ajudar você. Eu sinto muito.

— Dean. Peço-te. Como uma mãe desesperada. Preciso que cuide da minha menina. Traga-a para mim sã e salva. Prometo que ajudarei a encontrar seu irmão. Tenho muitos contatos aqui na RoadHouse. Mas caçadores de confiança para essa missão... Era John.

Dean passou a mão pelo rosto. Era evidente o apelo daquela mulher pela sua ajuda. Não poderia negar um pedido que evidentemente seu pai atenderia se estivesse vivo.

— Tá. Não posso prometer muita coisa. Onde posso encontrá-la? — Dean ouviu o suspiro de alivio da mulher do outro lado da linha. Pelo menos poderia ser útil para alguém, pensou o loiro.


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Notas finais do capítulo

Pessoal agora as coisas ficaram um pouco mais claras...não é? Espero que não tenham pirado com minhas imaginações e tenham gostado deste capítulo. Espero seus reviews! Beijos.



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