Beauty And The Beast escrita por Maria C Weasley


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Como prometido aí está o capítulo, espero que vocês gostem.



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Eu cheguei cedo à biblioteca no dia seguinte primeiro porque como já mencionei não suporto quadribol e segundo porque não daria ao Riddle o gostinho de chegar na minha frente. Mas quando o relógio se preparava para dar a primeira badalada da tarde ele apareceu, muito embora houvéssemos marcado apenas as duas. Não podia provar, mas eu tinha certeza que ele tivera a mesma ideia que eu.

– É bom que esteja aqui senhorita Prewet assim poderemos terminar logo com isso.

– Não vai ser muito difícil. – Comentei para mim mesma, afinal animagos era um tema que nos permitia diversas abordagens.

– Não se a senhorita colaborar. – Ele murmurou.

– O que está insinuando com isso senhor Riddle? – Perguntei o encarando mortalmente.

– Nada Mirach, absolutamente nada.

Acho que já devo ter comentado que Tom Riddle me da nos nervos, vamos ser francos ninguém merecesse ter que suportar esse garoto. Oh Merlin o que eu fiz para que você me odiasse tanto?

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Faz agora quatro horas que começamos com o nosso trabalho e, não acredito que serei obrigada a dizer isso, não brigamos nem ao menos uma vez nem tentamos nos matar o que só prova que eu não posso estar certa todas às vezes.

– Até que não esta sendo tão ruim trabalhar com você Prewet. – Riddle comentou subitamente verbalizando meus pensamentos.

– Infelizmente devo dizer o mesmo.

– Talvez possamos recomeçar. – Tom comentou me estendendo a mão, mas eu sabia que ele não fazia isso apenas por meus belos olhos cinzas ou na tentativa de reatar nossa amizade.

– Perdoe-me senhor Riddle, mas se não me falha a memória, e não creio que este seja o caso, foi o senhor que me mandou ficar fora do seu caminho e ignorou minhas tentativas de estabelecer uma amizade ou até mesmo uma parceria entre nós durante nosso primeiro ano. O senhor criou essa guerra, não creio que esteja sendo sincero agora.

– Era muito jovem naquela época, não sabia o que estava fazendo

– Quer mesmo que eu acredite nisso? Francamente sempre acreditei que você fosse um mentiroso melhor, caso não se lembre o senhor disse textualmente que eu jamais seria alguém por ser mulher. Não pense que me esqueci e para ser sincera não sei se um dia o farei.

Tom continuou a me encarar com seus olhos negros e por um momento me vi tentada a invadir a mente dele para descobrir o que esse garoto realmente pensava, mas não queria que ele conhecesse minhas habilidades em ligiminencia, pelo menos não por hora. Eu ainda esperava por uma resposta, me contentaria com qualquer uma no momento, quando as portas da biblioteca se abriram violentamente revelando Eillen.

– Mirach, você precisa vir comigo agora.

– O que foi que aconteceu Eillen? – Perguntei preocupada.

– É o seu irmão.

– O que aquele Trasgo fez dessa vez? – Subitamente minhas preocupações se tornaram ainda maiores convergindo com o stress, desde que viera para Hogwarts Othy só causava problemas e embora ele fosse o único irmão do qual eu gostava as coisas já estava passando dos limites.

– Parece que ele brigou com um menino da Grifinória.

– E o que tem de mais nisso Eillen? Brigas acontecem todos os dias nessa escola.

– Mirach você não está entendendo, o garoto com quem seu irmão brigou está inconsciente na ala hospitalar, corre o boato que ele teria matado o garoto se não tivessem chegado a tempo de separá-los.

– Onde ele está agora? – Perguntei contando até mil para que minha vontade de matá-lo diminuísse.

– Na sala do diretor, mas escutei o professor Slughorn falando para o professor Rother que o diretor vai chamar os seus pais dessa vez e por isso vim te avisar.

– “Droga Othy, porque você não é capaz de ficar quieto, papai vai vir do escritório furioso e vai querer matar nós dois.”

– Mirach, nosso idioma, por favor.

– Desculpe Eillen, você bem sabe que tenho a péssima mania de falar em francês quando algo me tira do sério. – Na verdade isso acontecia quando eu ficava nervosa, mas não deixaria Tom saber disso.

Uma breve explicação, a família da minha mãe é inteiramente francesa, lembro bem que quando completei onze anos ela discutiu com o meu pai dizendo que eu deveria ir para Beauxbatons, a escola na qual ela estudara quando menina, obviamente não ganhou a discussão, mas voltando graças a esse fato ela obrigou todos nós a aprendermos francês embora eu tenha sido a única que herdou essa mania dela.

– Parece que vou ter que ajudá-lo, de novo. – Falei já recolhendo o meu material.

– E o nosso trabalho senhorita? – Tom perguntou indignado.

– Riddle eu não estou com a menor cabeça para isso agora, poderia me fazer o favor de guardar o seu ataque para mais tarde? Pois a não ser que seja um cego teria notado que eu não estou exatamente ansiosa para ir acudir o meu irmão caçula. – Falei mais ríspida do que o normal e dando as costas para ele me encaminhei para a sala do diretor.

– Professor? – Perguntei batendo na porta, durante o caminho eu tivera tempo de me recompor e preparar a minha máscara de indiferença.

– Senhorita Prewet pode entrar?

Eu entrei calmamente na sala me deparando com os dois sentados de frente para a escrivaninha do diretor.

– Mira, eu juro... – Lancei um olhar ameaçador para que ele calasse a boca, as coisas já estavam ruins o bastante para o lado dele.

– Diretor eu gostaria de entender exatamente o que se passa aqui, se isso me for permitido obviamente. – Falei fingindo humildade enquanto me sentava ao lado de Othy.

– O seu irmão deixou um aluno inconsciente e como a senhorita bem sabe essa não foi a primeira vez, creio que não tenha escolha além de chamar o seu pai.

– Mas medidas tão drásticas são mesmo necessárias? – Perguntei fazendo minha melhor carinha de anjo.

– A senhorita sabe que só não os chamei antes em consideração a senhorita que é uma das melhores alunas dessa escola, mas as coisas já estão passando dos limites e medidas devem ser tomadas, creio que possa entender isso.

Enquanto tentava pensar em mais algum argumento que salvasse Othy a lareira do diretor começou a arder em chamas verdes e meu pai saiu lá de dentro utilizando ainda o terno que usava para trabalhar todos os dias.

– Othymyer Prewet o que você fez dessa vez? – Meu pai falou sem elevar a voz, mas eu e meu irmão nos entreolhamos preocupados, sabíamos que ele estava furioso uma vez que utilizara o nome completo de Othy coisa que não é nem um pouco normal.

– Pai eu não fiz nada. – Meu irmão tentou se justificar em vão.

– E como a senhorita permitiu que isso acontecesse? – Ele continuou ao se virar para mim e eu juro que se não fosse meu pai, como minha boa educação ou não, teria recebido uma resposta bastante acida.

– Não precisa culpá-la, senhor Prewet, não creio que a senhorita Prewet tenha alguma culpa nisso tudo. Ela está aqui para se responsabilizar pelo jovem senhor Prewet enquanto aguardávamos que o senhor chegasse. – O diretor falou calmamente não percebendo, como acontecia com a maioria das pessoas, a verdadeiro estado emocional de meu pai. – Se a senhorita desejar pode se retirar, sei que tem afazeres mais importantes de que escutar os problemas de seu irmão.

Com graça e dignidade me levantei da cadeira, eu sabia que o diretor não queria minha presença ali apesar do tom delicado que utilizara, e me despedindo educadamente dos três tive o cuidado de desejar boa sorte ao meu irmão quando passei ao seu lado.

– Mira.

– Sim papai.

– Sua mãe pediu para eu lhe entregar isso. – Ele falou estendendo um pacote cor de rosa que eu sabia conter uma das roupas criadas pela minha mãe que ela manda todo o mês, roupas essas que eu provavelmente jamais usaria.

– Agradeça a ela por mim, por favor. – Falei antes de me retirar de vez da sala.

Enquanto me encaminhava para o salão comunal da Sonserina minha mente vagava longe, eu pensava no porque de Othy se esforçar tanto para se meter em confusões, muito embora essa fosse uma resposta que eu já conhecesse a muito tempo. Ele era o menor dos irmãos, não era bom e quadribol nem tinha a minha inteligência, ele era simplesmente o filho caçula de Katillyn e Kristan Prewet. Na cabeça de Othy essa era a única maneira que ele tinha para chamar a atenção de nossos pais, mas meu irmão nunca descobriu o que é ser ignorado de verdade por eles e rezo para que ele nunca descubra, ele não seria forte o bastante para conviver com o fato. Para perceberem como eu estava distraída nem notei que havia uma pessoa na minha frente até esbarrar nela.

– Não olha por onde anda Prewet? – Riddle me perguntou de maneira agressiva, eu sinceramente não conseguia entendê-lo, em um momento em um momento era todo doce e no outro se transformava em um trago completo.

– Perdoe-me Riddle. – Respondi de maneira apática, não estava com cabeça para iniciar uma discussão.

– O que aconteceu com você? – Ele perguntou e por algum motivo bizarro havia preocupação genuína em sua voz.

– Apenas problemas familiares.

– Eu lhe conheço ao menos um pouco para saber que você não ficaria nesse estado por uma coisa de nada.

– É só o meu irmão, ele vem me dado muitos problemas ultimamente.

– Quer mesmo que eu acredite se tratar apenas disso? Vamos ao menos faça um esforço para mentir se não quer me contar a verdade.

– Riddle eu já lhe disse isso, mas voltarei a repetir, eu não lhe devo satisfação nenhuma. – Respondi enquanto tentava me desvencilhar dele.

– Eu sei que não somos amigos e que na maioria das vezes não lhe trato bem, mas achei que fosse esperta o bastante para perceber que estou tentado te ajudar. – Ele reclamou e pela primeira vez em muitos anos me lembrei do doce menino que conhecera em minha primeira viajem a bordo do expresso de Hogwarts.

– Minha família bem como a da maioria dos sangues puros é complicada.

Não sei exatamente porque fiz isso, provavelmente me arrependeria amargamente disso mais tarde, entretanto deixaria para pensar nisso quando o momento chegasse. Eu simplesmente precisava desabafar com alguém, mesmo que esse alguém fosse Tom Riddle.

– Meus pais não queriam uma menina, como bem sabe e adora me lembrar as mulheres não são servem para muita coisa na sociedade em que vivemos, então mesmo já tendo dois filhos homens não ficaram muito contentes com o meu nascimento, desde que me lembro sempre ouvi que não era tão boa quando meus irmãos, e para piorar alguns anos depois Othy nasceu.

– Seus irmãos ao menos são bons em alguma coisa?

– Os mais velhos são excelentes jogadores de quadribol, mas Othy ainda não descobriu nenhuma habilidade especial.

– Isso explica porque não gosta de quadribol. – Tom concluiu rapidamente.

Sem que tivesse me dado conta estávamos acomodados nas poltronas verdes do salão comunal da Sonserina que estava completamente vazio.

– Eu faço tudo que posso para ser a melhor, para provar que também tenho valor, mas é claro que isso nunca adiantou de nada e por isso sinto pena do meu irmão. Como Argos e Ignatio são jogadores de quadribol e os meus sonhos de entrar para o Ministério não contam de nada por eu ser mulher e meu único trabalho, seria cuidar de uma família, cabe a Othy ser o filho que seguirá a carreira no Mistério assumindo o lugar do meu pai. Mas ele além de odiar essa função ainda não leva nem um pouco de jeito para isso.

– Não deveria sentir pena do seu irmão, não é sua culpa que ele assim como os outros seja dispensável e nem você deveria consertar as besteiras dele.

– Eu bem queria ser capaz de pensar assim, mas apesar de tudo eles são a minha família e precisam de mim embora queiram acreditar no contrario, não faria o mesmo pela sua?

– Eu não conheci a minha família, sou órfão. – Ele disse aparentando indiferença, mas algo bem no fundo dos seus olhos negros me fazia pensar que talvez, apenas talvez, ele sentisse mais ódio desse fato do que se permitia demonstrar.

– Eu sinto muito.

– Não sinta. – Ele respondeu rapidamente e falando mais consigo mesmo do que comigo continuou. – Eu não entendo você, às vezes não se parece com uma sonserina, mas em outras é a própria reencarnação de Salazar.

– Eu vou considerar isso como um elogio, Tom. Obrigada por me escutar quando a maioria jamais teria paciência para tanto, mas se eu descobrir que você contou nem que seja uma palavra do que eu disse para mais alguém, quem quer que seja, saiba que não viverá para ver o próximo nascer do sol.

– Essa é a Mirach Prewet que eu conheço. – Escutei ele comentar enquanto me encaminhava para meu dormitório, talvez o meu dia não tenha sido de todo tão ruim.



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