Okay, era um momento estranho. Veja você: eu estava ali num hospital me recuperando de um quase abuso enquanto o garoto que me chamou a atenção dentre todos os milhares do colégio veio me visitar. Eu estava com vergonha, pelo motivo de estar ali e com medo que ele soubesse qual era.

- Hm, talvez eu não devesse ter vindo. - ele estava vermelho e se virou rapidamente no intuito de abrir a porta e sair.

- Não, espera. - ele se virou.

-  Hm?

- Obrigada. Por estar aqui. E eu sei quem você é.

- Ah, não por isso. Eu só achei certo vir aqui te ver. As más línguas do colégio estão falando mal de você, já mudaram a história toda. E sua mãe está muito preocupada com isso. Aí eu achei que seria legal vir te ver. - Uau... ele estava sendo tão sincero. E estava tão meigo fazendo aquilo... por mim!

Eu não me lembrava de respondê-lo. Só fiquei imersa nos meus pensamentos enquanto encarava-o. Eu estava pensando se esse era o real motivo para ele estar ali, se eu era o motivo para ele estar me visitando. Mas fiquei tanto tempo sem falar e olhando pro pobre garoto que ele começou a ficar sem graça e voltou a ficar vermelho.

- Er... Hayley?

- Sim? - ele sabe meu nome. É, a vida anda me surpreendendo.

- Nada, só queria saber se ainda estava aí. - ele segurou um sorriso enquanto fingia coçar no queixo.

- Ah, desculpe. Estava filosofando comigo mesma. Mas ei, sente-se ali no sofá. Não quero que vá agora.

- Claro, claro. Mas antes... - ele se aproximou da minha cama e me entregou um pacote vermelho - eu trouxe pra você. As pessoas geralmente trazem presentes quando as outras estão no hospital, não é?

- Obrigada. - eu tentei gentilmente não rasgar o papel. Uma tentativa inútil. Mas ele não se importou.

- O que achou?

- Cômico. Pra essa situação. Me dar um spray de pimenta vai me ajudar na próxima vez, eu acho. - eu ri quando vi o presente. Era bom rir disso tudo agora que já tinha passado o pior.

- HAHA Desculpe, mas achei que eu devia te dar um.

Um barulho na porta. Era a enfermeira. Eu tinha esquecido completamente que tinha pedido pra ela ficar ali comigo. Ela olhou pelo canto do olho pro Eric enquanto se dirigia até a poltrona ao lado da minha cama.

- Ainda quer que eu fique, querida?

- Eu acho que não vou precisar, enfermeira...

- Betty. Me chame de Betty.

- Ok, Betty. Se eu precisar eu te chamo.

- Tudo bem, senhorita Williams. Logo o doutor estará aqui.

- Tá bom. E Betty...

- Hm?

- Me chame de Hayley.

Ela piscou pra mim e deu uma risadinha doce antes de se virar e sair do quarto.

Eric Bright estava sentado no sofá branco que ficava na frente da minha cama me encarando com uma expressão meio difícil de se decifrar. Eu o encarei por um longo momento. Como ele era lindo!

- Eu vou te contar o real motivo para eu estar aqui te visitando. - ele se levantou e ficou parado perto dos meus pés.

- Conte-me.

Ele se aproximou lentamente de mim e sentou-se na beira da minha cama. Pôs um braço do outro lado da cama para se apoiar e encostou seus lábios finos lentamente sobre os meus. Foi um selinho. Um selinho longo.

- Eu estava preocupado com você.

Eu não lembrava de como respondê-lo.

- Hayley...

- Ah... me desculpe. Eu estava...

- Filosofando, sei. HAHA. - Ele se virou e coçou o queixo novamente, como quem estuda uma situação. - eu preciso ir agora.

- Não! - eu arfei.

Ele se virou com um sorriso de vitória e continuou num tom sereno:

- Eu prometo voltar.

Ele se levantou e saiu do quarto.

"Eric Bright. Eric Bright acabou de beijar meus lábios. Eu acho que estou dormindo. Acorda Hayley, acorda!"

- Podemos entrar Hayls?

- Hm? Ah, oi gente! Entrem, sim sim!

Lá estavam as razões para eu sorrir todos os dias. Alice, Mike, Jéssica e Lindsay estavam ali com flores e cartõezinhos piegas para me entregar.

- Ei Hayls. É impressão minha ou vi Eric Bright sair do seu quarto com uma expressão de vitória?

- É, eu acho que viu, Jéssie.