Já estava quase anoitecendo e Nico ainda não voltara para casa. Eu realmente acho que ele deve estar a caminho ao Caribe neste exato momento com aquela tocha humana. Indo em direção a minha futura ilha, se é que vocês entendem minha indignação.

Não é justo, você não chega invadindo casas alheias e quebrando climas. Mesmo que o apartamento seja do seu noivo e o dito cujo um cafajeste. Isso não se faz, devia até estar em algum lugar da constituição. Depois eu pergunto a Percy, talvez meu lindo primo estudante de direito que me emprestou um cartão de credito zerado tenha algo a dizer sobre isso.

Cartão de credito. Vocês entenderem direito?

Por que eu fui me apaixonar por Nico? Com Percy as coisas seriam tão mais fáceis.

Eu disse me apaixonar? Devo estar ficando louca... Talvez seja todo o sorvete que eu estou devorando enquanto assisto filmes românticos com finais trágicos. É definitivo, Nico di Ângelo quer me engordar, só pode.

Não se larga uma garota daquele jeito a menos que você queira que ela compre e devore toda a sessão de doces do supermercado. Não mesmo.

A porta se abriu rapidamente, eu pude ver Nico entrando no apartamento, sua expressão não era das melhores.

Enxuguei rapidamente meus olhos avermelhados. - ainda não acredito que o protagonista morreu de câncer. E o cachorro? Ele tinha que ser atropelado também? A vida não é justa, agora a mocinha gravida de gêmeos está viúva e sozinha no mundo, tendo que escolher qual dos dois filhos dará para a adoção. A menina ou o menino? Vida cruel...

Ok, viajei total agora. Toda essa glicose está me fazendo muito mal.

– Thalia... - chamou Nico atravessando a sala em minha direção. - Nós temos que conversar!

– Sobre o que mesmo? A parte que você me seduziu ou a parte que você me chutou de novo?

Ele revirou os olhos e pausou o meu filme. Eu lhe lancei o meu melhor olhar se eu perder a gravação do filme, eu juro que te mato e sorri desapontada para ele. Nico puxou minhas mãos, me levantando do sofá, e me conduziu até a mesa de jantar.

– Nós realmente precisamos conversar. - disse nervoso enquanto se sentava, eu o acompanhei e me mantive quieta, o encarando. - Você sabe que eu passei para Harvard.

– Humhuu... - concordei enquanto dava uma mordida numa maça que havia em uma fruteira em cima da mesa. - Mas você preferiu ficar vagabundando por aí em vez de fazer o curso de direito.

– Você não acha estranho meu pai simplesmente concordar com isso? - eu assenti com a cabeça, dando outra mordida na maça. Eu realmente não espero morrer igual à Branca de Neve. Nico não seria o melhor príncipe encatado. - Pois bem, havia um motivo.

– E qual seria?

– Minha namorada estava gravida, ela perdeu o bebê, você sabe...

– Que namorada? Aquela punk ainda na época do colegial? - ele concordou com a cabeça - Ela não abortou?

– Hades não precisa saber disso! - Nico disse me olhando ferozmente. - Eu disse ao meu pai que iria me casar com ela e ter lindos e maravilhosos filhos, não haveria tempo para eu ir para a faculdade.

– E daí?

– Ele é advogado, Thalia? O que você acha que ele fez?

– Não sei, por acaso tenho cara de vidente?

Nico revirou os olhos e continuou:

– Me obrigou a assinar um contrato, em três anos eu teria que estar casado e no mínimo com um filho a caminho, senão eu seria deserdado.

Assumo que nossa hora eu quase me engasguei com a maça. Dois pobres na mesma família já é demais para mim. Quem iria me bancar?

– E presumindo que este é o seu ultimo ano para formar uma família... - eu disse incerta, ele assentiu com a cabeça - E que você perdeu sua noiva essa manhã?

– Perdi. A gente ia se casar em seis meses, Thalia! Seis meses! - repetiu nervoso - Faltam sete para o fim do contrato, depois era só fingir uma criança crescendo no útero dela, perder a criança e depois pedir divorcio e bum...

– Você seria o eterno playboy sustentado pelo o pai?

– Não é demais? - perguntou parecendo realmente estar animado.

– Não sei, você acha?

– E muito. E sabe aquele negocio que você me pediu? Achar um marido rico?

– Claro que sim, não tenho amnesia!

– Então... - Nico levantou-se da cadeira e ajoelhou-se em minha frente, tirou do bolso uma pequena caixa azul aveludada e a abriu, deixando amostra um lindo anel. Dois quilates, no mínimo. - Casa comigo, por favor!

Cof... Cof... Cof... Ok, agora eu realmente estava engasgada com aquela maça.