Eu já estou esperando há tanto tempo neste ponto de ônibus que acho que a muralha da china já foi derruba e reconstruída umas três vezes.

No mínimo.

Eu também não tenho a menor ideia de quanto é a passagem do ônibus, e muito menos em qual entrar, mas como a situação está tão horrível, eu acho que entro no primeiro que passar por aqui.

Sentei-me na calçada e comecei a mexer no meu celular, pelo menos meu Iphone restara para melhorar um pouquinho a minha autoestima.

– Isso realmente é lamentável! - eu conhecia aquela voz. Virei-me instantaneamente e pude ver um garoto moreno, alto e de olhos verdes. Graças aos deuses, minha vida estava salva.

– Percy!- gritei enquanto o abraçava - Por favor, me ajuda! Eu fiz uma coisa horrível!

– Calma, Thalia, só me diz onde tá o presunto! - o que aquela criança estava falando? Percy é muito retardado mesmo, presunto? Qual é desse preconceito? Só porque estou momentaneamente pobre, significa que sou uma assassina? - Fica calma que eu tenho uns contatos, entra no meu carro! - ele apontou para o seu automóvel.

– Um Audi?

– Pois é, - confirmou contrariado - eu sou da parte pobre da família.

– Pobre? Eu tô sem dinheiro para a passagem de ônibus! - reclamei nervosa - Não quer me dar o seu carrinho não?

– O que? Você estava esperando ônibus aqui? - eu assenti com a cabeça. Percy começou a rir compulsivamente.

– Perceu Jackson! - gritei dando-lhe tapas no ombro - Para de tirar chacota da verdadeira parte pobre da família!

– Isso é impossível Thalia! Hoje é sábado, não tem escola!

– O que?

–Aqui é um ponto de ônibus escolar, só passa de manhã e de tarde!- respondeu-me- Você saberia se não tivesse obrigado o seu motorista a te levar no colégio durante toda a sua adolescência!

– Cafajeste! - gritei. Era hoje que aquele garoto morria!

– O que foi que eu fiz? - perguntou Percy confuso - Para com isso senão não te ajudo com o presunto!

– Não tem presunto, Percy! Não tem corpo, não tem defunto, não tem sequer dez dólares no meu bolso!

– Claro que não, que tipo de pessoa guarda um defunto no bolso? - retardado. Acho melhor nem responder esse garoto, Annabeth me mata se ele sair machucado.

– Eu, Percy, eu vou ter um defunto no bolso se você não parar de falar merda! - falei nervosa - Eu já vou ter um de qualquer maneira, porque quando eu pegar aquele garoto ele vai morrer!

– Ei, calma Thalia! Não pode matar, é feio! - repreendeu-me como se eu fosse um bebê - E você sabe a ordem natural das coisas, tu não és mais rica, ou seja, pobre vai para a cadeia.

– Você faz direito, não me defenderia? - perguntei.

– Quem é a vitima?

–Além de você? - ele me olhou com medo, dando passos para trás - Nico di Ângelo!

–Nem a pau, tô fazendo estagio com o Tio Hades, ele me mata se eu defender quem matou o herdeiro dele, saca?

– Idiota! Agora me paga um café que eu te conto toda a historia!

– Mas eu não quero café! - disse um pouco confuso - E eu não sabia que as pessoas auto se convidavam para sair com outras!

– Nem eu, pelo visto pobres fazem isto. Então, vamos? - eu disse andando em direção ao carro dele.

– Não posso, vou sair com Annie!

– Me leva junto!

–Não dá, Thalia!

– Por que não?

– Hoje é uma noite especial!

– Por quê?

– Aniversario de namoro!

– E daí, vão ter outros!

– É especial mesmo! - disse balançando a cabeça sugestivamente - Você sabe!

– Ai meu Deus! Você é, você é! - eu comecei a dar gritinhos em volta de Percy - Você vai ter sua primeira noite com Annie hoje!

– O que, não! - negou indignado, corando.

– Virgem! O pegador Perceu Jackson é virgem!

– Eu não sou nada! Você mesma disse, o pegador!

– Só na adolescência, gato! - eu disse em um tom maquiavélico - Ninguém sai transando aos 14 por aí!

– Só você e Nico, não é mesmo? - respondeu-me a altura. Ele tinha que me lembrar disso!

– Você disse que hoje é uma noite especial, especial mesmo - repeti suas palavras -, se você vai transar com ela pela primeira vez, então você é virgem, porque estão juntos desde os 15! A menos que tenha tido umas puladas de cerca...

– Não teve traição nenhuma, eu a amo, Thalia! - Percy parecia irritado - Olha só, eu vim aqui porque eu soube que você esta precisando de ajuda, mas eu acho que você não a quer, então Tchau.

– Não, desculpa, Percy! - pedi ao meu priminho mais novo, quanto de dinheiro será que ele vai me dar?

– Toma, cinquenta dólares! - disse tirando uma nota entre tantas da sua carteira de couro legitimo.

– Só?

– Como só? - perguntou-me - Você acha que dinheiro brota em arvore?

– Para você sim! - respondi - Se continuasse a brotar do nada para mim, você acha que eu estaria pedindo?

– Toma, mais vinte! - deu-me mais uma nota.

– Olha só, se você me levar para comer, e depois me dar todo o conteúdo da sua carteira, eu lhe ensino a fazer uma coisa incrível com a língua! Sabe, né? Para essa noite especial... - o propus - Vamos, Percy, ainda está de tarde. Dá tempo.

– Sem aula pratica! - impôs Percy - Eu já disse que a amo!

– O que? Eu tenho tanta cara de vadia assim? Claro que não é pratica!

Ele resmungou e abriu o carro.

– Entra logo, Thalia, não me faça mudar de ideia!

Eu sorri, o beijando na bochecha. Dei a volta no carro e entrei pela porta do carona.

Era hoje que eu comia num restaurante de luxo! Nossa, estava precisando tanto de uma lagosta. Nem me lembro de quando foi a ultima vez que não comi miojo.

Percy não parava de olhar no relógio. Já estávamos no restaurante, os nossos pratos ainda não tinham chegado.

– Eu acho que já entendi tudo! - disse Percy - Não precisa mais ficar mexendo a sua língua desse jeito, as pessoas estão olhando!

– Qual é, Percy! Para de ser chato!- o repreendi - Eles só estão olhando para a nova despejada do pedaço!

– Para, Thalia, é serio! - pediu. Ele estava quase suplicando. - Eu ainda tenho uma reputação a zelar!

– Garoto chato! Cadê meu dinheiro? - Percy colocou a carteira dele em cima da mesa, eu a peguei e a coloquei no meu bolso - Quanto tem?

– Dois.

– Que tipo de pessoas anda com dois mil na carteira?

– Pessoas ricas! - me respondeu com um sorriso pirracento. - Tenho que ir, tchau, priminha fofa!

– Os nossos pratos nem chegaram! - Percy já havia se levantado. Ele se debruçou sobre mim e meu deu um beijo na bochecha - Tchau, virgenzinho! - ele corou - Manda bem com a língua!

– Vai catar coquinho, Thalia!

Percy já havia ido embora, e com a sua partida chegara o garçom com minha comida. Umhhh, lagosta com caviar. Ainda bem que Percy já havia pagado a conta.

Antes de eu poder dar a minha primeira garfada, o meu celular tremeu.

Nova mensagem, era de Nico:

''Eu disse para ter cuidados com os paparazzi!''

Embaixo havia um link de um site de fofoca, quando eu o abri vi a manchete em letras grandes e coloridas:

Ex-milionária, atual despejada, Thalia Grace, troca favores sexuais por dinheiro:

Parece que o garoto com ela é um dos seus primos, Percy Jackson, ainda rico!

Havia varias fotos minhas e de Percy, fotos que pareciam muito comprometedoras.

Havia uma do exato momento em que ele me dava a sua carteira, uma outra, de quando ele se despediu de mim, onde um inofensivo beijo na bochecha parecia uma beijo cinematográfico de filmes pornô, por causa da posição do fotografo perante a nós.

Também havia uma foto onde nós dois estávamos com as línguas de fora, uma só não, varias. As minhas fotos eram piores, eu parecia uma atriz de filmes adultos!

Bem que Percy me mandou parar!

Ai... Ai... Eu só queria ajudar, mas agora eu tô fudida mesmo.

Eu já perdi a aposta, já virei escrava de Nico.

Apesar da aposta não ter sido muito honesta porque aquele não era um ponto de ônibus de verdade, mas mesmo assim, eu já andei de carro pelas ruas do meu apartamento, ou muquifo, chame do que quiser.

E coitado de Percy, nessa hora Annie já deve ter visto isso.

Bye bye primeira vez!

Por que, meu pai, por que você tinha que nos falir?