"Sempre existe uma saída para aqueles que são espertos o bastante para encontrá-la"

POV Rachel

Encarei o pequeno montinho de dinheiro em cima da mesa,até começar a sentir meus olhos marejarem.

Era sempre assim.Eles sempre achavam que poderiam comprar meu silêncio.A boa e velha política do Pão e Circo.

Prazer,meu nome é Rachel Elizabeth Dare.Rach,para os íntimos.Sou uma típica garota de 16 anos,que tem problemas com notas baixas e que gosta de ir a festas na praia de Malibu.Mas para por aí.Esse é o resumo da minha falsa felicidade.

Que incoveniência a minha,não?Deixe-me explicar detalhe por detalhe.Meus pais dirigem uma empresa praticamente sozinhos,o que não os deixa muito tempo em casa.Vejo eles apenas nos domingos,e raramente nas manhãs de segunda.Eles passam a semana toda trabalhando,e como eles trabalham mais cedo do que o meu colégio começa,eu fico sozinha durante as manhãs.Eles ficam na empresa até aproximadamente 11 horas,o que seria bom e me permitiria vê-los ao menos a noite,se eles não insistissem em saírem para beber com seus colegas de trabalho em algum bar da alta sociedade.Eu até tentara pedir que eles pelo menos abrissem mão disso,mas eles simplesmente não me ouvem.É extremamente frustrante.

E claro,como forma de me compensar por não serem pais presentes,eles acham que me dando pilhas de dinheiro,para “me divertir” enquanto eles não estão,conseguirão que eu fique calada e não reclame.Sinceramente,acho que com tanto dinheiro,eles só podem querer que eu compre todo o estoque dos traficantes nessa cidade.E caso queira saber,eu costumo usar esse dinheiro apenas para comprar material para as minhas pinturas.Então para mim,sim,o dinheiro compra a felicidade.Ou pelo menos a anestesia,que já não parece suficiente para mim.

Agora que acabei a dramática e chata narrativa da minha vida,tenho que começar a me arrumar para ir para escola.Não posso me atrasar novamente para a aula do Sr. Turner.

Entrei no meu quarto as pressas,a procura de alguma roupa que seja ao menos apresentável para ir para escola,coisa que não predomina no meu armário.Até que faço a besteira de me pegar encarando aquela pintura.

Ela tinha traços fortes,escuros e levemente borrados e sombreados.Era originalmente um desenho feito apenas com lápis,até que eu resolvi fortificar os traços com tinta preta,o que combinou bastante com o rosto que continha na imagem.Ah,aquele rosto...tão misterioso e bonito ao mesmo tempo.

Não.Eu não deveria estar pensando nisso.Acabou,e eu tenho de seguir em frente.Aliás,nem sei por que guardo essa pintura.É tão estúpido guardar pinturas de seu ex-namorado.

Nico Di Ângelo era um estranho para mim.

Cheguei atrasada na aula,como já imaginava.O Sr. Turner estava prestes a me dar uma bela bronca,até que um aluno de outra sala aparece e diz que a Srta. Sparks estava me chamando.Definitivamente salva pelo gongo.

A Srta. Sparks é a psicóloga do colégio.É uma moça que está entre seus 28 anos,mas que já evidencia rugas.Não é de se surpreender quando você é obrigado a trabalhar com crianças.

Me dirigi até lá o mais lentamente o possível,pois não pretendia voltar a sala do Sr. Turner tão cedo.

Ao chegar lá,me surpreendi ao ver que eu não era a única ali.

POV Piper

Meu dia estava indo de mal a pior.

Primeiro,minha mãe começou a notar como eu estava magra.Ela começou a me lançar um milhão de perguntas,e tive de comer o meu café inteiro na frente dela.E quando finalmente cheguei na escola e fui “botar pra fora” o café da manhã,a Srta. Sparks entrou no banheiro e ouviu os barulhos.Eu estava tendo uma conversa com ela sobre os perigos da bulimia e quaisquer outras baboseiras,até que ela resolveu chamar outras três garotas para cá,por algum motivo que ainda não é evidente.

E como se já não bastasse tudo isso,ela teve de chamar a irmã do Jason.Ontem,ela ficou louca por que viu eu e Jason dando uns amassos no quarto dele.Não tenho certeza se ela conseguira ver meu rosto,mas ela sempre me mandava olhares de desaprovação,como se eu fosse um chiclete preso no sapato dela.

Quando finalmente a terceira garota chegou,uma ruiva de olhos verdes,a Srta. Sparks começou a dar explicações.

–Vocês devem estar se perguntando por que eu as chamei aqui-ela começou-A razão de tudo isso é que...bem...vocês são as garotas que mais vem aqui,falar de seus problemas pessoais.

Todas nós permanecemos em silêncio.Não sei quanto a elas,mas já vim aqui nessa semana pelo menos umas 4 vezes.

–E como eu não posso fazer nada para acabar esses problemas,sendo que eles são problemas familiares,e eu não tendo nenhum poder sobre esta área,eu tive uma ideia.Sabe,a melhor maneira de acabar com a tristeza,é fazendo algo que a deixe feliz.Um refúgio da infelicidade,por assim dizer.Então eu pensei que...vocês poderiam partilhar tudo isso.Dividir a dor.O que vocês acham?-falou a Srta. Sparks.

–Então...você quer que nós sejamos melhores amigas para sempre,ou algo do tipo?-a irmã de Jason perguntou.

–Não,claro que não.O para sempre não existe.Mas acho que seria uma boa ideia vocês serem amigas.

Todas as garotas pareciam hipnotizadas com a ideia de acabar com a dor.Inclusive eu.Quase como no automático,todas nós assentimos.

–Ótimo!Tenho certeza que irão me promover depois disso.Que tal vocês começarem hoje?Passem um dia inteiro juntas.Vão para a praia,um parque,qualquer coisa.Conversem,falem mais sobre si mesmas.Tudo bem para vocês?

Todas nós assentimos no automático novamente,ainda em choque.

–Vocês podem ir até a minha casa.É bem espaçosa.-falei

Elas concordaram,e a Srta. Sparks pareceu ainda mais animada.

–Perfeito!Então está combinado.Acho melhor vocês voltarem para a aula.

Deixei a sala,ainda me perguntando se eu não tinha feito a coisa mais estúpida da minha vida.

–Essa é a sua casa?!-Annabeth perguntou maravilhada.

Não entendera por que ela agira assim.Afinal,minha casa não tinha nada demais.Era bastante espaçosa,com sofás empoleirados ,armas colocadas em molduras(meu pai é chefe de polícia,e completamente obcecado por elas),e persianas coloridas por todos o lugar.Na sala de estar,encontrava-se minha irmã Silena,e seu namorado Beckendorf,que assistiam alguma comédia romântica idiota,sendo que apenas ela parecia entretida com o filme.

–Pips!Já era hora de você chegar,não?E essas são....-Silena falou animada.

–Ah sim.Essas são Annabeth Chase,Thalia Grace e Rachel Dare.Elas são minhas...novas amigas.

Foi difícil memorizar o nome e sobrenome de todas elas,mas conseguira até o final da aula.

–Espere...Grace não é o sobrenome daquele garoto que...-Silena disse confusa.

–Ahn,acho que a mamãe está nos chamando!-cortei-a-Foi bom ver você,Charles.

–Igualmente-Charles respondeu com um sorriso.

Guiei as meninas até a cozinha onde provavelmente deveria estar minha mãe nesse momento,fazendo alguma de suas catástrofes culinárias.

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POV Rachel

A casa de Piper era bem agradável.Ela ia nos apresentar a mãe dela.

Bem,quando vi Silena,pensei que não conseguiria achar um ser humano mais bonito do que isso nesse lugar.É eu estava errada.

A mãe de Piper,era simplesmente perfeita.Seus cabelos eram sedosos e dourados como ouro,que caiam em ondas até a metade de suas costas.Era como se ela tivesse passado horas na frente do espelho para nos receber,mas ao mesmo tempo,parecia extremamente natural,como se o cabelo dela fosse exatamente assim desde quando nasceu.Ela tinha uma pele branca,muito pouco levemente bronzeada,e olhos azuis anil,tão profundos que era como se você conseguisse ver a alma dela se olha-los por muito tempo.Seu nariz,sua boca carnuda,era tudo perfeito nos mínimos detalhes.Ela parecia estar em extrema boa forma para uma mulher que parecia ter uns 25 anos,mas que provavelmente deveria ter uns 35,no mínimo.

Se ainda não conseguiu formular o rosto dela,multiplique por mil a beleza de todas as anjinhas da Victoria’s Secrets,e então você terá uma vaga ideia de como é a mãe dela sem maquiagem

Piper começou a explicar tudo o que acontecera,desde a sugestão da diretora até este momento.Sua mãe ouviu tudo com interesse,e pareceu bastante feliz com a ideia.Começou a dizer mil e um lugares onde poderíamos ir,com sua voz angelical,que fazia todos prestarem atenção no que ela dizia mesmo que não ficássemos interessadas em situações normais.

–Ok,mãe,está bom.Acho que iremos ao parque mesmo.E depois nós decidiremos onde iremos depois,ok?-Piper falou no mesmo tom de voz de sua mãe.

Estranhamente,Piper pareceu exatamente igual a sua mãe.Talvez uma versão morena e bem mais desarumada.Parecia que ela cortava seu próprio cabelo com tesouras de plásticos,e para disfarçar,colocava duas tranças finas na parte da frente do cabelo.Mas mesmo assim,seu jeito era idêntico ao da mãe.E claro,sem a purpurina roxa no cabelo.

É ,a mãe de Piper estava cheia de purpurina roxa.Isso me intrigou bastante.Existem poucos lugares nessa cidade com tanta purpurina roxa,a ponto de ficar uma quantidade tão grande como na cabeça da mãe de Piper.

De repente,alguém estalou o dedo bem próximo ao rosto,como se quisesse me acordar de um transe.

–Vamos,Rachel!-Annabeth segurou minha mão,como se fossemos amigas de infância,ou algo do tipo-O dia acabou de começar!