–Posso falar com você mais tarde? Depois da aula no campo de futebol. -Ele ficou me olhando esperando minha resposta.

-Tá bom. -Respondi mexendo na minha salada. Ele deu um beijo no meu rosto e saiu. 

O que o Caio quer comigo agora? 

*****

Deu o fim da aula, peguei minha bolsa e fui pro campo falar com ele. Quando cheguei lá ele estava de pé no meio do campo. Fui adando até ele e parei de frente pra ele. 

-Oi. -Ele falou sorrindo. 

-Oi. -Respondi séria. Ele ficou me olhando e eu falei: -Pra que me chamou aqui? 

-Eu gosto de ficar sozinho com você. -Ele sorriu. Caio falando isso? Estranho, muito estranho. 

-Caio, eu não tenho tempo pra isso. Tchau. -Falei me virando e sai adando. 

-Espera. -Ele falou me segurando pelo braço. Quando me puxou pelo braço ele me fez ficar bem perto dele. Caio é lindo, mas o que tem de lindo tem de idiota. -Eu tenho que te falar uma coisa. -Ele parou e respirou. E falou. -Volta a ser pra mim o que era a dois ano atrás? -Ele perguntou e mordeu a boca com uma cara de medo esperando pela minha resposta. 

-Caio eu nã... -Ele me interrompeu. 

-Isa, eu sei que eu fui idiota. Mas poxa, eu era um pirralho idiota.

-Nossa, quem vê faz muito tempo. -Pensei. Ele continuou: 

-Eu gostava mesmo de você, e eu não acreditei quando te vi nos braços de outro. Eu queria que fosse eu, não pra mostrar que eu namoro com a gata do colégio, mas porque eu sei que você é uma garota que tem tudo pra fazer o cara que estiver contigo o mais feliz do mundo. Me perdoa e volta pra mim. -Ele transmitia sinceridade, mas talvez o melhor pra ele agora, não seria o melhor pra mim. 

-Desculpa, Caio, mas não dá. Eu sofri demais. Sério. Eu nunca te falei isso, mas agora eu tenho que falar, eu cai na tua aquela vez, eu acreditei em cada palavra, eu acreditei em cada eu gosto de você que me falava. E daí, derrepente eu descubro que enquanto tava ficando comigo, você ficou com outra. Por que isso, Caio? Você me machucou um monte, as meninas e o Felipe, sim o Felipe, sabem de tudo que eu passei. Foram os únicos que ficaram do meu lado quando eu me senti desmoronando. -Eu falava chorando. -E você agora deve estar me achando uma babaca por estar chorando na tua frente, mas acontece que eu sofri Caio, e eu ainda tenho marcas de tudo isso aqui dentro. -Fechei o olho, respirei fundo e continuei. -Eu to te falando tudo isso Caio, pra tu ver como eu tô ainda, como eu fiquei e, por favor, me deixa. Quanto mais você me fala, mais eu fico mal. -Falei e sai andando. Ele vinha andando atrás de mim e falando:

-E se eu mudar? E se eu te fazer mudar o pensamento sobre mim? Deixa eu te fazer ver outro Caio. 

-Para Caio. Me deixa, por favor. Eu tô mal e não quero ficar mais do que eu já estou. -Falei quase berrando.

-Deixa eu cuidar de você... -Ele falou um pouco baixo e me fez parar. Me virei pra ele e seus olhos estavam quase transbordando em lágrimas. 

-Vai ser melhor pra você, Caio. Finge que eu nunca estive na tua vida. E eu vou fazer o mesmo.

-Minha vida tá igual aquela música: Seu lugar. Que você tava ouvindo aquele dia, lembra? -Ele riu de leve. -Tchau, Isa. -Ele falou e foi embora. Fiquei parada olhando ele ir até ele entrar no corredor da escola e sumir. 

Fui embora também. 

****

Cheguei em casa e me joguei na cama. Peguei meu celular e pensei em ligar para as meninas. Mas elas não estão falando comigo. Então senta e chora, Isabella. E foi o que eu fiz. Era isso que eu precisava: chorar. Talvez tire esse sentimento horível que eu estou hoje. Peguei no sono ali chorando. 

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Acordei e como ainda era quarta-feira: school. Me arrumei e tomei café. Nunca tem ninguém nessa casa. Ai que coisa horrível. Tô sempre sozinha com a empregada. Cheguei na escola e vi meus amigos, eu acho que são ainda, pelo menos eu os considero. Senti uma vontade imensa de abraçá-los.