Negros escrita por Kalhens


Capítulo 5
Contagem


Notas iniciais do capítulo

Esse não é um capítulo encheção de linguiça, TÁ! *já se defendendo*.
É um capítulo necessário, ok.
Eu preciso dele para começar a me enrolar de novo
Alias, tem um detalhe pervertido dessa vez (só agora?). Quem o encontrar e descobrir do que se trata, ganha um coração



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Aquela era uma ação tão contrária a si mesmo que mal consegui suportá-la. Mas via nela algo de necessário e, apenas por isso, ainda estava ali.

Em frente ao espelho, se permitia afundar no abismo que eram os olhos que tinha. Ou tentava. Esse tipo de coisa era subjetivo e romântico demais para aquela mente pratica e analítica.

E mesmo assim, continuava ali.

Olhava, analisando, para ter certeza. Ainda estavam no feriado e ainda chovia lá fora, ainda que agora apenas uma chuva modorrenta e teimosa que, não querendo ir embora, também não tem mais paciência para agir como tempestade.

Ainda estava em perigo.

Do espelho, os olhos o olhavam de volta. Inchados pela falta de sono o deixavam com uma semelhança desagradável para com L. Incômodo. Aliado às bolsas escuras havia uma vermelhidão de quem não apenas não dorme como passa a noite em vigília, pensando em repensando. Pareciam com o que ele imaginava dos olhos de Mello ontem.

Desceu o olhar, encontrando-se com a blusa aberta, expondo-se completamente.

Os males de ter uma constituição tão... Branca quanto a que tinha era precisamente a incapacidade de esconder marca que fosse. O próprio organismo o entregava, escurecendo e ampliando qualquer ponto de pressão, arranhão, alergia ou hematoma do qual se lembrasse.

Foi involuntária a careta de desgosto que escapou quando teve que admitir que nem todas as marcas que estavam ali tinham sido de Mello. Todas elas pequenas provas que juntas não deixavam opção senão julgar-se culpado.

Da janela veio o som de um trovão preguiçoso e arrastado, como um eco distante que vem se aproximando.

As luzes do quarto piscaram de leve, como que de brincadeira.

Não tinha mais sua lanterna consigo.

Enfiou-se na cama, agarrando pelo caminho o primeiro robô que encontrou.

Em silêncio, contou.

– Mas será possível que essa chuva não passa?

Sem resposta. Na cama ao lado, Mello se mantinha virado para a parede.

Mesmo que a luz tivesse voltado na noite anterior, ainda estavam num ''regime de economia''. Coisa mais chata aquela, apesar de ser a mais certa. Talvez, por ser a mais certa.

Reclamando ou não, Matt ainda não tinha ligado o PlayStation de volta. Vai que queimava mesmo.

A luz piscou de novo, apenas para reforçar a argumentação, fazendo ainda questão de manter a única lâmpada do quarto apagada por quase um minuto inteiro.

Em silêncio, Mello já tinha perdido a conta.

Começou de novo.

E perdeu a conta no instante seguinte.

De novo. E... Ah, porcaria!

Só estar quite não bastava, quem tentou enganar?

Saber que estavam agora no mesmo patamar de necessidade não fazia diferença nenhuma. Precisava vencer.

– Vai sair de novo?

Mello apenas mastigou uma afirmativa, sem chegar a pronunciar coisa alguma de fato.

– Eu falei que estava escuro demais ontem.

– Do que você está falando?

– Nada não, esquece.

Outro trovão veio chegando, fraco e fraco, mas um pouco mais perto.

Matt resmungou, torcendo para que aquilo acabasse logo.

Precisava zerar seu jogo.


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Notas finais do capítulo

Eu estou me divertindo
Espero que não seja só eu. Enfim! Obrigada pela leitura,
Kalhens.