Negros escrita por Kalhens


Capítulo 2
Medo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura o/



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–... Mello é você aí?

Já que não obtivera resposta, não custava repetir a pergunta.

Vai que dá mais sorte dessa vez, não é?

Não, não é.

Em outra situação, num dia qualquer, talvez até funcionasse e Near fosse presenteado com uma frase mais atravessada ou violência em forma de palavras.

Talvez ganhasse até um esbarrão quando Mello passasse por si, antes daquela ceninha sem graça se encerrar.

Mas é aquela velha história.

Contexto muda tudo.

Por mais que ainda fosse, sim, Mello ali, era, também, um Mello insone, exausto e certamente... Vingativo.

E tinha ainda o fato de a outra personagem daquele enredo imprevisível ser Near.

Pior.

Ser Near ali, no meio da escuridão, apertando em suas mãos um objeto incógnito e inútil.

Sem pilhas.

Um sorriso se abriu no negrume da sala, enquanto aquele Mello deixava os pés se arrastarem pelo chão, numa aproximação dolorosamente óbvia e barulhenta.

Mas muda. Deliciosa.

As pupilas dilatadas, encravadas nos olhos azuis, puderam ver o vulto que atendia por Near virar-se numa estúpida tentativa de fuga.

Um som fino e curto denunciou a queda de algo no chão.


O pobre objeto pouco fez além de se permitir rolar pelo assoalho.

Mas, coitado, foi o suficiente para meter-se entre os pés de seu dono quando este foi violentamente puxado mais pra dentro da escuridão que era aquela sala.

O corpo de Near caiu, atrapalhado.

A porta bateu, encerrando a mirrada luminosidade que conseguia penetrar nas amplas janelas do corredor.

E o sorriso só fez se alargar.

Uma mão largou a maçaneta, enquanto outra agarrava mais firmemente o pulso de Near. Podia sentir o corpo se ajeitando, tentando encontrar posição menos dolorosa entre o corpo caído e o braço erguido.

Preso.

– Mello eu sei que é você. - um tom mais alto a voz saiu – Me solte – mas nem de longe passava toda aquela adorável prepotência e segurança de sempre.

Mello gargalhou e pode sentir o pulso, apertado ali entre seus dedos, debater-se e latejar num reflexo ao fluxo sanguíneo acelerado.

Apavorado.

– Parece um “deja vu” não parece? Só que dessa vez eu não enxergo a sua cara... Como está? Assustado o bastante?

A respiração acelerada, que se esforçava para manter um mínimo de dignidade, falhou.

E isso foi o bastante para Mello.

Sua cabeça ainda latejava...

– Aquilo que caiu foi o que? Sua lanterninha? Ou era só mais um robô estúpido?

Near respirou profundamente antes de fazer um gesto mais preciso, reivindicando a posse de seu braço com um eficiente puxão.

Sabia que Mello deixara que se soltasse e isso era irritante.

Mas enquanto massageava o pulso, sem conseguir enxergar nada razoavelmente, teve que se contentar com os fatos.

Por um descuido, um momento de fraqueza em que permitira que sua racionalidade o abandonasse aquilo havia acontecido.

E agora, teria que arcar com seu erro.



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Notas finais do capítulo

Um dia eu perco esse hábito de ficar enrolando as coisas.
Um dia.
Comentários, críticas, tijoladas, brigadeiros, reviews, conversa-fiada... Tudo sempre muitíssimo bem-vindo ♥
Grata,
Kalhens.
OBS: Grata à minha sempre estimada Senhorita Konan, que corrigiu os dois capítulos para mim ♥