Peter saía do carro preto estacionado na frente do cemitério de Washington. O menino, agora um adulto de 26 anos, deu a volta no carro, indo em direção à porta do passageiro, ajudando a esposa a sair. Foi até a porta de trás, abriu-a e tirou de lá um pequeno embrulho cor-de-rosa. Fazia frio naquela manhã e, a bebê estava tão bem agasalhada que nem podia se mexer. Peter aninhou a filha em seus braços e foi em direção a esposa, que os esperava na porta do cemitério. Peter havia ficado em Washington todos esses anos, nunca se adaptou a ideia de sair do estado sem Lucy, apesar de ter sido aceito nas melhores universidades do país.

Andou com cuidado pelo cemitério, em direção ao túmulo de Lucy. Chegando lá, a esposa ficou para trás, enquanto ele seguia em passos firmes e com um bebê no colo. Se ajoelhou e viu a placa com o nome de sua melhor amiga, ele sorriu antes de começar a falar

–Oi Lucy. Faz tempo que eu não venho te ver né?- Peter riu e continuou -Eu vim te apresentar alguém.- disse, tirando parte do cobertor do rosto da bebê -Essa é minha filha. O nome dela é Lucille, mas eu a chamo de Lucy.- a bebê sorriu ao ouvir seu nome, mas continuou a dormir -Faz uma semana que ela nasceu, mas já é bem inteligente.- Peter suspirou e continuou a falar -Sinto sua falta. Já faz 20 anos Lucy.- Uma brisa passou e bateu no rosto de Peter, como se Lucy estivesse ao seu lado, fazendo carinho em seu rosto. Peter disse, meio triste -Sinto muito, não posso ficar por mais tempo, mas prometo vir outro dia.- Peter se levantou com cuidado para não acordar a pequena, que dormia profundamente em seus braços, ele ia andando, mas, como se esquecesse de alguma coisa, se virou e disse, como há 20 anos -Tchau, Lucy.- e seguiu em passos firmes, até a esposa, que sorriu.