Acordei me sentindo péssima, mesmo depois da ótima noite de sono.

Abri os olhos e me deparei com Matt ainda dormindo. Desentrelacei nossos dedos, que ainda estavam juntos, virei para o outro lado e voltei a dormir, decidindo não acorda-lo.

Acordei novamente algum tempo depois esperando encontrar alguém. Não havia ninguém.

Eu estava com fome, e graças aqueles maldito machucados eu não podia sair da mesa (sim, eu ainda estava na mesa). Quatro dias no mínimo, dissera Steffano, eu não sabia nem se aguentaria quatro horas.

Finalmente, quatro longos dias de tortura (que mais se pareceram com décadas) acabaram e eu pude me mexer. Doeu um pouco no início, mas foi tão bom sair daquela mesa que acabei falando pra ninguém especial:

- Finalmente, não aguentava mais ficar na mesma posição. Acho que nunca mais durmo desse jeito.

Matt, que estava me ajudando a esticar as pernas, disse:

- Imagino, mas... an... eu vou precisar do meu casaco de volta, se não for incomodo é claro!

Olhei-o confusa, então percebi que ainda estava vestindo o casaco de Matt cobrindo apenas a parte da frente do meu tronco.

- Idiota. – Disse, enquanto ia em direção do banheiro e deixava-o rindo sozinho.

Depois de um revigorante e um pouco doloroso banho, eu finalmente pude vestir uma roupa limpa e comer sentada para variar.

Naquele mesmo dia Senhor Steffano apareceu.

- Olá Virgínia.

- Oi Senhor Steffano.

- Está melhor?

- O melhor que se pode ficar depois de quatro dias deitada em uma mesa. E o senhor? – pergunto em tom casual.

Ele ri com meu comentário.

- Estou bem. Mas acho que tem alguém aqui que sentiu sua falta – disse, saindo de frente da porta pra revelar uma Solence animada.

- Maninha! – grito, me abaixando para abraça-la enquanto ela vinha correndo até meus braços abertos.

- Você está bem? Eles te machucaram muito? O que aconteceu? – pergunta em um só folego, enquanto segura meu rosto analisando-o cuidadosamente.

Rio com a atitude de minha irmã, sempre preocupada.

- eu estou bem, e também não sei o que aconteceu. Eu senti sua falta.

- eu também.

Trocamos aquelas palavras ainda abraçadas. Ficamos assim por um tempo até nos soltarmos e eu perguntar ao Senhor Steffano:

- quando partimos?

- O mais rápido possível, de preferência. Os rebeldes disseram que podem nos “escoltar” até as fronteiras com o Distrito 6.

- Ótimo. Partiremos ainda hoje, se possível. Peça pra todos arrumarem as coisas e para que alguém entre em contato com os rebeldes assim que possível... Acho que essa é a melhor atitude a ser tomada... Certo?

- Está certíssima Virgínia, raciocínio rápido. Agora se me dão licença eu vou falar com os outros – disse ele, abrindo a porta – Ah, e Virgínia?

- Sim?

- Você daria uma ótima líder.

- An... Obrigada... Eu acho – disse baixinho, um pouco surpresa.

- Solence, por que você não vai arrumar suas coisas? Nos encontramos mais tarde, tubem bem?

- Tudo bem - respondeu, indo em direção ao Senhor Steffano na porta.

Depois que eles saíram, virei-me para Matt, que acompanhava a conversa em um canto da sala e perguntei:

- Como está a situação nesse Distrito?

- Os rebeldes estão no controle da situação por enquanto e eu ouvi boatos de que mais distritos aderiram a revolução.

- Ótimo - digo enquanto arrumo minhas coisas para a partida.

Depois de um tempo um pequeno grupo de rebeldes bateu a nossa porta, junto com eles estavam solene e o restante de nosso grupo. Junto dos rebeldes estava seu provável líder, o homem que levantou meu pulso e levou um tiro na perna. Ele e os rebeldes nos “escoltariam” até as fronteiras com o Distrito 6, a partir daí estriamos sozinhos de novo. Provavelmente nada aconteceria no caminho, mas era melhor prevenir do que remediar.

Estávamos quase chegando a fronteira, eu segurava Solence que dormia em meu colo, quando o homem que levantou meu pulso se aproximou.

- Você parece bem melhor.

- Eu estou. Você também parece melhor.

- Sim. Felizmente a bala apenas passou de raspão em minha perna. Meu nome é Waiden. – Disse ele, estendendo uma mão em comprimento.

- Virgínia – disse, equilibrando Solence em um braço e apertando sua mão.

- Obrigado Virgínia.

- Por...?

- Por nos ajudar aquele dia.

- Não há de que, como você mesmo disse eu só queria ajudar, apesar de sermos de distritos diferentes estamos lutando pela mesma causa.

- Sabe, você daria uma ótima líder. Quando você fala as pessoas param para escuta-la

- Você é a segunda pessoa que me fala isso hoje.

- então deve ser verdade!

- Talvez, mas eu não estou muito a fim de descobrir. – disse, dando de ombros.

- Chegamos – Disse Waiden depois de um tempo – Tem certeza de que não quer ficar? Sua ajuda seria de grande utilidade.

- Tenho. Nós temos um objetivo e precisamos alcança-lo e seguir em frente. Mas obrigada pela oferta, e boa sorte com tudo.

- Para vocês também.

Nós nos despedimos de todos e entramos na floresta. Agora estávamos sozinhos novamente, sem qualquer noção do que acontecia nos outros distritos.