Ella - A Verdade Por Trás Da História escrita por Ayelli


Capítulo 22
Capítulo 21 A Vida por um fio


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Bjokas



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In the dark of night

Those faces they haunt me

But I wish you were

So close to me

(By my Side – INXS)


Ana podia sentir a agitação no andar de cima, não podia saber exatamente o que estava acontecendo, mas sentia que estava envolvida. Todos os seus instintos lhe gritavam para tentar sair daquele porão, ao que ela acabou decidindo atender.

Subiu as escadas cautelosamente após colocar seu precioso livreto na parte de trás da calça, preso no cinto. No topo, colou os ouvidos à pequena porta, o alçapão que dava acesso ao quarto para empregados, que, por sinal, ficava ao lado da área de serviços bem próximo à cozinha. Sem distinguir o assunto, ouvia vozes masculinas e uma única voz feminina, tentou forçar o alçapão para cima, mas é claro que estaria trancado, ela sabia disso. Sair dali em silêncio tornara-se impossível.

Novamente, verificou a arma e as ampolas que trouxe consigo mesmo sem saber direito como as usaria. Nunca havia manuseado uma arma, mas viu naquele momento a oportunidade de aprender, já que isso podia significar a diferença entre viver ou morrer. Mirou na reta da tranca e atirou. Todos os que estavam na cozinha se assustaram e Amaril sabia de onde vinha o barulho.

– O quarto secreto!

– Aquele quarto? É lá que a está mantendo? Não acredito! – disse Haig que se levantou e correu em sua direção. Quando chegou lá, o quarto estava escuro e o interruptor não acendia a luz.

Ana estava assustada, conseguira sair do porão e estava em pé tentando abrir a janela da sacada térrea que dava para o lado de fora da casa, quando Haig entrou correndo. Foi tudo muito rápido e ela não pôde ver quem estava entrando no quarto, apenas apontou a arma e atirou, o que diminuiu a velocidade de Haig, mas não impediu que ele chegasse até ela que, em uma última tentativa de defesa, cravou nele a ampola com o z42.

Quando seu suposto inimigo caiu ao chão, ela escapou pela janela e correu o mais rápido que pôde em direção ao muro dos fundos. Seu porte leve facilitou sua escalada pelos galhos da planta trepadeira para, em seguida, pular para a calçada externa e sair em nova disparada, afastando-se casa.

Quando entraram no quarto, Kuzma e Amaril não podiam acreditar no que viam. Se Haig estava caído no chão, certamente os homens de Alexsander o haviam encontrado, vendo a cama fora do lugar e o alçapão que dava acesso ao quarto secreto aberto, chamaram por Ana e, como ela não respondesse, concluíram que eles a haviam levado.

Kuzma caiu de joelhos no chão ao lado de Haig, viu a bala de prata e a ampola ao lado, Amaril também se abaixou já chorando.

– Filho – disse ela – oh, Francis não vai me perdoar, eu não consegui proteger você!

Kuzma retirou a agulha da ampola do peito de Haig e viu que ela não havia sido totalmente esvaziada, podia haver uma chance, mas eles não poderiam viajar até o México dessa vez. Ouviram a buzina de Alexsander que retornava do hospital com Évenice e Amaril ordenou que Kuzma levasse Haig para baixo rapidamente, então ela deixou o quarto e foi ao encontro deles.

Alexsander notou seu nervosismo.

– Tudo bem, Amaril? Aconteceu mais alguma coisa por aqui? Vejo que está agitada.

– Claro que estou agitada! Minha filha se corta, você a leva a um hospital sem nem sequer permitir que eu a acompanhe, como quer que eu esteja?

– Bom, já que é só esse problema, aqui está sua filha, levou poucos pontos, tomou um remédio para dor e está entregue. Quanto a mim, já vou indo. Quem sabe podemos almoçar juntos amanhã?

– Certamente! – ele falava muito calmamente, não parecia desconfiar dos fatos recentes, mas em se tratando de quem era, não se podia confiar.

Assim que ele se foi, Amaril colocou Évenice a par de tudo e ambas correram para o porão, Haig estava delirando, suava muito e empalidecia a olhos vistos. Kuzma queria sair dali e ir atrás de quem tivesse feito aquilo, as duas mulheres o convenceram de que acabaria sendo o próximo se não ficasse na segurança daquele cômodo.

Haig precisava de ajuda, mas a quem eles poderiam recorrer?

– Eu vou buscar Doroty – disse Kuzma – Ela é a única que pode ajudar!

– Espere! – disse Évenice – Não é seguro para ninguém deixar a casa agora, também creio que não seja seguro para ninguém entrar nela, mas se o risco é inevitável porque não liga para ela? Se ela vier sozinha, caso os abutres não saibam de nada, talvez não desconfiem.

– Pode ser! Creio mesmo que Alexsander não conheça Doroty.

Kuzma pegou o telefone e ligou para Carlos, o motorista, disse a ele que precisava trazer Doroty o mais rápido possível e sem levantar suspeitas, depois falou com Doroty e explicou tudo o que havia acontecido e que ela deveria vir e trazer tudo o que precisasse, tudo o que acreditava ser capaz de salvar Haig.

Carlos e Doroty chegaram de madrugada. Em sua bagagem, ela havia trazido todo tipo de ervas e apetrechos, inclusive o velho grimório que recebeu de presente ao deixar as montanhas da Abekahazíya, após conseguir fugir, como num milagre, da perseguição de Androv e seu bando e se refugiar junto ao Clã da Lua. Mas é claro que essa parte da história ela não havia contado a ninguém, nem tampouco que, a seu pedido, vindo direto das mesmas montanhas na região do Cáucaso, Carlos fora propositadamente introduzido na vida de Haig durante sua passagem pelas cavernas no deserto do México, na ocasião em que precisou ser salvo da morte.

Enquanto Doroty ia ao encontro de Haig, Carlos e Kuzma saíram em busca de pistas que pudessem indicar o rumo tomado pelos supostos raptores de Ana e quem sabe, com alguma sorte, a indicação de seu paradeiro e de quem quer que a tivesse levado. Como integrante do Clã da Lua, conservador dos antigos costumes, Carlos não era do tipo que conseguisse permanecer confinado às paredes de uma casa, muito menos a um porão, suas atividades e sua vida estavam nas ruas, sabia que de lá poderia cumprir melhor a incumbência que recebera de proteger a todos os que precisavam de sua ajuda, estava certo de que teria êxito nessa busca.

Enquanto observava Carlos deixando o interior da casa, Amaril começava a se preocupar com a demora de Affonso em dar notícias. Da última vez em que houvera um contato, ele estava se dirigindo à Letônia atrás de George que, segundo recomendações deixadas pelo velho Rud, deveria, de tempos em tempos, passar por lá e pela Rússia, a fim de verificar a intensidade das atividades da agência no que tangia a busca pelos antigos colaboradores. Affonso prometeu que assim que chegasse lá ligaria, ela já deveria ter ligado há dois dias.

Assim que colocou os olhos em Haig deitado sobre a cama, Doroty temeu pelo pior, aproximando-se dele constatou que a situação era crítica. Ele abriu os olhos ao toque de suas mãos, sorriu e tentou dizer alguma coisa que ela não pôde compreender antes de perder novamente a consciência.

Évenice havia perdido completamente a feição inexpressiva, como se houvesse perdido sua capa protetora agora que, em sua cabeça, pensava saber exatamente do que Alexsander e seus capangas eram capazes. Se haviam feito aquilo a alguém como Haig, o que poderiam fazer com ela?

– Calma, menina! – disse Doroty docemente tentando esconder seu desespero – Ele não vai voltar, não essa noite. Está longe agora, se você se concentrar poderá confirmar isso.

Como assim, concentrar-se? E o que aquela mulher poderia saber sobre ela?

Évenice somente se acalmou quando Doroty tomou suas mãos, de alguma maneira ela soube que tinha diante de si alguém que realmente poderia entendê-la e ajudá-la, sentia que estava ligada a ela e sabia que Doroty esperava por sua ajuda na corrida para tentar salvar a vida de Haig.


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