Nada era a mesma coisa.

 Corro meus olhos sobre os porta-retratos em cima de minha mesa de cabeceira.

Todos com fotos nossas, nossos momentos mais preciosos. As fotos que eu guardava como tesouros. Minhas fotos com você. Os momentos mais preciosos da minha vida, que jamais iriam voltar.
 Porque você não está mais aqui.

 Desde que você foi embora, até mesmo as paredes verde-água de meu quarto pareciam cinzas para mim. Você levou minha felicidade junto com você quando você foi embora.

 Tudo o que eu quero é te ver de novo. Você não sabe o quanto eu sinto a sua falta. Seu cheiro, seu sorriso, suas brincadeiras...Eu sinto falta de tudo. Você não sabe o que eu daria pra te ter aqui do meu lado outra vez. Suspiro enquanto deslizo a ponta de meus dedos sobre meu cabelo azul-petróleo, e olho para meu reflexo triste e abatido.

 Sinto como se estivesse faltando uma parte de mim...

 Você era minha melhor amiga. A única pessoa que me entendia. A única que sabia meus medos. Que conseguia iluminava o meu dia. A única pessoa... que eu já amei de verdade. Eu sei que isso é estranho e errado, uma garota gostar da outra. Mas eu simplesmente não consigo evitar. Eu amo você. Sempre amei, desde o dia que nos conhecemos. Você se lembra? Eu estava completamente perdida e sozinha no colégio e você veio me ajudar, amável como você sempre foi.

 Caio então nas minhas lembranças. Lembro dos tantos momentos que passei com você, e as lágrimas começam a cair, e eu não consigo parar de chorar. Doí tanto...

 Sabe...Eu lembro de um dia ter te falado que era insuportável ser da minha família, onde tudo e todos me odeiam. Também lembro de ver seu rosto horrorizado enquanto eu lhe contava minhas memórias brutais, e lhe mostrava as cicatrises permanentes em minha pele alva, feitas por essas pessoas. Lembro do arrepio e das borboletas no estômago que senti quando você as tocou com cuidado, prometendo que um dia me tiraria desses ''monstros''. Mas...agora eu sei que poderia continuar aguentando mais e mais, se você ainda estivesse aqui.

 Fito o chão de madeira escura, enquanto começava a ouvir a briga de meus pais no andar de baixo. Não demoro muito para ouvir o som de vidro quebrando, e gritos de minha mãe. Era sempre assim, logo essa discussão sobraria para mim também e eu aguentaria quieta. Nenhuma dor física doeria tanto como a notícia que você me deu a um mês, no dia da sua partida. A notícia que você iria para longe por causa do trabalho de seu pai. Nada nunca doeu tanto como ver você pedindo desculpas por não poder ficar aqui comigo, e eu ter que aceitar sua ida, sem fazer nada. Sem ao menos contar à você o quanto eu te amo, mesmo que você me odiasse depois.

 Se eu ao menos conseguisse fugir daqui...

...Rin...