Peguei o caderno do chão, mas antes que pudesse tornar a ler,  ouvi ele destrancando a porta do quarto eu então rapidamente escondendo o caderno embaixo do travesseiro.

Entrou como já se tornara usual trazendo comida, mas não usava a mascara.

Não conseguia comer nem olhar diretamente para ele, mas podia sentir que me fitava com olhar curioso, quando acabou de comer fez menção de recolher meu prato que permanecia intacto sobre meu colo, pausando se para certificar que realmente não comeria, voltou em alguns minutos após sair com os pratos, sentando se ao meu lado, dessa vez não fiz questão de me afastar apenas permaneci imóvel, com o rosto levemente virado na direção oposta a ele.

Me encarrou por vários minutos a fio, quando em um movimento lento segurou minha mão que estava apoiada sobre a cama, entrelaçando seus dedos aos meus e pude ver que sorriu ao fazer isso. Sentia o ódio crescer dentro de mim, mas não retrai minha mão, porque apesar do imenso ódio sentia algum outro sentimento: Empatia? Pena? Tristeza? Não sei dizer qual só sei que crescia em proporções iguais ao ódio, ambos brigando por espaço, deixando-me inerte impedida de ter qualquer tipo de reação.

Sem que pudesse conte-las lagrimas silenciosas escorriam pelo meu rosto, quando ele as notou pôs se a minha frente, me olhando com preocupação, tentou colocar a mão sobre meu rosto para seca-la, mas o repeli, ele então de repentino me abraçou.

___Não toca em mim. Gritei incapaz de pensar claramente, o empurrando fazendo com que desse um passo para traz, ele apenas me observou enquanto por um bom tempo chorava sem controle, sua expressão parecendo perturbada, começava a me acalmar quando o ouvi sair.

Retornou depois de alguns segundo trazendo um livro em suas mãos, o apontando para mim, na tentativa de me animar, podia ver a expectativa em seu olhar e por algum motivo queria matar aquilo.

___Não quero fazer isso hoje. Disse pegando o livro de suas mãos o arremessando longe, ele então me encarrando surpreso, pegou o livro do chão, me fitando com decepção.

Preferia que ficasse bravo, ao invés de me lançar um olhar que fazia com que me sentisse culpada, nesse momento o ódio dentro de mim venceu a briga.

___Sabe eu demorei em lembrar, mas conheço você, o rapaz que eu salvei... Comecei me levantando ele então arregalando os olhos, eu podendo ver a expectativa novamente pairar sobre eles ___amaldiçoou o dia que fiz isso, tudo seria melhor se tivesse te deixado morrer, não iria fazer diferença ninguém sentiria falta mesmo. Disse querendo feri-lo de alguma maneira, certa de que me bateria, se o fizesse poderia voltar a sentir por ele somente ódio, não pena não compaixão, não empatia nem nenhum outro sentimento só ódio que era o único sentimento que devia sentir.

Seus olhos se tornaram tristes, e pude ver lagrimas ameaçarem surgir sobre eles, fez menção de se aproximar de mim, mas não de uma forma agressiva parando repentinamente, me encarando por mais alguns segundos antes de abaixar o rosto e sair.

Minhas pernas vacilaram eu caindo sentada sobre a cama levando minhas mãos sobre o peito, por algum motivo, me senti arrependida de ter dito oque disse, e quando vi o rosto dele daquele jeito senti como se houvessem enfiado uma faca sobre meu coração, e por mais que pensasse não conseguia reconhecer esse sentimento.