Verdadeiramente acreditei ter morrido como pretendia que acontecesse.

“Você esta bem” Perguntou preocupada ajudando me a sentar, seus olhos eram expressivos e curiosos, e mesmo sua voz soando preocupada, seus lábios esboçavam um sorriso amigável que aumentava ao ver que minha respiração estava se normalizando.

Quando pulei na agua estava certo de que morreria, era oque eu queria que ocorresse, mas ao sentir meu corpo afundar, diferente da paz que esperava, surgiu medo dentro de mim, seguido de pânico e arrependimento, mas já era incapaz de fazer algo a respeito, foi quando ela surgiu, um anjo, seus cabelos e corpo pareciam flutuar enquanto estendia sua mão me agarrando e tirando d’agua.

“Tenha mais cuidado” Disse dando um sorriso levemente contraída de frio devido as roupas molhadas, tentei falar com ela... falar usar esse termo me soa irônico.

Ela não me entendeu, apenas me olhou confusa, seus olhos ainda amigáveis, “Tenho que ir agora, mas espero que fique bem, se cuida” disse dando me um leve aceno e sorriso antes de se afastar, talvez ela seja realmente um anjo, que Deus me enviou, pois pessoas olham para mim, mas com ela foi diferente, pois senti que realmente me viu.

13/11/2007 David

Após ler isso fechei o caderno com força lançando o para o lado, não podia acreditar o garoto que havia salvado de se afogar era ele, salvei o homem que iria acabar com minha vida.

Minhas lagrimas começaram a descer me sentia confusa, afinal salva-lo havia sido a coisa certa a fazer, mesmo agora sabendo que deveria amaldiçoar o dia em que fiz isso, mas não conseguia, esses pensamentos antagônicos rodavam em minha cabeça deixando minha mente confusa.

Respirei fundo tentando pensar claramente, agarrei o caderno novamente, mais uma vez abrindo suas paginas.

Hoje escutei seu nome, Sara, ela estuda tem amigos e uma família que a ama, quando a observo me sinto aquecido principalmente quando sorri, ela parece tão boa e feliz como se sua alegria fosse capaz de incidir sobre mim, nunca desejei tanto poder realmente falar com alguém.

14/11/2007 David

Quase todos os dias havia uma inscrição, cada vez mais especifica, se eu mesma tivesse escrito aquilo não seria capaz de me definir tão bem.

(...)

Quando esta nervosa, ela enrola no dedo uma mecha do cabelo de trás da orelha, morde o levemente o lábio inferior quando esta preocupada suspira com um sorriso no rosto sempre que começa a chover, quando lê seus olhos ficam como se deslumbrassem as cenas descritas pelo autor, sempre que vê uma pessoa idosa lhe sorri e olha como se pensasse em seu próprio futuro, sorri só de lábios quando esta envergonhada franze levemente o nariz quando esta brava, segura os dedos de uma mão a outra quando esta triste. Não nutro esperanças de que um dia ela vá estar ou falar comigo, mas só olha-la já me proporciona mais facilidade do que um dia eu já acreditei que merecesse.

18/06/2009 David

(...)

Ela tem um noivo, Alex é seu nome, não gosto dele, seu rosto e sorriso podem ser amigáveis, mas sua voz é mentirosa.

02/09/2009 David

(...)

Como alguém pode ser tão imbecil, ele pode estar com ela todos os dias, e mesmo assim fica se engalfinhando com aquela mulher loira estranha, se Sara soubesse provavelmente choraria, não quero que ela chore.

27/03/2010 David

Ao ler esse ultimo trecho minhas mãos trepidaram fazendo com que deixasse cair o caderno no chão. Alex estava me traindo? Precisava ser mentira, eu queria que fosse, mas não conseguia encontrar um objetivo para ele ter escrito aquilo, nesse momento de uma forma estranha senti que algo  dentro de mim acabava de se quebrar.