– Não posso acreditar! – Lisye comentou, pasma.
– Não. Não. Faz sentido! – E Julienly ficou pensativa.
– Eu fugi de Isafdar alguns meses atrás. Estou em busca de respostas... Agora que tenho liberdade – Revelou em um tom triste. Algo veio a lembrança de Luna que não foi muito feliz.
– Eu também fugi de lá em busca de respostas sobre a magia.
– Não. O que eu procuro nada tem haver com magia. É algo bem mais... antigo. – Luna calou-se junto das outras.
– Eu só quero aprender a controlar meus poderes. Descobrir mais sobre essas tais essências e encontrar meu pai... Tens certeza que não conhece Zorgus Falcons?
– ...Falcons? Não. Acho que nunca ouvi falar. Antes de vir para cá procurei saber o máximo sobre o mundo humano. E também... sobre terras nada nada habitáveis. Mas a maioria das informações contidas das bibliotecas de Isafdar são um pouco ultrapassadas. Alguns livros eram importados do mundo humano até pouco tempo.
– Eu sei. Costumava pegar alguns emprestados sem devolver. - Riu Libria. Lisye observava e ouvia sem muito compreender. Jullienly apressou-se em perguntar o que tivera pensando por todo este momento:
– Luna. Você falou sobre uma missão.
– Oh sim! A missão... Antes de chegar aqui, visitei um lugar incrível chamado de Torre dos Magos.
– Magos! - Libria sobressaltou-se
– Sim. Lá existe muitas informações. Pesquisas também. Prometi ajuda a uma mulher chamada Ariane. Ela acabou tornando uma amiga por ter mesmos ideais. Acredito que ela seja confiável. Disse que estaria lá pela manhã. E gostaria da ajuda de vocês.
– Se lá há respostas, eu sei que ficarei feliz em ajudar. Disse Libria e Lisye garantiu com um "Eu também."
– Alguma recompensa? - Perguntou Jullienly?
– Não sei dizer.
– Pela cara das outras duas eu não pareço ter muita escolha. - Jullienly notou a confiança e animação de Lisye e Libria.
– Amanhã, em frente ao portal de Draynor, então? - Sorriu Luna.
– Feito! - Librria devolveu o sorriso.

A noite passou rapidamente. Luna continou conversando com Libria relembrando fatos da terra natal. Lisye e Jullienly dançaram com Morgan uma animada música. Morgan parecia desengonçado para a dançar, mas não se importou de ficar um bom tempo na pista de dança. Todos ainda estavam muito animados. Lisye achou que não faltou garapas. Bebeu alguns canecos para se refrescar.
– Isso é... Garapa? - Perguntou Luna aproximando-se.
– Sim! Você já esperimentou? É bom! - Jullienly chegou tombando um pouco de Garapa de sua caneca e passou um dos braços no ombro de Lisye mantêndo-se em equilíbrio.
– Já! Em Varrock têm a melhor! Me dê um copo! - E Libria também pegou um.
– Devíamos brindar a alguma coisa... - Ela disse.
– Verdade... Verdadii...- Jullienly. - À alguma coisa! - E levantou o caneco. As outras riram e todas brindaram gritando - Á ALGUMA COISA!!! - E beberam um pouco antes de se divertirem um pouco mais dançando.
Uma música tocada com castanholas começou a tocar e Lisye pegou uma flor no campo ao lado e prendeu a haste entre os dentes. Jullienly e Luna riram de se acabar quando a guerreira puxou Libria para dançar tango. Jullienly também dançou com os mesmos passos junto com Luna e logo toda Draynor estava rindo e tentando copiar a ideia. Havia uma multidão tentando imitar os mesmos passos no ritmo animado da canção. Cada um conseguiu um par e logo lotaram a praça. Lisye dançava muito bem e Libra tentava acompanhar fazendo seu melhor. A banda misturou a música com uma outra canção animada bastante conhecida, e todos cantaram animados formando um belo coro. Libria e Lisye disseram - Olê! - Quando a música acabou. E receberam palmas. A noite pareceu durar menos em meio a tanta diversão. Quando amanheceu a praça estava deserta, tirando alguns comerciantes eufóricos que ainda mantinham canecas de garapa vazias nas mãos.
– Ehehehe! - Riu Libria com olhos pequenos de sono quando viu o que sobrou da festa.
– Ehehehe-he! - Complementou Jullienly.
– Abafa. - E Lisye passou direto, indo em direção a saída da pequena vila. No término da noite tinham se despedido de Morgan e de Luna, que havia prometido encontra-las no portão à leste: a entrada de Draynor. Caminharam por alguns metros antes de enchergarem o portão. Luna não estava lá.
– Erm... Alguém pode resumir o que aconteceu ontem a noite? Minha cabeça dói. - Perguntou Jullienly apoiando a cabeça em uma das colunas do portão.
– Se eu me recordo... Conhecemos uma elfa completa da qual ganhou a competição de tiro ao alvo. Ela nos chamou para uma missão e Libria, como sempre, aceitou de primeira. Nós ficamos eufóricas, dançamos, cantamos e voltamos para dormir quando amanheceu.
– E Jullienly gastou todo nosso dinheiro com jogatina. - Complementou Libria.
– Quê?! Eu?! -
– Sim. E eu comprei esse cavalinho! - A meia elfa puxou uma cordinha presa em um cavalo de madeira e enquanto cavalgava ele no ar o brinquedo dizia: Diga não a jogatina! Diga não a jogatina! - hehehe! -
– Eu to achando é que você gastou todo o dinheiro com esse cavalo idiota. - Jullienly fez uma cara feia para Libria, que respondeu:
– Nunca saberemos.
– Onde está Luna? - Perguntou Lisye com uma das mãos massageando a testa.
– ...Nunca saberemos.
– Ali está ela!

Luna caminhava aos tropeços vagamente pelo caminho de terra que levava ao portão. Seus olhos estavam pequenos indicando uma noite mal dormida. Quando chegou frente as outras três fechou uma das mãos em punho, apoiando-a na cintura. Suspirou, olhou para o chão com a sombrancelha franzida, coçou a cabeça e por fim disse:
– Olha... A gente tem algo muito importante para fazer hoje. A questão é... - Ela retornou o olhar para as amigas - O que era mesmo? - Ela sorriu, sem graça.
– Ahn! - Jullienly deixou-se cair.
– Acho que ninguém aqui está com disposição para fazer essa missão. - Disse Lisye derrotada.
– Mas temos que ir! - Libria indignou-se.
– Para onde?! - Quis saber, Luna.
– Para a Torre dos Magos - Respondeu Jullienly levantando-se com dificuldade.
– Torre dos Magos?
– Foi você quem trouxe essa missão e já não se lembra de nada?!
– Oh sim! Ariane! - Luna segurou a cabeça como se as lembranças a deixassem tonta. - Temos que ajudar Ariane. Não fica longe daqui. É só caminhar para leste até ver uma ponte enorme. A Torre fica em um pequeno espaço de terra, dentro do mar de _________.
– Bem... Vamos caminhar então. Talvez ficaremos melhor. - Lisye foi na frente.
– Sim. Ariane nos espera!
– Eu não vou com vocês - Disse Julienly.
– O quê? Por que não? - Luna se aproximou de Julienly -Precisamos de você Julian. Esqueceu o que eu disse sobre o trabalho em equipe? Eu não sei o que essa missão espera de nós mas quanto mais gente, melhor.
– Meu nome é JULIENLY e eu sei que vocês darão conta do problema sozinhas. Eu não tenho ligação alguma com magia, ou seja, nenhum propósito na Torre dos Magos. Eu vou ficar e explorar um pouco mais Draynor. Ontem, na festa, ouvi alguns rumores que me podem ser úteis. - Ela suspirou - Eu continuarei meu caminho, não posso perder tempo ou será tarde demais.
– Mas não podemos nos separar assim, pode ser perigoso deixá-la sozinha - Comentou Lisye.
– Deixe-a ir. Ela tem um bom argumento. Não podemos forçá-la - Libria sorriu e levantou o braço para um aperto de mão de despedida. Julienly sorriu de volta e apertou a mão de Libria.
– Não se preocupe, Lisye, eu tenho Canis comigo. Vou ficar bem e tenho certeza que vamos nos reencontrar um dia.
– Então isso é um Adeus... - Luna pareceu convencida.
– Sim. Boa sorte na missão de vocês.
– Igualmente - Disse Libria, completando a despedida um pouco menos decontraida. Era um pouco triste se despedir de alguém que compartilharam poucas, porém incríveis lembranças. Lisye se sentia ainda mais sentida pois acreditava que Julienly era alguém com quem pudesse contar a partir dali em diante.
Julienly observou as meninas sumirem pouco a pouco no horizonte.

Caminharam durante alguns minutos até que puderam avistar o topo da Torre dos Magos alcançando as nuvens: Sua altura e magnetude eram impressionantes. A arquitetura, esplêndida! Algo que um ser humano comum não poderia imaginar em criar. Foi obviamente idealizada pelos magos mais visionários de todo Guilenor. Localizava-se ao sul de Draynor e, mesmo de longe, podia-se perder o fôlego com sua beleza. Quando se aproximaram mais, puderam notar que a torre era erguida em uma pequena ilha da qual era conectada ao continente por uma ponte de mármore branco iluminada com velas não muito comuns: Eram pequenas bolas azuis incandescentes que flutuavam sobre todo o corrimão, guiando o caminho até a majestosa entrada da torre. Libria assoviou ao chegar no começo da ponte. A vista era realmente fantástica.
– Uau! - Lisye soltou um riso, incrédula - Eu nunca tinha visto algo tão bonito.
– Espere ver os palácios de cristais da minha Terra... - Luna revirou os olhos e Libria riu. Haviam chegado no começo da ponte de mármore.
– Nossa... É uma ponte bem extensa.
– Sim e Ariane deve estar no final dela. Foi onde eu a deixei quando prometi investigar o que se passava junto dela.
– Do que se trata a missão, exatamente? - Perguntou Lisye.
– Ariane me contou que têm premonições desde que era criança, mas ultimamente suas visões têm mostrado somente uma coisa: a Torre dos Magos, onde ela vivia e estudava, queimando em chamas. Desde então, apareceram estranhas criaturas atacando os magos da torre. Ariane acha que isso está acotecendo por causa do plano para purificar a torre do Arquimago Sedridor.
– Então por que Ariane nos chamou. Ela mesma não pode investigar?
– Ela foi expulsa de lá depois de ter acusado o Arquimago Sedridor de estar causando tais danos mas isso só vamos descobrir quando conversarmos e analisármos por nós mesmas. - E depois de caminharem por mais alguns minutos, chegaram ao final da ponte. Ariane se apresentou imediatamente. Estava aguardando sob a sombra de uma fantástica árvore e quando reconheceu Luna foi direto ao seu encontro.
– Luna! Que bom que retornou. Creio que a situação da torre tem ficado cada vez mais estranha. Minhas visões... Ainda ocorrem. Com mais frequência, ultimamente. - Ela parecia um pouco distante como se estivesse recordando as últimas memórias que apareceram em sua mente. - Vejo que conseguiu ajuda.
– Sim. Essas são Libria e Lisye. Elas prometeram me ajudar na missão.

Ariane se apresentou e resumiu o problema como tinha feito Luna anteriormente. A aprendiz de maga era alta, ruiva e usava roupas leves de cor verde. Ela não parecia ter pertencido a turma de magos da torre. De longe, via-se humanos trajando túnicas azuis e chapéus pontudos de mago da mesma cor. Certamente eram alunos, ou até professores. Mas, estranhamente, Ariane não se vestia igual. Ela realmente havia sido expulsa permanentemente da torre?