Runescape escrita por outono


Capítulo 5
Capítulo 5 – Luna Lithil




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Com uma vitória e uma ótima história para contar, Lisye, Julienly e a meia elfa regressavam pela floresta que rodeava o castelo. Deveriam, agora, avisar sobre o ocorrido a população de Draynor, que ficava alguns quilômetros dali. O rapaz que lhes pediu ajuda, em Varock, havia prometido uma boa recompensa se conseguissem derrotar Lorde Lanfour e voltassem com vida. Agora, bastava percorrer uma longa estrada de terra até avistar a entrada da pequena vila. Não tinha como errar.
A floresta não as atacou como da última vez. Tudo agora parecia mais tranquilo. Havia pássaros cantando e outros animais voltaram a sua rotina, mesmo com a chuva fina, que lhes molhavam o rosto dos quais sorriam e demonstravam confiança. Conversaram, alegremente, por todo o percurso.
– Gostaria de saber qual será a recompensa! – Comentou Julienly – Um monumento na praça da cidade? Um pedaço do território? ...Baús de ouro?!
– Frango assado...? – Complementou Libria, sonhadora.
– Draynor é apenas uma pequena vila! – Riu Lisye – O máximo que poderiam fazer é nos conceder algumas moedas ou, quem sabe, medalhas de honra. – Mas não importa. Saberemos quando chegarmos lá.
– Aliás, - Começou Julienly - Lisye, o que você quis dizer quando disse "A espada foi feita especialmente para mim"? Eu tentei pegá-la no bosque e ela soltou eletricidade! - Lisye recordou-se do acontecido. Ela havia deixado sua espada cair no chão quando foi pêga pelas raizes e Julienly tentou pegá-la.
– A minha espada... - Ela tocou o cabo da espada, presa em sua cintura - Eu ganhei ela do meu pai quando completei 16 anos. Meu pai era um dos melhores ferreiros de Guilenor, porém, confeccionava apenas para merecedores. Uma das características das suas armas era que elas funcionavam apenas com o dono e eram a capacidade de funcionar com magia. - Libria desviou o olhar para o cabo da espada de Lisye - Eu não entendo muito bem como isso pode acontecer pois... Meu pai morreu antes de passar o segredo para mim.
– Sinto muito - Jullienly sentiu certo arrependimento por ter perguntado sobre o passado de Lisye - Mas devo dizer que seu pai devia ser brilhante.
– Eu posso ver o cabo da sua espada, Lisye? - Perguntou Libria
– Claro, mas você não vai conseguir segurá-la. Eu seguro para você. Aqui.
– Isso no cabo... - Libria comprimiu os olhos - Isso são escrituras rúnicas. Lisye. Seu pai sabia escrever runas.
Lisye deu de ombros - Ele nunca falou nada sobre para mim.
– Você disse que conhecia um Altar Rúnico nas Terras Selvagens, não é?
– Sim. Meu pai costumava ficar dias fora. Minha mãe dizia que ele estava no Altar Rúnico das Terras Selvagens e havia um mapa. Ela me mostrou uma vez e eu guardei a localização.
– Incrível! - Julienly estava acompanhando tudo, muito interessada.
– Interessante. Nós precisamos saber mais sobre isso! - Decidiu Libria
– Sim. Seria de muita importância para mim conhecer mais sobre essa habilidade que meu pai tinha. Podemos procurar mais sobre isso depois. Primeiro, temos que chegar em Draynor. -
– Certo.

Lisye notou que a chuva cessara quando o jardim do castelo terminou. Agora caminhavam sobre uma estrada estreita, sem asfalto. As nuvens foram substituídas por um lindo céu de alvorada e aquilo pareceu ter concretizado o fim do tormento. Perguntou-se se os moradores de Draynor haviam concluído o mesmo. Ao longe, um belíssimo arco-íris surgiu entre as nuvens. Libria nunca tinha visto algo parecido e tentou correr para tentar alcança-lo. Jullienly riu quando Lisye tentou explicar o que eram os arcos íris, sem sucesso. A meia elfa preferiu acreditar que algo tão belo, só poderia ser feito com magia. O que não era muito diferente, refletiu Lisye.
Não chegaram a caminhar muito. No fim do longo caminho havia um fino arco de madeira que sustentava uma placa com o nome “Draynor”, como em uma saudação. Logo abaixo dele, havia um grupo de pessoas que, curiosas, comprimiam os olhos pequenos para poder enxergar quem estava vindo.
– São elas! – Gritou um deles. - Eu disse que conseguiriam Thomas! Os tempos mudaram, meu caro!
– Eu não acredito! – O outro ergueu a vista para poder ver melhor. – Eu não acredito! – E gritavam tão alto que nossas protagonistas conseguiam ouvi-los daquela distância. Todos pareciam estar esperados pela sua chegada. Um grupo de comerciantes, mulheres, crianças, pescadores e forasteiros estavam lá. Amontoados, como se estivessem esperando por uma grande notícia. E Lisye já sabia que a receberam. Alguns correram ao encontro delas, sorrindo ou chorando e nenhuma delas sabia como reagir em meio a tanta felicidade: Não sabiam se agradeciam ou se apenas um “por nada” bastava. Limitaram-se a rir e acenar para os que continuavam observando um pouco mais distantes, incrédulos. Logo, o rapaz que iniciou aquilo tudo surgiu meio à multidão.
– Eu não posso acreditar... – O viajante, morador de Draynor que procurava por Dr. Harlow em Varrock, tinha os olhos brilhantes - Por favor! Digam-me! Vocês conseguiram exterminar o vampiro!? – E Lisye o contou tudo. Toda a história e seus pequenos detalhes, observando atentamente as expressões da plateia. Alguns pareciam chocados, outros ouviam atentamente, porém ansiosos pelo término. Mas nenhum deles estava infeliz. Todos esboçavam uma expressão de tranquilidade e certeza de que agora estava tudo bem. E isso, de certa forma, bastou para recompensar Lisye.
Jullienly acompanhava a história sempre completando com os detalhes, como se ela mesma não pudesse acreditar no ocorrido. Libria apenas acenava com a cabeça, concordando. Quando Lisye terminou, a multidão aplaudiu e comemorou.
– A propósito, meu nome é Morgan! – E o homem que lhes entregou a missão se apresentou – É uma grande honra recebe-las de volta. Por favor, em nome dos moradores de Draynor, fiquem esta noite para festejar e... Vocês estão encharcadas! Precisam de um lugar para passar a noite, certo?
– Eu preciso de um banho. – Jullienly referiu-se ao seu cabelo, sujo de cinzas e com cheiro forte de fumaça.
– Agradeço a hospitalidade de vocês. – Lisye curvou-se.
– Estejam à vontade! A vila de Draynor será eternamente grata. E como forma de gratidão, sempre que necessitarem, terão nossa hospitalidade. É o que podemos oferecer. E ficarão para as festividades?
– Festa!? – Animou-se Libria – Com certeza, senhor Morango!
– Morgan.
– Estaremos aqui. – Concordou Lisye, com um sorriso.

Morgan as levou até uma pequena hospedaria que não parecia ter mais do que dois quartos. O dono da estalagem era um senhor idoso e baixo, com óculos tão grossos que faziam seus olhos ficarem gigantes. Depois de agradecer em nome de sua vila, entregou a chave de um dos quartos nas mãos de Libria. O quarto ficava no segundo andar, havia apenas uma janela, ao norte que mostrava a praça: Os preparativos para a festa estavam sendo concluídos. Doces crianças dançavam ao centro, felizes como Lisye nunca tinha visto antes. Suas mães preparavam a mesa do banquete enquanto os comerciantes desfaziam as tendas para as substituírem por um pequeno palco e espaço para dança.
– São muito acolhedores. – Comentou Lisye.
– Eu estou tão animada! Eu nunca participei de um festival antes! – Libria olhava pela janela, acenando algumas vezes para os moradores que as notavam – Em Isafdar eu podia ouvir as músicas, mas minha mãe nunca me deixava sair. Era agonizante. – Ela franziu as sobrancelhas.
– Também mal posso esperar. Há muito tempo não participo de festas. – Disse Jullienly. – Preciso me aprontar. Banho, banho, banho, banho... – E cantarolou a palavra enquanto se lavava. Lisye e Libria continuaram á janela vendo o movimento ficar cada vez maiores à medida que os moradores chegavam para festejar.
O céu já estava escuro quando as três saíram. As luzes, de diferentes cores, brilhavam tanto que iluminou toda a praça como se fosse manhã. Bem no centro, estava posta a mesa de banquete e havia de tudo: Tortas de diferentes sabores, aves, porcos e peixes assados, ensopados, pequenos doces e frutas. Vinho, sucos e garapa, para beber. Cada cidadão pareceu ter contribuído para aquela mesa, todos estavam realmente agradecidos. Havia música. Uma animada canção sobre aventureiros e heroísmo que enchia os corações dos jovens meninos, dos quais brincavam de lutar com espadas de madeira, próximos ao rio. Lisye os observava, sorridente, e de vez enquanto recebia palavras de gratidão dos moradores. Libria atacou um pedaço de frango antes que pudessem percebê-la na festa. Já era de se esperar. Jullienly juntou-se a ela e deliciaram-se com uma torta tão saborosa que se podiam comer trezentos pedaços antes de enjoar.
– July, prove carne de porco com mel! – Disse Libria – É bom.
– ... – Jullienly apenas ignorou a oferta e voltou ao seu pedaço de torta - Você tem um gosto estranho, Libria. -
– Mas você nunca saberá se não provar! – franziu as sobrancelhas – Aposto que iria gostar da comida de Isafdar.
– Pelo o que observo. Eu acho que não.
– Bem... Sobra mais para mim – Respondeu rindo. – Lisye! Você já provou carne com mel?

Mas antes que Lisye pudesse responder, Morgan pediu para que os músicos cessassem por um momento as canções para que pudesse fazer um anúncio:
– Hoje, meus caros irmãos, recebemos a ajuda e a boa vontade de três virtuosas jovens das quais não iremos nos esquecer jamais. Quero lembra-los de que a humildade é uma dádiva. Sejamos humildes e tomamos o fato como um ótimo exemplo disso. Por enquanto, portanto, deixo nada mais do que minhas palavras, para agradecê-las, jovens. Que os seus caminhos sejam iluminados por Saradomim – de longe, ouviu-se alguém ter um ataque de tosse – Erm... e que nossa hospitalidade seja recebida como apenas uma pequena parte de nossa gratidão. Saibam que dentro de todos nós, há o desejo de oferecer muito mais do que se pode. Agradecemos, humildemente.
– Nós não fizemos nada demais. – Lisye pronunciou-se - Por favor, não se incomodem em obter nossa gratidão. O que importa é que está feito. O mal não deverá voltar a essa vila. A felicidade está novamente reinando e isso já me é o bastante.
A multidão gritou em felicidade. Aplaudiram e a musica recomeçou após Morgan ter acenado para voltarem. Jullienly e Lisye dançaram animadamente junto aos moradores. Até mesmo o dono da hospedaria estava lá, requebrando como o jovem que foi há 30 anos. Morgan juntou-se a banda para tocar uma canção sobre a história fictícia de um cavaleiro valente que cruzou as Terras Selvagens conseguindo retornar são e salvo. Libria ouvia cada palavra com um brilho no olhar. Sem querer, imaginou seu pai, Zorgus Falcon, sendo capaz de lutar com todas criaturas que pôde pensar, derrotando-as com facilidade. Que tipo de guerreiro seu pai seria? Ela estava tão perdida em seus pensamentos que não notou uma garota, que não parecia ser da vila, se aproximar. Ela tinha o cabelo tão liso e comprido que escondia toda a suas costas. E em meio ao falatório e música, sua voz rasgou o ar como uma flecha.
– Por que fugiu de Isafdar?

Libria voltou a si com um sobressalto. Seus olhos não quiseram verificar de onde vieram aquelas palavras: Continuaram fitando um ponto cego em meio à banda. Não queria achar que aquela pergunta tinha sido destinada a ela. Por um momento, achou que tivesse esquecido seu chapéu e suas orelhas pontudas a tivessem denunciado. Mas estava ali, não precisou tocá-lo, conseguia ver um pedaço de sua aba. Ela não se mexeu.
– Você é uma elfa, não é? – A garota de cabelo escuro tornou a perguntar e Libria olhou de relance para seu lado direito. Conseguiu vê-la: Além do cabelo negro, seus olhos eram de uma tonalidade cinzenta, tinha feições familiares, apesar de usar trajes humanos. Aquela pessoa certamente era uma elfa. Não uma meia elfa. Uma elfa de sangue puro. O cabelo longo escondia suas orelhas e parte de seu ombro, como um véu. Foi então que Libria conseguiu sentir o poder magico vindo dela. Olhava para frente como se não quisesse fazer parecer ter iniciado uma conversa.
– Você... – Tentou encontrar palavras.
– Sim. Também fugi de lá.
– Como...? – Foi a única coisa que conseguiu dizer.
– Não foi fácil. Como não deve ter sido para você. – Ela pegou um copo de suco – Não sentia a presença de elfos desde que me afastei de lá. Mas a sua é muito fraca. Quase passou despercebida. Quando senti, tive que verificar.
– Não consigo entender. – Libria estava atordoada demais para confiar qualquer informação a um estranho. Pensou que pudessem tê-la descoberto e que a garota, ao seu lado, era um membro da guarda e a levariam de volta para Isafdar para um julgamento. A menina riu baixo sem atrair atenção.
– Acho que eu te assustei. Não estou aqui para julgar e muito menos para ser julgada. Tenho meus motivos para estar aqui e você, os seus. – Ela então direcionou o olhar para Libria, falava seriamente, mas seus olhos denunciavam a curiosidade. – Meu nome é Luna.
– Libria. Libria Falcon.
– Hum... Não conheço nenhum Falcon. – Disse Luna retornando o olhar para a banda.
– É o nome de meu pai... – Luna arregalou o olhar e Libria jurou ter percebido um leve sobressalto.
– Você é uma meia elfa?! – Pronunciou as duas últimas palavras delicadamente. Baixo o suficiente para que Libria tivesse que ler seus lábios. – Eu... – E naquele momento Lisye aproximou-se dizendo:
– Você precisa tentar jogar! Acredito que possa levar o prêmio. – E apontou para três alvos posicionados em distâncias diferentes, um mais longe do que o outro. Um grupo de pessoas tentavam acertá-los, o que deveria ser demasiadamente difícil. O prêmio era um conjunto de arqueiro e mil moedas de ouro. Diziam ser o prêmio de todos os anos, mas ninguém conseguira toma-lo. Jullienly tentou lançar uma flecha contra o alvo de dificuldade média sem sucesso. O tiro acertou a borda do alvo, fazendo a flecha desviar e perder sua velocidade, caindo ao chão poucos metros além de onde o alvo estava. Mesmo assim, o público aplaudiu a tentativa. Ela deu de ombros sem jeito e disse algo parecido com “Meu ramo não é ataque a distância.” Lisye empurrou Libria até um dos alvos e lhe pegou um arco.
– Te desafio a passar do segundo! – Ela apontou para o alvo mediano. Ele se encontrava demasiadamente longe, mas não tanto quanto o terceiro. Havia fincado, no do meio, uma flecha mal posicionada, rente a borda de modo que se podia ver a ponta atravessado, feita de pedra talhada – Não foi no centro, mas minha flecha está lá. Faria melhor do que isso? – Lisye deu um sorriso entusiasmado do qual não influenciou Libria. A meia elfa ainda encontrava-se olhando por cima do ombro, preocupada e dando pouca atenção à competição. Luna havia sumido. Enquanto Lisye lhe dava as instruções, Libria procurava por cabelos negros e compridos entre a multidão, sem sucesso.
– Está me ouvindo? – Perguntou a guerreira, olhando-a nos olhos e lhe bloqueando a visão.
– Hã? ... Estou – Ela agarrou uma flecha – Eu só preciso acertar os três alvos para ganhar de você, não é?
– Na verdade, para ganhar de mim é preciso apenas acertar o segundo alvo, um pouco mais para o centro. Se você conseguir “matar” o terceiro, o grande prêmio é seu. – E abriu caminho para sua mira.
Libria posicionou-se diante ao primeiro alvo. Ela nunca tinha sequer tocado em um arco, mas sentia grande habilidade correndo pelas suas veias. Elfos tinham facilidade em combate à distância por causa de sua visão. Eram sensíveis a movimento e eram capazes de enxergar melhor na penumbra. Libria sentia que tinha herdado esse dom de sua mãe. Era algo que não precisava se preocupar em treinar. Sabia que sua visão era melhor, pois percebia o alívio em seus olhos quando escapava sob o luar, em Isafdar. Ela se colocou na postura de um arqueiro esguio. Estufou o peito e ergueu o queixo, juntamente com o seu arco. Era tudo tão natural. No mesmo tempo que estacionou a posição para o disparo, sabia que não era preciso se mover nem mais um milímetro. Ela esticou a corda do arco o máximo que pôde e disparou. O tiro foi certeiro. Exatamente no centro. O público aplaudiu e Libria acenou para alguns com um leve sorriso. Lisye gritou alguma coisa que a meia elfa não soube dizer se era um elogio ou um xingamento. Com isso, se preparou para o segundo alvo. A flecha da amiga ainda permanecia lá: atravessada na borda, tão torta quanto a coluna do dono da estalagem em que ficaram. Libria estava se posicionando para uma nova tentativa quando ouviu um disparo. A flecha cortou o ar com tanta rapidez que um barulho agudo pôde ser ouvido, fazendo a plateia calar-se e voltar toda sua atenção para uma garota de cabelos negros e longos que portava um arco feito de cristal. Posicionada em direção ao primeiro alvo, Luna conseguiu acertar em cheio: Partiu a flecha fincada no centro por Libria em duas metades. Todos admiraram pasmos. Lisye novamente gritou alguma coisa que não se soube o que era, pois o público foi à loucura. Como se não bastasse, Luna continuou seguindo, com o arco empunhado em direção aos outros alvos. Quando chegou a distância do segundo, disparou rapidamente, sem parar de caminhar, dessa vez em direção ao terceiro. A flecha não teve problemas em encontrar o centro do segundo alvo, quando Luna estava posicionada diante do alvo final. Ela esticou a corda do arco, do qual refletia a luz intensamente. E esticou um pouco mais. Quando largou, a flecha passou zunindo pelo todo seu caminho. Libria não conseguiu acompanha-la, mesmo com sua visão apurada e em uma fração de segundos, o terceiro alvo tombou para trás com uma flecha presa em seu centro.
Não se viu o público tão animado desde que Libria e as outras voltaram de missão. Havia pessoas gritando e outras tentando explicar, ainda incrédulas, para aqueles que não acompanharam o ocorrido. Até mesmo a música tinha cessado. Os músicos esticavam o pescoço em meio a multidão para verificar o que tinha acontecido.
Libria não exaltou-se. Elfos tinham habilidades fantásticas com arco e flecha. Apesar de achar que Luna treinou, por toda a vida, com aquele único modo de combate. Pôde perceber, também, que Luna vinha de uma família tradicional élfica pois portava um arco de cristal. O cristal era pouco comum no mundo humano. Pelo menos, para a confecção de armas.
Lisye e Jullienly tinham expressões confusas e, ao mesmo tempo, surpresas. Se tinham percebido que Luna era de descendência élfica, Libria não soube dizer. Só sabia que alguém daquela idade e ainda humano, raramente seria igualmente hábil.
– Você poderia ter conseguido o prêmio – Disse Julienly – É uma meia elfa! – continuou sem que os demais a escutassem – Elfos têm habilidade em pontaria, não têm?
– Sim. Elfos possuem uma visão melhor. Conseguem perceber a distância dos objetos em menos tempo, também – Respondeu Libria com um sorriso.
– E quem é aquela? – Perguntou Lisye, ao seu lado – Ela estava conversando com você antes disso, não estava?
– Se chama Luna.

Morgan surgiu e meio a multidão como o anfitrião da festa, sempre sorridente. Carregava consigo um conjunto de proteção para arqueiros. Uma armadura bem leve de couro que permitia um deslocamento fácil e ágil: Era o prêmio da competição. Luna ainda sorria para o povo. Havia guardado seu arco de cristal de forma que ficasse preso em suas costas. Morgan aproximou-se e, para anunciar a vencedora, agarrou uma das mãos de Luna e a levantou. Todos aplaudiram ainda mais, com assobios em comemoração.
– Parabéns! Meus Parabéns, minha jovem! Meu povo, temos uma vencedora! Seu nome é...
– Luna.
– Hum! Um nome muito bonito. E aposto que fará um bom uso de seu prêmio. Não é lá o último modelo, mas é muito resistente.

Ela agradeceu o presente e novamente ao público do qual começou a dispersar-se. Sendo distraídos pela música que regressara ainda mais contagiante.
– Vamos parabeniza-la! – Sugeriu Lisye puxando Julienly pelo braço – Quero saber se o treinamento dela foi tão puxado quanto o meu. – E saíram andando, seguida de Libra, que nada disse. Luna assistia a banda sorridente. Parecia orgulhosa.
– Olá! Meu nome é Lisye! – Estendeu uma das mãos para Luna.
– Olá! Já sei seu nome. – Luna respondeu sorrindo.
– O quê? Por quê? – E abaixou a mão estendida, confusa.
– Estou na cidade desde cedo. Ouvi rumores de que vocês haviam partido em uma missão e o povo contou como tudo aconteceu, às vezes, o que não aconteceu e, também, o que poderia acontecer! – Ela riu – Eu só queria saber qual das possíveis previsões estaria correta e fiquei até o final. – Lisye sorriu sem graça ao imaginar que seu nome teria se espalhado, por talvez, toda Mistalin.
– Bem... Então, talvez, não precise apresentar minhas amigas
– Já conheço Libria. E... Julienly, certo?
– Oi. – Assentiu, sem graça.
– Acredito que já tenham participado de muitas missões juntas. – Afirmou Luna retornando sua atenção para a banda que agora tocava uma música instrumental.
– Na verdade, nos conhecemos a pouco tempo. E essa foi nossa última missão desde então. – Respondeu Lisye.
– Nossa! Sério?... Isso é muito interessante.
– Sim. Acho que formamos um bom grupo – Respondeu Libria – Combinamos habilidades de luta diferentes.
– Combate corpo a corpo – Lisye falou.
– Evocação – Completou Julienly.
– E magia... – Luna já sabia – Agora tenho certeza que és uma elfa, Libria. Consigo sentir uma aura de magia élfica em você.
– O que? – Sobressaltou-se Julienly. Lisye apenas completou: - Ela sabe...? -
– Prestem atenção vocês – Falou baixinho a elfa completa – Gostaria de entender um pouco mais sobre a magia dos humanos. Tenho muito no que crer. Mas quero confirmar com meus próprios olhos. Vocês me parecem ser boas pessoas. Preciso que me ajudem em uma missão. Mas gostaria que este assunto ficasse em sigilo total! – Ela fez um gesto de silêncio com o indicador na ponta dos lábios.

Aquilo pegou todas de surpresa. Lisye e Julienly não tinham entendido muito bem o que Luna quis dizer com uma missão e muito menos como ela soube que Libria não era cem por cento humana. A meia elfa foi a primeira em sair dos seus pensamentos:
– Magia dos humanos? Você diz altares, runas e essências?!
– Exatamente! Em Isafdar havia pouco sobre as novidades do assunto. Estudei muito sobre isso na biblioteca de Varrock e agora sei de um lugar do qual podemos obter respostas. – O olhar dela era desafiador. Algo que fez Libria sorrir.
– Respostas! Que tipo de respostas? Eu quero saber mais sobre isso. Quero saber como os humanos aprenderam a controlar a magia, agora. Quero dar liberdade ao nosso povo – Animou-se Libria.
– Isafdar...? “Nosso” povo? – Julienly ainda queria respostas.
– Opa... Eu esqueci...
– Não tem problema – Apressou-se em dizer, Luna – Elas devem saber.
– Saber? – Lisye quis entender. Houve um pequeno silêncio entre elas. Mas enfim - Saber o quê?
Libria comentou com um tom quase inaudível.
– Luna... Ela é uma elfa completa.


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