Sasuke:

- Você está bêbada? – perguntei

-Tô! – ela falou – Mas falei sério.

- O que você falou? – perguntei, para tentar provar para mim mesmo que eu não estava bêbado, nem maluco em ouvir aquilo.

- Eu não falei, eu perguntei, se você se casa comigo. – ela falou, e eu tive certeza que tinha ouvido novamente aquilo.

- Você devia procurar um hospício e se internar – informei-a.

- Eu não sou maluca! Tô falando sério!

- Porque eu me casaria com você?

- Não é obvio? – ela perguntou

- Não...

- Eu te ajudaria a pagar suas dividas e você me ajudaria a conseguir minha herança.

Respirei fundo.

Até que ela não era tão maluca assim.

A proposta dela fazia sentido.

- Eu te dou quarenta por cento da herança.

- O QUE? – gritei

- Quarenta por cento. Sabe, é só fazer as contas, acho que dá, vinte milhões. – ela mexeu os dedos fazendo algum tipo de conta. – É, isso. Dá pra você pagar suas dividas?

- Claro. Mas você deve ser a pessoa mais mal amada do universo para pagar vinte milhões para alguém casar com você. – não consegui segurar a piadinha horrível.

Ela me fuzilou com os olhos.

- Só não te mando a merda, porque sou uma dama. Enfim, é perfeito Sasuke. E outra, meu pai já acha que você é meu namorado. – ela sorriu convencida.

- O que eu preciso fazer? – falei

- Então você aceita? – ela falou

- Primeiro me responda o que eu preciso fazer.

- Casar comigo, e ficar casado, durante, ahn .. um ano.

-UM ANO? – gritei

- Ei! Fala baixo, é, um ano! Fala sério, esse parece o primeiro compromisso que você assume.

- Hmpf.. Mas porque um ano? – questionei

- Porque foi assim que minha mãe quis no testamento, e outra, meu pai tem que ‘aprovar’ nosso casamento, para que eu não tenha casado só para pegar a herança. – seu sorriso alargou ainda mais.

- E você vai fazer justamente isso.

- Sasuke! Fala sério, se fosse você no meu lugar, você não faria a mesma coisa? – ela perguntou

- Claro

- Então pare de dar uma de Madre Tereza de Calcutá, porque essa não cola. Então, você aceita? – ela estendeu a mão.

Como eu podia recusar?

Eram vinte milhões.

Em um ano, seriam vinte milhões na minha conta, dividas quitadas, e muito dinheiro para gastar.

- Aceito.

- Aceita? – ela falou sorrindo

- Porque está surpresa? – falei

- Nada. AHHHHHHHHHHHH – ela gritou de repente. – Toca aí, futuro maridão! – Estiquei a mão para tocar na dela, mas antes, cuspi na mão.

Sakura:

Quando ele esticou a mão para tocar a minha, ele rapidamente retirou a mão e cuspiu na mesma. UM CUSPÃO! E esticou novamente a mão.

- Ei! – protestei – eu não vou tocar nisso ai. – apontei para sua mão – você tem ideia de quantos milhões de micróbios tem ai?

- Não. – ele respondeu – Aperta logo, ou nada feito. – ele falou

Droga!

Cuspi na minha mão. E a estiquei.

- Agora eu que não encosto. – ele falou

- Porra, você é homem ou um caco de tijolo? – falei

Ele quase me matou apenas com o olhar, mas no fim esticou a mão, e finalmente fechamos nosso acordo.

- Agora, temos que comprar alianças. – falei

-Hein?

-Alianças! Ora, onde já se viu pessoas ficarem noivas e não possuírem alianças! Temos que compra-las.

Ele revirou os olhos.

- Você aceitou! – acusei

- Eu sei.

- Então trate de fingir direito. Agora vamos. – falei, arrancando o copo da mão de Sasuke, e o puxando.

-Ei! Aonde você pensa que está indo? – ele pergunto.

- Ligar para meu papai e contar que meu querido namorado fez uma surpresa no dia do meu aniversário, me pedindo em casamento! – falei sorrindo abertamente.

- Ou melhor, que você ME pediu em casamento. – ele falou

- Ahn não importa! O que importa é que a herança vai para a minha conta bancária e não para a dele.

- Porque esse ódio pelo seu pai? – ele perguntou
Por onde eu podia começar?

Por ele nunca me dar a atenção? Só se interessar em estar próximo de mim quando ele precisa de mim para alguma coisa? Porque ele vai se casar e nem se deu o trabalho de me contar?

Eram tantas razões...

Ele sempre ser frio comigo, era uma das que mais me machucavam.

- Não te interessa. – dessa vez usei a grosseria.

E ele simplesmente ignorou, continuando a me seguir. Essa era uma das formas de me proteger. Ser grossa, irônica e não deixar ninguém – a não ser Ino e Naruto – se aproximarem de mim.

Sempre funcionou, porque agora seria diferente?

(...)

Levei Sasuke até o seu apartamento, que ficava há alguns quarteirões do meu apartamento, e logo já estava em casa.

Já passavam das duas da manhã, e eu estava exausta. Além de ter tido o pior aniversario de todos os tempos, ainda tinha que ligar e esfregar na casa de Kenshi que eu iria me casar.

Casar de mentirinha.

Mas desse detalhe ele não precisaria saber.

Pequei meu Iphone dentro da bolsa, eram duas da manha, mas como ele provavelmente já estava de volta a Europa, o fuso horário já poderia ter feito seu trabalho.

Disquei o numero dele, aguardando ansiosamente ele atender o telefone.

“Sakura?” – ouvi a voz de Kenshi na linha

Era hora de fingir voz de choro muito bem.

“Ah pai”, comecei com a voz mais forçada do mundo “você não sabe!”, dei uma fungada e continuei “O Sasu..ke me pediu em casamento hoje! Surpresa de aniversario!”, gaguejei em uma parte da frase “Ele disse que tinha uma surpresa de aniversario, mas eu não esperava isso!”

E então tudo ficou quieto do outro lado da linha.

Sorri.

Kenshi com toda a certeza estava morrendo de raiva, ou talvez melhor, ele poderia já ter morrido.

“Ahn, parabéns, Sakura” – ele falou, entre pausas – “Foi um pedido bem em tempo.” – ele usou a ironia.

“E olha que ele nem sabia dessa bobeira de testamento.” – dei uma risada. – “Mas então pai, prepare sua agenda e da Kurenai, porque nosso casamento vai acontecer nas próximas três semanas.”, falei e logo depois desliguei, indo tomar um banho e finalmente descansar.

(...)

         Acordei com uma dor de cabeça terrível. O quarto estava todo iluminado, eu havia esquecido de fechar as janelas ontem, que sorte a minha. Suspirei, eu estava de ressaca, e eu realmente odiava ressaca. Levante-me indo até a cozinha tomar um remédio e comer alguma coisa.

Resolvi preparar um sanduiche e tomar apenas um café forte, para ver se eu conseguia mandar a ressaca para a merda. Eu ainda tinha um dia inteiro pela frente, cheio de trabalho e muito stress.

E ainda tinha que ligar para o meu noivinho, e marcar com ele de irmos comprar nossas alianças, tudo isso em um dia. Eu já me sentia cansada antes mesmo de começar o dia. Minha vontade era voltar para a cama e passar o resto do dia dormindo...

Ouvi vozes do corredor, e caminhei para lá, afinal, só havia eu no meu apartamento. Ou pelo menos era isso que eu pensava.

Ao sair da cozinha e entrar no corredor, minhas pernas congelaram na porta. A cena que eu via na minha frente, realmente, só poderia ser minha imaginação.

Aos beijos com o baka do Naruto estava Hinata. Eu mal conseguia acreditar naquilo, como Naruto poderia conhece-la ou pior, ter passado a noite com a minha secretária?

Eu engasguei com minha própria saliva, enquanto tentava chegar a uma conclusão plausível para aquilo tudo.

Realmente 2012 era o ano do apocalipse.

Hinata se afastou de Naruto olhando em minha direção, percebi seu rosto ficar vermelho, e sua boca abrir em um ‘O’.

-Sak..ura-san? – la gaguejou ao pronunciar meu nome.

Coitadinha, deveria estar apavorada ao me encontrar na ‘casa’ do seu ficante, peguete ou sei lá o que.

-Hinata-chan! – falei sorrindo – Que surpresa encontra-la aqui, em minha casa.

-E..u – ela parou para respirar – você, a casa é sua? – ela perguntou, incrédula.

-Ahn.. – tentei pensar em alguma desculpa para não foder com a vida do Naruto, mas nada me veio a cabeça – É, meio que, hãn, eu não vou demorar a me mudar. – completei.

-ESPERA, VOCÊS SE CONHECEM? – a ficha do Naruto pareceu finalmente cair, e ele perguntou aos berros se nos conhecíamos.

-Fala baixo, idiota. – repreendi-o – Sim, nos conhecemos, Hinata trabalha na empresa.

Naruto olhou para ela, e sorriu.

-Ahn, bem, eu já estava de saída Sakura-san – ela se afastou de Naruto – Até o trabalho.

-Ei, Hina, deixa que eu te acompanho. – Naruto falou andando atrás dela.

Mas ela se virou primeiro, com um olhar mortal.

-Eu conheço o caminho, Naruto. – falou isso e sumiu no final do corredor. E logo ouvi a porta ser fechada com mais força que o normal.

-Acho que você vai ter problemas... – cantarolei, andando em direção ao meu quarto.

-Tudo culpa sua! – ele me acusou – Se você não tivesse aparecido ela ia pensar que a casa era minha.

-Culpa sua, ninguém manda você transar com minha secretaria, e o pior no MEU apartamento.

-Droga, Sakura! – Naruto reclamou – Porque você disse que não vai demorar a se mudar? – ora, ele tinha conseguido prestar atenção no que eu falei?

- Ah, tenho que te contar uma coisinha – falei, voltando para perto de Naruto... Como dizer a ele que iria me casar? – Vou me casar...

Esperei a reação dele, mas Naruto apenas olhou para mim, como se eu tivesse falado russo, ou qualquer outra língua que ele não entende. E logo depois disso caiu na gargalhada, me deixando profundamente irritada.

Ora, era tão improvável assim, eu me casar? Que idiota.

-Que piada ótima, Sakura-chan

-Tô falando sério. – falei olhando-o nos olhos.

-Ah é, e com que você vai se casar? – ele questionou, parando com o ataque de risos.

-Com o Sasuke. – falei, e Naruto parou por um momento, me encarando, esperanto alguma explicação...

Resolvi então contar toda a história para ele...

Sasuke:

Alcancei o celular com uma dificuldade tremenda, observando o visor. Desconhecido. Era o que constava. Mas que droga, eu não precisava mais de problemas.

Atendi o telefone.

“Oi”, falei desanimado

“Amor!”, ouvi uma voz melosa e irritante “Brincadeirinha, o Sasuke, sou eu Sakura.” , ela completou, e eu tive então a certeza que a loucura de noite passada realmente havia acontecido.

“Fala logo”

“Nossa, delicado”, ela resmungou “Bem, espero que se lembre que aceitou ser meu marido de aluguel ontem.”, ela riu, “E então, sabe, eu liguei para o meu pai contando da sua surpresa de falso namoro, mas eu não esperava que a noivinha dele, fosse se empolgar com a ideia, e preparar uma festa e noivado...”, ela terminou abaixando a voz.

“O que?”, perguntei irritado.

Tudo bem aceitar se casar de mentira, mas ter festa de noivado de mentira era o fim dos tempos.

“Não”, respondi, e tinha certeza que ela sabia que eu me referia a suposta festa de noivado.

“Qual é, Sasuke, você aceitou!”, ela argumentou, “E eu não tenho culpa, mas também não posso negar, porque ai vai ser um motivo para Kenshi duvidar do nosso noivado.”

Droga!

“Por favor...”, ela choramingou

“Que dia?”, perguntei

“Amanhã, as 19 hrs, na casa do tio Minato, o pai do Naruto.”, ela não parou por ai, “Ah, e estou passando ai, para a gente ir as compras...”

“Nã...”

Não consegui terminar a frase porque ela me cortou antes.

“Quinze minutos, Sasuke-kun¹”, ela riu e desligou.

Pelo jeito, essa mentira ia ter que ser muito bem encenada...