Jogos Vorazes - Cato escrita por Anny Fernandes


Capítulo 16
16




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Passo o resto da noite olhando para o lago e pensando sobre meu sonho. Realmente mexeu comigo e eu nunca vou saber o porquê. A respiração de Clove esta regular e abafada por seu saco de dormir. Estamos sim em sacos de dormir separados. Eu não queria atrapalhar ela com minha agitação e a noite aqui faz muito frio. Sua face esta igualmente suja a antes de eu ter limpado-a. Suas sobrancelhas voltam a crescer, o tamanho natural antes de ser modificado pela capital. E suas unhas estão novamente roídas. Tudo nela, todas as características estão como antes. Eu quase me sinto em casa.

Imagino que estamos no centro de treinamento tarde da noite. Acabamos de treinar e vamos sentar e conversar, já que em nossas casas seria impossível conversar sem ter alguém atrapalhando. Aqui é melhor. Nós sentamos, mas Clove pega rapidamente no sono e eu a observo enquanto limpo minha espada. Uma hora ou outra vou acabar dormindo, mas enquanto isso não acontece eu a observo. Parcialmente cansada. A mesma aparência de agora. Fuligem no rosto e suor escorrendo pela testa.

Abro os olhos e volto a realidade. O pouco tempo que fugi foi suficiente para me dar forças. Estou renovado. Olho novamente para Clove e passo delicadamente a mão sobre a gota de suor que ainda escorre por sua testa.

Continuo observando o lago quando pego a garrafa de água e bebo bastante. Esta fresca e gostosa, mas eu ainda sinto saudades da água da minha casa, tinha o gosto bem melhor.

Antes de amanhecer eu acordo Clove, que não resiste em levantar.

– Claudius disse que seria ao amanhecer, então... – eu comecei

– Não tem problemas. – Clove me interrompeu – Vamos esperar lá na floresta. Temos que achar um local que tenha vista privilegiada da cornucópia.

Sorrio e acompanho ela. Clove na verdade esta muito feliz por eu ter deixado ela ir, ela matar Katniss. Não me sinto muito bem, mas se isso faz Clove se sentir melhor eu aceito.

– Você acha mesmo que ela vai vir Cato? – Clove pergunta assim que chegamos a uma clareira com vista para o lago e a Cornucópia.

– Claro que ela vai vir – eu digo, mas aumento o argumento quando vejo que Clove não se convenceu – O LoverBoy esta machucado, esqueceu? E se eles estão realmente tão apaixonados, é claro que ela vai vir.

O alivio invade a expressão de Clove. A garota com as facas é tão linda e poderosa. Não posso resistir. Seguro ela nos braços e a beijo. Um beijo verdadeiro, com gosto de paixão. Por que eu serei eternamente apaixonado por Clove,a garota que mudou minha vida com um corte na perna. Aquela a quem eu daria minha vida.

– Eu te amo. – sussurrei assim que nossos lábios se separaram a procura de ar.

– Eu também te amo. – ela disse baixinho

Uma mão minha estava na parte de cima das costas enquanto a outra acariciava loucamente seus cabelos extremamente sedosos.

– Vamos dançar – eu falo em seu ouvido

– Sem música? – ela diz rindo

Seguro uma de suas mãos e a outra continua na parte de cima de suas costas.

– Assim – eu falo – Dois passos para a direita e um para a esquerda. Gira e eu faço o gran finale.

Ela assentiu e começamos. Olhando um no olho do outro. Nos encarando e sentindo cada parte do corpo do outro. Tudo perfeito e calmo. Damos dois passos para a direita como o combinado e depois um para a esquerda. Ela me olha com curiosidade. Quer saber qual será o gran finale. Então eu a pego no colo e levanto bem acima de minha cabeça. Rodo duas vezes então a desço e ela cai sobre meu braço a fica pendurada. Ela esta sorrindo muito. Um sorriso verdadeiro. Fazemos a mesma coreografia ate o dia amanhecer.

– CAATO! – ela grita brincando comigo. Rindo e brincando, como antes – Eu estou tonta...

– Eu te amo! – falei um pouco alto então ela tapou minha boca com sua mão.

Porem caiu sobre mim e ambos fomos ao chão ainda rindo. Por mais que o local não seja bom, as ações de agora são bem divertidas. Quando levantei eu finalmente olho para a cornucópia. Levo um verdadeiro susto. Lá tem uma mesa redonda branca. Sobre ela se encontram quatro mochilas. As maiores tem escrito 2 e 11. A média tem o numero 5 e a menor com o número 12.

Percebo que Clove já viu quando ela se agacha ao meu lado tentando parecer invisível atrás de uns matos.

Estamos olhando por poucos segundos quando um vulto com o topo da cabeça ruivo sai de dentro da cornucópia e agarra a mochila com o número 5. Olho para Clove que esta tão surpresa quanto eu. Lembro de ontem quando senti que estava sendo vigiado e vislumbrei algo ruivo brilhando. Provavelmente seria ela.

– Que droga! – Clove resmungou baixinho quando a menina do distrito 5 desaparecia em meio a floresta.

Admito que ela é muito esperta. Vasculho meu cérebro tentando lembrar seu nome, mas nada me vem à cabeça. Não lembro seu nome, mas lembro de tê-la visto nos treinamentos. Muito esperta. Ela deve ter vigiado a mim e a Clove e assim que saímos da cornucópia ela entrou e se escondeu. Quando a mesa apareceu ela foi a primeira.

– Cato – Clove fala – Tem certeza que a 12 vai vir?

– Sim – eu falo

– Absoluta? – ela insiste

Tenho que me conter para não gritar, então digo cerrando os dentes.

– Ela vai vir.

Clove se prepara para correr no exato momento que Katniss aparece correndo.

– VAI! – eu berro

Clove começa a correr como nunca. Não sei como, mas Katniss percebe e dispara uma flecha na direção do coração de Clove. Meu corpo fica rígido por um minuto então vejo ela desviando do que poderia acabar com sua vida. Porem a flecha acaba ferindo seu braço esquerdo. Me preocupo com seu braço, mas não com o fato de ela jogar facas, felizmente Clove é destra. Ela para e vê o ferimento, como não é muito grave dispara novamente.

Katniss já esta na mesa agarrando a mochila com o número de seu distrito, 12. Ela a prende no braço, já que é tão pequena. Clove é rápida e joga uma faca que acerta bem acima da sobrancelha de Katniss e o sangue escorre imediatamente. Ela tenta se salvar pegando uma flecha e mirando em Clove, mas esta perdendo muito sangue e não acerta. Clove soca ela e a joga de costas no chão. Estou observando tudo a uma distancia boa, por isso posso ouvir seu dialogo. Clove prende os ombros de Katniss com os joelhos.

– Onde esta seu namorado, distrito 12? Ainda esta vivo? – Clove provoca

– Ele esta por aí. Caçando Cato. – Katiniss rosna e eu não acredito, mas então ela grita bem alto – Peeta!

Meu olhos procuram intensamente, mas sei que ela esta mentindo. Clove por outro lado pressiona o punho na traquéia de Katniss, a modo que ela para de gritar. Clove olha de um lado para o outro, com medo, acho. Como o Peeta não aparece ela percebe a farsa.

– Mentirosa – Clove rosna dando um riso – Ele esta quase morto. Cato sabe muito bem onde enfiou a espada. Provavelmente, você amarrou ele em alguma árvore enquanto tenta manter o coração dele batendo. O que tem nessa linda mochila? O remédio pro LoverBoy? Que pena que ele nunca vai por as mãos nele.

Clove abre sua jaqueta com todas aquelas facas alinhadas e limpas. Ela seleciona a melhor com a ponta curva, que não usa para caçar e por isso dispensou da nossa contagem.

– Prometi a Cato que se ele deixasse você por minha conta, eu daria um show inesquecível ao público. – Clove falou quase debochando da cara de Katniss.

Katniss luta, mas consegue ser mais leve que Clove.

– Esquece isso, distrito 12. Nós vamos te matar. Da mesma forma que fizemos com sua ridícula e pequena aliada... – Clove diz provocando – como era mesmo o nome dela? A que pulava de galho em galho nas árvores. – bem dessa eu não sabia. Ela pulava? Mas Clove prossegue – Rue? Bem, primeiro Rue, depois você, e então eu acho que a gente vai simplesmente deixar a natureza cuidar do LoverBoy. O que você acha disso? Agora por onde começar?

Clove esfrega a manga de sua camisa na testa sangrenta de Katniss e vira seu rosto de um lado para o outro, vendo os ângulos e decidindo por onde começar. Katniss tenta morder Clove, mas ela agarra o seu cabelo e a força novamente para o chão.

– Eu acho... – Clove rosna – Acho que começaremos pela boca.

Vejo Katniss se debater e continuar de olhos abertos. Clove ainda a provoca, mas eu acabo de escutar algo que não pode ser ignorado.

Um barulho. Galhos quebrando, algo caindo e uma pessoa ofegante. Imagino que seja o menino do distrito de Rue. Caminho mais afundo na floresta seguindo o barulho. Esta alto, cada vez mais próximo.

– Onde você esta? – eu grito – Apareça.

Então o barulho some e eu escuto. Escuto os gritos. Demoro um instante para perceber que é a voz de Clove gritando meu nome.



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