Jogos Vorazes - Cato escrita por Anny Fernandes


Capítulo 11
11




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Bem eu imagino que tenha sido ela. Por que eu sinto isso e minha intuição é boa. A raiva toma conta de mim, como no dia que vi a nota de Katniss na televisão. Começo berrar e dar socos no chão. Isso é para não fazer nada a Clove que provavelmente vai vir tentar me acalmar, então quando ela o fizer já terei descontado minha raiva. Puxo meus cabelos tentando sentir dor, não raiva. Como vamos sobreviver sem nossos suprimentos? Temos o lago e a comida que colocamos na mochila, mas o que alem disso? Nada. Caçar não é uma opção muito boa. Clove consegue lançar facas e quase sempre acerta, mas caçar é diferente. Você não vê um bicho e ataca ele, por que vai correr. E depois de pega-lo como saberemos se podemos comer? Como vamos saber se não tem doenças ou algo do gênero? Impossível. Não somos aqueles pobres que não tem nada para comer então são obrigados a caçar. Nós fomos criados com comida na mesa todos os dias. Mesmo que fosse pouca, era comida afinal. Nós nunca vamos conseguir viver sem nossos suprimentos. Uma coisa é certa, quando a comida da mochila acabar,estaremos mortos.

 Paro de socar o chão e vou ver o que aconteceu.

- Todas elas foram ativadas! – o menino do distrito 3 fala tristemente.

Começamos a andar nos restos fumegantes  da nossa única salvação. Chuto alguns pedaços que ainda pegam fogo, o que ocasiona queimaduras no meu sapato, então me concentro em chutar aqueles que estão parcialmente apagados. Meu corpo esta rígido e eu sinto como se ao mero toque eu fosse desmoronar. A raiva tomou completamente conta de mim e eu não consigo controlar. Se eu ao menos tivesse uma pessoa para por a culpa, seria diferente.

É então que eu lembro. Quem nós aconselhou de reativar as minas? Distrito 3. Vou ate ele e grito:

- Você queria tudo isso, não é? Então agora eu posso querer algo também.

Ele vira e tenta correr, mas sou muito mais rápido. Pego ele por trás e dou uma gravata. Viro seu pescoço com tamanha força que consigo ouvir todos os ossos se estalando. Jogos ele no chão e chuto algumas vezes. Só quando escuto o tiro do canhão que deixo o corpo. Caminho ate Clove e Marvel que me olham aparentemente tentando formular algo. Marvel sente medo, que eu o mate, mas eu não o faço.

- Cato você tem que se acalmar... – Clove começa,mas é interrompida por Marvel

- Afinal, que quer que tenha provocado isso esta morto.

- Então por que não ouvimos o tiro do canhão? – pergunto ainda desconfiado.

- O barulho da explosão não nos permitiu. – Clove fala como se isso fosse obvio. E realmente é.

Concordo com eles de resolvo tentar me acalmar. É incrível o efeito que Clove tem sobre mim.

- Vamos para o lago, ele tem que recolher o corpo. – Marvel fala enquanto começa a caminhar.

Eu e Clove vamos atrás dele. Marvel esta deprimido. Imagino que seja por Glimmer. Eles eram amigos, e ele imaginava terminar lutando com ela. Final épico.

- Acha que nós terminamos aquela conversa? – Clove pergunta.

Por um momento eu quase me esqueci de sua presença ao meu lado. E eu sei de qual conversa ela esta falando. Aquela que foi interrompida por Marvel nós mostrando a fumaça.

- Tenho certeza que terminamos. – respondo – Afinal eu não tenho nada o que discutir. Vou fazer o que eu tenho que fazer.

- E você realmente não se preocupa com minha opinião? – ela pergunta incrédula

- Não. – eu digo – Na verdade eu me preocupo muito com a sua opinião, mas para outras coisas.

- Para com isso Cato. – ela diz furiosa – Não entende o que eu quero?

- Não... Pode me dizer? – eu digo provocando ela

- Eu quero morrer. – ela fala de uma vez me dando um susto.

Tudo bem eu já havia entendido isso. Clove quer morrer para preservar minha vida, mas isso saindo da boca dela é uma coisa muito diferente. Meu coração esta acelerado, as mãos suando. Como eu queria falar para Clove que fazer isso, morrer por ela não é nada bom, mas eu não posso. Eu sei que na minha família existe um campeão. Jonk pode ser capaz de vencer daqui a uns anos, eu espero. Eles não vão sentir falta, mas a família de Clove é sensível e sua irmã não pode ser campeã. Principalmente por não possuir qualidades adequadas. Penso nos dias escuros quando a guerra começou. Aqueles idiotas estavam querendo por algum acaso matar 23 jovens por ano? Se sim, conseguiram. E será que eles queriam me deixar maluco? Se sim, conseguiram novamente.

- E você não entende que se você morrer uma parte de mim morre? – digo calmamente e triste.

- Você também não sabe que se você morrer o mesmo acontece comigo? – ela fala com lágrimas nós olhos.

Clove sai correndo antes mesmo que eu possa piscar. Eu estou nervoso novamente e não consigo parar de pensar quem morreu na nossa armadilha. Sento com eles no lago e tiro a mochila das costas. Ela foi a única coisa que consegui pegar quando saiamos. Clove e Marvel também tem as suas coladas nas costas. Pelo que vejo ainda não viram o conteúdo. Abro minha mochila com cautela. Observo o que contem me lembrando de quando refiz o estoque essa manhã enquanto movíamos os suprimentos. Cinco garrafas de água, duas carnes enlatadas, um frasco de iodo (para purificar a água), maças, frutas secas, facas de todas as pontas e serras, um saco de dormir, conjunto de primeiros socorros bem equipado e duas lanternas.

- Eu tenho comida para dois dias, economizando. – eu digo insatisfeito

- Eu também... – Clove fala com a mesma voz triste de antes.

- Eu tenho menos coisas que vocês! – Marvel fala suspirando a cada palavra

Ficamos lá ate o anoitecer. E quando isso acontece a insígnia das Capital aparece e o hino. Finalmente começam a mostrar os rostos. Aparece o menino do Distrito 3 e depois um do Distrito 10. Lembro de ter escutado um canhão pela manhã, então foi um do 10. O que significa que quem fez nossos suprimentos explodirem ainda esta vivo e provavelmente longe daqui. Olho para Clove e Marvel e sei que eles entenderam. Levanto rapidamente, procuro os óculos noturnos no bolso da jaqueta e o ponho. Vejo de relance que Clove faz o mesmo. Marvel, como não guardou seus óculos pega uma madeira e a acende, fazendo uma tocha. Vamos caçar quem seja que nós fez de trouxas.

Entramos correndo velozmente na floresta.

À noite esta em seus estágios finais quando chegamos ao ponto onde fomos atacados ontem. O ninho oco das vespas ainda esta no chão. Coço as feridas que elas deixaram. Tenho duas picadas no pescoço, umas cinco no braço e três na perna. Já arranquei os ferroes, mas a dor ainda é insuportável. Estão um pouco inchadas, eu já passei a mesma pomada para queimaduras o que fez ela parar um pouco de doer, mas muito pouco.

- Eu ainda sinto que estou vivendo um pesadelo... – Marvel fala se abaixando onde antes se encontrava o corpo de Glimmer.

- Vocês viram que tipo de coisas em suas alucinações? – Clove pergunta enquanto chuta o ninho.

- Eu vi tudo de ruim. – Marvel fala com o olhar vago – Todos os meus medos reunidos em pesadelos que pareciam durar uma eternidade.

Concordo por que foi isso o que aconteceu comigo também, e pela expressão de Clove com ela foi o mesmo.

Ficamos em silencio depois disso. Chegamos ao lugar onde colocamos uma armadilha ontem depois que fomos enganados. Ficamos um tempo lá em silencio bebendo água e olhando para a fogueira. Já esta amanhecendo, então resolvo agilizar.

- Marvel, fica aqui ate o fim do dia e depois nos encontramos na cornucópia. – digo quando vejo as redes da armadilha no mesmo lugar.

- Por que você não fica? – ele pergunta

- Por que eu tenho muitas coisas para fazer! – digo e não convenço nem a mim mesmo.

- Me diga uma coisa que você vai fazer. – ele fala quase rido.

Eu quero ficar a sós com Clove. Quer dizer, quase isso, ficar longe de qualquer outro tributo. Mas eu apenas digo:

- Vou encontra a Distrito 12 e vou matá-la!

Ele me olha e parece finalmente ter entendido. Senta em um lugar escondido, mas que tem uma visão ampla da armadilha.

- Voltamos antes do fim do dia. – Clove fala tirando toda a minha moral.

Andamos um pouco antes de começar a falar.

- Quer falar sobre quem vai viver? – ela pergunta.

- Não. – falo me sentando em baixo de uma árvore – Quero encontrar a Katniss.

- Ah Cato eu não sou o Marvel!- ela fala em tom de deboche – Você não me engana!

- Não? É mesmo? – provoco ela

Ela se senta ao meu lado resmungando e coloca a cabeça repousada em meu ombro.

- Eu não consigo ficar com raiva de você. – ela fala arrastando as palavras.

- Eu nunca tentei, então não sei. – digo acariciando sua mão.

- Eles estão nos assistindo, você sabe não é? – ela sussurra em meu ouvido

- Eu sei, mas não me importo! – sussurro de volta

Ficamos ali por um tempo e então voltamos ao lugar onde deixamos Marvel. Ele não esta lá. Esperamos um tempo e ele enfim chega.

- Onde você esta Marvel? – digo com a espada em seu pescoço

- Dando uma volta! – ele fala com a voz rouca devido a espada em seu pescoço.

- Que bom, por que essa foi a última da sua vida! – eu berro e afundo mais a lamina na intenção de furar seu pescoço, mas quando estou quase conseguindo ele me interrompe:

- Espera Cato! – ele diz gaguejando – Você não vai querer fazer isso não é mesmo?

- Na verdade eu quero muito... – eu rosno

- E se eu tiver algo para te contar sobre a... – ele suspira e eu puxo um pouco a faca – Katniss.

A raiva volta e eu o apresso a contar. Ele diz com a faca ainda em seu pescoço:

- Ela tem uma aliada. – ele fala entrecortando as palavras – Uma menininha de 12 anos do Distrito 11.

- Qual é o nome dela? – pergunto cerrando os dentes.

- Rue, eu acho. – ele fala olhando para cima

Uma aliada, então a menina em chamas não esta sozinha.


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