Back To London escrita por Jajabarnes


Capítulo 14
Pela Juba do Leão!


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sei, faz muito tempo 3 Mas estou voltando! Aos poucos, mas estou e em breve terão muitas novidades! Relembrando os últimos acontecimentos, Lúcia anunciou que está esperando um bebê, Pedro quase matou Nícolas, mas não passou de um mal entendido, e no fim do capítulo anterior, Susana começou a sentir as dores de parto.
Divirtam-se!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/283169/chapter/14

 

22 de Setembro de 1949 – Casa dos Pevensie.

 

As dores estavam bem mais fortes quando Natália chegou, usando seu roupão respingado de chuva cobrindo sua roupa de dormir. Todos eles estavam de pronto em meu quarto quando meus gemidos tornaram-se pequenos gritos.

—Será melhor se a levarmos ao hospital! - insistiu Edmundo, um pouco apreensivo.

—Já pensei nisso, Ed. - disse Caspian, sentado ao meu lado, apertando minha mão firmemente, tentando não demonstrar seu pânico, enquanto a dor me fazia arquear as costas levemente. - Mas não há como tirá-la daqui a essa hora e com esse tempo. - como que para enfatizá-lo, um raio causou um belo estrondo do lado de fora.

—Pela Juba do Leão! O que vamos fazer? - falou Pedro.

—Eu não sei! - bradou Caspian, desesperado.

—Gente – apaziguou Nick. - O bebê vai ter que nascer aqui.

—Ed! A agenda da mamãe! - lembrou Pedro. - Deve ter o telefone de algum médico!

Edmundo partiu em disparada atrás da agenda. Concentrei-me em respirar, ofegante.

—O quê? - perguntou Nick. - Nunca vai conseguir fazer uma ligação nessas condições. - disse, apontando para a janela.

—Você tem uma ideia melhor? - Edmundo parou, encarando-o com as mãos na cintura.

—Precisamos de um médico, rápido! - insistiu Caspian, não pensando direito.

—Temos que tentar! - disse Edmundo. Pedro ia responder, mas interrompi.

—Rapazes! - falei ofegante. - Nick tem razão, não vamos conseguir um médico agora, nem sair para hospital nenhum. E mesmo se conseguíssemos, acho que não daria tempo. Vamos ter que nos arranjar por aqui. - e então veio outro grito, mais alto. Senti quatro pares de olhos me encarando lívidos e em pânico.

As meninas entraram no quarto naquele momento trazendo toalhas e água quente.

—Pela Juba do Leão, olhem as caras deles! - disse Natália, assim que passou pela porta.

—Vamos, vamos! Deixem-nos a sós! - Lúcia empurrou o primeiro que viu para fora. Nícolas e Pedro não perderam a oportunidade e correram porta à fora.

Caspian permaneceu paralisado ao meu lado.

—Cas – chamou Lúcia. Ele balançou a cabeça de um lado a outro.

—Eu vou ficar.

—Caspian, por favor, será melhor se você esperar lá fora. - disse Júlia. Gemi alto de novo.

—Vai... Vai ficar tudo bem, Cas. - ofeguei. - Pode ir.

Ele parecia relutar consigo mesmo, mas por fim beijou-a a testa e saiu rápido, fechando a porta.

 

Pov. Edmundo.

 

Decidimos por esperar no andar de baixo, na sala. A chuva castigava lá fora. Pedro acendia a lareira quando Caspian desceu e desabou numa das poltronas, enfiando os cotovelos nas pernas e o rosto nas mãos. Depois de alguns segundos ele ergueu o olhar, mas ficou em silêncio. Acho que nem consigo imaginar a aflição que ele devia estar sentindo.

Tentamos começar uma conversa tranquila várias vezes, mas então vinha um grito de dor de Susana, fazendo Caspian fechar os olhos e destruindo nossos nervos. Até que desistimos de tentar conversar, esperando pacientes e preocupados. Caspian levantou e ficou abrindo um buraco no assoalho. Pedro permaneceu de pé ao lado da lareira, escorado na parede. Nícolas ficou sentado, provavelmente fazendo notas mentais para quando for a vez dele. Na casa toda só se ouvia a chuva, Susana e o tic-tac do pêndulo do relógio. Já eram quase quatro da manhã.

O pânico e a aflição estampados no rosto de Caspian, a ansiedade dos outros somado aos gritos de Susana ao fundo, eu estava começando a ficar nervoso. Levantei e fui até a cozinha passar um chá. A chuva esfriou ainda mais a noite e fechei mais o roupão em volta de mim antes de pegar a bandeja e voltar para a sala, cantarolando uma antiga cantiga narniana, tentando me acalmar. Susana gritou quando passei pela porta.

—Trouxe um ch...

O grito seguinte abafou o resto de minha frase e logo em seguida ouviu-se um chorinho que pareceu fruto da nossa imaginação. Houve um segundo de choque e então os três dispararam ao mesmo tempo rumo à escada, esbarrando em mim.

—Calma! Calma! - implorei, lutando para equilibrar a bandeja. Por um triz e numa posição muito desconfortável, consegui. Deixei a bandeja na mesa mais próxima, certifiquei de que nada cairia e corri para cima. O chorinho continuou, mas assim chegamos em frente ao quarto, esperando que alguém abrisse a porta, um novo chorinho começou. Todos paralisaram.

Por um momento, pensei que pudesse ter escutado errado, mas então dois choros simultâneos confirmaram. Dois!

—Pela Juba do Leão! - exclamamos.

Nícolas e eu nos olhamos surpresos e comemoramos com vivas e um abraço, ao mesmo tempo que Caspian tombou para o lado. Pedro precisou apará-lo.

—Por Aslam, homem! Você é um guerreiro! - rindo e esperando que Caspian se equilibrasse com os próprios pés.

—Guerreiro e pai. - disso Nícolas, com um sorriso largo. Caspian passou as mãos no rosto, ainda um pouco desorientado. Quase ao mesmo tempo, um sorriso imenso iluminou seu rosto.

—Ah! Parabéns, Caspian! - e logo ele foi cercado por nossos abraços de felicidade.

Fomos interrompidos quando a porta do quarto abriu.

—Shh! Não façam tanto barulho! - pediu Julia, aos sussurros antes de parar diante de Caspian com um sorriso imenso. - Meus parabéns, Majestade, o senhor é pai de um lindo casal de gêmeos. - e fez uma graciosa e amigável reverência. Caspian retribuiu o gesto. Julia foi para o lado de Pedro e Caspian cambaleou para a porta onde Lúcia o aguardava.

—Estão esperando você. - disse, o rosto brilhando de felicidade. Caspian entrou no quarto e nós nos esprememos na entrada para espiar a cena.

 

Pov. Caspian.

 

Minhas pernas bambas me conduziram até o cômodo. Susana, na cama, com as costas apoiadas pelos travesseiros, parecia ter luz própria. Ela tinha um pequeno embrulho cujos bracinhos agitavam-se em direção ao seu dedo. Natália se aproximou deixando um outro embrulho nos braços dela. Sorriu ao passar por mim, fazendo uma suave reverência e saindo. Aproximei-me a passos lentos. Susana ergueu o rosto para mim e me ofereceu o sorriso mais lindo que eu já a vira dar, quando fios de lágrimas escorreram por seu rosto radiante. Sorri de volta, sentindo os olhos embaçarem de lágrimas.

Aproximei-me até sentar cuidadosamente na beira da cama. Senti a garganta travar.

—Su... - engasguei.

—Estamos bem. - garantiu. Cheguei mais perto até beijar-lhe os lábios ternamente. Então baixei os olhos para os pequenos e quietos embrulhos. Não soube para qual dos dois olhar primeiro. Susana me entregou um deles. Com os dedos trêmulos de nervoso, toquei o rostinho sereno de bochechas rosadas e as mãozinhas minúsculas. Era tão pequeno, parecia ser tão frágil. Um resmungo doce fez minha atenção voltar para os braços de Susana, nas quais se destacavam um ser tão pequeno cuja cabeça era coberta por um amontoado de finos e delicados fios negros. Meu sorriso se ampliou quando os pequenos lábios vermelhos apertaram-se levemente. Meus olhos embaçaram-se com lágrimas novamente. Pisquei algumas vezes para desfazê-las. Busquei o olhar de Susana, que me observava com um grande sorriso. - Como está se sentindo?

—Estou no céu. - garanti com um sorriso amplo. - Os dois são perfeitos.

Houve uma batida na porta. Rolei os olhos. Susana riu.

—Podemos entrar? - perguntou Edmundo.

—Claro. - respondeu Susana enquanto eu ajeitava-me na cama, sentando lado a lado com ela e os outros nos cercavam.

—Não disse que eram lindos? - Julia sorriu para Pedro, que sorriu de volta e a abraçou.

—São mesmo. - concordou Nícolas. Edmundo inclinou a cabeça.

—Para mim ainda têm cara de... - Ed murmurou, recebendo tapas atrás da cabeça de Pedro, Nícolas e Natália antes de terminar a frase. Nós rimos.

—Como você está, Su? - perguntou Pedro.

—Ótima. - o sorriso era notado claramente em seu tom de voz. O irmão lhe sorriu de volta, cheio de ternura.

—Vocês já escolheram os nomes? - perguntou Lúcia, acariciando a cabeça do pequeno que estava em meu braço.

—Bem, nós ainda não temos um nome para menina – disse Susana. Trocamos um olhar. - Mas estou certa do outro. Rillian nasceu esta noite.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado! Deixem reviews, apesar de eu estar meio ausente ^^'
Agradeço de coração a paciência de vocês! De verdade!
Beijokas!!