Retornando a sua sala, Catherine teve uma surpresa, nada agradável, principalmente para aquele dia que parecia está tudo desmoronando naquele departamento.

– Olá Cath! – Falou Eddie, sentado em sua cadeira, com os pés acima de sua mesa.

– Quem te deixou entrar aqui? –

– Alguém que não escutou o seu novo “amigo” – Fez aspas com a mão, levantando-se da cadeira. – E pensa que ainda somos casados.

– Pensei que o Booth tinha sido bastante claro ao dizer para você não voltar aqui. – Falou, olhando-o.

Havia desprezo em seu olhar. O amor que talvez sentisse por ele na adolescência havia sumido ou se transformado em puro ódio. Ele provocava tudo de ruim que um ser humano poderia sentir, nela. Sorria. Gostava disso, gostava de saber que ainda tinha a habilidade de irritá-la.

– Foi. Bastante. – Ironizou, aproximando-se dela. Por sua vez, Cath recuava, o encarando. – Mas o assunto que eu tenho a tratar é do seu interesse.

– Então seja breve – Afastou-se dele. - Além de eu não ter tempo para você, o meu dia está ruim.

– Ele ficará péssimo depois disso. – Não hesitou em falar. - Fiz questão de trazer pessoalmente. – Estendeu a mão para Catherine

Catherine tomou o papel de sua mão, com força. O leu atentamente.

– O quê? – Perguntou, olhando para ele. – Você só pode está brincando comigo! – Exclamou, jogando o papel sobre a mesa.

– Não, eu não estou. – Sorria - Deveria ter me deixado sair com ela quando pedi.

– Desista, você não vai ter a guarda da minha filha. – Alterou o tom de voz.

– Nossa. – Cobriu a voz de Catherine. – Você não fez a Lindsey sozinha.

Catherine sorriu, aliviando o ódio que sentia naquele momento.

– Você não cuida nem de você mesmo, como vai cuidar de uma adolescente? – Voltava ao seu tom de voz normal, o olhando nos olhos.

– Talvez eu siga o seu exemplo, a ignore totalmente. – Ironizou.

Catherine ferveu naquele momento. Eddie continuava a encará-la. Estava conseguindo o que queria, tirá-la do sério. Fazê-la perder totalmente a sua tão curta paciência.

– Isso só vai ser o seu dinheiro gasto no tribunal. Pois quando eu colocar tudo que eu sei de você a limpo, nenhum juiz em sã consciência vai querer ao menos que você olhe para a minha filha.

– Se depender de nós dois ela virará uma órfã então. – Apoiou suas mãos na mesa. – Você está longe de ser uma santa, Catherine. – Continuava a sorrir. – Se eu fosse você contratava logo um advogado e pedia para os seus amiguinhos te apoiarem, pois vai precisar.

– Saia daqui Eddie, bem rápido. – Sussurrou, quase chorando de raiva.

Eddie, que não tinha tirado o seu sorrido nem por um segundo do rosto, afastou-se da mesa, indo em direção a saída.

– Eu disse que você ia me pagar. Você está ferrada, Catherine. – Falou, saindo em seguida.

O olhou sair, com o típico olhar que tinha para ele. Após isso, sentou-se na sua cadeira, desesperada. Estaria ela em apuros? Talvez. Eddie estava certo ao dizer que ela não era nenhuma santa e mais certo ainda ao dizer que ela ignorava Lindsey. De certa forma, tudo que falou, tinha um fundo verdadeiro.

Mas até agora, não tinha nada com o que se preocupar. Era apenas uma reunião com o juiz e seus advogados, assim como fora o seu divórcio. Tinha que convencê-lo que Eddie não era hábil nem para cuidar de si, imagina de uma adolescente de 15 anos. Tinha que mostrar que por mais que fosse ausente, o melhor lugar para que Lindsey pudesse crescer era com ela e com mais ninguém.

E isso não era assim um grande problema. Convencer era uma das qualidades que Catherine adquirira com o tempo. Com os casos mais macabros que já fora a tribunal, ela tinha o dever de convencer à todos que estava certa e que não falhava em seu trabalho. Então, mostrar ao juiz que o lugar da Lindsey é com ela, não seria lá tal coisa.

Levantou-se, tinha que se recompor. Não era o fim do mundo, cedo ou mais tarde, quando Eddie percebe-se que não poderia mais feri-lá diretamente, sabia lá no fundo – mesmo que não aceitasse – que ele envolveria Lindsey e jogaria na sua cara todo o seu passado e o tempo que foram casados. As vezes que ela trabalhou até tarde e esqueceu peças, shows, festinhas da filha; Ou quando esqueceu a própria menina na escola, após perder a hora em uma cena de crime. Sabia que ele a desafiaria por sempre ter sido próxima de Gil e não ter dado a atenção que ele merecia enquanto eram casados. Sabia disso tudo, estava longe de ser algo que a pegaria de surpresa.