Ele III: Com Ele escrita por MayLiam


Capítulo 20
Vício


Notas iniciais do capítulo

Meninas, desculpem a demora :$ Sem tempo total, eu digitei três caps e se der eu posto os três hoje. Terminei de revisar o primeiro e aí está ele ^^
Valentina Salvatore, muito obrigada pela recomendação. Eu adorei mesmo. Muito contente aqui'
Espero que gostem desse, eu nunca imaginei o Damon assim antes, mas agora já foi e vou ter que trabalhar com isso... kkkkkk
Desfrutem! Boa leitura!



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-Elena... Acorda! – era a voz de Bonnie. Eu estava me sentindo cansada, mas não com sono, logo levantei e ela estava na sala me esperando. – É quase boa tarde. Vamos ver o Matt em uma hora, mas por agora... – ela sinalizou pra que sentasse ao seu lado e foi o que fiz. Estávamos sorrindo. – Me conta tudo o que rolou neste fim de semana.

-Você vai me contar como foi o seu em Miami com Jer? – ela fez que sim com a cabeça e eu suspirei e mordi meu lábio.

-Nossa! Você deve ter muito pra contar. Começa logo! – ela falou empolgada virando pra mim.

-Foi uma loucura...

...

-Você tem certeza disso cara? – Alaric me pergunta enquanto me serve uma dose de seu whisky.

-Eu acho que é melhor assim. Eu não quero magoar ela. – ele me olha meio que incrédulo e senta diante de mim.

-Quer saber minha opinião? – eu o encaro para que prossiga. – Você está adiando o inevitável. – Reviro os olhos.

-Não. É apenas o certo. Ela falou que também não sabe o que sente.

-A questão é que vocês estão agindo por orgulho, eu diria até covardia. Estão caidinhos um pelo outro e ficam com este papinho de vamos descobrir o que sentimos. Vocês sabem o que é Damon. Estão apaixonados e ponto.

-Eu sei que é paixão, mas ainda sim é um sentimento de momento. Você sabe... É intenso e vicioso, mas... Você me conhece, não costumo me envolver assim, não sem estar certo do que sinto.

-Porque você é medroso e por que no fundo você só quer uma nova Rose. – eu o encarei. Ele está abusando. – Certo, eu vou pedir desculpas porque sei que apelei, mas você sabe que é assim.

-De qualquer forma eu me importo demais com ela pra machucá-la. Eu faço muito isso. Como com Andie e Rebekah. Mulheres maravilhosas que me amavam.

Alaric termina sua dose de whisky e se inclina em minha direção, olhar de malandro.

-Me fala... – eu o olho curioso, seu tom é de suspense. – Ela é muito gostosa não é? – hein??? Pego a primeira almofada que alcanço e jogo da cara dele, ele sempre foi muito lento pra reagir a tempo e a almofada atinge em cheio sua cara.

-Deixa de ser idiota. – ela está gargalhando... Palhaço!

...

-Ok Elena, muita informação... – Bonnie está atordoada e eu estou rindo feito uma idiota. – Ele disse que estava apaixonado por você, se beijaram, o cara é tipo fã do tio Gray e... Uau! Como foi isso?

-Não sei. Ele me pegou de surpresa. Ele sofreu uma crise de ciúmes por conta do Kol e...

-Espera do Kol? Kol, o Kol? – ela está de olhos arregalados enquanto eu assinto. – Nossa! A quanto tempo você não o via?

-Um bom tempo. Enfim, ele teve essa crise e eu fiquei muito assustada. Bonn, onde eu ia imaginar que Damon Salvatore estava envolvido por mim? – ela bufa.

-Apaixonado por você. – rolo os olhos.

-Eu não sei o que é, mas eu quero descobrir.

-Pra mim já está bem claro. – ela soltou me olhando e resolvi desconversar.

-Me fala como foi seu fim de semana, daqui a pouco vamos almoçar e deixar o Matt no aeroporto. – ela suspira antes de começar a falar...

...

-Então vocês vão sair juntos? – eu assinto.

-Precisamos nos conhecer melhor.

-Tá de brincadeira não é? A garota sabe tudo sobre você. – eu o olho. Não sabe!

-Tá, é exagero. - ele bufa - Mas e aí? Como se sente?

Eu hesito um pouco, eu já falei como eu me sinto com ela, acho que nada mudou.

-Você sabe... Ela me faz bem, me sinto em paz, vivo.

-Não estou falando disso. – eu pisco. – Estou falando de como se sente quanto ao que aconteceu entre vocês.

-Ah Ric... Foi... – ele está me olhando sugestivo e com um riso na face que me faz sorrir também. Idiota! – Certo, ela é muito gostosa sim.

-Aleluia! – ele grita e gargalha. É isso, ela é maravilhosa.

-A pele dela cara, o cheiro, o beijo, a forma como ela treme quando eu a toco, o que eu sinto quando eu percebo o que a causo, eu quero mais, quero fazê-la gemer mais, ofegar mais, eu...

-Tá bom, entendi, você fica empolgado fácil e não quero te dar mais corda.  – ele fala e vai nos servir outra dose de whisky. Eu fico sentando lembrando de tudo, dos nossos momentos e algo me faz travar.

-Ela vai sair com o ex agora a tarde. – falo sem nem perceber e Alaric está de volta com o whisky, eu pego de sua mão.

-O ex? – pergunta sentando e eu assinto. Ele faz cara feia e encolhe os ombros.

-Ele vai sair de cidade e ela prometeu um almoço de despedida.

-Tipo uma última vez? – ele está fazendo gestos insinuativos.

-Não! Claro que não, não seja pervertido. É apenas um almoço. – ele dá de ombros.

-Se você diz... – ficamos em silêncio. É apenas um almoço. Só isso. – A audiência com Rebekah será na quinta pela manhã. Não atrasa. – eu o olho. Quando eu atraso? – Você conseguiu falar com Sofia?

-Ela volta na sexta.

-Vem, quero te mostrar o acordo que vamos firmar com a Rebekah. Sei que foi só por isso que você resolveu vir bater na minha porta as nove da manhã. – ele diz e levanta indo pro escritório, suspiro e depois de virar toda dose do whisky o sigo.

...

-Eu pensei que você não iria ter tempo pra vir, ou sei lá. – Matt fala sem jeito.

-Que é isso Matt! – digo o abraçando.

-Olha, Jer e Ty estão no trabalho, mas disseram que assim que der já irão te visitar. – Bonnie explica e o abraça chorando. – Eu vou sentir tanta saudade de você.

-Eu também baixinha. Todos os dias, das duas. – ele fala olhando pra mim enquanto a abraça.

O almoço foi tranquilo, e depois fomos levar ele para o aeroporto. No portão de embarque outra despedida. Era difícil dizer adeus para o Matt, mas isto significava outra fase de minha vida superada. Agora eu estava prestes a entrar em outra, a mais intensa de todas com certeza. Nova CEO da Salvatore e também totalmente envolvida por meu chefe extremamente sexy e lindo. Não sei se estou pronta. Só sei que tenho que começar já.

...

Chego na Salvatore, são uma e quarenta da tarde. Ao passar pela entrada de minha sala Elena ainda não está, em cima de sua mesa há um ramalhete de rosas vermelhas. Eu estou curioso. Me aproximo e há um cartão, eu quero ler, mas eu não posso. Onde está Elena? Eu disse duas da tarde, mas sempre estou quinze minutos adiantado e ela sempre vinte, no mínimo, por mim. Se atrasou com a despedida?

Me afasto do ramalhete e entro em minha sala. Não quero me aborrecer com estas coisas. Tenho muito o que fazer.

...

Eu estou correndo. Acabei ficando tempo demais com a Bonn depois que nos despedimos do Matt. Foi uma má ideia lhe dar uma carona, mas agora não adianta reclamar. Cheguei na Salvatore às duas da tarde em ponto e logo subi pra encontrar Damon.

Na minha mesa havia um ramalhete. Rosas vermelhas. Uau! Eu olho para a sala e vejo Damon sentado em sua mesa, ele não parece me notar. Será que...? Não! Acho que não. Eu guardo meu casaco e bolsa e vou analisar o cartão.

“Aceite isto como um pedido de desculpas. Eu realmente perdi o controle em Paris. Conto para que realmente me perdoe, doce Elena. Com toda minha atenção,  Elijah Mikaelson.”

Meu estômago revirou, não eram de Damon, embora eu devesse reconhecer que era um gesto muito gentil e educado. Mas certamente não ofuscava a ousadia de Elijah na Europa. Eu encarei as flores, eram bonitas, eu procurei algo para guardá-las, acabei deixando na sala onde costumava preparar o café de Damon às vezes. Nossa mini cozinha.

Quando voltei a minha mesa, não pude sequer sentar.

-Elena! – era a voz de Damon. Eu respirei fundo e entrei em sua sala, por alguma razão meu coração estava acelerado.

-Damon, boa tarde!

-Eu realmente não quero que isto aconteça. – ele falou e não estava me encarando, eu estava confusa. Ele batia sua caneta insistentemente na mesa.

-Não entendo. – eu supliquei quase sem voz. O que fiz?

-Não quero que mude nada entre nossa relação aqui na empresa pelo o que houve na casa de seus pais. – ele me encara, está bravo, eu percebo.

-Do que está falando?  - minha voz está mais firme agora, pelo simples fato de que eu estou começando a me irritar com seu tom.

-Você está atrasada, e isso não é algo que eu tolere em ninguém. Eu não quero que você confunda nada. Ainda é minha assistente Elena e se eu digo duas da tarde, então esteja na minha sala as duas, ou antes, não depois. – Jesus, me dê forças. Que homem exasperante.

-Me desculpe Damon. Eu realmente me atrasei uns minutos, pois dei carona a minha amiga. – ele me olha.

-Não ia almoçar com seu namorado? – respire fundo Elena.

-Bem, Matt não é mais meu namorado. E sim, eu fui, mas Bonnie também foi comigo. Somos todos amigos e combinamos isso.

-Você disse apenas vocês dois.

-Acredito que este assunto não condiz com o ambiente de trabalho. Pelo que pude entender, nossa relação por trás destas paredes se limita a profissional e não vejo onde minha vida pessoal se encaixa nela. – ele me olha firme, mas estou aborrecida e magoada com o que ele falou.

-Foram vocês três então? – eu não respondo. Ele solta a respiração, como um animal aborrecido. – Ele quem mandou as rosas? – eu bufo. Ele saberia das rosas, é claro.

-Damon a menos que você tenha algo a me pedir, posso voltar ao trabalho? Tenho muito o que fazer. – ele e me encara, olhos flamejantes, se ergue da cadeira e vem em minha direção.

-Quem te mandou as rosas? – sua voz me faz tremer, está sombria demais.

-Elijah. – eu falo e engulo, mas meus olhos estão firmes nos dele, que se arregalam com minha resposta.

-Quem? – ele meio que ironiza e sorri sem gosto.

-Elijah. – eu respondo mais petulante e ele endurece a expressão. – É só isso? – ele abre a boca e depois a fecha, em seguida me encara firme, dá um passo em minha direção e estamos tão próximos, sua respiração está aquecendo minha face. Ele encara minha boca e se afasta me dando as costas.

-É só isso! – diz carrancudo e volta a sua cadeira, eu engulo e saio de sua sala. Estou a ponto de chorar. É tão difícil assim controlar minhas emoções perto dele? Porque ? Era fácil antes, quando eu queria matá-lo tanto quanto agora.

Eu tento me concentrar em meu trabalho. Há muito o que fazer sem Caroline aqui. Agora tenho que focar na petição pras agências, sobre a nova assistente. Eu realmente acho que um homem serviria melhor pro trabalho, mas é pré-requisito do Damon que seja uma mulher. Não quero nem parar para pensar no porque.

Ele passa o resto da tarde naquela sala. Atendendo ligações e resolvendo contratos e propostas. Quase no final do expediente ele se aproxima de minha mesa, eu só o percebi quando ele falou comigo. Quase salto da cadeira.

-Você me assustou. – falo firme e volto a olhar pro meu computador.

-Quero que você entregue os protótipos para o Mason. Ele ficará esperando por eles todos os dias a partir de hoje. – Essa é uma de minhas funções. Por que agora o Mason leva?

-Tudo bem Damon, mais alguma coisa? – estou o encarando, seu olhar é especulativo.

-Alaric me indicou um nome pra sua vaga. – ele me passa uma ficha. – Entreviste ela amanhã pra mim.

Eu abro a pasta e encaro. Katherine Pierce. É um curriculum impecável, inclui até enfermagem. É uma faz tudo. E é muito jovem e bonita.

-Certo, farei isso.

Ele se afasta e sai me deixando totalmente desnorteada. Este homem tem a capacidade inabalável de me desestruturar. Eu odeio isso. Eu fico esperando os técnicos finalizarem os protótipos como eu sempre faço e depois eu faço o que Damon me pediu. Mason estava me esperando.

-O Damon já foi?

-Na verdade ele veio no carro dele hoje. – ele diz. Eu sorrio e me despeço dele que logo se vai.

Eu vou pra casa pensando no que Damon falou em sua sala. Foram palavras terríveis. Então era isso? Seria como se realmente nada estivesse acontecendo e teríamos que nos tratar daquela forma? Eu não sei se eu quero isto pra mim.

Chego em casa e me jogo no sofá. Bonnie não está mais comigo, embora ainda tenha a chave. Fico pensando largada naquele móvel e quando dou por mim estou chorando. O que eu sinto por ele, que faz com que aquela atitude magoe tanto? Porque eu me importo?

Eu quero sair deste clima ruim, então eu decido tomar um banho e abrir uma boa garrafa de vinho que estava guardada a não sei quanto tempo. Voltando pro sofá eu começo a ouvir música e desfrutar daquele vinho. Eu preciso clarear minha mente. Estou começando a mergulhar em uma espécie de meditação quando ouço a campainha. Reviro os olhos. Eu não queria ver ninguém agora. Desligo o som e me livro do vinho, a campainha toca outra vez, seja quem for, é impaciente. Eu vou até a porta e olho pelo olho mágico, mas não vejo ninguém, só aparecem rosas brancas na visão. Que curioso!

Destranco a porta e há um homem parado, mas não posso vê-lo, possivelmente um entregador, mas bem envergonhado, talvez sua primeira semana de trabalho.

-São pra mim? – eu pergunto e ele se aproxima mais de mim, sem nada falar, eu recuo um passo. – Um momento. – peço e me afasto para pegar uma gorjeta. – Aqui! – eu falo e ele baixa o bouquet me deixando ver seu rosto e então eu paraliso. Damon!

-Eu prefiro que você aceite as rosas como um pedido de desculpas. Seria uma gorjeta melhor.  – ele sorri de lado e meio sem jeito. Claro, muito fácil isto. Não estamos na empresa. Eu o encaro com certa mágoa.

-O que está fazendo aqui? – pergunto cruzando os braços e ele dá de ombros.

-Eu vim te ver e – ele acena com o bouquet – me desculpar. – eu bufo.

-Está tarde. Amanhã eu tenho que chegar cedo a empresa. Meu chefe é bem exigente. – eu falo com toda a ironia que posso processar e ele sorri amargo.

-Vamos lá Elena. Eu passei mais de uma hora pesando os prós e contras e eu realmente não quero perder a viagem. – ele fala em tom insolente.

-Bem, eu devo aceitar as desculpas pelo que exatamente? Você é meu chefe e desde o primeiro dia deixou bem claro que detesta atrasos. Eu me atrasei você me repreendeu e estava certo, - ele encosta a mão na grade da porta e leva a outra a cabeça num gesto de desespero – eu só não quero que pense que acho que algo mudou depois do fim de semana porque conversamos sobre isso, e ficamos entendidos. Me resignei, reconheci meu erro e prometi que não iria fazer mais, então eu acho que  não temos nada para...

E estou em silêncio, porque ele simplesmente avançou pra cima de mim em um beijo. Um beijo intenso e territorial, numa tentativa bem eficaz de me calar. Nós adentramos meu apartamento, eu ouço a porta bater em nossas costas e o bouquet está pressionado em minhas costas, a mão esquerda de Damon em minha nuca, um gemido escapa de minha garganta e então ele se afasta.

-Na verdade, é um pedido de desculpas pela crise que eu tive. – ele me fala, me encarando firme, testa com testa. – Eu estava morrendo de ciúmes do seu atraso, pensando que era porque estava com... Bem e tinha as flores e... – ele aperta os olhos e esfrega o nariz no meu. Eu estou sem ação. – Eu não me controlo quando o assunto é você. Isso me inquieta demais. – Ele abre os olhos devagar. – Me desculpa! – sua voz está rouca e eu acho que não sinto mais nada a não ser sua respiração devastando minha mente. Me deixando cega, surda, muda.

-Porque? – é a única coisa que sai da minha boca ele se afasta um pouco e me encara, sua mão ainda me prende a ele, estou com as minhas em sua cintura.

-Porque você é minha. – ele fala e volta a me beijar antes que eu possa reagir. Ele me joga em cima do sofá, se livra do bouquet e se reaproxima de mim, me beija no pescoço, morde minha orelha, é algo tão... Indescritível!

-Damon... – eu ofego revirando os olhos enquanto sinto sua boca pressionada contra minha garganta. Ele se afasta, ofegante.

-Como eu disse... Sem controle! – ele fala e se põe de pé. – Eu fui muito idiota com você, mas foi porque eu estava com raiva. E quando você falou que foi o Elijah que mandou aquelas rosas eu realmente vi tudo negro. Eu estava te imaginando em cima de uma cama numa espécie de transa despedida com o seu ex.  – minha boca abre. O que? - Cada miserável segundo que você atrasou esta tarde me atormentava como malditas horas lentas e intermináveis. – ele vem pra cima de mim novamente, sentando diante de mim. Eu estou bem assustada com o poder de suas palavras. – A ideia de outro homem tocando em você, olhando você... Oh Elena se você pudesse imaginar... – ele para com uma expressão nítida de dor.

-O que causa? – eu pergunto e ele me olha. Sua testa franzida em linhas de agonia.

-Você é como uma droga. – ele rosna. – Me imagine como um dependente altamente obcecado. E talvez você comece e ter uma pequena noção do que toda esta... Do que tudo isto me causa. – eu engulo.

-Não tem motivos para se sentir assim. – eu sussurro. Ele se aproxima cada vez mais e novamente envolve minha nuca com suas mãos.

-Eu queria que você fosse minha. Eu sei que não é, mas eu quero. Eu quero muito e eu não gosto de não ter o que eu quero. Muito menos que alguém tenha o que eu quero, o que é pra ser meu. O que é meu.

-Não sou sua Damon. – ele pressiona a testa na minha com força. Doi!

-Eu sei. Mas eu quero. Eu te quero.

-Vamos com calma, você propôs e é o melhor. Não quero ser só algo que você quer e depois que conseguir simplesmente joga fora. – ele me encara e nos afasta.

-Não vou fazer isto com você.

-Você é intenso e me assusta.

-Não quero te assustar.

-Então entenda que eu não sou sua. Isto é tudo muito confuso e você está conseguindo piorar tudo com suas reações imprevisíveis. – eu me ergo do sofá e lhe dou as costas. – Primeiro você joga na minha cara que nada do que aconteceu na fazenda muda nossa relação na empresa. É quase como me dizer: eu apenas te usei pra um amasso, mas aqui você trabalha pra mim. – eu me viro e o encaro, ele está me ouvindo, cotovelos nos joelhos, olhar no chão. - Depois você tem uma crise de exigências sobre um bouquet que recebi, e agora vem a minha casa e entra aqui com este discurso doentio de posse, eu realmente não sei o que você pensa que está fazendo, mas eu não quero mais...

-Para! – é quase um grito e eu silencio de imediato. – Não continua, eu sei onde você vai chegar. – ele para de encarar o chão e me olha, eu não sei se estou maluca, mas posso jurar que ele está prestes a chorar. – Eu não quero, nem vou perder você. Se está a ponto de falar algo do tipo eu me demito, esquece. – ele se põe de pé e se aproxima de mim, estou na defensiva. – Eu não posso mais ficar longe de você. – ele está chegando mais perto e eu sei onde vai acabar, eu não quero. Me afasto lhe dando as costas e indo até a porta.

-Sai daqui Damon. – ele vira pra minha direção devagar.

-Para com isso. – ele pede engolindo e fechando os olhos, uma lágrima escapa de um deles e quando volta a abrir seus olhos eu sinto que toda minha determinação se vai. – Eu não quero ir embora. Eu vim passar a noite com você. – o que?

-Você só pode estar ficando maluco! E toda a história de vamos com calma, não quero te ferir? Sabe, eu não sei se você percebeu, mas toda esta sua loucura tem me machucado, me deixado ainda mais confusa, perdida e triste.

-Elena para de fingir. – ela grita. – Só para, eu não quero mais isso. Eu não sou hipócrita. Eu não sei esconder emoções. – como é que é? – Não quando elas me dominam, me controlam. Com você é sempre assim, eu não controlo nada, sou controlado. – ele está histérico.

-Você não gosta deste sentimento. E só o que você quer é afogá-lo na satisfação e depois poder se livrar dele.

-Mas que droga Elena! – ele leva as mãos na cabeça. – Será que você não pode parar com esta infernal mania de esperar o pior de mim? É tão difícil assim? – ele está fora de si, vindo pra cima de mim com olhos vermelhos. – Será que você não vê o quanto me atormenta?

-Eu te atormento? Eu? – ok, eu também posso gritar. – Você está acabando com minha sanidade!

-Eu já não tenho a minha, não é óbvio pra você?! – ele paralisa do nada, é como se sua respiração tivesse ido embora, Damon ofega e dá um passo pra trás, mão no peito. Oh meu Deus! O coração dele.

-Damon... – eu chamo. Ele não responde. Quando avanço um passo ele recua dois. Não o ouço respirar. – Damon pelo amor de Deus!

-Me traz água. – ele fala tão rápido e tão baixo, eu corro pra cima dele e seguro sua mão, a que está em seu peito. Deus! Está batendo muito rápido.

-Sente. – eu peço o guiando até o sofá, ele se joga nele soltando a gravata. Eu corro pra cozinha e quando volto ele está segurando um frasco, eu lhe passo o copo de imediato e ele toma duas capsulas dos remédios e começa a respirar pesado, como se tivesse acabado de correr uma maratona, está suado e vermelho. Me inclino e pego uma revista em cima da mesa de centro e começo a balançar para que ele possa respirar melhor.

-Já chega. – ele rosna segurando minha mão. – Foi uma péssima ideia tudo isso. Eu deveria ter deixado como estava, mas você estava tão... Aborrecida! – ele respira um pouco mais naturalmente e quando pode se ergue e nem percebo bem, é algo mecânico, mas eu o segui e não só segui como também, sem nem saber dizer como, meus lábios estão no dele, seus lábios estavam mais macios que o normal. Mais doces.

Minhas mãos estavam em sua nuca, o puxando pra mim, senti suas mãos em minha cintura quando ele resolveu finalmente corresponder ao meu beijo. O quão louco isto pode ser? A segundos atrás nós estávamos gritando um com o outro e agora...

-Você não é o único que perdeu todo o controle. – eu falo assim que afasto nossos lábios. – Eu não sei se posso ser mais apenas a sua assistente. – ele sorri. Seus olhos estão fechados, eu gravo cada expressão. Nossas faces ainda estão unidas, mesmo sem estarmos nos beijando. Somos como imãs.

-Eu preciso de você. Perto de mim. Todos os dias. – ele está me olhando, sobe suas mãos e acaricia minha nuca.

-Como sua CEO?

-Como minha namorada. – han??? – Mas não vou fazer o pedido a você antes de estar divorciado. Eu gosto de tudo no seu lugar.

-Eu sei. – falo em suspiro. Ele esfrega sua face contra a minha.

-Você é tão cheirosa. – ele beija minha garganta, sinto todos os meus nervos travarem. Uma de suas mãos segue por meu ombro e aperta o meu braço e a outra continua a acariciar minha nuca. Eu o abraço, deslizando minhas mãos por suas costas. – Se você pudesse imaginar como eu te desejo Elena, toda você. – ele fala ao pé de meu ouvido, me fazendo vibrar, distribui beijos na linha do meu ouvido até meu ombro, suas mãos nunca param com as carícias e eu estou totalmente entregue, apenas desfrutando das sensações que ele está me proporcionando.

Damon desliza a outra mão de minha nuca até minha cintura e nos cola ainda mais próximos, seu coração ainda bate tão rápido, eu posso sentir. Escuto como geme e ofega, escuto como me deseja. Eu também o desejo. Logo eu sinto o sofá em minhas costas novamente, Damon está me deitando nele e me fazendo lembrar do que aconteceu conosco na casa de meus pais. Não era certo naquele momento e ainda não é. Eu o afasto de cima de mim e ele geme.

-Eu preciso aprender a controlar. – eu assinto sorrindo. – Você é um vício garota. – ele rosna e quase me faz gargalhar. Ele se afasta de mim e reoferece as rosas.

-Você pode, por favor, aceitar estas rosas? – me pergunta num tom mais leve e eu finalmente seguro o bouquet.

-Eu sempre preferi as brancas. – falo e estou sendo sincera. Ele sorri sem jeito. E eu suspiro. – Porque tudo tem que ser tão intenso com você? – ele me olha confuso. – Eu sinto tanta raiva e depois... É como se não soubesse nem mais o significado da palavra. São dois extremos. – ele encolhe os ombros.

-Bem-vinda ao clube! – diz com um riso torto.

-Eu não sei se posso trabalhar com você.

-Claro que pode. Mas acredito que sendo como é, iria preferir que eu fosse seu funcionário. Assim funcionaria melhor. – ele sorri malicioso.

-O que quer dizer com você sendo como é? – ele me olha e se aproxima mais, estou abraça ao bouquet, ele inala o perfume das rosas e me encara, o contraste de sua face contra a palidez das rosas me faz abrir a boca. Ele é muito lindo!

-Gosta de mandar. – ele pisca e eu esmurro seu ombro.

-Há, olha só quem fala...

-Hum... Então admite?

-Não!

-Não? – ele aperta a minha cintura. Nego com a cabeça.

-Todos preferem mandar Elena. Felizmente eu admito que gosto. – diz presunçoso.

-Você comeu? – essa é uma mudada bruta de assunto. Damon pisca.

-Pra ser sincero não. Não desde que voltei de viagem. – minha boca abre. Porque não?

-Não comeu? – ele afirma. – Então deve estar faminto.

-Não da sua comida. – eu bufo.

-Claro, porque eu não cozinho.

-Graças a Deus! – eu o olho fingindo irritação e ele sorri.

-Não seja tão mal. – ele morde o lábio. Senhor!

-Você não me viu mal. – fala insinuativo. Vindo pra cima de mim e eu desvio me erguendo do sofá.

-Nem quero ver. – digo provocante e vou até a cozinha colocar as rosas em um vaso. Quando estou terminando sinto suas mãos em minha cintura.

-Vai cozinhar? – pergunta beijando meu ombro.

-Não! Mas eu conheço um lugar muito legal perto daqui e podemos comer lá. Tem uma salda ótima que eu sei que você vai gostar.

-Hum... – ele fala me virando e fico de frente pra ele, que está com uma expressão engraçada. – Não é tipo o local de trabalho do seu ex namorado? – eu pisco, falei disso pra ele?

-Te contei que ele era chefe? – ele dá uma risada.

-Não exatamente. Ou sim, não sei. Só sei que sei que era. – ele é impossível.

-Bem, é lá sim, mas ele não vai estar então...

-Então você tem cinco minutos pra por uma roupa descente. – hein?

-O que tem de errado com a minha? – ele respira profundamente. É engraçado de se ver, eu prendo o riso.

-Bem, você está usando uma mini blusa e um mini short, talvez porque não pretendesse sair mais e seu próximo rumo fosse a cama. Por estas e outras... – ele me puxa pra perto num abraço apertado e protetor. – Vai trocar de roupa.

-Não é uma mini blusa, é uma camiseta com alcinha, preta e bem sexy, - eu provoco o empurrando ele me olha incrédulo - E não é um mini short, é um short, e sim eu uso pra dormir porque o tecido é muito confortável. – eu passo a mão pelo short e ele sorri.

-Você gosta de me seduzir. – eu pisco.

-Não, porque? Você é seduzível? – digo toda marota e ele semicerra os olhos.

Eu vou pro meu quarto e Damon fica na sala me esperando. Eu coloco uma calça e pego uma jaqueta.

-Vamos? – eu falo e ele se levanta do sofá e logo me olha franzindo o cenho.

-Ainda é a mini blusa? – pergunta meio sério.

-Camiseta de alcinha...

-Preta e bem sexy. – ele completa revirando os olhos. – Eu sei. Não vai trocar? – ele pisca.

-Eu gosto dela. – falo indo pra cima dele que já iria protestar, mas eu fui mias rápida. – Vou usar assim. – falo colocando a jaqueta e ele ergue as sobrancelhas. – Melhor? – ele assenti e sorri. – Então vamos.

Me apresso e vou até a porta, mas sinto ele me puxar contra si.

-Não tire a jaqueta. – ele fala me olhando firme. – Não está falando sério? Está? Dou uma risada debochada e tento me livrar, mas ele me aperta. – Elena. Não vai tirar essa jaqueta. – é mesmo sério?

-Você está falando sério? – ele bufa.

-Claro que sim. – reviro os olhos e me solto dele.

-Não seja infantil. Você é bem grandinho. – eu abro a porta e de novo ele me puxa.

-Está frio e se você ficar doente? – eu o encaro.

-É seu melhor argumento? – eu provoco ele respira fundo.

-Apenas não tire a jaqueta certo?

-Vamos de uma vez. – eu o puxo e fecho a porta. Descemos até o térreo e ele veio no camaro, é claro.

Damon vai até seu carro e abre a porta pra mim.

-É duas quadras a frente. – eu protesto.

-Está tarde. Entra! – reviro os olhos e entro no carro, menos de três minutos depois estamos no restaurante.

Damon está logo atrás de mim e sei exatamente onde quero sentar, conheço bem o local, é então que eu paro. Mais adiante estão meus amigos, Tyler, Bonnie e Jeremy, dividindo a mesma mesa. Hoje não é sexta. Logo isto só pode ser mesmo uma puta sacanagem do destino... Eu suspiro e Damon chega perto de mim.

-O que foi? – eu o encaro.

-Vem comigo. - Vai ser interessante...


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Notas finais do capítulo

Beijos!!!