Jessica POV

28 de dezembro

Além de passar o Natal sozinha em casa, vou ter que passar o Ano Novo também. Ah, que beleza! E o pior é que nem a Sarah passou comigo. Ela passou com a nojenta da minha mãe. Argh. E até agora não voltou. E eu to ficando puta da vida aqui, sozinha, sem ter para onde ir.

Me joguei no sofá da sala e fui passando os canais, até parar em um programa de comédia. O programa era tão ridículo, que eu ficava rindo igual uma idiota assistindo. Peguei meu celular para ver as horas, e vi que tinha quase vinte ligações e sete mensangens. Ah, lembraram de mim?

Olhei de quem eram as ligações e quinze eram da Lisa, e as três restantes eram da Bianca. Nós tinhamos ficado amiguinhasLiguei de volta para a Lisa primeiro, que atendeu em um toque só.

LIGAÇÃO ON

–VACA! Porque não atende a merda do celular? - ouvi vozes de meninas no fundo, provavelmente o resto das garotas.

–Sorry, estava ocupada demais fazendo exatamente nada. - ri desanimada.

–Tá, não to interessada. - fofa - Como passou o Natal? Teve notícias do Mateus?

–Não! Aquele cavalo foi viajar e me deixou aqui, sozinha em casa, nem a Sarah está aqui comigo, eu tô completamente sozinha nessa casa enorme! E agora vou passar o Ano Novo sozinha também, 2013 vai começar bem, né? - revirei os olhos.

–Por isso mesmo que eu liguei. Eu e as meninas vamos passar a virada juntas aqui em casa, e você vai vir.

–Acho que é melhor do que passar a virada sozinha! - ouvi a Bianca gritando.

–E você vai vir para cá, agora. Eu te mando o endereço por mensagem, to te esperando. Vem logo, e eu to desligando antes que você diga não. - ela desligou.

LIGAÇÃO OFF

Desliguei a TV e subi. Peguei umas roupas e joguei dentro da minha bolsa, e entrei no banheiro para tomar banho. Tomei um banho rápido e vesti minha roupa.

Peguei meu celular que estava em cima do criado mudo e digitei o número da casa da minha mãe. Fiquei encarando o botão verde, com receio de que minha mãe atendesse. Eu não queria falar com ela, mas ao mesmo eu tempo, era o que eu mais queria.

Respirei fundo e apertei o botão. Ouvi um toque, e depois outro, e depois outro, e ouvi a voz de minha mãe.

–Alô? - fechei os olhos e mordi os lábios. Queria desligar, mas não podia. - Alô? Tem alguém aí?

–Sou eu, a Jessica. To indo passar a virada na casa de uma amiga, passo dia 1º aí para pegar a Sarah. Tchau. - desliguei antes que ela pudesse falar alguma coisa.

Me joguei na cama atrás de mim e senti lágrimas idiotas vindo. Apertei meu celular contra meu peito, tentando parar aquela dor imensa que eu estava sentindo. Era a primeira vez que eu ouvia a voz da minha mãe desde o último acontecido. E por mais que eu quisesse negar, eu sentia a falta dela, e como sentia. Assim que vi que uma lágrima tinha caido, levantei e peguei minha mochila. Liguei para um táxi e logo ele veio me buscar.

Entrei no táxi e dei o endereço da Lisa para ele, e o mesmo acelerou. Mandei uma mensagem para a Lisa.

"Elisa?" brinquei.

"Não tem ninguém com esse MALDITO nome aqui. -'-"

"Lisa?"

"Bem melhor. Já está vindo?"

"Sim, quase chegando. Daqui dez minutos desce lá em baixo para me pegar. Não quero subir 33 andares só pra chegar a sua casa."

"Tá, daqui a pouco eu desço. Xo" Guardei meu celular e encostei minha cabeça na janela. Se passaram dois minutos e eu passei em frente a minha antiga casa. Pela janela, deu para ver que minha mãe estava na cozinha com a Sarah no colo. Quando me dei conta já estava chorando.

–Está tudo bem, senhorita? - o motorista perguntou, desacelerando o carro.

–Não, mas vai ficar. E eu agradeço se o senhor puder sair o mais rápido possível dessa rua. - ele apenas assentiu e continuou a andar.

Minutos depois paguei o motorista, e desci do táxi. Olhei para dentro, e vi a Nicole sentada em um banco, perto da portaria.

–Ei! -gritei, chegando perto dela. Ela levantou e me comprimentou.

–A Lisa iria vir, mas aí o ex dela ligou e ela se trancou no quarto para conversar melhor com ele. - suspirei aliviada, então será que eles iriam voltar, ou sei lá? Tomara, assim ela esquece o Mateus e deixa as coisas mais fáceis para mim. Não que eu queira voltar com ele, mas sei lá né.

A Nicole me puxou para dentro do elevador, apertando o número 33. Pude notar que depois do número 33, não tinha mais nenhum botão, ou seja: a Lisa morava em uma cobertura. Riquinha passando.

Depois de longos dois minutos no elevador, em completo silêncio, as portas se abrem e olho para fora do elevador. A Lisa tinha a cobertura toda para ela, pois o elevador já dava na cobertura.

Sai do elevador e esperei ele fechar, e me encostei nele. Fiquei olhando aquela maravilhosa sala. Ela era enorme. Uma das paredes era de vidro, e me permitia ter uma linda visão do lado de fora. O dia estava lindo. No canto da sala tinha um pequeno bar, com várias e várias bebidas ali.

–Linda essa sala, né? - ouvi a voz da Luana, que estava vindo em minha direção me comprimentar.

–É enorme! -falei fazendo um pequeno "O" com a boca.

–Espera então pra ver o quarto da vadia! - ela me puxou para o sofá enorme preto que tinha ali. Me sentei e ficamos conversando e brincando, enquanto a Lisa não voltava da sua mega hiper conversa com seu ex.

Estavámos comendo uns salgadinhos quando ouvimos um grito da Lisa, lá em cima. Subimos correndo e entramos em um corredor enorme, com cinco portas. Fiquei perdida, não sabia em que porta entrar, e me direcionei para a primeira porta. Olhei para trás e vi Vanessa indo para a última porta do corredor, abrindo a porta com brutalidade. Corri até lá.

–Caralho! - a Lisa gritou, ajoelhada no chão. Vi seu porta-jóias e algumas jóias jogadas pelo quarto.

–Que caralho aconteceu aqui, Lisa? - a Vanessa perguntou.

–Algum infeliz mandou um link para mim, eu abri e era a foto de um palhaço gritando! - ela apontou para o notebook, que só aí, eu percebi que o palhaço continuava gritando. As garotas sentaram-se do lado da Lisa para ajuda-la com os cacos, e eu andei até a cama, e fechei o notebook, para o palhaço parar de gritar.

Sentamos ao seu lado e ajudamos a limpar o resto dos cacos.

Tudo limpo, nós descemos e ficamos o resto do dia conversando, comendo a brincando. Não passava da 1hrs da manhã, e todas estavamos caindo de sono. Eu fui para um quarto e a Bianca me seguiu, indo dormir comigo. Iria ficar duas em cada quarto. Não demorou muito e nós acabamos caindo no sono, rápido.

[...]

Acordei com alguém me cutucando, abri os olhos lentamente e vi que a Bianca sorria de orelha a orelha.

–Que porra é essa? - falei com voz sonolenta ainda, me virando para o lado oposto.

–Não, nada de dormir. Vamos, levante! Temos um drink para preparar. - a encarei confusa, e ela balançou a cabeça, ainda sorrindo.

–Vamos, você sabe fazer drinks. E hoje é o aniversário da Liz! Ela tem dezoito anos, e legalmente falando, ela já tem idade para beber! Vamos, por favor... - ela fez bico.

–Tá. - me levantei e desci. Todas já estavam lá, menos Lisa. Fui para o bar e peguei umas bebidas e fiz um drink, nada de mais e nem muito forte. Estiquei o copo para as meninas que me olhavam curiosas e sorri.

–Está pronto.

Logo subimos correndo para o quarto de Lisa, que ainda dormia. Entramos no quarto e ela estava ocupando todo o espaço que tinha nela, e ainda babava. Tive que tirar uma foto, não resisti.

Foto tirada, zoação prevista. Nos jogamos todas em cima da Lisa, e começamos a beija-la e cantar parabéns para ela, enquanto a mesma gritava.

–Vocês estão me sufocando! - ela tentava nos empurrar para fora da cama, mas sem sucesso, nós continuavamos pulando em cima dela.

Depois de uns cinco minutos pulando e gritando, nós nos acalmamos e sentamos na cama junto a Liz.

–Obrigada, eu acho. - ela arrumava o cabelo que estava todo bagunçado.

Nós ficamos conversando e brincando por um tempo, até que a Vanessa lembrou do drink. Ela o pegou e estendeu para a Lisa, que não entendeu nada.

–Dezoito anos. Legalmente, você já pode beber. Vamos, beba! - Lisa tomou o copo de sua mão e o virou, rápidamente. Ela fez uma careta e colocou a língua para fora.

–Quero mais. - ela se levantou da cama e desceu, indo em direção ao bar. Cachaceira...

Ficamos o resto do dia brincando, assistindo qualquer coisa e bebendo. Já tinhamos bebido tanto que estávamos quase bebadas.

[...]

Lembrei de uma conversa que eu tive com a Pamela no dia em que as meninas dormiram lá em casa. Sobre a Nicole. Era alguma coisa que tinha acontecido cinco meses atrás, e ninguém deixava a Nicole falar sobre. E eu estava curiosa já para saber o que tinha a ver tudo aquilo que aconteceu cinco meses atrás.

–Nicole...? - a chamei em um canto, fora do alcance das pessoas.

–Aconteceu alguma coisa?

–Não. Quero saber, o que aconteceu cinco meses atrás? - ela me olhou receosa e passou a mão nos olhos.

–Eu te conto, mas você tem que me prometer que não vai contar para ninguém.