---POV Milk---

Milk estava perto do carro junto a uma das ninfas, a outra também havia saído. Olhava fixamente para as arvores sentido a aura de Akira, que começava a se aproximar, a ansiedade a preenchia e a deixava impaciente.

Akira-chan. Posso senti-la esta se aproximando, junto com “ela”. No final, não foi tão ruim ter entrado no carro. Akira-chan Esta bem.  Só isso importa agora. Eu vou poder vê-la de novo. Estou tão feliz por ter conseguido salva-la...

Ei garota.

Nossa, que surpresa, eu não esperava que ela fosse falar comigo.  Ela parecia tão concentrada em esconder a presença da outra mulher.  

Ahm? O que foi?

Pretende ficar conosco?

Eu gostaria muito.

Se ela veio até aqui por causa da Akira, provavelmente vai querer ficar com ela, não teria chance contra elas.

Repensaria se fosse você.  Mas eu gostaria de sua presença.

O que?

Sua alma emana proteção, me sinto segura perto de você. Mesmo você não tendo treinamento, e sendo fraca, tem determinação. Desculpe-me por falar assim, mas eu não acho que consiga aguentar mais tempo com a Clio.

Clio... A mulher que estava dirigindo?

Ela está voltando, fique quieta.

Posso vê-las. Estão se aproximando,  ainda a algumas arvores que atrapalham minha visão, mas mesmo que não possa vê-las, consigo senti-las perfeitamente.

Ei, eu não te perguntei o seu nome.

Meu nome é Alisa Lin. Mas fique quieta, ela esta chegando.

Porque Alisa teria tanto medo dela? Ela é tão má assim?

Elas param a alguns metros do carro.  Quase que no mesmo segundo a outra ninfa aparece atrás do Jaguar XF. Clio olha para o carro.

Ainda está aqui Lupino?

Não pude ouvir o que ela disse, estava prestando muita atenção na Akira-chan, porque ela estava chorando?

Eu te fiz um pergunta.

E-eu gostaria de poder ficar com vocês.

Milk?

Faço um sinal para que Akira-chan não fale, devo acreditar em Alisa, é melhor não provocarmos Clio, ainda mais porque quero que ela me aceite.

O que disse garota?

Nada.

Ótimo, ela percebeu!

De que utilidade seria uma bruxa sem experiência?

Eu posso treinar. Por favor, Me deixe ir com vocês.

Você poderia ser útil para mim se fosse uma bruxa completa. Eu tenho muito tempo para isso mesmo, eu te treinarei. Mas por hora vamos.

Serio!? Muito obrigada.

Eu sabia que ela não era ta má assim. Eu tenho Akira-chan de volta e alguém para me tornar uma bruxa completa. 

Ela vai para a direção do carro, nos saímos em uma velocidade alarmante, acho que não é só quando está atrás de algo que Clio dirige rápido.

        Seguimos por pelo menos cinco horas dentro do carro, eu estava realmente cansada, Akira-chan dormia encostada no meu ombro. Ela é tão fofa. Eu também estou com muito sono. Não acho que vamos parar tão cedo. Não acho que tenha problema eu dormir um pouco.

    Nem pude ver as horas passando quando acordei já estava escura. Só pude perceber que o carro estava passando por uma entrada, um tipo de portão, eu acho. Não está claro o suficiente, Akira-chan ainda está dormindo.  

   Consigo ver um casarão. Posso perceber que é uma construção com traços europeus provavelmente antiga.  Posso ver uma luz tremula pó uma das janelas, uma vela talvez?

O carro para na frente da casa, Clio sai do carro. Akira se assusta com o barulho da porta batendo.

Ei acordem e venham logo.

Saímos do carro e seguimos Clio subindo as escadas da entrada do casarão. Ela pega uma chave, abre a porta da entrada. O primeiro cômodo é uma sala muito grande. O piso de madeira faz barulho à medida que os passos são dados, a mobília parece ser antiga também, mesmo a casa parecendo limpa sente-se o cheiro de naftalina. Ela acende uma vela, prova que a casa é mesmo velha. A luz ilumina a sala, podem-se ouvir passos vindos do corredor que liga a sala aos outros cômodos. Uma idosa caminha em nossa direção com outra vela.

Eu posso confessar que estava esperando outra moça, jovem e bonita, como Alisa e Clio.

Kyo como tem passado?

Clio parece ser gentil com essa senhora, até seu tom de voz mudou a se dirigir a ela.

Clio, quanto tempo. Bom como pode ver, estou mais velha a cada dia.

Não diga bobeiras, está ótima, poderia levar essas duas para um quarto.

Ela olha para mim e Akira-chan.

É claro. Venham por aqui meninas.

Ela anda para o corredor havia várias portas pela sua extensão, ela nos deixa em uma das ultimas portas do longo corredor. Usa a vela que carregava para acender a que estava sobre a escrivaninha do quarto. Ouço a porta sendo trancada. Mas não me importo. Akira-chan se deita em umas das camas. Como ela pode querer dormir? Não a entendo, ela deveria estar feliz, não é? Eu consegui achá-la. O que esta a incomodando tanto? Ela já dormiu? Acho melhor fazer o mesmo. Deito-me na cama ao lado, o quarto é realmente grande, olho para o teto, o forro velho de madeira se distanciava cada vez mais, rapidamente adormeço.

---POV Off---

Ela ainda estava dormindo. Sentia, no entanto, que se libertava do sono exatamente como um balão: era como se fosse um peixinho dourado numa tigela redonda feita de sono, subindo sem parar através das cálidas águas do sono em direção a superfície.

Quando chegasse lá, acordaria.

(Trecho retirado de: “A arvore dos desejos”, por William Faulkner)

---POV Akira---

Onde? Onde estou? Lembro que estava no quarto com a Milk. Aqui está escuro... Não quero passar nem mais um segundo nesse lugar.

---Fim cap. 13---

“Que pena chover no meu aniversario! _ lamentou desapontada. _Talvez hoje a chuva pare não acha? O menino ruivo encarou-a, virou-se e levantou a vidraça._ Não faça isso! _ Ela pediu, mas logo silenciou. Assim que a vidraça subiu, em lugar da chuva e das sombrias arvores do inverno, enxergou uma nevoa macia e cinzenta com aroma de glicínia. Lá embaixo no meio da nevoa, delicadas vozes a chamavam._ Desça, Dulcie. Desça, Dulcie.”

“A arvore dos desejos (1954) - William Faulkner”