Eu iria passar o fim de semana inteiro em casa, pois meu pai ia viajar. Liguei para as amigas e convidei-as para me fazer companhia. Claro que tem sempre uma pessoa que tem a brilhante ideia de fazer uma festa. No começo eu hesitei, mas acabei cedendo.

No sábado de manhã Tara e Ju chegaram na minha casa com 6 grades de cerveja, uns 10 refrigerantes e muitos (muitos, mesmo!) salgadinhos. À 00:00 horas, o pessoal da escola começou a chegar. Tinha gente que eu nem conhecia, mas estavam se divertindo mais do que eu. Em um balanço no jardim vi Lucas, o amigo da Ju que eu tinha conhecido uns dias antes. Como Tara tinha encontrado um menino e estava se agarrando com ele perto do portão e Ju eu nem sabia onde tinha se metido, decidi ir lá, fazer companhia pra ele.

- Oi Lucas. - falei sentando no balanço em seu lado. - O que está fazendo aí sozinho?

- Oi. - sua voz parecia entediada. - Não encontrei ninguém que eu conheça ainda, quer dizer, até agora.

- Poxa, quer dizer que minha festa está chata?

- Não! Nada disso! Eu só estou dizendo que uma festa sem companhia, é igual a nada. - ri da cara de desesperado que ele fez para tentar concertar o que tinha dito. - Do que está rindo?

- De você. É engraçado esse seu jeito.

- Meu jeito?

- É. Eu não sei, meio tímido, meio atrevido. - Eu não sei porque, mas algo naquele garoto me atraía.

Antes que eu pudesse terminar minha reflexão sobre o menino que estava do meu lado, ele colocou a mão na minha nuca e me deu um beijo. Tudo ao meu redor pareceu girar. Quando finalmente nos separamos, não pude deixar de me arrepender.

- Cara, isso é muito errado. - falei com a mão na testa, com cara de preocupada.

- Um beijo? Não acha que está sendo radical demais? Seu pai nem está em casa!

- Não é isso. A Tara disse que você conheceu a Ju na internet e ficaram amigos demais. Não quero atrapalhar isso, ela é minha amiga.

- Não é nada disso que você está pensando.

- Como assim?

- Fui atrás da sua amiga na internet de propósito, sabia que ela era da minha escola. Conversamos e disse que eu era muito apaixonado, aí nos encontramos.

- Como não é o que eu estou pensando se você acabou de me dizer que é muito apaixonado por ela?

- Eu não disse que era por ela.

- Então é por quem?

- Por você.

Não sei se foi a emoção de ter um garoto na minha frente se declarando ou a surpresa, mas eu fiquei sem reação. Não sabia o que falar, e também nem precisava porque antes de qualquer pensamento, ele se levantou, me puxou e voltou a me beijar.

Enquanto tudo corria muito rápido, algo aconteceu. Algo dentro de mim estava admirada por tudo o que ele me dissera, mas algo estava se retorcendo e amaldiçoando todo aquele momento. De repente, eu ouvi de novo, a voz.

- O que você está fazendo? Esse menino é ridículo, tímido, nada a ver conosco.

Soltei meu braço do pescoço do Lucas e abaixei a cabeça. Eu não entendia o motivo de estar ouvindo aquela voz.

- O que aconteceu? Eu fiz alguma coisa de errado? - me perguntou, e mais uma vez  eu o achei fofo.

- Não é nada disso, você foi ótimo, você é ótimo! É só que... estou me sentindo mal.

- Vá embora sua idiota! Dê um fora nele, saia correndo e nunca mais o veja. - falou novamente a voz.

- Desculpa Lucas - dei um beijo em sua testa. - é melhor nos vermos amanhã, eu tenho muito a fazer.

Eu não queria uma voz aleatória me dominando. Eu não sou maluca, eu não sou maluca.