Não estava se aguentando em pé. Aquilo era uma vergonha, vergonha para ele total. Seu orgulho começou a ser ferido levemente. Draco estava um caco, com cortes no rosto, no corpo e até mentais de tanto traumas que se acumulavam mais e mais.

O loiro já estava cansado de tudo! Queria um momento de paz, não queria ter uma briga com aurores incompetentes que não sabiam nem proteger pessoas que estavam bem em suas mãos! Como Draco queria esganar aquele chefe dos aurores metido a veterano e ridículo.

O mundo estava sendo muito injusto com ele, só faltava o Profeta Diário fazer uma matéria inteira sobre ele e todos os seus segredos mais obscuros, ou sobre o histórico de todos os Comensais da Morte falando sobre suas vidas. É, isso seria o fim. Mas Draco sabia que merecia isso de alguma forma. Talvez tudo o que já sofreu fosse pouco, talvez Merlin gostasse de o ver na pior, muitos gostam, Draco já sabia disso.

Como queria socar o ruivo a sua frente, uma raiva súbita surgiu. Mas como queria! Era quase um desejo assassino! Mas Draco respirou fundo... respirou novamente e...

─ Weasley... ─ ele disse um pouco baixo, com a voz controlada. Contava até 10 em sua mente.

O ruivo parou de andar e o encarou, estava tão nervoso quanto Draco, pelo o que seus olhos diziam.  Eles ficaram se encarando por um bom tempo, talvez o ruivo quisesse matar Draco também, o que não é muito raro.

─ O que foi Malfoy? ─ disse com pressa. Eles tinham que ir até a casa onde se encontravam os aurores.  Rony tinha que mostrar pros aurores que estavam vendo o lado errado das coisas. Mesmo ele não gostando do Malfoy, sabia que não era assim que as coisas funcionavam.

Draco respirou profundamente antes de continuar. Colocando sua máscara novamente e olhando profundamente nos olhos do ruivo.

─ Eu não tenho a mínima idéia do porquê de estarmos correndo. Ou do porquê você estar me levando pros aurores sem ao menos me falar porquê ─ disse calmo, mesmo ele já sabendo porquê estava sendo levado pra ver os aurores. ─ Esfrie a cabeça e pense como um bruxo!

O ruivo ficou mais vermelho que seu cabelo e fechou os punhos. Draco não entendeu essa reação, não havia dito nada demais, apenas dado uma idéia...O que havia de errado com aquele Ronald-burro-Weasley? O loiro ficou um pouco sem entender até que sentiu...

Um soco na sua cara.

A força do soco o fez dar alguns passos para trás e colocar a mão em sua boca. Mas o que diabos? O Weasley enlouqueceu! O loiro estava com um pensamento lógico até ver o seu sangue em sua mão.

Eu estou todo ferrado, com cortes em todo o corpo, com o coração destroçado e com uma sentença de morte marcada e esse IDIOTA me deu um soco. Esse babaca, grifinório, amigo de Potter, irmão de Ginny-sem sal-Weasley, amante de Dumbledore, um auror... Ele me socou! COMO ELE OUSA..!

O loiro começou a ficar furioso.  Ele fechou os punhos fortemente e encarou o ruivo com uma raiva mortal. Como queria matá-lo agora, se ele odiasse Dumbledore como odeia Ronald Weasley teria conseguido cumprir a tarefa de matar aquele velho.

─ Pensar como um bruxo, Malfoy ─ falou Weasley mantendo os punhos fechados ─ Eu penso como um bruxo, e faço isso muito bem se quer saber! E o que você vai fazer? Nada! Você não pode fazer nada! Você é um mimado Comensal da Morte...

“Com um patético pai. Você não pode me socar de volta, se não você vai ir preso! Junto com seu paizinho de merda, naquela cadeia de merda e vai ouvir o choro de merda de sua mãe quando ela saber disso. Sabe Malfoy, você teve o que mereceu! O mundo é muito justo, pois os bonzinhos merecem o melhor e os malvados o pior. Você nunca será melhor que Harry Potter, pois eu sei que todo esse ódio dentro de você por Harry e por mim é porque somos melhores que você!

Eu sou tão do bem que não vou lhe jogar um Avada Kedrava. E eu já estou com minha varinha em mãos para me proteger caso você tente isso em mim.

E você é fraco demais pra fazer isso também, não consegue nem ser do bem nem do mal pois você é um idiota, patético, mimado, metido e um preconceituoso. Sabe o que eu devia fazer? Te jogar na prisão junto com seu pai!”

Draco arregalou os olhos irado. Suas unhas já machucavam sua mão pela força que estava fazendo com os punhos fechados. O loiro sabia que o Weasley tinha razão em parte de seu discurso e em parte não. Ele não iria admitir esse insulto, nem mesmo que fosse pra prisão depois de matá-lo.

Weasley se desequilibrou com o soco de Draco, depois com sua joelhada no nariz e mais tarde com outro soco. O ruivo não esperava essa sequência de golpes do loiro e não esperava que ele fosse tão forte. Mas logo, Draco sentiu a força de ruivo também.

─ Sabe Weasley, eu também tenho muitas coisas a falar pra você! Você é um patético! UM PATÉTICO! Não sabe pelo o que passei para vim falar de mim como se me conhecesse! Você não viveu minha vida, você não tem um pai como o meu, uma mãe como a minha. Não viveu sua infância na minha casa, não teve que conviver com Voldemort por anos!

“Você não levou Crucio apenas por dizer o que pensava. Você teve escolhas seu idiota! ESCOLHAS! Sabe o que não é ter um caminho a seguir?! Você pode achar que é um máximo e que sua vida é difícil,mas que você conseguiu superá-la. Isso é mentira seu idiota! Sua vida é fácil demais! Troque comigo por alguns dias e veja como é viver sendo Draco Malfoy.

Você pode ter sua família unida agora, seu idiota ruivo, mas imagine se sua mãe morrer! Sua família seria a mesma? NÃO. Ela é a cola da sua família, idiota. Sem sua mãe, pelo menos é o que eu acho, sua família seria como a minha. Tente viver numa família como a minha! TENTE!

Você é o irmão sem atrativo, você nunca foi um aluno exemplar em Hogwarts, nem é bom em Quadribol, não é engraçado. É ocultado pela sombra do Santo Potter e não consegue nem fazer seu trabalho de auror direito! Você é apenas mais um bruxo, um bruxo normal Weasley, sem atrativo nenhum, talento nenhum e nem é tão ruivo assim.”

Eles caíram no chão juntos dando socos um na cara do outro. Eles pegaram as varinhas ao mesmo tempo e se separaram rapidamente.  E ficaram se encarando... Até que Draco não viu mais nada.

Ele ouviu gritos de muitas pessoas que conhecia e que não conhecia. Estava escuro e ele entrou em desespero.  Draco gritou de dor, algo dentro dele o machucava, não pediu por socorro, sabia que Weasley não iria ajudar em nada.

Suas pernas perderam o equilíbrio, ele caiu no chão de joelhos. Ele tossiu, sentiu sangue saindo por sua garganta. Ele tentou se levantar, mas não conseguia. Ele colocou as mãos no chão para se equilibrar melhor. A dor aumentava mais e mais a cada instante e sentiu lagrimas saindo pelos seus olhos.

Arrependeu-se pelo o que disse para Weasley. Será que por isso que aquela dor estava lá? Não sabia, só queria pará-la!

─ Eu me arrependo. ─ ele disse tão baixo. Seu orgulho se feriu muito, não sabia se ia conseguir repetir isso. Mas a dor não parou. ─ Weasley! Weasley me desculpe por ter tido aquelas coisas! Estou fora de mim! DESCULPE!

A dor aumentou, ele berrou as ultimas palavras. Não iria repetir aquilo, seu orgulho estava ferido, sua alma machucada, seu coração destroçado e seu corpo ferido. Ele pensou, na verdade ele rezou pra que... Para que eu estou rezando?Eu quero é morrer. Ninguém vai sentir minha falta mesmo.

─ Avada Kedrava!

Os olhos estavam abertos em transe, não mexia mais o corpo, não sentia mais dor. Talvez fosse seu fim. Sim, é bem provável que seja.

Morto.

Onde estou?

                                   

Draco se perguntou ao abrir os olhos. Um lugar totalmente branco, muito parecido com o banheiro da Murta. Ele ouviu um choro, seu choro ao longe. Mas quando foi olhar para o lugar melhor, não via ninguém.

É assim depois que morremos?

O homem andou um pouco sem caminho. Pensando em tudo que havia acontecido com ele antes de morrer. Bem, se é assim o lugar depois que morremos podia dizer que: Não achou muito digno. Ele riu do pensamento dele. Imaginava um lugar onde havia anjos com instrumentos douradas, pessoas vestidas de branco e famílias unidas. Mas era apenas...O banheiro da Murta.

─ Você não está morto, Draco.

Uma pessoa andou ao seu encontro. Donde ela saiu? Ninguém sabe. E era... Dumbledore? O loiro arregalou os olhos e deu alguns passos para trás. Ele pensou que ia ver sua mãe, seria algo fantástico.

─ Draco, não se afaste. Creio que temos algumas coisas pra conversar. Seu coração está pesado, posso sentir.

Ele não sabe de nada. Não me conhece. Não ouvi-lo.

Pensou Draco cruzando os braços e o olhando de cima pra baixo. Era mesmo Dumbledore? Ou apenas uma ilusão? Não gostava desse tipo de brincadeira. Aquele Weasley devia estar vendo isso de alguma forma.

─ Ora Draco, deixe disso. Me ouça. Não há nada a esconder aqui. ─ disse Dumbledore cheio de paciência.

─ Você...

─ Pense no que eu vou dizer agora jovem. Mesmo em tempos sombrios, mesmo que tudo pareça contra você. Não desista. A felicidade pode estar bem debaixo do seu nariz.

O loiro o olhou desconfiado, mas guardou a frase para ele. Não sabia o que dizer. Pedir desculpas ou culpa-lo? Ele realmente não sabia. Mas não teve tempo de dizer algo. Ouviu seu nome sendo chamado ao longe.

─ Está na hora de ir Draco.

─ O qu...?

Tudo ficou escuro novamente e ele piscou. Estava vivo...Ele apenas viu uma luz forte e logo percebeu que estava deitado. Tentou se mexer, mas não conseguiu. Caramba! Eu devo estar delirando!

Forçou um pouco mais a vista. Agora entendia tudo. Não estava delirando, nem estava em perigo. Estava onde os aurores ficavam na cidade. Então isso quer dizer que...Weasley salvou-o? O loiro ficou corado de vergonha, raiva...Ele não sabia. Mas porque? O Weasley é bipolar...Só há essa explicação.

Draco riu baixo pensando no quanto idiota ele devia estar agora. Seu pai não iria gostar de ver seu filho daquele estado. Tão patético. Mas ele tinha que aguentar mais alguns meses e estava livre disso. Ele suspirou um pouco cansado...Muita coisa para um dia só. Muita coisa...

O loiro não teve tempo de pensar e logo já caiu em um sono profundo. Ele merecia esse descanso...Enquanto isso, ele nem sabia o que o esperava do outro lado da sala, um moreno apaixonado e pensativo que não queria mais ver seu amado sofrer, nunca mais.