A Mortal, Filha De Dois Deuses. escrita por Amortecência


Capítulo 8
Saímos Para A Missão.




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Agora eu posso dizer que realmente há uma grande diferença entre “sono” e “cansaço”. Bem, digamos que “sono” é quando se pode levantar da cama, mas não quer. Já o “cansaço” – ou pelo menos o meu cansaço –, é impossível acordar, seu corpo simplesmente não obedece. Ele não tem forças para isso.

De qualquer modo, eu acordei. Não sei como consegui, mas acordei. Na verdade, deve ter sido porque Mayana me arrastou para as termas e abriu a água gelada em mim. E eu estava com roupa. E era 6h30 da manhã. E estava muito, muito frio.

Mas, pelo menos eu consegui finalmente tomar banho e arrumar minhas coisas enquanto Mayana me contava que havia chegado ao meu quarto e me encontrado com o olhar vidrado, ensopada de suor e em uma espécie de transe que eu nem a respondia. Então ela resolveu me jogar de baixo da água fria, não só porque eu não respondia, mas também porque estava suja e suada.

Então eu contei a ela sobre meu sonho e que eu achava que esse era o motivo para o meu “comportamento”. Era o justo com ela, já que, graças a ela, eu havia acordado para a missão – acho que nem isso eu teria conseguido sozinha.

Finalmente, subimos a colina do Pinheiro de Thalia – esse nome realmente não fazia sentido. E, no momento em que subimos lá encima, percebi que estávamos encrencadas. Engoli em seco.

– Hã... Oi Quíron – eu disse. – Estamos atrasadas?

– É, na verdade, estão. 15 minutos. Mas imagino que há um bom motivo para isso, não é? – Quando eu comecei a abrir a boca para falar ele fez um gesto com a mão, me calando. – Mas, não é sobre isso que eu vim falar aqui. Ainda bem que vocês atrasaram na verdade, senão, não conseguiria dar alguns avisos...

Eu assenti uma vez. Acima de nós, uma mistura roxo-acinzentada de nuvens parecia girar como um redemoinho no céu, bem acima do Acampamento. O vento fustigava meus cabelos e os de Mayana. Uma tempestade estava por vir, o que era estranho, já que as nuvens sempre abriam caminho em volta do Acampamento, não o molhando.

Infelizmente, eu sentia que isso tinha muito a ver com meu recente sonho.

– Então, meninas – continuou Quíron. Uma ruga de preocupação apareceu em sua testa, como se também tivesse notado o tempestuoso céu acima de nós. – Eu queria dizer que, como a profecia indica para o sul, Argos vai leva-las para o porto e vocês vão pegar um navio para Carolina do Norte. Acho que você prefere assim, não é, Helena?

Balancei a cabeça freneticamente.

– Por quê? – perguntou Mayana.

– Zeus não gosta muito de meu pai, então eu não posso ficar entrando no domínio dele. Sabe, tipo voar... Ele poderia “acidentalmente” fazer meu avião cair. Então eu não arrisco.

– Ok...

– E, outra coisa, a adaga de Mayana. Deixe-me ver. – disse Quíron.

– Algum problema? – perguntei, enquanto Mayana entregava a adaga.

– Hã, não... Só quero checar uma coisa. – Ele passou os olhos, analisando minuciosamente. Percebi que, em baixo relevo, havia vários desenhos que eu não consegui identificar. Depois eu olharia melhor. – Uau, Mayana! Ótima escolha! Até tinha me esquecido que essa belezinha ainda existia.

– O quê? – disse Mayana, confusa.

– Acontece Mayana, que essa adaga é mágica. Ela repele tudo que a faz mal, e “suga” tudo o que faz bem. Se sua lâmina tocar na lama, por exemplo, ela simplesmente vai repelir e não vai se sujar. Já se ela relar em sangue de Centauro vai usa-lo como veneno, e será fatal. Mas precisa ter cuidado. Se estiver embebida em algum tipo de veneno, qualquer toque poderá matar, e você tem que tomar cuidado em onde você vai relar.

Ficamos tensos por um momento, até que Mayana disse:

– Tudo bem Quíron. Eu não vou relar na Helena ou em qualquer outra pessoa que seja inocente.

– Então, hora de ir meninas. Senão, vão se atrasar mais.

Era impressão minha ou a voz dele estava embargada de emoção. Acho que era só impressão mesmo...

Entramos no carro e Argos acelerou, deixando para trás toda a segurança de um lugar que um dia eu já amei, mas que hoje não fazia o menor sentido sem as pessoas que deixavam ele mais importante.



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