A Mortal, Filha De Dois Deuses. escrita por Amortecência
– Percy? Annabeth? Helena? – era a voz de Quíron.
Olhei ao redor, meu pai e minha mãe não estavam em lugar nenhum, então fui atender a porta.
– Sim, Quíron? – eu disse. – Algum problema. Você parece tenso.
Sua postura estava rígida e em seu rosto havia preocupação.
– Eu espero que sim. Seu pai e sua mãe estão aí?
– Não. Acho que eles devem estar andando por ai. Não?
Sua expressão endureceu. Ele me puxou, e, com a maior facilidade, me pôs em seu dorso.
– O que está acontecendo? – eu perguntei. E tinha vários motivos para isso.
Primeiro: ainda eram quatro horas da manhã. Segundo: é muito difícil centauros dar “caronas” para humanos. Terceiro: meus pais não estavam no chalé, e, quando mencionei isso, a expressão de Quíron deixou claro que ele dizia “Você acabou de confirmar minhas piores suspeitas!” Ele não respondeu e continuou andando até a Casa Grande.
Entramos na sala principal. Tia Rachel estava deitada no sofá com um pano úmido sobre a cabeça. Ela estava resmungando, como se tivesse recebido uma bela surra e estivesse com muita dor de cabeça.
– Ela acordou no meio da noite e veio aqui, completamente em transe – começou Quíron. – Simplesmente abriu a porta do meu quarto – nesse ponto ele corou, como se algo constrangedor tivesse acontecido naquela hora. – Então ela começou a recitar a profecia:
“A mortal, filha de dois deuses deve ir
Para o sul ela vai seguir,
Um companheiro vai encontrar
Em sua busca para achar aqueles que mais lhe importa,
E este vai ajudar
A destruir a Rainha da Discórdia
Tendo então que decidir,
Se vai a humanidade e o Olimpo salvar ou destruir.”
Seguiu–se um silêncio profundo. A mortal, filha de dois deuses deve ir... Infelizmente, eu sabia o que isso significava, de novo. Eu achei a minha profecia – acho que podia chamar assim – muito parecida com a do meu pai. Com o destino de tudo em suas mãos – e quando falo tudo, é tudo mesmo.
– Bem, acho que eu não preciso dizer mais nada, não é? – Disse-me Quíron.
– Você acha que “achar aqueles que mais lhe importa” esta se referindo a eles? – disse tomando cuidado para não pronunciar os nomes de meus pais. Agora que eu meio que já sabia o porquê de eles não estarem no chalé percebi a ausência que caia sobre mim de paraquedas. Eu já podia sentir a dor.
Não houve resposta para a minha pergunta. Não era preciso. Ambos sabíamos do que se tratava. A “Rainha da Discórdia” raptou meus pais.
– Eu só não entendi muito bem o sexto verso. Você compreendeu?
Balancei a cabeça incapaz de falar, com um nó na garganta. Mas forcei e consegui explicar o meu sonho. Depois de terminado ele exibiu um ar sério.
– Bem, isso não nos dá muitas pistas. Mas agora, pelo menos sabemos quem é a Rainha da Discórdia. Acho melhor você ir se deitar, Helena. Amanhã vamos organizar uma missão para você. Já temos a profecia – ele revirou os olhos. – Você partirá depois de amanhã de manhã, antes disso temos que treinar e escolher algumas armas. Além de que você tem que escolher quem vai levar com você. Boa noite...
Mas, neste momento tudo escureceu e eu caí. Não sei se foi o cansaço ou choque. A última coisa que vi foi Quíron estendendo os braços para não me deixar cair no chão.
Dessa vez eu não tive sonhos.
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