O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Eu tenho mais algumas fics aqui no Nyah viu? Quem quiser ler dá uma passadinha na minha conta e se divirta com algumas comédias, dramas e histórias fantasiosas :) x



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Charlotte ficara longos minutos intermináveis sem dizer absolutamente nada, pensativa e quieta. Pensar que ela estava me escondendo algo incomodava-me muito por dentro, pois sempre fomos como duas irmãs sempre muito ligadas uma à outra. Mesmo nos vendo apenas algumas vezes por ano, eu sempre soube o que acontecia com ela, o que implicava que nunca escondemos nada uma da outra. Contei ela toda a minha conversa com Liliam e como ela me tratou dizendo sobre alguns segredos de nossa família que nunca me disseram. Em resposta, Lottie coçou a cabeça, tentando achar uma idéia do que falar.

- Mel, isso não é nada fácil de dizer. – murmurou. – Sabe... eu achei que isso nunca aconteceria. Quero dizer... sua mãe nunca me avisou sobre coloca-la aqui, porque ela sempre soube do...

- Não enrola, Charlotte. – falei pronunciando cada palavra com firmeza. – Só me diga que merda está acontecendo.

Lottie suspirou.

- Está bem.

Charlotte foi até a gaveta de sua cômoda e me entregou duas fotos: uma se parecia muito com um mapa de todo o internato e a outra, era o mesmo desenho do mapa, porém mostrava quem estava em cada quarto e o que havia em cada sala. Ok, o que minha prima estava fazendo com aquilo?

- Está vendo esse mapa em que há todas as informações possíveis do North England? – assenti. – Bom, quando Liliam tentou arrancar de você sobre você saber de algo que nosso pai escondeu, é porque realmente há algo a ser procurado. Muitas pessoas de nossas famílias estudaram no North England, até mesmo nosso avô, mas fora nosso pai quem aprontou de verdade.

- Mas... o que isso tem a ver com o mapa?

- Você sabe que o internato já foi casa de uma família de nobres do século XVIII, certo? – assenti novamente arqueando uma sobrancelha. – Um detalhe? Era da família de Liliam. Eles viveram aqui por muito tempo, mas quando um a matriarca da família morreu, foram embora da casa e anos depois, Liliam voltou para a mansão e a transformou em um internato.

Olhei para o mapa que segurava nas mãos – em um dos corredores da parte do dormitório feminino havia um quarto em que o meu nome e o de Jes estavam escritos em letras miúdas. Continuei a percorrer meus olhos pelo papel até o dormitório masculino – havia o nome de Sam e o de Jonah em um dos quartos. Todos os outros também haviam nomes de cada aluno, seguidos de até mesmo algumas informações em poucos casos. Eu conhecia aquela letra, já havia a visto em algum lugar. Tentei lembrar onde vi a letra miúda e curvilínea até que a imagem de papéis sobre a mesa de Lilian me vieram em mente.

A letra que fora escrita os nomes, era de Lilian, ou seja, o mapa era dela.

- Lilian escreveu isso? – Lottie apenas assentiu vendo que logo em seguida, bufei. – Ok... mas, me diga logo, o que nossa família tem a ver com tudo isso?

Lottie caminhou pelo quarto tentando retomar coragem para me dizer o que sabia, mas parecia ter medo demais para isso.

- Quando seu pai se tornou diretor do North England, Liliam ficou furiosa, pois sempre quis o cargo. Os pais dela sempre souberam que Lilian possuía uma espécie de descontrole psicológico e por isso, poderia acabar ferindo alguém ou coisa parecida. Eles tinham medo que a filha perdesse o controle ao perder a paciência com algum aluno ou até mesmo professor. Mas, quando souberam de John Overton, não hesitaram em coloca-lo no posto.

Senti meu coração disparar sabendo de que o resto da notícia não seria nada bom, afinal, hoje em dia Lilian era diretora e como seus próprios pais sabiam, ela possuía um descontrole psicológico. Droga.

- Nosso pai sabia de alguma coisa, algo que está escondido no território do internato e que ele havia descoberto. Lilian já estava furiosa porque ele havia conseguido o cargo que ela queria e ainda por cima, nosso pai achara algo que ela também queria. Como uma pessoa muito descontrolada, Lilian fez algo... algo muito sério.

Paralisada, esperei pela continuação tentando me preparar mental e fisicamente, mesmo sabendo que seria inútil.

- Melanie... – Lottie veio lentamente em minha direção, sentando-se ao meu lado no colchão. – Lilian Mean, matou seu pai.



Depois de longos minutos tentando raciocinar tudo aquilo, o choque percorreu cada canto de meu corpo, fiquei paralisada com meus sentidos não me respondendo a meus comandos. Minha respiração falhou. Eu me sentia sem ar, chocada e com uma crise de pânico prestes a atacar.

Aquela mulher que conheci na entrada do North England.

Aquela mulher que havia me ameaçado.

Aquela mulher matara meu pai.

Ela matou a pessoa que mais cuidava de mim, a única que realmente se preocupava com minha existência ou com o fato de eu ser a “filha problema”. Não consegui segurar, minhas lágrimas deslizaram por meu rosto. Sim, eu já sabia que meu pai morrera, mas... jamais saber quem o matara.

- Como assim? – gaguejei. – Como assim Liliam matou meu pai, Charlotte?

- Ela o matou, porque além de querer o controle do internato, Lilian queria saber onde estava o que nosso pai sabia, mas como ele se recusou, isso só aumentou o ódio de Lilian. E, ela fez o que fez. – Lottie se sentou ao meu lado e me abraçou. – Melanie, Liliam é completamente louca, antes de vir para Londres, eu ouvi nosso pais conversando sobre o seu ter encontrado o que poderia ser a fortuna perdida da família de Lilian. Quando a família dela deixou o casarão, aconteceu um incêndio e eles perderam uma grande quantidade em ouro. Seu pai descobriu documentos, diários e textos que provaram a existência do dinheiro e por isso, tentou acha-lo e Lilian acha que ele realmente encontrou. Aquela maluca pensa que seu pai deixou alguma pista de onde estava e por isso nunca disse a ninguém.

Quando Lottie parou de me abraçar, desviei minha atenção para o mapa tentando entender e ligar todos os pontos sobre o assassinato, o dinheiro perdido e claro, a ligação de Sam sobre tudo aquilo, afinal, fora ele quem também me avisou sobre o perigo.

- Mas então, se fora meu pai quem achou... por que ela me odeia? Quero dizer, por que tem tanto ódio contra mim?

- Essa é a pior parte. – ela me olhou bem fundo em meus olhos, estava com uma aparência cansada e um pouco pálida. – Lilian acha que você é como seu pai e não sei, ele deixou alguma coisa para você encontrar o dinheiro. Aquela maluca tem medo de você encontrar a fortuna e simplesmente desaparecer. Ela quer aquele dinheiro mais do que todos e não vê a hora de se livrar de todos os alunos. Principalmente de nossa família, ainda mais porque ela tem noção de que eu já sei de tudo.

- Por isso ficou tão preocupada achando que Lilian me feriu?

- Sim. – Charlotte suspirou. – Ela me trata como uma aluna com mérito, sendo que já me ameaçou algumas vezes e bom, me jogou contra a parede com ajudo daqueles seguranças. Mas isso não é nada, não se preocupe. Quem está em perigo é você.

Tentei manter a calma, continuar pensando racionalmente, porém ao saber que minha prima já havia sido atacada por Lilian, tudo o que eu conseguia pensar era ir até a sala dela e jogá-la pela janela.

Lottie nunca faria mal a nem mesmo uma mosca, quem dirá pegar o dinheiro da fortuna perdida da família de Lilian e desaparecer, ela não merecia nada daquilo. Tudo agora havia feito completo sentido e o medo que eu tinha ao entrar no internato, também havia um porquê – o olhar de Lilian era mortal, perigoso e ameaçador, provando o quão verdadeiras as palavras de Charlotte eram.

- Ela quer se livrar de mim. – sussurrei, minha voz não tinha força. – Aquela mulher doente, quer se livrar de mim.

O olhar de Charlotte se tornou ainda mais super protetor, ainda mais quando passou um braço ao redor de meus ombros e enxugou uma lágrima que insistiu em fugir de meus olhos. Eu não conseguia dizer nada que soasse coerente, além do que disse anteriormente, o medo já se alastrara por todo meu ser.

- Eu tenho que sair daqui. Eu preciso sair daqui, Charlotte! Lilian vai me matar, como fez com meu pai! – minha respiração já estava ofegante. – Meu Deus, eu estou em perigo, ele...

Sam estava certo. Esse deveria ser o final da frase, porém eu já não encontrava forças para fazê-lo.

- Mel, se acalma! – disse ela tentando me manter sã. – Você precisa ficar aqui. Liliam é louca e é perigosa para todos aqui, temos que achar uma forma de nos livrarmos dela. – Charlotte me entregou o mapa em que havia mais detalhes. – Se há uma fortuna aqui, temos que encontra-la. Se acharmos primeiro, temos mais chance de nos livrarmos de Liliam, então ela não vai poder tocar em você, pois teremos o que ela quer.

- Como vamos fazer isso?

- Vamos precisar de ajuda. – ela pensou por um instante. – Tem uma pessoa no internato que conheceu seu pai, ele sabia que Liliam o queria morto, então soube no mesmo instante que você estava em perigo. John a queria no Noerth England nesse momento por uma razão e talvez, quem o conheceu tem as respostas que você precisa. Melanie, por mais impossível que isso pareça, você tem que encontrar quem seu pai colocou no internato para ajuda-la.



Antes de me jogar sobre minha cama, arranquei uma folha de papel que estava sobre a escrivaninha e anotei todos os detalhes que eu precisaria a partir de agora.

“1 – Sam sabia de algo, pois me avisara sobre eu estar em perigo no internato antes mesmo de Lilian me ameaçar e Charlotte me contar tudo.” Essa era, provavelmente, a parte mais suspeita entre todas, a qual mais me deixava curiosa e faminta por respostas.

“2 – Lilian Mean matara meu pai. O motivo era que ele conseguira o cargo no internato que ela sempre quis e nunca pôde ter por sua saúde mental ser debilitada e ainda por cima, meu pai – provavelmente – sabia a localização da fortuna perdida da família Mean.” Quando terminei de escrever o segundo item, senti meu estômago revirar e algumas lágrimas escorrerem por meu rosto. a morte de meu pai era difícil de ser lidada, ainda mais por nossa conexão sentimental. Então, será que isso tinha algo a ver com o fato de ele me querer no internato mesmo sabendo de todo o perigo?

“3 – Charlotte sabia de tudo.” Esse item mexeu um pouco com meu emocional, pois Lottie estava em perigo tanto quanto eu. E tudo que eu menos queria no mundo, era ver minha prima ferida ou pior, morta.

“4 – Havia alguém ali dentro que conhecera meu pai e só estava no internato para me ajudar.” Havia tantas possibilidades, as quais tornavam todo aquele plano ainda mais impossível. Se é que havia mesmo um plano em minha mente.

“5 – Quem era essa pessoa?”

Dobrei o papel diversas vezes até que ele estivesse num bom tamanho para que coubesse em meu bolso da calça jeans. Como não havia nenhum sinal de Jesse há pelos menos duas horas, decidi caminhar um pouco e tentar esfriar a cabeça e nada melhor para isso do que um campo quase totalmente vazio bem longe do prédio do internato. Caminhei lentamente pelos corredores evitando as pessoas e seus olhares seguindo em direção a porta principal, ignorando até mesmo, os olhares insistentes dos seguranças acompanhando-me até fora do internato.

Senti uma pontada de vontade de jogá-los contra uma parede ou sei lá, qualquer coisa com instinto assassino, porém, meu lado racional venceu e desviei minha atenção deles. Charlote dissera que fora atacada por Lilian com a ajuda de alguns daqueles homens e por isso, meu ódio por eles.

Encontrei o último banco, um dos mais próximos do portão, então, fiquei por ali mesmo, jogando-me pesadamente contra a madeira ignorando a pontada em minhas costas. Pensei em meu pai, lembrei dos momentos em que ele me ajudava a pensar melhor, dos momentos em que me ensinou a ser uma lutadora, não importava a situação. Mas então, as imagens de meu pai sendo morto pelas mãos daquela mulher começaram a surgir em minha mente, causando-me uma crise nervosa mais intensa do que a esperada. Coloquei os joelhos dobrados contra meu peito e escondi meu rosto ali, segurando os fios de meu cabelo fortemente com os dedos.

Assim como uma criança.

- Você está bem? – abri meus olhos encontrando Sam com um ar preocupado. Ele estava com um moletom marrom avermelhado de gola V e uma calça jeans um pouco mais escura que minha blusa. Seus cabelos negros estavam bem penteados, porém começavam a se bagunçar por causa do pouco vento.

Vendo sua imagem preocupada bem a minha frente, um minúsculo sorriso escapou de meus lábios.

- Acha mesmo que uma garota se descabelando e com o rosto entre os joelhos é um sinal de que ela está bem? – havia um grande peso de sarcasmo em minha voz, mas isso só arrancou um riso de Sam.

- Não. – brincou. – É que achei que soaria educado se eu perguntasse se você estava bem. Mesmo que a resposta fosse não.

- Não estou. – joguei as palavras sobre ele antes de fechar os olhos com força e voltar minha cabeça para entre meus joelhos sem me importar com a imagem que ele via. – Nem um pouco bem.

Ele ficou em silêncio por longos segundos, como se estivesse pensando em algo a dizer.

- Sabe que pode me contar, não é? Não sou do tipo que vai espalhar para todo internato que você está com algum problema sério ou coisa parecida.  – murmurou. Mesmo sem olhá-lo, seu sentia em suas palavras que ele estava sorrindo. – Não sei o que aconteceu, mas parece ser grave.

Engoli um seco.

Grave? Meu problema não era apenas grave, era um turbilhão de emoções misturadas em uma confusão mental completamente perturbadora. Descobrir que seu pai morrera pelas mãos da diretora de seu internato não é bem a melhor notícia do mundo, se é que isso pode ser considerado notícia. E o pior de tudo, era que a dúvida sobre Sam ainda perturbava meus pensamentos, impedindo-me de raciocinar direito.

- Você me disse que eu estava em perigo aqui. – sussurrei entredentes. Sam apenas assentiu. – E que eu precisava abrir meus olhos para o North England. O que isso quer dizer?

Sam me encarava de uma forma pensativa. Por um momento, achei que ele fosse se recusar a me dizer o que tinha em mente, mas durou apenas alguns segundos agoniantes.

- Quer dizer que tem algo a perseguindo. E não um fantasma ou sei lá o que se passou na sua cabeça. – um meio sorriso escapou de seus lábios. – Tem algo a perturbando, algo de seu passado que retornou com força total.  Você está com medo e, sinceramente, eu estaria da mesma forma se estivesse no seu lugar.

Com uma retomada de coragem que eu precisava, virei-me no banco até ficar cara a cara com ele. Se eu quisesse ouvir o que precisava ouvir vindo dele, seria olhando em seus olhos.

- Sam, apenas me responda. – disse. – Você conheceu meu pai?




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Notas finais do capítulo

Quando essa fic acabou todo mundo dizia que o Sam era o futuro "galã" UHSUHSUSHSUHSUSH se eu contar pra vocês que achei por ai o Sam da vida real.... mds



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