O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Tenho uma hora pra acabar e não ficar ruim pra quem ta lendo, tomara que eu consiga! Bora Giovana UHSUSHUSHSUSH



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A cadeira em frente à mesa de Lilian pareceu muito convidativa comparado ao olhar altamente confuso para mim da diretora, a qual sentou-se em sua cadeira do outro lado sem olhar-me no rosto nenhuma vez. Eu nunca havia estado em sua sala ainda, tinha pelo menos o dobro de meu quarto com a mesa dela bem no centro da sala, com muitas prateleiras de livros e estátuas desconhecidas. Bem atrás de onde a diretora estava, havia uma pequena porta de madeira, algo que deveria estar ali desde a época que o internato fora a casa dos antigos familiares de Lilian. Perguntei-me até onde aquela porta iria dar, mas meus pensamentos foram interrompidos por ela.

- Nossa conversa pode ser confusa no início, Sra. Overton, mas creio que ira acha-la... construtiva. – disse ela de repente. Liliam olhava fixamente para algum porta-retratos que estava sobre uma de suas mesas atrás da cadeira atrás de mim. – Meu querido internato North England é um exemplo para muitos outros colégios internos da Inglaterra e como já deve ter entendido, zelamos por um comportamento exemplar de cada aluno. Mas... você não é uma aluna, digamos, comum.

Franzi o cenho.

Como eu não poderia ser uma aluna comum? Havia acabado de chegar, já enfrentara professores estranhos, alunos ainda piores e claro, um garoto que me avisara que eu não estava segura! O que esperam de mim?

- Sua prima, Charlotte Overton é uma aluna de mérito, então você tem uma posição de vantagem no internato, pois, consequentemente, já possui a vantagem sobre os outros alunos. E já deve ter conhecimento de que seu pai também estudara aqui há muito tempo atrás.

O olhar de Lilian vagou lentamente em minha direção, como se estivesse me lançando um desafio estranhamente assustador. Ignorei o arrepio que me percorreu a espinha e repassei mentalmente suas palavras. Meu pai estudara aqui? Como nunca soube disso?

- Meu pai? – eu não conseguia manter meu olhar preso ao dela, tanto que tive que desviar para continuar o ar de dúvida. – Não pode ser verdade, nunca ninguém jamais me dissera nada sobre isso! Quero dizer, como eu não sei que meu pai estudou no mesmo internato que eu?

Lilian observou-me por longos segundos, avaliando a situação a procura de falhas. O desafio ainda permanecia explícito em seu olhar, porém, eu não o conseguia entender o motivo de ele existir, afinal, o que meu pai tinha a ver com tudo aquilo?

Eu sabia que havia algo em relação ao North England que me trazia sensações confusas e horripilantes, como no caso de Sam e todo o seu mistério do porquê estar ali, entretanto, eu sentia que o que me deixava inquieta, ia além de Sam.

Havia algo muito estranho no internato e na diretora maluca.

- Sim, ele estudou. – Lilian se ajeitou em sua cadeira, até finalmente apoiar os braços na madeira, ficando bem a minha frente. – Na verdade, se formou aqui e logo depois, foi uma das pessoas que teve a idéia sobre os fiscais, se tornou um dos diretores. – sua expressão ficou assustadora de repente. Liliam não parecia mais a mesma diretora inquietante e sim, uma pessoa fria e calculista, alguém que estivera planejando algo por tempo demais. – Seu pai fora a pessoa que decidiu me esconder... alguns detalhes e apenas pessoas como ele, especiais, poderiam saber.

Havia um quê de nojo em seu olhar, o qual ao mesmo tempo que parecera ameaçador, fora extremamente frio. Eu me senti como um cervo sendo perseguido por leões esfomeados, sendo assim, Lilian o leão. Não havia nenhuma razão para estar acontecendo aquilo, ainda mais porque eu nunca soube de nada e a última frase de Lilian, sobre meu pai ter criado uma maneira de esconder algo dela, não fizera sentido nenhum.

Torci os lábios.

- Não entendo o que quer dizer. – falei. – De que detalhes estamos falando?

Seu olhar, mais uma vez, me lançou um desafio como um policial tentando arrancar uma confissão de um ladrão. Havia algo muito estranho acontecendo ali e algo me dizia que tinha a ver com o aviso de Sam.

- Não se faça de boba, mocinha. – ela estava séria, perigosa e ameaçadora, e pela primeira vez, realmente senti medo dela. – Seu pai é culpado de tudo. Se eu estou aqui agora sofrendo o que sofri, a culpa e totalmente dele e apenas ele. Srta. Overton, se sabe de alguma coisa, é bom começar a contar.

- Só tem um problema, eu não sei de nada! – a esse ponto, eu já estava de pé à frente da cadeira e praticamente gritando com ela. – Não faço a menor ideia do que você está falando, eu nem ao menos conheci direito meu pai e nunca soube que ele estudou aqui e foi diretor!

Por mais que eu estivesse sendo verdadeira, Lilian tornou sua expressão para ameaçadora novamente, principalmente quando se apoiou à mesa a sua frente, se aproximando ainda mais de mim até que nossos rostos ficassem perigosamente próximos.

- Os Overton podem ser qualquer coisa, exceto por burros, Sra. Overton. Não me teste, eu posso ser muito insistente quando quero.

- Então seja insistente com quem mereça! – aumentei o tom da voz ainda mais, saindo de perto daquela mulher completamente louca o mais rápido possível.

Eu tinha vontade de jogar tudo pelos ares, chutar a primeira coisa que estivesse a minha frente. Lilian jurava de pé juntos que eu escondia algo dela, algo que meu pai fizera há muitos anos atrás, só deixando essa ideia ainda mais ridícula e impossível. Não havia como lidar com aquilo de uma forma racional.

Quando eu estava prestes a sair pela porta de sua sala, ouvi a voz ríspida e altamente perigosa bem atrás de mim.

- Melanie? – olhei-a apenas de rabo de olho, porém continuando com o corpo na direção do corredor. – Eu estava sim me referindo a você como aluna especial. Você e toda a sua família. – ela falava com a voz firme. – Acredite, não contaram a você a história toda de sua família, principalmente a de seu pai. Se eu fosse você, andaria por esses corredores com a atenção redobrada.

Cerrei os pulsos e sai da sala sem olhar para trás.



Enquanto assistia a um jogo de Sam e de alguns garotos da outra turma depois das aulas, não conseguia manter minha mente vazia nem mesmo por um segundo. As cenas da conversa com Liliam ficavam rondeando minha cabeça a cada, não me deixando em paz. Suas palavras se repetiam em minha mente, como a parte em que ela me contara sobre meu pai e sobre as coisas que ele escondera dela. Não havia sentido nenhum, como eu poderia saber de algo sobre meu pai no North England, sendo que nunca nem soube dele ali.

Deixando-me ainda mais preocupada, eu tinha a sensação de estar sendo vigiada a todo instante, como se pessoas estivessem me encarando ou sendo perseguida pelos corredores. Algumas vezes, olhei em volta pelo campo e percebi a movimentação constante de seguranças por todos os lados.

- Quem são eles?

- Seguranças de Lilian.- respondeu Jes. – Acho que são para os “alunos problema”, não tenho certeza. Carly acha que é porque um garoto do último ano arrumou uma briga no refeitório e ameaçou um fiscal com um canivete.

Engoli um seco.

- Não é muito estranho terem colocado seguranças só agora? Quero dizer, se sabiam que haviam esses alunos perigosos, já deveriam ter aumentado a segurança.

Jes deu de ombros.

- Sim, mas Lilian não é muito preocupada com segurança. Só quando é a respeito dela. – Jes soltou um risinho. – Não duvido nada que esses seguranças sejam para ela mesma e não para os alunos.

Olhei disfarçadamente na direção de dois seguranças, os que estavam mais próximos de nós na ponta de uma das arquibancadas. Os dois vestiam roupas totalmente pretas e coletes à prova de bala. Em uma das mãos, usavam para arrumar o que possivelmente usavam para se comunicar com os outros seguranças.

Percebendo meu olhar, os seguranças me encararam instintivamente e continuaram com o olhar sobre mim por muito tempo, até mesmo quando eu desviei. Havia algo errado com aqueles seguranças, não deveriam estar nos encarando tanto, não quando existiam alunos muito piores usando canivetes e sei lá mais o que.

Olhei para o campo a tempo de ver Sam quase marcando um gol, porém  quando fora comemorar acabou sendo atingido por um garoto do outro time, quase que numa vingança. O mesmo tentou arrumar uma briga com Sam, quem apenas deu de ombros e voltou para o centro do campo como se nada havia acontecido.

Tirei minha atenção do jogo novamente, tentando ligar os pontos daquela conversa com Lilian e tentar entender o sentido de tudo aquilo. Jes estava sentada ao meu lado vibrando a cada quase gol de Sam ou qualquer outro garoto. Do outro lado dela, Carly ouvia música com fones de ouvido e parecia inerte ao jogo, enquanto Roman gritava diretamente para o goleiro.

- Mel, não me diga que ficou preocupada com todo esse lance de seguranças e tal. – murmurou Jesse de repente, tirando minha atenção de meus pensamentos.

- Não fiquei. É que... tem muita coisa no North England que não faz sentido.

- É porque escolas não têm sentido. – nós duas rimos. – O dia que o North England fizer sentido, eu vou estar muito longe daqui estudando em Harvard.

Havia um brilho em seu olhar quando falara sobre sair dali e estudar em Harvard, provavelmente o maior sonho de Jesse era nunca mais ver o internato na sua frente e se mudar para algum lugar bem distante dali. Não posso negar, sair dali também havia se tornado um dos meus maiores sonhos.

- Ahn... Jes, você viu minha prima por ai? Não acho que ela saiba que já cheguei, porque não veio me ver ainda.

- Jonah me disse que ela estava no refeitório hoje de manhã antes das aulas e que iria para o quarto. – arqueei uma sobrancelhas. – O que?

- Como esse Jonah sabe de tantas coisas?! – sorri.

- Bom, talvez quando se é um tarado como ele que consegue todas as garotinhas inocentes que quer... se consegue saber de tudo. – ela fez uma careta, o que me arrancou risos. – Ah, você me entendeu! Ele sabe de tudo.

Apenas assenti ainda rindo. Peguei meus livros ainda da última aula, os quais estavam sobre o banco da arquibancada e antes que fosse embora, ainda tive tempo de ver Sam fazendo seu segundo gol. Seus olhos desviaram na direção da arquibancada e a me ver, um sorriso largo se esticou em seus lábios e logo depois, acenou em minha direção. Porém, mesmo com toda aquela alegria estampada em seu rosto, havia um quê de preocupação, provavelmente a respeito do aviso que me dera algumas horas mais cedo.

E mais uma vez, percebi que o que ele dissera, tinha ainda mais a ver com o que Lilian dissera. Estava tudo interligado, desde o aviso de eu estar em perigo de Sam e das ameaças de Lilian.

Agora tudo fazia sentido.

Lilian, a diretora do internato North England, era perigosa.

E eu, estava em perigo.

Assenti negativamente tentando afastar os pensamentos negativos e o medo e fui para dentro do internato atrás de minha prima Charlotte, a única pessoa que poderia me explicar o que estava acontecendo naquele inferno. Entrei no dormitório ainda surpresa com a quantidade de meninas que perambulavam por ali discutindo, conversando, rindo, olhando-me torto e entre outras coisas. Finalmente encontrei o segundo quarto de um dos primeiros corredores, o mais distante do meu. Como a porta estava trancada, impedindo-me de fazer uma surpresa a ela, bati na porta esperando ansiosamente os olhos verdes de Charlotte aparecerem e seu sorriso contagiante.

Ouvi um som suspeito de dentro do quarto até que finalmente ela abrir a porta, aumentando um sorriso que já existia em seu rosto. Sem nenhum aviso, Charlotte jogou-se sobre mim abraçando-me muito forte e ainda por cima, me balançando sem dó nem piedade.

- Melanie!! – berrou ela chamando a atenção de todas as garotas naquele corredor.  – Minha nossa, achei que não viria me ver nunca!

- Oi, Lottie. – retribui seu abraço. – Não tente me culpar, você também não veio atrás de mim.

- Ml desculpas! – exclamou ela puxando-me pelo braço para dentro do quarto. – Estou muito ocupada com os projetos das aulas e tal! Nem fiquei sabendo que você chegou, Lilian não me avisou e...

- Nem diga o nome dela. – interrompi torcendo os lábios. – Esse nome me dá arrepios.

De forma repentina, o olhar de Lottie se tornou sombrio com um misto de confusão e medo.

- Mel... por que? – ela engoliu um seco segurando-me pelos ombros. – Pelo amor de Deus, Melanie, o que ela fez para você?

Senti o medo em suas palavras trazendo mais uma vez os calafrios para meu corpo. Charlotte pareceu extremamente assustada ao perceber que o nome de Lilian já me incomodava, porém, isso não era o pior, ela realmente achou que Lilian fizera algo para mim.

- Nada. – murmurei desconfiada. – Ela tem motivos, por acaso, para me fazer alguma coisa de mal?

Charlote soltou um longo suspiro cansado, indicando-me sua cama para que eu me sentasse. A energia do quarto era tranquila, porém se tornara pesada desde que o nome da diretora preenchera o local.

- Sente-se, tenho muito o que contar.







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Notas finais do capítulo

Meus instintos de leitora e escritora me dizem que vem treta ai
:) xx



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