O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 42
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

aaaaaaaaaah como eu choro com essa história, pqp!
@gigicarlesso @StoriesFF



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Colocaram-me para fora da sala de cirurgia, dando-me apenas segundos que nunca quis tanto que fossem intermináveis. Olhei uma última vez para os lábios rosados, os cabelos negros e aquela expressão timidamente perfeita que sempre me deixara sem fôlego.  Hesitante, depositei um último beijo em seus lábios e deixei a sala dando uma última olhada nela. Eu estava deixando Melanie nas mãos experientes do médico que acabara de dizer que ela poderia morrer, entretanto senti uma leve confiança ao vê-lo sorrindo para mim pouco antes de entrar na sala e as portas se fechassem.

O som de quando a porta fechou foi como um susto, um baque estranho que inundou meus ouvidos e inibiu o som do resto do que acontecia em volta. Senti-me estranho quando ouvi aquilo, mas me mantive andando até o conjunto de cadeiras colocado ao lado da sala.

Meu corpo caiu pesadamente sobre a cadeira cinzenta e fechei os olhos – lembrei de tudo, desde o começo quando a vi pela primeira vez e quando John Overton disse-me para cuidar dela.

Por um momento, senti como se ele estivesse ao meu lado, olhando-me com os olhos em que os da filham eram perfeitas réplicas. Murmurei comigo mesmo de que estava ficando louco, mas então percebi que aquela era uma maneira de esquecer o que acontecia a minha volta.

Eu sentia falta de vê-la bem, sentia falta de quando já estava preparando uma vida ao lado dela, um futuro. Voltar a pensar nisso só fez com que as lágrimas voltassem a inundar meus olhos e eu tive que pensar positivo para que não desabasse novamente.

Ela sairia bem daquela cirurgia.

Eu sabia disso e alimentaria minhas esperanças até o final.

Mesmo que fosse burrice.

Mesmo que fosse mentira.

Olhei para a tela de meu celular lembrando-me que Jesse e Roman estavam em algum lugar afastado do centro de Londres com Liliam presa, prontos para entrega-la para a polícia. Aquilo me causou uma perturbação na mente e tudo que consegui pensar fora: ela não pode escapar.

Toquei com meus dedos hábeis a tela do celular procurando pelo número de Jesse ou de Roman e quando enfim encontrei, disquei-os esperando a voz desesperada de algum dos amigos de Melanie dizendo a melhor coisa que eu poderia escutar naquele momento.

Que Lilian estava atrás das grades.



 Jesse

Não sabia bem o que pensar naquele instante, tudo que se passava por minha mente era que a viatura não aparecia. Lembro-me da voz rouca do policial e de como ele tentou acreditar em mim, achando na verdade que tínhamos sequestrado Liliam, a diretora do North England e estávamos tentando culpa-la. Resmunguei comigo mesma para não mandar ele para o inferno, pois isso não ajudaria em nada.

- Estaremos ai em no máximo 30 minutos. – lembro-me de ouvir a voz do policial dizendo por trás da linha.

Roman me encarava procurando por respostas, o que o policial poderia ter dito, porém permaneci quieta, pois não queria dar explicações. Muitas coisas se passavam por minha mente e tudo que eu conseguia fazer era tentar coloca-los em ordem numa forma que eu conseguisse pensar direito. Ele apenas piscava, olhando-me fundo com aqueles olhos negros penetrantes tentando arrancar-me uma resposta. E foi infelizmente o que ele conseguiu.

- Roman, será que pode parar de me encarar, pelo amor de Deus! – berrei jogando a folha onde havia o número da polícia nele. Ele riu com aquela cena, porém voltou a ficar sério segundos depois. – Eles estão vindo! Mas não estavam querendo acreditar muito em mim.

Ele revirou os olhos como se isso fosse óbvio.

- Claro, três adolescentes com uma mulher de... – ele olhou para Liliam amarrada no chão. – 70 anos amarrada em um galpão velho de ferramentas longe do centro de Londres pedindo por ajuda porque a velha teria ferido e assassinado centenas de pessoas e planeja coisa pior. – ele repetiu todas as informações, mas um pouco mais detalhada e irônica.

Sem pensar duas vezes, dei um tapa bem dado no topo da cabeça de Roman.

- Pare de brincar com isso! – falei irritada. – Não tem graça! Eles deveriam acreditar, pois quando verem todas as coisas que essa filha de uma...

- Nada de palavrões, por favor! – interrompeu-me ele com as mãos erguidas no ar numa forma de me parar. – Tudo bem, eles deveriam ter acreditado, mas não têm uma mente tão aberta quanto a nossa. Acredite, deve ser muito difícil acreditar numa história como essa.

Ok, policiais deveriam sim ouvir loucuras como aquela todos os dias, entretanto, fora como se criassem motivos para não acreditar que havíamos mesmo sofrido na mão da diretora do internato North England por dois meses inteiros. Alguns, por até bem mais que isso.

Porém, o olhar insistente de Roman fez-me acreditar que se tratava mesmo de uma loucura nossa história pelo o que passamos. Eu sentia medo de eles não virem, pois o olhar de Lilian constante sobre mim estava começando a me meter ainda mais medo que o normal.

Mas, droga, eles tinham que vir!

- O que faremos com ela enquanto isso? – perguntou ele apontando para a velha louca no chão. Havíamos colocado um pedaço de pano amarrado à boca dela, pois eu estava cansada de ouvir ameaças. E isso também me impedia de dar uns bons tapas naquela maldita.

Jonah estava do lado de fora esperando pelos policiais e também ligava para as pessoas do internato à procura de informações sobre os seguranças agindo e alguma presença estranha no internato.

- Deixe-a ai. – resmunguei indo para a outra parte do galpão, me sentando num banco de madeira feito pelo próprio dono das ferramentas. Como eu sabia disso? Em todas as coisas aparentemente feitas a mão estavam com a mesma assinatura, provando quem seria o dono. – Não quero ouvir nenhuma ameaça da velha louca.

O banco no qual eu estava sentada era macio, pois possuía um acento feito de almofadas vermelhas. Minha mãe é uma decoradora e provavelmente adoraria aquele banco. Roman se sentou ao meu lado observando minhas reações, parecia até solidário comigo.

- Vamos conseguir, Jes. – quando aquelas palavras soaram em meus ouvidos, foi como música. Ele pegou minha mão pousada em meu colo e a prendeu com a sua. Virei-me para ele, Roman era uma pessoa incrível, eu tinha a noção disso, mas apenas agora percebi que estava... gostando dele. – É só acreditar um pouco.

Pela primeira vez, eu não senti voltado de estapeá-lo e sim, apenas ouvi-lo dizendo que tudo ficaria bem. Com essa imagem, não consegui conter uma careta por perceber a forma com que eu estava agindo.

Roman se aproximou lentamente de mim, a mão direita retirou uma mecha de meu cabelo a qual caia sobre meus olhos, colocando-a atrás de minha orelha. Quando percebi, a mesma parou em meu queixo, erguendo-o para que ficasse na altura do dele. Seus lábios tocaram os meus, no começo de leve, até que senti-o os abrindo, fazendo com que se tornasse um beijo de verdade.

Passei meus dedos por seu cabelo como sempre quis fazer enquanto os dele passeavam por minha cintura, mesmo eu estando sentada. Surpresa pela intensidade do beijo, consegui esquecer todos os problemas externos finalmente me sentindo segura. Havia ficado tanto tempo o odiando e rindo com ele, que não percebera um sentimento que começou a crescer nesse meio tempo.

Não sei por quanto tempo ficamos nos beijando, pois o tempo parecera parar por alguns instantes, como se o mundo inteiro perdesse sentido e todo o meu mundo girasse apenas em torno de Roman.

Por mais incrível que isso pareça.

- Finalmente... – ele sussurrou com os lábios de encontro aos meus.

Não consegui evitar um sorriso ao ouvir isso e voltei a beijá-lo, porém com mais intensidade.

Bom, até que o celular começou a tocar.



Sam

Demorou longos minutos até que finalmente ouvi a voz entrecortada de Jesse do outro lado. Não sei se era minha mente confusa e cheia de pensamentos ou se a voz dela estava mesmo ofegante. Confuso, esperei que ela respondesse a minha pergunta – a qual eu nem me lembrava mais – para que eu pudesse saber se estava tudo bem.

- Sam? – ouvi-a dizer. – Sam, o que aconteceu?

- Acabei de chegar num hospital com a Mel. – murmurei, minha voz estava fraca e falhada – Ela... ela está numa cirurgia.

- Cirurgia? – Jes praticamente gritou em meus ouvidos. – Como assim cirurgia?

- Ela... – mordi o lábio para reprimir o choro e continuar falando. Droga, por que eu tinha que ser tão emotivo? – Ela pode morrer, Jesse. A infecção já está generalizada, se a cirurgia não der certo... a Mel morre.

Sabendo que eu não aguentaria conter o choro, desabei em lágrimas mesmos sabendo que Jesse ouvia a tudo do outro lado da linha. Ignorei o fato que eu estava me sentindo vulnerável, mas ao ouvir o som do outro lado, soube que não era o único.

Jesse começou a chorar no telefone, coisa que não me ajudou muito naquele instante. Forcei-me a ficar de pé e pronto para tudo, mas era como se lembrar de que o amor de minha vida poderia morrer e estava na sala ao lado, acabava com minhas esperanças.

Mas ainda existia esperança, não é?

Ela não morreria, pois eu não ia deixar.

Nunca.










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Notas finais do capítulo

Sam :'(