O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 41
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que chegou numa parte bem drástica agora, mas faz parte um draminha né? Tomara que tudo dê certo, o estado da Mel é muito ruim...
Boa leitura :)



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Ouvir a voz dolorosa de Sam, a surpresa nos olhos de Jes e a forma com que Roman e Jonah me olharam, foi demais para até eu aguentar. Desabei no chão usando uma das mãos para me apoiar enquanto a outra estava no ferimento. Agora, eu não conseguia mais conter os gritos dolorosos por causa da dor do ferimento, eu aguentara por muito tempo tentando ser o mais forte possível e não uma inútil, mas agora... tudo o que eu queria fazer era gritar.

Eu me sentia fraca, sem forças até mesmo para gritar. Tive que forçar meus pulmões para que meu desespero pudesse deixar meu corpo. Mesmo sabendo que estava gritando de uma forma rouca, era como se tudo estivesse em silêncio, eu não ouvia absolutamente nada. Meus olhos estavam fechados, eu não queria olhar o desespero no olhar deles, queria saber que apenas o meu era visível.

Meu coração batia regularmente, mas em certos segundos falhava, me faltando ar. Eu queria dizer que estava tudo bem, eu queria poder estar comemorando por finalmente termos pegado Liliam e eu queria estar feliz por finalmente poder ter uma vida normal. Entretanto, a infecção causada pelo ferimento e por minha teimosia em não ficar quieta comprometeu tudo isso e mais um pouco.

Eu queria morrer de uma vez e livrar aquelas pessoas do sofrimento, seria menos doloroso se eu simplesmente desaparecesse.

Olhei para cima vendo os lábios de Sam se moverem, ele dizia algo para mim, porém eu não conseguia escutar.  Jes chamou por Roman desesperadamente, sendo que ele estava ao seu lado o tempo todo. Já Roman e Jonah, não demonstravam nenhum tipo de reação, pareciam surpresos demais para dizer qualquer coisa. Senti os braços de Sam me erguendo e tudo que ouvi antes de desmaiar foi:

- Nada de enfermaria, ela precisa de um hospital.



Jesse

Nada pôde explicar o que eu estava sentindo naquele momento, ou possivelmente Sam. Estava estampado nos olhos negros dele o quão estava preocupado e a beira de desistir quando pegou Mel no colo e seguiu para fora do galpão antigo de ferramentas de um mecânico que morreu há seis anos atrás. Ela desmaiou no colo dele e com a blusa solta, pude ver a vermelhidão em sua pele branca, estava cada vez pior.

Sam parou na calçada em frente à rua, pedindo desesperadamente por qualquer carro que parasse e os levasse para um hospital. Roman permaneceu ao meu lado, porém ao ver como Sam não conseguia mover direito as mãos com Mel em seu colo, foi até a calçada ajudando-o a chamar um carro.

Mel, desacordada, parecia ainda pior – seu rosto estava pálido e sem vida, os lábios roxeados e o cabelo molhado de suor grudava em sua testa. Eu não conseguia parar de chorar em vê-la daquela forma, acontecera o mesmo com Carly e tudo o que eu menos queria, era mais uma amiga morrendo.

Eu não podia perder as duas.

- Ninguém vai parar, Sam! – falei indo até eles com Jonah ao meu lado. – As pessoas não confiam em adolescentes pedindo carona!

- Talvez se eles verem Melanie, vão parar! – insistiu Roman desesperado. – Alguém vai ter que parar, não é possível que não estejam vendo a garota desmaiada!

Nesse instante, uma caminhonete azul parou no acostamento e o motorista – um homem idoso e com olhos bondosos – nos chamou pela janela. Corremos na direção da caminhonete rapidamente com Sam carregando Mel em seu colo, quem permanecia desacordada entre a vida e a morte.

- O que aconteceu com a menina? – disse o idoso olhando para Mel nos braços de Sam.

- Ela está muito ferida... acidente de carro. Precisamos leva-la a um hospital.– mentiu Sam, naquele tipo de situação, era melhor mentir do que tudo. O motorista fez um sinal para que Sam colocasse Mel no bagageiro e ele o fez, colocando-a lentamente. Sam se virou para mim, apontando para o galpão onde ele prendera Liliam nas correntes que antes estavam em Melanie. – Ligue para a polícia, Jes. – sussurrou ele. – Diga todas as coisas que ela fez e avise sobre Melanie e eu no hospital. Qualquer coisa me ligue, ok? Qualquer coisa.

Assenti para ele antes que Sam entrasse na camionete. O carro arrancou pelas ruas indo em direção ao hospital mais próximo, mas a pior parte provavelmente ficara comigo, Roman e Jonah – entregar a velha louca.

- Só eu acho que isso não vai dar certo? – disse Roman coçando a cabeça.

Sem hesitar, dei um tapa nele.

- Claro que não! – indaguei. – Não vamos ficar aqui discutindo se isso vai ou não dar certo, Sam confia em nós para entregar Lilian à polícia. E eu, não quero mais ela sequestrando alunos e quase assassinando todo mundo.

Jonah hesitou, mas acabou concordando comigo. Juntos, seguimos para dentro do galpão onde prendemos Liliam e alguns capangas que foram colocados no chão depois da luta com Roman e Jonah. Era um lugar estranho por dentro, mas nada se comparava com a presença assustadora de Liliam e seu ódio por termos conseguido rendê-la.

Ao alcançarmos o local onde ela prendera Melanie primeiramente, Lilian permanecia sentada ao chão gelado do local debatendo-se da corda amarrada em seus pulsos bem atrás do corpo. Seu olhar voltou-se para nós de uma forma horrenda e furiosa, parecia mais que ela voaria em nossa direção como um leão ataca sua presa.

- Vocês vão sofrer graves consequências! –rugiu ela trincando os dentes. – Soltem-me agora!

Sorri maldosamente, era bom ter o controle sobre a pessoa que teve controle sobre você por tanto tempo. Indo até ela, falei para Roman pegá-la pelos pulsos para a levarmos para fora dali.

- Como se fossemos obedecer mesmo. – falei sarcasticamente. – Jonah, ligue para a polícia, está na hora de acabar com esse inferno.



Sam

O caminho era longo demais, interminável e demorado. Eu sentia o desespero tomar conta de mim vendo Melanie daquela forma em meu colo – os olhos fechados por estar desacordada e o rosto tão pálido. Eu daria tudo para que fosse eu no lugar dela, faria de tudo para tira-la daquele sofrimento.

A dor em meu peito era forte, eu me culpava por não ter chegado a tempo, por ter sido um idiota no hospital. Ela não podia morrer, não sendo que nossa última conversa fora uma briga. Por que fui tão estúpido? Por que tive que brigar com ela daquela forma?

Quando o carro estacionou em frente ao hospital, tudo que tive em mente foi leva-la, sem parar nem um minuto sequer, seguir em frente e entrega-la a um médico que pudesse curar a minha Mel. Raphael, o motorista do carro em que nos deu carona, disse que me ajudaria a leva-la sendo uma pessoa muito boa em confiar em duas pessoas que jamais viu na vida.

- Ande, conheço um médico de plantão que pode ajuda-la. – disse Raphael me guiando para dentro do hospital.

Enfermeiras e pessoas que trabalhavam no hospital nos olhavam confusos quando entrei com Mel no colo. Estar com ela desacordada me deixava sem rumo e um tanto confuso, com certeza sentindo a falta de seu sorriso e de sua voz me acalmando. Era torturante, perturbador, ainda pior do que ser ameaçado de morte por Lilian.

Raphael me guiou até a secretaria do hospital onde um homem grisalho e com avental de médico nos atendeu, levando os olhos diretamente para a enorme vermelhidão na região das costelas e cintura de Melanie. Sem nem ao menos dizer nada, o médio mandou uma enfermeira colocar Melanie numa maca, ajudei-a colocando minha Mel deitada. Ela estava com a expressão calma, mas eu sabia que reprimia a dor mesmo desacordada.

Observei a maca levando-a até uma sala próxima e desaparecendo por trás da porta.

Perturbado por não poder ir com ela, eu me sentia destruído por dentro. Não conseguindo conter as lágrimas fugindo de meus olhos e fazendo-me finalmente mostrar minha parte vulnerável. Desde a primeira vez que a vi no internato, lembro como fora a única a me conhecer de verdade e não me julgar por rumores. Lembro-me de seu sorriso a me ver, os olhos alegres sempre felizes.

Tudo o que eu mais queria naquele momento, era voltar aos dias em que estávamos todos bem.

- Como surgiu aquela infecção, jovem? – perguntou o médico olhando na minha direção. Infelizmente, naquele caso eu não poderia mentir.

- Ela levou uma facada. – Raphael e o médico exibiram uma expressão surpresa. – Uma facada da nossa... diretora. Estudamos no internato North England.

- Isso é uma acusação muito grave, garoto. – o médico permaneceu algum tempo em silêncio até que resolveu ignorar essa informação. – Qual o seu nome e o da jovem?

- Sou Sam Bower. – falei. – Ela é Melanie Overton.

O médico – a quem identifiquei como Dr. Thompson -  indicou com a cabeça que eu e Raphael o seguíssemos até a sala onde Melanie fora colocada. Ao chegarmos, vi a enfermeira levantando a blusa de Mel, assim como a do internato fizera, fazendo com que tivéssemos uma visão perfeita da infecção. O Dr. foi até ela e começou a examina-la. Depois de segundos em silêncio, ele torceu os lábios.

- Como eu suspeitava. – disse ele. – É um caso de infecção generalizada, chamada de “Sepse”. É um pouco grave e... – ele suspirou olhando bem em meus olhos e nos de Raphael. – é possível estimar a possível... morte da paciente.

Aquilo me atingiu como um tiro. Agora, eu não conseguia mais negar a mim mesmo que Melanie estava bem e sobreviveria, pois não havia mais nenhum motivo para negar. Ela estava morrendo. Ela estava doente.

E eu não podia fazer nada.

Tive que me sentar na cadeira ao lado da maca, pois minhas pernas ficaram extremamente bambas. Minhas mãos tamparam meus olhos comigo tentando não pensar que havia acabado de ouvir tal informação. Isso não... isso era demais para mim!! Eu não ia aguentar!

- Ela... ela vai morrer, Doutor? – perguntei não conseguindo mais esconder as lágrimas.

Ele pareceu solidário comigo, vindo até mim e tocando gentilmente em meu ombro.

- Vamos fazer o possível, Sr. Bower. – disse ele. – Se a sepse não estiver completamente generalizada, Melanie terá uma chance. Podemos fazer um suporte cirúrgico e repor a pele onde infecção se iniciou por causa da... facada.

- Então, se fizer a cirurgia... – franzi o cenho. – Ela pode ficar bem?

- Possivelmente sim.






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Notas finais do capítulo

Todos rezando pela Mel! \O/