Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 9
Capítulo 9- Comer, rezar e... Dançar!




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– Todos os alunos de Strangers Place devem retirar-se de suas salas de aula. Em poucos minutos, todas as portas serão trancadas. Sem exceções. – dizia uma voz que ecoava pelos corredores.

Dei um longo suspiro e obedeci à voz desconhecida. Por um lado, sentia-me orgulhosa pela atitude que eu havia tomado, afinal era o que deveria ser feito. Porém, uma parte de mim fazia-me sentir completamente sozinha, fazia-me pensar que estar com Morin seria melhor.

Desejos errados, pensei.

Andar sem rumo não era uma coisa que me atraía muito. Perder-me em uma cidade grande, menos ainda. Então, descartei a ideia de conhecer a cidade sozinha e decidi ir até meu quarto. Nada mais do que isso.

Ao chegar, lembrei-me de que não havia conferido o e-mail de Vagance. Sei que faz menos de um dia que respondi, mas do jeito que eu a conheço, ela não pode ficar nem 24h sem notícias, e meu tempo estava se esgotando.

Como eu havia previsto, lá estava ele: Você possui uma mensagem nova em sua caixa de entrada.

De: Amber Osment (amb_vagance.ment@hotmail.com)

Para: Drew Kimberley (drewkim_262@gmail.com)

Assunto: Londres sente falta de você.

Então quer dizer que é oficial: Você está em Paris!!!!!!!! Você tem que me contar ABSOLUTAMENTE tudo... É legal aí? Você já visitou algum lugar? Michael não foi à aula hoje, ele deve estar se recuperando ainda porque você foi embora... Mas fala a verdade, você já se interessou por algum rapaz bonito? Papai quer ir para os Estados Unidos, de novo. A vovó está mal, acho que vai ser bom estarmos lá. Mas e a dança? Já conheceu sua equipe?

RESPONDE LOGO!

Saudades de você! Volta para cá!!

Amber

As milhares perguntas de Vagance embaralhavam-se em minha mente, e cada palavra fazia com que eu me sentisse pior. A primeira frase, confirmando mais uma vez de que estou longe de Londres. A terceira, a qual alegava que Michael havia faltado aula por minha causa, o que era mentira. A quinta, que me fazia pensar em Morin.

Mais uma vez.

De: Drew Kimberley (drewkim_262@gmail.com)

Para: Amber Osment (amb_vagance.ment@hotmail.com)

Assunto: E eu sinto falta de Londres...

Vagance, faz apenas um dia que cheguei, não tem como conhecer Paris inteira! Mas hoje eu vi a École Militaire e já que você adora a Revolução Francesa, saiba que Napoleão estudou lá. Mudando de assunto... Creio que essa parte sobre Michael faltar aula por minha causa não seja verdade, pois um pouco mais tarde no dia em que nos despedimos eu liguei para ele e, sinceramente, ele foi o cara mais idiota, cretino, miserável e insensível da face da terra. Ele disse que não namorávamos, porque ele nunca havia gostado de nenhuma menina ao ponto de pedi-la em namoro. Isso é realmente possível? Depois de tudo! Mas estou tentando esquecer e admito que não está sendo difícil, sempre acontecem coisas que me distraem o dia todo.

Quer dizer que você vai voltar para os EUA? Uau, quer trocar com a sua amiga aqui? (Na verdade, uma passagem de volta a Londres seria muito mais bem vinda, mas em todo caso...). Sobre a dança, não sei de nada ainda. Apenas me matriculei, mas não conheço o local, muito menos a equipe. Mas não deve ser nada mal (espero).

Mas quer saber de uma notícia realmente boa? Fui expulsa de minha primeira aula. Nunca estive tão bem com isso, afinal desde que minha mãe não saiba desse momento, tudo bem.

Estou sozinha aqui, vou ver o que posso fazer para passar o tempo! Mande lembranças à sua avó.

Com saudades de todos,

Drew.

Tinha certeza de que, com o passar do tempo, o fato de contar todos os detalhes para Vagance se tornaria cada vez mais difícil de ser realizado. Pelo menos, minha esperança é que as coisas melhorem por aqui. Não me parece agradável ficar mandando milhares de e-mails dizendo como acho minha vida uma droga, quando na verdade estou hospedada em uma escola interna em Paris, somente para estrangeiros, onde, de certo modo, posso fazer o que quero.

Fazer o que quero...

Fazer o que sempre me fez bem, feliz e realizada:

Dançar.

Sempre fui uma pessoa que não conseguia ficar um dia sem dançar, pois sempre foi algo que me fez recuperar as energias perdidas, fluir o sangue, ter boas lembranças. A dança não deveria ser conhecida apenas por ser um exercício que decora passos.

Não.

É muito mais do que isso.

É arte, prazer, necessidade. Sempre foi a única forma de mostrar quem eu realmente era. Quem eu realmente queria ser.

Porém, por incrível que pareça, tive que ser lembrada pela minha melhor amiga desse nem tão simples detalhe.

Não esperei nem mais um segundo: troquei as roupas por uma leg, camiseta larga e tênis, e fui à procura da sala de dança.

Onde, dessa vez, eu a encontraria sem a ajuda de ninguém.

O lugar estava completamente vazio, parecia que todas as pessoas haviam decidido curtir uma parte de Paris hoje.

Com uma certa exceção, chamada: Drew Kimberley

Porém, o fato do lugar estar vazio só facilitou o meu trabalho. Desci em todos os andares, vasculhei todos os corredores à procura da tal sala de danças e a achei, isolada e intacta, em um longo corredor.

A porta estava aberta.

A sala era toda minha.

Era um espaço como qualquer outro. Os espelhos cercavam a sala do chão ao teto. O piso era desgastado, mas de uma madeira escorregadia que facilitava qualquer deslocamento. Com exceção da localização, nada parecia diferente.

Sem ao menos perceber, eu já estava movimentando meu corpo lentamente. Imaginava-me iluminando o palco, guiando todos que estivessem a minha volta. Somente eu criava os passos, adivinhando a música que repercutiria em meus ouvidos e, no final, pensava nas palmas que surgiriam ao término do espetáculo.

– Você dança bem. – disse a menina logo atrás de mim, a qual me fez pular de susto. – Nossa, eu te assustei? Sinto muito... Eu juro que não estava olhando, na verdade, eu estava... Mas não queria atrapalhar, entende? Se você quiser, posso ir...

– Ei! – gritei. – Fique calma. Está tudo bem. –sorri. – Mas por onde você surgiu?

– Bem, eu vi a porta aberta e decidi entrar. Daí eu encontrei você e fiquei encantada com os seus passos tão naturais e delicados. Você estava ensaiando? – disse a garota desconhecida.

– Na verdade, eu estava criando eles. – e ri ao notar a cara de espanto da garota. – Meu nome é Drew Kimberley e o seu? – perguntei estendendo a mão.

– O meu é Margot Leroy. – respondeu, apertando firmemente a minha. – Você é nova? Eu nunca vi nenhuma Drew por aqui. Ao menos aquela inglesa cretina que ganhou o campeonato ano passado para a Inglaterra, ela era realmente boa, não acha? – ela perguntou, dando um tapinha em meu ombro.

– Inglesa cretina?- gargalhei. – Bom, creio que se não houver mais nenhuma Drew na equipe de dança da Inglaterra, então eu sou a cretina. – disse rindo.

– Meu Deus!- ela se espantou. – Você? É você mesmo? Minha nossa, que bobagem a minha! Eu não estava falando sério sobre a cretina, entende? É que você é tão boa que às vezes dá uma raivinha, mas eu, particularmente, não sinto isso, juro por Deus. – disse juntando as duas mãos como se estivesse prestes a orar. - Mas me desculpe por isso, eu não queria lhe ofender. – fitava o chão.

– Margot, você foi a pessoa que mais me alegrou o dia inteiro. - ela levantou os olhos de repente. – Pode ter certeza de que você não me ofendeu. –sorri.

– Bem... É... Obrigada! –sorriu timidamente. – Mas o que você está fazendo aqui? Quero dizer... Aqui é apenas uma escola para estrangeiros e você é apenas... A campeã dos últimos 4 anos. – disse parecendo confusa.

– Na verdade, meus pais me mandaram para a França, para completar meus estudos aqui em Strangers Place e, consequentemente, tenho que dançar na equipe daqui. – disse evitando mostrar desânimo.

– Jura?- disse um pouco ofegante. – Vai ser incrível se você dançar em nossa equipe! Você poderá nos ensinar os seus passos, revelar o segredo da invencibilidade da Inglaterra, ou até ser nossa futura capitã! A treinadora irá amar você. Por acaso, ela sabe que você está aqui? Se não sabe, eu mesma irei contar, porque... Ah, essa não... – disse batendo os dois pés com força no chão como se quisesse imitar uma criança desapontada.

– O que foi?

– Sophie... Eu escutei a conversa dela com a treinadora, acredita que ela mesma se candidatou para ser a capitã da equipe? Mas não se preocupe! Você é muito melhor! Se quiser, posso falar com a treinadora e...

–Margot... É muita gentileza sua, mas ainda nem conheço vocês o bastante para ser capitã. – a minha vontade era retirar tudo o que eu havia dito e ir atrás da treinadora, pois Sophie iria ser um pesadelo como minha capitã, principalmente, sabendo que sou amiga de Morin. – E talvez... Ela mereça! – disse tentando animar mais a mim do que Margot.

– Não! De jeito nenhum! – ela negou. – Sophie é uma das pessoas mais injustas que conheço, além do fato de que ela costuma humilhar as pessoas... E machuca, entende? – disse encarando o chão.

Sim, entendo.

Sophie, desde o começo, pareceu- me ser uma pessoa que não gosta de quaisquer companhias. Ela gosta de pessoas de boa aparência, tanto física quanto mentalmente, e Margot não parecia se encaixar nesse grupinho.

Pelo menos, não aparentemente.

Margot era surpreendentemente meiga e acolhedora, mas não tinha um corpo como as outras, na verdade, ela era bem gordinha, e Sophie deveria se aproveitar disso.

– Você nem conhece Sophie. – ela disse, notando o meu silêncio. – Estou falando bobagem, esqueça!

– Não! Na verdade, eu sei quem ela é. – disse rapidamente. – E concordo com você, ela não me pareceu nada legal. Mas quer saber? Deixe isso para lá! Amanhã, provavelmente, eu virei aqui para conhecer a sua treinadora e resolveremos tudo como deve ser feito. Agora, quer ir tomar um pouco de chá e comer alguns biscoitos no meu quarto? – disse, esquecendo- me completamente de que estava na França, em que o correto seria tomar um pouco de coca-cola e não de chá.

Mas ela não pareceu se importar. Muito pelo contrário, abriu imediatamente um sorriso e aceitou.

– Eu adoraria!

Ao chegarmos no quarto, fui imediatamente pegar os biscoitos que ainda estavam guardados em minha bolsa, junto com as embalagens de chá. Peguei dois copos, já que não havia xícaras, pus água em cada um deles e os esquentei em um mini- microondas.

Estava tão concentrada, que nem havia percebido que ela ainda estava olhando em volta de meu quarto.

– Não gostou? – perguntei.

– Não é isso... É que suas paredes estão tão brancas, parece tão sem cor, sem graça, sem vida... Você deveria pintá-las. – concluiu.

– Também pensei nisso, mas não tenho tinta e não sei onde comprar uma. – disse desapontada.

– Eu tenho algumas. Posso emprestar para você, se quiser... – arriscou.

– Eu adoraria!



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