Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 23
Capítulo 23- Feliz aniversário, Drew


Notas iniciais do capítulo

Aí está, um dos meus capítulos favoritos. Espero que vocês gostem, suas lindas! Muito obrigada novamente pelos comentários, estou fazendo amizades lindas aqui. Um grande beijo.



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– Drew, abra a porta! - gritava Desi do outro lado de minha porta, fazendo-me acordar emburrada.

– Já estou indo. - eu gritava indo em direção à porta. – Aconteceu alguma coisa? - disse ao abrir.

– Desculpa ter que te acordar, mas a treinadora Jean pediu que eu chamasse todas as integrantes da dança para conversarmos. Parece ser sério. - ela ressaltou, deixando-me nervosa.

– Tudo bem... Vou me arrumar e descerei. - e fechei a porta ao lhe ver saindo. Todas nós ainda estávamos arrasadas pelo o que havia acontecido ontem há noite, mas ninguém mais do que eu. Voltamos para Paris, imediatamente, assim que chegamos na estação em Amsterdã. E, ao chegar em Stranger's Place, eu suspirei de alívio. Eu havia recebido três ligações de Michael, mas eu não havia atendido nenhuma. Eu não queria mais contato com Michael, Vagance, ou qualquer pessoa que tenha apoiado isso. Eu deveria seguir em frente do jeito certo, sem levar pessoas ruins junto comigo. Ao terminar de me arrumar, desci até o salão de dança e percebi que a treinadora e todas as meninas já estavam esperando por mim.

– Agora que estamos todas aqui - iniciou falando a treinadora, enquanto todas as meninas olhavam para o chão. - gostaria de informá-las que os juízes autorizaram a nossa participação na Final. - e todas meninas começaram a torcer de alívio. - Porém, nossa pontuação continua zerada e, por isso, continuamos atrás da equipe inglesa. - disse olhando para mim.

– Mas isso é impossível. Nunca vamos conseguir ganhar se for assim. - protestava Sophie.

– É tudo ou nada, Sophie. - a treinadora lamentava.

– A culpa é sua. - gritava Sophie, fazendo-me despertar. Porém, não era para mim para quem ela apontava o seu dedo e sim para a treinadora Jean.

– Minha culpa? - gargalhava a treinadora. – Ninguém tem culpa de nada, Sophie. - defendia-se a treinadora Jean.

– Se você não fosse tão incompetente, poderíamos ter ganhado. - ela acusava, fazendo suas outras duas amigas concordarem.

– Cale a boca, Sophie. - gritavam Desirée e Margot quase ao mesmo tempo.

– Ah, por favor! Não sou somente eu quem acho isso. Nunca fomos tão mal durante anos seguidos e ninguém faz nada a respeito, nem mesmo a treinadora Jean, essa incopetente, mal amada... - e sem perceber, eu levantava-me e gritava, fazendo todas se calarem de repente.

– A culpa é minha. - gritei e todas me olharam. - Eu disse a nossa música para uma das participantes da Inglaterra. Eu contei a ela achando que ela não iria contar a ninguém, afinal eramos melhores amigas. - disse ainda olhando para baixo. - Mas ela me enganou. Ela tirou vantagem disso. E eu sinto muito. Sinto muito por ter sido tão burra. Por ter sido tão boba ao ponto de confiar nela. Mas principalmente sinto muito por ter entrado na equipe de vocês estragando o sonho de muitas em serem campeãs. - e olhei para Margot que estava em lágrimas. - Se vocês quiserem que eu vá embora, eu juro que passarei por aquela porta e nunca mais voltarei a dançar com vocês, mas se vocês quiserem que eu continue, se vocês ainda acreditam que podemos ganhar, eu também jurarei que estarei com vocês. Independente do que acontecer. Afinal, somos uma equipe e isso é muito maior do que qualquer vitória. - porém, ninguém respondeu. Todas estavam absolutamente quietas, até mesmo Sophie que mostrava um sorriso de satisfação.

– Eu fiquei muito decepcionada com você, Kimberley. - disse a treinadora Jean, fazendo-me concluir que eu seria expulsa. - Mas essa decepção foi embora no momento em que você levantou daquela cadeira e disse a verdade. Você tem muito caráter e não quero pessoas como você longe de minha equipe. Nunca, você entendeu? - ela disse, fazendo-me sorrir.

– Eu... Eu entendi. - eu dizia e sem esperar, todas as meninas vieram em minha direção para um abraço coletivo. Era tudo o que eu precisava, pensei.

– O quê! Ela praticamente nos desclassifica da competição e vocês estão a abraçando? - perguntava Sophie indignada.

– Sim, Sophie. Pois se há algo maior do que essa competição é o vínculo e o caráter que cada uma de nós temos. E isso, infelizmente, você nunca demonstrou. - ela disse, fazendo-a parecer indignada.

– Chega! Eu não aguento mais vocês! Que ganhem essa porcaria de Final sozinhas! - ela disse, expulsando a si mesma da equipe. Porém, ninguém se chateou. Muito pelo contrário, agradecemos.

– E acho que isso merece uma comemoração. - sussurou Desi em meu ouvido. - Le Duplex!

– Ah não! Nicolas contou para você! - disse, fazendo-a rir de satisfação.

– Exato, minha amiga. Vamos logo, você dormiu a tarde toda hoje! Já são quase oito horas da noite! Estou indo me arrumar, encontramos você no salão principal. - ela disse saindo da sala de dança, enquanto todas abraçavam a treinadora Jean pela sua permanência. Eu suspirei, pois havia sido vencida. Fui até o meu quarto me arrumar com a pior vontade possível.

– Para essa noite, vou usar um vestido especial... - disse para mim mesma, escolhendo um vestido curto e colado azul escuro. O vestido apresentava uma manga cavada com um decote perceptível, mas nem tão vulgar. Porém, mostrava muito de minhas pernas. E torneava a minha bunda. Alisei o meu cabelo com cuidado, apesar de ele já ser completamente liso. Ajustei minha maquiagem para ir a noite. E por último pus um salto altíssimo preto. Nem eu sabia por que eu estava me dedicando tanto. E felizmente ou infelizmente eu estava pronta.

Quando saí dos elevadores, percebi que todos já me esperavam. Desi estava arrumando a camiseta de Ed, resmungando. E Nicolas estava olhando para o relógio. Nervoso e ao mesmo tempo maravilhoso.

– Vamos? - perguntei, ao me aproximar deles.

– Uau. Você tem que mostrar mais isso, amiga. - Desirée disse, apontando a cabeça para as minhas pernas. Mas o melhor de tudo era que Nicolas não conseguia tirar os olhos de minhas pernas. Meu corpo. Ele me olhava da cabeça aos pés, cada vez mais incrédulo. Ou cada vez mais impressionado.

Ao chegarmos no clube, tive a sorte de ver que o segurança não era o mesmo do que o da outra vez e isso fez a mim e a Nicolas rirmos. E não demorou muito para Desirée me alcançar uma bebida. Pensei em recusar, mas eu nunca havia tentado. Agora eu faria dezoito anos e nunca havia posto um gole de álcool em minha boca? Já estava na hora de crescer. Tomei um, dois, três, quatro copos. O efeito vinha como nunca. Eu já estava tonta. Eu já estava falando coisas sem sentido. Mas pior do que isso era que eu havia me sentado em uma das cadeiras do clube para avaliar Nicolas que estava conversando com Desi e Ed.

Você o quer.

Você o quer mais do que qualquer coisa.

Vá até ele.

Não.

Mas sem perceber minhas pernas andavam sem o meu controle em sua direção.

– Dança comigo. - disse, puxando-o para mais perto de mim. Por um momento, achei que ele fosse recusar, mas ele logo entregou sua bebida para Desi. Aliás, ela e Ed olhavam um para o outro, parecendo desconfiados. E eu e Nicolas começamos a dançar. Não como havíamos dançado na Place de La Concorde. Não. Muito mais ousado do que isso. Ele botava suas mãos em minha cintura acompanhando o movimento de meu corpo enquanto eu respirava em seu ouvido. Propositalmente. Eu rebolava para ele. Meu corpo se mexia com o dele, como se eles fossem grudados. Mas não conseguíamos sair. Não conseguíamos nos desgrudar. Nós ríamos, sem ao menos saber. Nicolas colocava a garrafa de Vodka em minha boca e eu repetia o gesto na sua. Ele estava suado. Ele me puxava cada vez mais para o seu corpo. E por um momento achei que iríamos nos beijar.

Se Desi não tivesse me puxado.

– Drew! Quero falar com você. - ela disse, afastando-me de Nicolas que era puxado por Ed.

– Não! Nicolas! - eu gargalhava.

– Drew! - Desi gritava, mas eu havia empurrado-a, indo atrás de Nicolas. Porém, ele havia saído de minha vista. Eu estava no centro da pista, completamente tonta, completamente perdida. Eu me sentia enjoada. Alegre. E milhares de sentimentos ao mesmo tempo. Até que eu o avistei.

– Nicolas. - eu disse, abraçando-o. - Onde você esteve?

– Não sou o Nicolas, mas se você faz tanta questão eu posso ser. - dizia Nicolas. Ou a pessoa a qual eu havia denominado ser ele.

– Cala a boca Nicolas. - eu ria. - Você quer me enganar? Você quer que eu vá embora? - eu perguntava.

– Eu não sou o Nicolas, linda. Meu nome é Rafael e não sei quem é esse tal de Nicolas mas eu nunca deixaria você ir embora. - ele se aproximava de mim, puxando a alça de meu vestido.

– Não. Eu... - ele beijava o meu pescoço e sem perceber eu fincava minhas unhas em seu braço, fazendo-o gritar.

– Sua.... Sua vagabunda. - ele disse, dando um tapa em minha cara.

Eu caí no chão, batendo minha cabeça contra ele. Eu iria morrer. Minha cabeça doía como nunca. Eu não tinha forças para gritar e pedir ajuda. Eu iria morrer pisoteada naquele chão. Até que algo havia me puxado.

Algo que se chamava Nicolas.

Ele me pegava no colo, saindo correndo. Eu estava praticamente desmaiada. Eu não conseguia abrir os meus olhos. Tudo latejava. Tudo doía.

– Nicolas. - eu disse, pondo a mão em seu rosto, sem vê-lo.

– Sim, Drew. Sou eu. - ele disse colocando sua mão em cima da minha. - Estamos indo lá fora. Vai ficar tudo bem.

– Tudo está doendo. - eu chorava. Chorava pela dor insuportável que se passava em meu corpo. E sem perceber eu vomitava. Vomitava muito. Nicolas segurava minha cabeça, junto com o meu corpo, para que eu não caísse.

– Já vai passar, Drew. Já vai passar. - ele dizia, limpando minhas lágrimas quando havia acabado de vomitar. - Você não pode fechar os olhos. Por favor. Não feche os olhos.

– Nicolas... Eu

– DREW! - ele gritava.

E tudo de repente havia se apagado.


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Notas finais do capítulo

Mas ba tche!



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