Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 21
Capítulo 21- Amsterdã


Notas iniciais do capítulo

Já estou no capítulo 21! Dá para acreditar?
Gostei bastante de fazer esse, bem do jeito que minhas queridas leitoras gostam. Muito obrigada novamente por estarem lendo, esse vai dedicado a todas vocês!
Um beijo



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Os restos das férias passaram normalmente. Isso se você considerar que o normal significa dormir na mesma cama que um garoto. E isso continuou até Nicolas ter sido pego entrando em meu quarto de madrugada. Um dia antes de irmos para Holanda. Por isso, nossas combinações tiveram que ser alteradas devido ao último ocorrido. Nicolas passaria em meu quarto de manhã para partimos juntos à estação de Gare Du Nord.

No momento, eu estava acolhida em meus sonhos. O cansaço era perceptível. E a tranquilidade a flor da pele. Eu estava feliz, pois hoje a semi-final ocorreria. Junto com Nicolas eu viajaria. A Vagance eu veria, acompanhada com as minhas ex-colegas de dança, e até Michael estaria presente no evento. Hoje eu dançaria para ganhar. Para me orgulhar. Para...

Meus pensamentos foram interrompidos pelas batidas que vinham da porta.

- Drew, vamos! O táxi já está nos esperando. – Nicolas gritava, mas eu ainda não raciocinava. Como o táxi estaria nos esperando se estava cedo demais para irmos ainda?

- Drew! Abra a porta logo. – ele dizia, mas eu nem me movia. Não estava entendendo o que estava acontecendo. Por isso, levantei-me lentamente e peguei meu celular, o qual estava na mesa dos quadros, e o peguei para checar o horário.

Notei que faltava apenas 20 minutos para o trem partir.

- Se você não quisesse que eu fosse, poderia ter pelo menos avisado. – gritou Nicolas enraivecido. E eu, simplesmente, saí correndo em direção à porta. Eu não havia arrumado nada. Nem a mala e nem a mim mesma. Eu havia ligado o despertador em meu celular, porém ele não havia despertado.

- Me ajuda. Por favor. – pedi encarecidamente. E ele, sem perder tempo, correu em minha direção. Não foi preciso lhe dizer que eu havia acordado há pouco tempo e que eu não havia arrumado nada para viajarmos. Estava completamente nítido.

- Abra o armário. – disse enquanto colocava a mala em cima de minha cama. – e pegue no máximo dez camisetas.

- Você tem alguma preferência? – ele perguntou parecendo nervoso.

- Nicolas, falta apenas dezessete minutos para embarcarmos, você realmente acha que eu tenho preferência em um momento desses? – respondi, fazendo-o rir enquanto eu colocava minhas calcinhas e sutiãs de qualquer jeito dentro da mala. Não me importando se ele estava olhando ou não.

- Tudo bem. Já coloquei as roupas, nécessaire, sapatos. Falta mais alguma coisa? – eu perguntei a ele.

- Sim. Falta você se arrumar. – ele disse indicando a cabeça para o meu pijama que ainda estava vestido em mim.

- Vira. – eu disse e ele virou. Eu não tinha tempo para ir ao banheiro e me arrumar. Teria que ser agora. Na posição em que estávamos. Eu tirei toda a roupa, ficando só com as roupas intimas no corpo. Coloquei minha calça jeans e uma camiseta qualquer. Eu não sentia frio. Muito pelo contrário, eu suava. De calor e de nervosismo.

- Vamos? – perguntei, abrindo a porta enquanto puxava a mala.  Ele concordou e pegou minha mala para irmos mais rápido. Afinal, ele era mais forte do que eu. No fim, deu tudo certo. O taxista não estava nos seus melhores dias, principalmente pela demora que havíamos o feito passar. Mas ele nos levou corretamente até a estação e a tempo, imprimimos nossos tickets e entramos no trem. A partir do momento em que sentamos, começamos a rir. Lembrávamos-nos do momento de tensão e nervosismo que havíamos passado há alguns minutos. E sorríamos ao ver que estávamos lado a lado no trem, esperando chegar ao nosso destino.

- Não sei se vou conseguir vê-la daquele jeito. – ele disse encarando a paisagem lá fora.

- Você vai conseguir. Você é forte, Nicolas. Aliás, eu andei pesquisando algumas coisas sobre o tratamento e você nem vai notar diferença nela. Aposto que a doença nem está tão forte e, mesmo se estivesse, existem diversos tratamentos como a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia, entre outras. – garanti e ele sorriu.

- Você pesquisou? – ele perguntou, agora olhando para mim.

- Claro que pesquisei. – respondi naturalmente.

- Obrigada, Drew. Pela sua preocupação. Você não tem noção do quão importante isso é para mim. – ele disse esbanjando um sorriso. Um sorriso raro, o qual eu havia visto somente no primeiro dia em que nos conhecemos. E eu nada respondi. Apenas sorri para ele como resposta. Eu havia me preocupado, eu me importava e isso era inegável. Eu o tinha como um irmão. Como um amigo. Como o amor da minha vida.

A viagem havia demorado três horas e, em menos de minutos, Nicolas havia adormecido. Adormecido com a sua cabeça angelicalmente posta em meu ombro. E eu acariciei seus cabelos até o momento em que eu o acompanhasse para os sonhos. Quando o sinal de chegada havia despertado, somente eu acordara. Nicolas continuava dormindo em meu ombro.

- Nicolas... Psiu. Chegamos. – eu sussurrei em seu ouvido, fazendo-o sorrir de repente.

- Só mais cinco minutinhos. – ele pediu com a voz rouca.

- Você ainda tem a vida inteira para dormir. Vamos, não podemos nos atrasar. – respondi carinhosamente. Ele tirou a cabeça emburrado, mas logo seu humor havia despertado. Caminhamos até o saguão principal, onde painéis computadorizados estavam localizados nas paredes informando todos os horários dos trens. Percebi que o trem de Nicolas partiria em dez minutos, o que significava a hora do adeus.

Pelo menos, só por alguns dias.

- Bem... Boa sorte na dança. E não se esqueça de me ligar, ou mandar e-mail informando se chegou bem no hotel e como foi a sua apresentação hoje à noite. – ele disse, fazendo uma cara séria e, ao mesmo tempo, triste.

- Tudo bem, papai. Eu lhe informarei. – disse, fazendo-o rir. E, pela primeira vez, eu o abracei. Pus minhas duas mãos em seu pescoço e ele em minha cintura e nos abraçamos durante diversos segundos. Sem dizermos uma única palavra. Não conseguíamos. Não tínhamos o que dizer. O sentimento era intenso. Era assassino. Tão assassino que era capaz de matar todas as nossas palavras. Todos os nossos diálogos. Mas o sentimento, jamais.

- Boa sorte com a sua mãe. – sussurrei em seu ouvido, fazendo-o voltar à realidade. Voltar a aquilo que não conseguíamos largar:

Um ao outro.

Eu me afastei, mesmo sabendo que ambos não queríamos. Ele me deu um beijo demorado em minha bochecha, fazendo-me fechar os olhos ao recebê-lo. Tudo parecia ter sido ensaiado, mas era apenas fruto do amor que surgia dentro de nós.

- Até mais. – eu finalmente disse, indo para o lado oposto ao dele. Eu virei minha cabeça várias vezes para vê-lo e percebi que ele estava repetindo o gesto. E ainda ri do momento que ele quase caiu, pois não conseguíamos olhar para os nossos próprios caminhos. E sim, somente, para nós mesmos. Partindo em direções diferentes. Como se esse fosse o caminho certo a seguir.

Até que nos perdemos de vista, devido à quantidade de pessoas que havia dentro daquele lugar. E eu, sem perceber, já estava do lado de fora.

Em busca de meu outro sonho. 


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Notas finais do capítulo

Capítulo 22, você é meu.
Lá vou eu.



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