Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 17
Capítulo 17- Cabeça Quente


Notas iniciais do capítulo

De presentinho de natal estou mandando o capítulo 17. Estava com saudade de escrever essa história, estava ausente esses dias, mas finalmente voltei. Não tenho muito o que dizer, pois as coisas começarão a acontecer de repente e eu não costumo ser estraga prazeres.
Antes de encerrar, queria ressaltar que recebi mais duas leitoras. Eu agradeço MUITO por isso. Todas as palavras amigas que eu leio, os elogios, seja qual forem, são muito reconfortantes. Sempre digo isso.
Muito obrigada! De verdade..
Um feliz master plus advanced natal para vocês
Um beijo seus lindos.



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Um feio domingo amanhecia em Paris. E junto dele, um novo mês estreava: o tão esperado Setembro. Meu aniversário estava chegando, mas eu não parava de pensar em que péssima hora ele chegaria. Depois da notícia de ontem, todos nós ficamos um pouco melancólicos. Na verdade, ninguém sabia o que fazer. Estávamos apenas crentes de que, no final, tudo iria dar certo. Porém, as situações são muito mais complicadas do que parecem, pois, na realidade, ninguém sabia o que dizer e, muito menos, sabíamos o que dizer para Morin.

Desi, Ed e eu apenas mastigávamos os nossos alimentos, silenciosos, esperando que Morin não viesse tomar café.

            - Como ele está? – Desi cortou o silêncio, fazendo sua pergunta para mim.

            - Eu não sei. Ele não falou comigo ainda. – respondi sem mostrar minha chateação em relação a isso.

            - Será que deveríamos ficar por perto? Caso ele corte os pulsos ou, tente se matar.  – perguntou Desi, ironizando.

- Desi! Isso não é brincadeira. Na realidade, é bem sério. – disse embravecida pela sua brincadeira de mau gosto.

- Mas não estou brincando... Nunca se sabe... Ai, Ed! – gritou, botando a mão imediatamente na canela.

- Shh! Ele está vindo. – disse Ed quase em um sussurro. Levantei a cabeça rapidamente para vê-lo, porém sua cabeça estava abaixada. Ele caminhava lentamente até a nossa mesa, sem olhar para ninguém além de suas botas.

- Oi. – disse desanimadamente.

- Como você está? Não passou mal depois? – perguntei, quase levantando da cadeira.

- O quê? Eu passei mal? – perguntou olhando para mim, imediatamente. E assim eu vi seus olhos que pareciam cansados e desgastados. Estavam um pouco vermelhos, como se lágrimas tivessem lhe escapado, fazendo sangrar o fundo de seus olhos azuis.

- Lógico que você passou mal. Você vomitou, não lembra? – perguntou Desi.

- Eu o quê? – perguntou envergonhado.

- Você vomitou. – quase soletrou Desi.

-Vomitei... Lá fora, certo? – perguntou esperando que a resposta fosse sim, porém esta não veio. – Não vão me falar?

- Deixa para lá, Morin. Isso não im... – eu tentava lhe dizer, até ser interrompida.

- Quem dera que fosse. Você vomitou no quarto da Drew. – Desi respondeu.

- Mas que droga... Drew, eu sinto muito! Eu juro que vou limpar todo o seu banheiro. – disse, passando a mão no rosto tentando evitar a vergonha que lhe invadia a cara.

- Bem... Não foi no banheiro, mas eu... Eu já limpei tudo. Não se preocupe. Você estava mal. – disse, evitando que ele se chateasse mais ainda.

- Onde eu vomitei? – perguntou constrangido.

- Morin... Não importa, já está tudo limpo. – eu insisti.

- Drew, por favor. – ele disse seriamente.

- No chão... Perto da porta. – disse, relembrando-me do momento.

- Nossa... Eu realmente sinto muito. Não queria que isso tivesse acontecido. – disse arrependido.

- E não acaba aí. – intrometeu-se Desi. – Essa vai ser boa. – riu levemente.

- Desi... – olhei furiosa para ela. Não achava necessário continuar.

- Onde mais? – ele perguntou, entendendo o que ela queria dizer.

- Bem... Você... É... Você vomitou nas minhas pernas, mas você estava mal. Não se culpe. – disse, observando-o fechar os olhos ao escutar o estrago que tinha feito ontem há noite.

- Eu... Me desculpa. Eu não queria ter feito vocês passarem por isso, muito menos terem participado disso.  Não vai se repetir. – e retirou-se da mesa.

- Morin! – gritei o seu nome, mas ele não virou. – Que droga. Meus parabéns, Desi. – disse, retirando-me da mesa também.

- Morin! Morin! Espera! – disse lhe alcançando e impedindo sua passagem para o corredor. – Por favor! Não foi sua culpa.

- Foi minha culpa sim, se eu não tivesse saído para beber... Nada disso teria acontecido. – o arrependimento lhe dominava.

- Não foi... Eu já limpei tudo e...

- Não me interessa se você já limpou tudo ou não. Eu já fiz o estrago e nada poderá voltar no tempo, entendeu? – disse embravecido, fazendo-me paralisar.

- Sim, eu... Entendi. – respondi surpresa, mas, ao mesmo tempo, assustada.

- Ótimo. – disse secamente e saiu em direção ao elevador mais próximo. Eu fiquei intacta no lugar onde havia chegado, sem pelo menos me virar para vê-lo. Lágrimas silenciosas escorreram de meus olhos, enquanto eu me lembrava de sua grosseria. Passei minhas mãos em meu rosto com a intenção de limpá-las e notei que uma pessoa me observava.

- Mas que droga. O que você quer? – perguntei, caminhando em direção ao corredor.

- Só queria te dar um oi...  Mas percebi que era um momento ruim. Por acaso, seu namorado te magoou? – David perguntou, com aquele seu jeito malicioso.

- Ele não é meu namorado. – disse quase em um grito.

- Tudo bem, tudo bem... Então ele não é. Mas pense pelo lado bom, isso me torna mais esperançoso. – disse, sorrindo levemente.

- O que você quer dizer? – perguntei, não entendo nenhuma palavra do que ele estava falando.

- Quero dizer que você e eu poderíamos sair qualquer dia desses. O que acha? – perguntou. Eu já iria rejeitá-lo, até que infelizmente me lembrei de Morin e, instantaneamente, outra resposta me veio em mente.

- Acho... Acho ótimo. Deveríamos sair mesmo. – disse, virando-me de frente para ele.

- Você está falando sério? Quero dizer... Você só me rejeita. – disse surpreso.

- Lógico que estou falando sério. Só marcar. – respondi.

- Qualquer dia da semana que vem. Vou esperar a sua confirmação. – disse beijando o meu rosto. – Princesa. – e saiu. Ele me enojava. Eu não conseguia gostar dele.  E isso me deixava arrependida do que eu havia acabado de fazer: aceitar o seu convite. Agora eu teria que sair com ele. Ótimo.

Então, para esfriar a cabeça, decidi ir para o treino dançar. Mesmo que fosse cedo demais. Morin invadia minha cabeça de forma violenta e o recente acontecimento me machucava cada vez mais, impedindo até a dança de me acalmar. Mas o que mais doía era que tudo isso confirmava três coisas. A primeira, a qual confirmava que ontem nada do que ele havia dito era verdade. Ele realmente estava bêbado. A segunda, que afirmava que eu já estava realmente apegada a esse lugar. E a terceira, que me fazia aceitar de que eu estava completamente apaixonada por ele.

- Margot, faz cobertura para mim... Não estou me sentindo bem. – disse, saindo rapidamente da pista de dança.

- Tudo bem, Drew. Tem certeza de que não quer falar o que aconteceu? – perguntou Margot, parando de se exercitar também.

- Tenho. A gente se vê. – e saí da sala após anotar meu nome no cartão de chamada.

Desirée me observou saindo, sem dizer uma palavra. Tínhamos trocado poucas palavras depois do que acontecera no refeitório. Mas eu também não fazia questão. Por isso, segui meu caminho até o meu aposento, porque lá eu sabia que seria bem recebida. Eu aguardava impacientemente o elevador abrir para que eu pudesse entrar em meu quarto e ficar lá, sem ser incomodada. Eu já não aguentava mais grosserias, não aguentava mais chateação em tão pouco tempo e eu não iria aceitar isso, muitos menos, de Morin. Quando abri a porta do quarto, notei que havia um papel no chão.

E nele havia apenas poucas palavras, como:

“Quarto número 522

Vá até ele.”

Não entendi a intenção de quem havia mandado o misterioso bilhete, mas minha curiosidade era muito maior do que minha prevenção. Então, para não perder o costume, tomei um banho e, finalmente, fui até o tal quarto. Porém, quando cheguei, reparei que a porta estava aberta. E sem pedir licença, fui entrando.

- Alguém? – chamei, mas ninguém havia respondido. Então comecei a prestar mais atenção ao quarto. A cama estava desarrumada e o quarto parecia muito mal iluminado. Havia uma pequena mesa de escritório ao lado do armário, onde nela desenhos estavam rodeados.

Estranhos desenhos, pensei.

Até que notei que não eram desenhos, e sim letras. Letras que ao serem juntadas formavam a palavra: Desculpa.

Imediatamente me virei para trás, pois eu já havia entendido quem estava hospedado naquele aposento.

Era Morin.

- Que bom que você veio. – disse, parecendo meio envergonhado.

- É... – concordei séria.

- Então... Você me desculpa? – perguntou timidamente, mas esperançoso.

- Você só sabe pedir desculpas? – perguntei secamente e, sabendo que iria ficar sem resposta, virei- me para avaliar os outros desenhos que se encontravam mais ao lado.  – São bonitos. – elogiei-os. Eu poderia estar braba com Morin depois do episódio de hoje, mas eu deveria dá-lo um desconto pela sua mãe. Ele veio até mim, pegou um dos desenhos da mesa e entregou-me.

- Pode ficar para você. – disse, olhando para o chão.

- Não precisa fazer isso. – respondi.

- Preciso. Devo. Tanto faz. Eu estava furioso comigo mesmo e descontei em você, que é a pessoa que mais me ajudou até agora. Você tem noção de como eu estou me sentindo? – disse em um olhar fechado, porém fundo em meus olhos. E eu nada respondi. Deveria ter entendido antes que a dor que ele está passando é muito grande para eu decidir me afastar. Então, eu simplesmente peguei a sua mão e entrelacei nossos dedos em uma única mão.

- Vai ficar tudo bem, Nicolas. – ele se surpreendeu não só pelo movimento, mas sim por eu tê-lo chamado de Nicolas. Mas ele cedeu a ambos os atos. Deu um grande sorriso e disse:

- Eu espero que sim.

- Vamos... Agora me mostre os seus desenhos. – disse soltando a sua mão e apresentando-lhe as figuras que estavam ao redor da mesa.

- Drew... Antes, eu queria te perguntar uma coisa. – disse, seriamente. Deixando-me nervosa.

Pois essa afirmação eu já conhecia.

- Pergunte.

- Eu disse alguma coisa... Estranha... Ontem há noite? – disse engolindo em seco. Meu coração começou a acelerar desesperadamente.

Ele estava se lembrando?

- Estranha... Como? – perguntei, tentando lhe tirar mais informações.

- Bem... Alguma coisa sobre... Sobre a nossa amizade? – perguntou finalmente. Poderia jurar que meu coração estava prestes a sair pela minha boca. Eu não sabia o que responder, mesmo sabendo que eu deveria lhe responder rápido e claro.

Sim, você falou. Falou mais do que devia.

Mas e se as coisas mudassem? E se nós nos afastássemos? E se ele decidisse ficar com a Claire e não comigo?

Eu não queria isso.

Então, só havia uma solução.

- Não. Não disse nada. – respondi claramente e ele mostrou um rosto aliviado por ter seu segredo seguro.

Ou talvez

Nem tão seguro assim.


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Notas finais do capítulo

Segredo bom né?
Hahahaha



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