Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 15
Capítulo 15- Tragédia nas calçadas de Marais


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas finalmente consegui terminá-lo. E falando em demorar... Tenho que dizer a vocês que não vou conseguir escrever por um bom tempo. Não sei quando exatamente voltarei, mas vou fazer o máximo para dar a vocês um capítulo antes do natal(o qual talvez seja impossível) ou, no dia 26 de dezembro (o qual também acho impossível). Mas tentarei, pois não quero ficar afastada por muito tempo.
Espero que gostem desse, fiz com muito amor, carinho e... Fofuréti.
Hahahaha Beijo gatos



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As portas da sacada batiam violentamente. O vento gélido invadia meu quarto de forma bruta, e ainda sem pedir perdão. Os raios de sol se escondiam da humanidade entre as nuvens. E eu era acobertada pelo seu cheiro. Pelo calor que ainda sobrava em suas mangas. Eu estava adormecida. E o seu casaco era a minha única fonte de socorro quando eu implorava de frio.

Sim, eu dormia tranquilamente vestida com o casaco de Morin.

Dormia, até um barulho apoderar-se de meu quarto, como se estivesse sinalizando a hora de acordar.

Ou, a hora de atender a algum telefonema.

Levantei-me rapidamente, sem ao menos ter ideia do que estava fazendo e peguei meu celular, o qual eu havia deixado na mesinha ontem à noite.

– Alô? – minha voz ainda estava enfraquecida, devido ao sono.

– Drew! – era Vagance.

– Ah... Oi Vagance. – disse sem emoção.

– Por acaso você estava dormindo? – perguntou-me.

– Não, não estava. – menti.

– Aconteceu alguma coisa? – disse, parecendo preocupada.

– Não, só estou... Cansada. – bufei para parecer mais convincente.

– Tudo bem... Tenho que te contar as últimas! – disse, não dando à mínima se eu estava bem ou não.

– Mal posso esperar... – ironizei.

– Peter viajou para Amsterdã ontem. Ele queria conhecer o palco em que nos apresentaremos antes de dançarmos. Sabe como é... Coisas de Peter. Ashley está namorando com o Matt, acredita? Mas melhor do que essa foi que Laura cortou o cabelo, ela está horrív...

– E Michael? – a interrompi. Além de Peter, nem uma dessas pessoas me importavam ou mudariam algo em minha vida. Antes de vir para cá, o fato de eu saber cada detalhe de cada pessoa era algo estupendo para minha popularidade, mas aqui eu não me sentia mais assim.

– Michael? É... Está... Ele está bem. Está com saudades! – disse parecendo nervosa.

– Aconteceu alguma coisa? – estranhei.

– N-Não. Nada. Por que essa preocupação toda? Quero dizer... Ah! Você não me contou se tem alguém bonitinho aí. – mudou de assunto.

– Ah... Tem... Alguns. – admiti.

– É? Sinto cheiro de amor no ar! –caçoou.

– Não tem nada, Vagance. Morin já tem... Ah, esquece. – disse, pondo minha mão na boca, pensando que eu tinha estragado tudo.

– Morin? Quem é Morin? Conta tudo. – disse, satisfeita por ter me tirado informações.

– Ninguém... Ah, preciso desligar. – menti.

– Já? Que francesa ocupada. Tudo bem então... Ah, Drew! Quase me esqueci. Preciso te perguntar uma coisa. – disse, parecendo estar séria.

– Diga rápido. – apressei-a. Já estava impaciente.

– Qual a música que vocês escolheram para dançar nas semifinais? –perguntou, fazendo-me paralisar. Vagance sabia mais do que ninguém que as equipes não podiam saber das músicas que irão ser apresentadas. Isso tudo para que não ocorra repetição. E se ocorresse, uma das equipes seria desclassificada.

– Vagance, você sabe que não pod...

– Ah, Drew! Relaxa! Qual é o problema de me contar? Somos melhores amigas, lembra? – chantageou.

É, talvez ela tivesse razão. Não tem por que de eu ficar me preocupando com isso. Se eu contasse, seria apenas Vagance que saberia.

– Tudo bem... Escolhemos Where Have You Been, da Rihanna. E vocês? – revelei.

– Nossa... Que música... Ótima! Ah, nós ainda estamos escolhendo... A Britney Spears ainda tem várias boas para dançar. Aliás, você não estava com pressa? – disse em tom nervoso.

– Ah... Sim! A gente se fala depois. – e desliguei a chamada.

Vi que já eram mais de duas horas, então me levantei lentamente e fui trocar de roupa. Deixei o casaco de Morin em cima da cama bagunçada, enquanto eu dava longos suspiros com a intenção de aliviar a minha irritação. Os momentos de ontem à noite vieram à tona em minha cabeça: primeiro, o Hôtel des Invalides, depois a fonte dos desejos e, por último, o beijo de Claire e Morin.

Por que eu vi aquela cena? Por quê?

Talvez eu esteja enganando a mim mesma, talvez eu realmente goste dele, talvez seja muito mais do que amizade.

Esqueça. Joguei a escova de cabelo no chão e fui em direção à porta, embravecida. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas a única coisa que eu tinha em mente é que eu não queria falar com ninguém, escutar ou, olhar para alguém.

Impossível.

Desi já abanava para mim na mesa do refeitório, enquanto Ed degustava seu sanduíche e Morin... Não estava.

Morin, definitivamente, não se encontrava na mesa para o almoço em Strangers Place.

Sentei-me de frente para o casal e comecei a levantar a cabeça para checar se ele já estava vindo, sem prestar a mínima atenção em Ed e Desi.

– Ele não está aqui. – disse Desi em tom de obviedade.

– Quê? – ainda não prestava atenção nela.

– Morin. Não é ele quem você está procurando? Ele não dormiu aqui ontem. – revelou Desi. Fazendo-me olhar para ela imediatamente. A tristeza havia se instalado em meus ombros com muita facilidade. Se ele não dormira em seu aposento ontem à noite, então onde ele passara a noite?

Ao lado de Claire?

– Ah... Eu não estava procurando por ele. – menti, fazendo-a olhar desconfiada para mim e voltar sua atenção para o seu livro.

– Eu vou pegar mais um sanduíche, alguém quer alguma coisa? – perguntou Ed.

– Mais um, idiota? Esse é o seu terceiro. – alertou-lhe Desi.

– Posso comer o quarto e continuarei em falta de tecido adiposo. – disse, fazendo eu e Desi rir. – O que foi? – perguntou, sem entender o porquê de estarmos rindo.

– Pega um sanduíche para mim, Ed. – pedi. Ele concordou com a cabeça e saiu. – Aonde ele tira essas frases? – ri ao lembrar. Porém, Desi já estava com a expressão séria.

– Vocês saíram ontem... Não é? – perguntou Desi, ainda encarando o seu livro.

– Hã... Quem? – disse nervosa.

– Não se faça de boba, Drew. Você e Morin saíram ontem. – disse olhando para mim.

– Bem... Morin só me levou para conhecer uma parte de Paris. – disse, não entendendo sua reação.

– Então se foi só para isso... Por que não nos chamaram? Aconteceu mais alguma coisa que não possamos saber? – disse, estupidamente.

– Quê! Claro que não. Por que tudo isso? – perguntei, referindo-me a sua braveza.

– Nada, Drew. Só não entendemos porque vocês tem que fazer tudo sozinhos agora. – disse bufando.

– Tudo bem... Isso já está ficando ridículo. Eu e Morin não fazemos tudo sozinhos e não entendi por que você está desse jeito, mas seja qual for o motivo... Acalme-se! – disse, levantando-me da mesa.

– Trouxe os sanduíches... Espera aí, você vai sair? – perguntou-me Ed ao se aproximar da mesa.

– Desculpe, Ed. Perdi a fome. – encarei Desi e sai da mesa. Eu sabia que ela tinha razão. Eu e Morin deveríamos tê-los convidado, mas e qual é o problema se isso não ocorrer? Não somos obrigados a convidá-los e, muito menos, escutar seus desaforos.

Acalme-se, pensei. Tudo vai melhorar, tudo vai melhorar, tudo vai melhorar.

Então por que essa droga não melhora?

E, sem perceber, eu estava em lágrimas. Eu não conseguia me acalmar, não conseguia pensar no melhor. Saí do saguão principal e fui para o frio que se instalava do lado de fora. Eu caminhava rapidamente. Sem rumo. Certa de que, em algum momento, eu me perderia.

Eu estava tão desatenta que nem havia prestado atenção na pessoa que me chamava.

– Drew? – gritava Pierri de seu táxi bem ao meu lado.

– Pierri! – disse, substituindo a tristeza pela alegria após vê-lo. – Como é bom ver você!

– Digo o mesmo, pequena inglesa. O que está fazendo? – perguntou-me.

– Eu? É... Boa pergunta. – disse, fazendo-o rir.

– Vamos! Entre! Vamos tomar um sorvete. – disse, abrindo a porta para que eu entrasse. Sentei-me no banco e me aconcheguei gentilmente a ele.

– Sorvete? Você enlouqueceu? Já viu a temperatura? – perguntei, indignada pelo seu convite.

– Você está dizendo isso? – abrindo os vidros do carro, fazendo-me estremecer. - Isso não é absolutamente nada comparado ao que está por vir. – e riu de minha expressão.

– Ótimo. Mais alguma boa notícia? – perguntei, sarcasticamente.

– Sim, você está prestes a comer o melhor sorvete do mundo. – disse, tentando me animar.

– Pode ser o melhor do mundo, mas continuará sendo gelado. – arrepiei-me, só de pensar no seu gosto gélido em minha boca.

– Quando disse que estaria em dúvida sobre você e sua adaptação à Paris eu realmente não estava enganado. – riu ao ver que eu revirava os olhos.

– Queria que todos os franceses fossem que nem você, Pierri. – disse, desanimada.

– Não aceito cópias, Drew. – disse, fazendo-me rir.

– Tudo bem, mais alguma coisa por hoje? – disse, esperando algum resmungo seu sobre a Inglaterra.

– Ah sim... Chegamos. – e parou o carro instantaneamente.

Berthillon? O nome do lugar é Berthillon? – perguntei curiosa.

– Exato. Vamos entrar, antes que a fila aumente. – disse, fazendo sinal para eu sair do carro.

Pierri me apontou uma mesa para sentar enquanto ele fazia os pedidos. Instantaneamente, ele me fez lembrar meu pai. Quando eu estava mal, papai sempre fazia de tudo para que eu me animasse. E com Pierri não parecia ser diferente.

– O seu é de chocolate e o meu é de pistache. Agora, prove! – disse, sentando-se na cadeira enquanto empurrava a pequena tigela de sorvete para mim. Quando pus o sorvete em minha boca, simplesmente fechei os olhos, como se fosse o que faltava para terminar de saborea-lo. Era realmente o melhor do mundo.

– Uau! Isso é bom. – disse, colocando mais em minha boca.

– É, talvez isso seque as suas lágrimas. –disse, fazendo-me paralisar.

– Estava tão óbvio assim? – perguntei, sorrindo timidamente.

– Faltava você colocar uma placa em sua testa que estava caindo em prantos. Quer mais óbvio do que isso? Afinal, o que aconteceu? – perguntou-me gentilmente.

– Ah, nada... Só estou com saudade de casa. – disse, deixando de fora os verdadeiros fatos.

– Ok... Só isso? – perguntou, ainda mostrando desconfiança de minha única desculpa.

– Estava muito irritada hoje de manhã e uma amiga fez questão de me irritar ainda mais. – disse, lembrando-me de Desi.

– Motivo para essa irritação? – ainda desconfiado.

– Bom... Tem... É um garoto que conheci. – disse, ainda evitando olhar para ele.

– Está apaixonada, mademoiselle! Que beleza! – disse, pondo as mãos para o alto.

– Abaixe as mãos, Pierri! Todo mundo está olhando. – disse, abaixando suas mãos enquanto ele ria. – E não estou apaixonada.

– Tem certeza? – perguntou encarando meus olhos com desconfiança.

Não.

Eu não tinha certeza.

Mas a única coisa que saiu foi:

– Ele tem namorada... – disse, mexendo na tigela que já estava vazia.

– Ah... Entendi. Mas isso não te impede de gostar dele. – disse de boca cheia.

– Claro que impede. Quero dizer, eu não posso... Eu nem sei se ele gosta de mim. – desabafei.

– Não pode? Por acaso é proibido se apaixonar por alguém que já está comprometido ou, isso é o que você pensa? E bem... O único modo de saber se ele gosta de você é ver se ele te corresponde. Quero dizer, se ele sabe que tem namorada e continua agindo de forma estranha com você, pode ter certeza de que ele sente a mesma coisa que você, mademoiselle.

– Não acredito nisso, Pierri. Particularmente, acredito que eu esteja precipitada em relação a isso. – admiti.

– Você pode estar até precipitada acreditando nesse amor, mas talvez não esteja. Você nunca se perguntou se as coisas só estão acontecendo dessa maneira por alguma razão? – fez-me refletir.

Não. Nunca tinha pensado desse jeito. Mas, de qualquer forma, eu não sabia o que pensar. Não sabia o que sentir. Tudo estava confuso em minha cabeça.

Talvez eu esteja apaixonada.

Ou talvez...

Não.

Ele sorriu após perceber que tinha me pegado em cheio, pois eu não conseguia responder nem uma simples palavra.

– Ah o amor... Para alguns é fácil como despetalar uma flor, mas para outros é difícil como por todas as pétalas de volta. – disse, pondo o dinheiro na mesa para pagar os sorvetes, e se levantando lentamente para irmos embora. Imitei o segundo gesto.

– Obrigada pelo passeio, Pierri. Animou-me muito. – disse, enquanto batia a porta do táxi.

– Estou sempre aí, Drew. – e saiu com o carro rapidamente. O resto da viagem foi silencioso. Eu observava as folhas caírem das árvores caducifólias enquanto o táxi navegava sem fazer barulho. A noite se aproximava e eu continuava refletindo sobre a pergunta de Pierre. Talvez meus pensamentos me enganassem, mas o meu coração eu sabia que não. E eu tinha certeza do quão seria bom me apaixonar de novo, pois a ferida que Michael havia deixado ainda existia. Mas o único problema seria me apaixonar pela pessoa errada ou, se o errado fosse me apaixonar por Morin.

Agradeci mais uma vez a Pierri e, finalmente, saí do carro. E quando me virei para voltar para o saguão percebi que Morin estava a centímetros de mim. Mexendo incontrolavelmente em seu celular.

– Morin? – chamei, fazendo-o olhar para mim de repente, com uma expressão séria e assustada.

– Drew! Caramba, você está aí! Todo mundo estava te procurando... Eu já ia até a Place de La Concorde para ver se você estava lá. – disse, aproximando-se de mim com uma expressão aliviada e um sorriso no rosto.

– Agradeço a preocupação, mas estou sã e salva. – disse, entrando no saguão, deixando-o lá fora.

Drew Kimberley acaba de deixar Morin sozinho.

Isso é realmente possível?

Mas sem perceber ele havia puxado o meu pulso, fazendo-me encarar seus olhos que eu tanto havia sentido falta.

– Você está chateada comigo por ontem, não é? Olha... Sinto muito! Eu não imaginava... – tentou se explicar.

– Não se preocupe. Não é com você, amigão. – usei a expressão “amigão” propositalmente.

– Eu te conheço, Drew. Você está muito brava, eu sei disso. – insistiu. Agora ele me seguia enquanto eu ia em direção ao meu quarto.

– Pare com frescura, Morin. Já disse que não estou chateada.

– Então se não está chateada, você vai sair comigo de novo hoje. – disse, fazendo-me sufocar.

Morin queria sair comigo de novo. Ele queria. Ele queria.

– Ah Morin, estou cansada. A gente sai outro dia. – disse, entrando no quarto, deixando-o entrar também.

– Não aceito desculpas. Você vai. – e dessa vez eu sabia que ele não iria ceder. Ele ainda acreditava que eu estava chateada com ele e continuaria persistindo nisso até que eu aceitasse. Mas eu não iria aceitar tão fácil, aliás... Pensei em algo melhor do que dificultar.

– Só com uma condição. – olhei seriamente para ele.

– Qualquer uma.

– Desi e Ed vão juntos. – disse, fazendo-o revirar os olhos.

– Ah, Drew... Eles só discutem! E você sabe como Desi comanda tudo quando saímos. Isso é realmente chato. – disse, parecendo realmente embravecido.

– Bom, então se ela não vai, eu não vou. – lhe chantageei.

– Chata. – revirou os olhos. – Eu vou lá chama-los.

– Morin. – chamei.

– Quê? – disse, parecendo impaciente.

– Acho que vai precisar disso essa noite. – e joguei o casaco dele em suas mãos. Ele sorriu... Afinal ele havia ficado feliz por eu ter aceitado o seu pedido, por mais que isso lhe custasse a presença de mais dois amigos. Aproveitei o momento em que estava sozinha no quarto e terminei de me arrumar. Apenas um rímel para realçar meus cílios e uma leve penteada em meus cabelos para que eu, finalmente, ficasse pronta para mais uma volta na cidade de Paris.

Então nós quatro caminhávamos perante as ruas escuras de Marais. Lá a noite começava cedo. Os bares estavam lotados. As ruas estavam lotadas. As pessoas estavam esgotadas. Cervejas rolavam pelas calçadas. As gargalhadas incansáveis apoderavam-se dos lugares. As roupas elegantes manchadas com as cinzas dos cigarros. Era um sábado escaldante em Paris.

– Boa escolha, Morin. Vamos entupir até as orelhas de tanta bebida. – alegrou-se Ed.

– Nem pensar. – gritou Desi. – Ah Drew, eu gostaria de te pedir desculpas por hoje no refeitório... Foi realmente ridículo... E depois de tudo o que eu fiz você foi capaz de nos convidar para hoje! – impressionou-se Desi.

– Não se preocupe, Desi. Morin e eu precisávamos de uma companhia. – disse, batendo minha mão nas costas de Morin, fazendo-o revirar os olhos enquanto eu ria de sua expressão.

– Se não vamos ficar em um dos bares, então aonde vamos? – questionou Ed.

– O que acham da padaria logo ali? A Ronde des Pains. – opinou Morin. Todos concordaram e não demoramos muito para nos acomodarmos nas cadeiras da simples padaria.

Bonsoir. – dizia simpaticamente o garçom. Todos responderam em um tom sincronizado, até mesmo eu, que não sabia uma só palavra. Morin olhou para mim com um olhar de aprovação, eu estava me saindo bem. O garçom anotou o pedido de cada um e logo, retirou-se.

– Aqui está ótimo, ainda não conhecia esse lugar. Eu venho muito ao Marais nos finais de semana, mas eu costumo sempre comer sushi ou, parar em algum bar. Realmente foi uma boa escolha, Morin – comentou Desi.

– Vejo que alguém está de bom humor hoje. – provocou Morin, olhando maliciosamente para ela.

– Não dura muito, Morin. Não provoque a fera. – acrescentou Ed, olhando seriamente para Morin. Eu apenas acompanhava a conversa com a minha risada.

– Ele aprende rápido. – gabou-se Desi, referindo-se à Ed. Estávamos todos nos divertindo, até que o celular de Morin tocou e, em sua face, um lindo sorriso foi desenhado.

– É a minha mãe. Já volto. – e retirou-se da mesa, piscando para mim, pois era somente eu quem sabia o quanto essa ligação era importante. Ele dava à mãe toda a atenção possível, afinal já não estava mais perto dela. E ele sabia o quanto ela merecia essa atenção. Aliás, nós dois sabíamos. E eu me sentia orgulhosa por saber disso. Ao voltar a encarar Desi e Ed, percebi que eles trocavam beijos. Beijos inocentes, eu diria. Eles eram realmente fofos, porém brigavam muito. Mas se não fosse por isso, eu estaria sempre desejando ser como eles. Imediatamente, parei de olhá-los e voltei minha atenção à Morin.

Como será que é o beijo dele?

Eu ria de mim mesma, pela pergunta tão besta que eu havia acabado de formular.

Até que a alegria havia literalmente ido embora.

Morin estava parado no meio da rua, com um rosto bárbaro. Parecia assustado. Era como se a morte o estivesse perseguindo. Um carro passava pela avenida buzinando, mas ele não saía do lugar. E, sem perceber, eu estava correndo. Gritando o seu nome. Tentando chamar a sua atenção de algum jeito. Até estarmos os dois no chão.

– Você enlouqueceu? O que deu em você? Fala comigo agora. – eu gritava, enquanto agarrava o seu rosto. Poderia jurar que em algum momento eu iria chorar. O homem que dirigia o carro não havia nos atingido, mas apenas parecia extremamente furioso. Xingava-nos de tudo. Usava até palavras que não estavam em meu vocabulário.

Pardon, monsieur. Pardon. – eu pedia desculpa, sem dar à mínima se ele estava furioso ou não. Morin continuava a encarar as suas mãos, as quais tremiam constantemente. Eu o ajudei a sentar no chão.

– Que merda foi essa? – dizia Desi, que vinha correndo em nossa direção com Edmound.

Até que ele, finalmente, falou.

– Minha mãe está com câncer.


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Notas finais do capítulo

:(



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