Obscuro escrita por Beatriz Menezes


Capítulo 3
Aparecer e desaparecer - Capítulo Dois




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Aparecer e desaparecer

Capítulo Dois

Jenny brincava com taças vazias enquanto olhava sua amiga como atendente de caixa num bar-lanchonete qualquer. Já passavam das 23 h e ela estava entediada. Ela sentou-se em um dos banquinhos que giram e girou-se, olhando para os clientes que combinavam perfeitamente com aquele estabelecimento sem vida. Rostos sofridos em geral, ou adolescentes vagabundos e drogados. Quando houve um rosto que chamou a sua atenção: ele trajava um moletom preto, com capuz na cabeça, deixando-o com aparência calva. Seus olhos eram negros como a noite, não somente as iris, mas as córneas também. Pele extremamente pálida, mas os cabelos negros destacavam as maçãs largas. Andava por meio da multidão selado por uma aura negra, com as mãos dentro do bolso. Não que estivesse frio, apenas escondia as mãos.

Jenny ergueu-se do banquinho para ter com ele, tinha certeza que já o vira antes... Era o...

– Lenon? - Ela sentiu um calafrio, afinal, ele tinha morrido. Certo? - O... O que você faz aqui?

- Estou faminto! - Respondeu ele, pondo as mãos no estomago.

- O que você quer?

- Pode deixar que eu mesmo pego. - Ele puxou uma garota de mais ou menos 17 anos, para fora do bar e escutou-se um grito abafado. Jenny ficou paralisada.

- POR DEUS, O QUE FOI ISSO? - Perguntou Fleur, correndo para onde escutara o grito. - JENNIFEEEEEEER! - Jenny foi atrás dela correndo, não que ela quisesse, mas por puro impulso.

Chegando lá, ela seguiu o olhar de sua amiga. A garota que havia sido puxada por Lenon (ou o seu cadáver, ou sua alma) estava morta. Em maiores detalhes sádicos: ela estava estirada no chão, com os pulsos cortados, membros tortos e atrofiados, pescoço torcido e com um enorme buraco ao lado; além dos olhos, que tinham sumido de sua face. Completamente brancos, revirados. Sua boca estava aberta, e saia sangue grosso.

Jenny tapou a boca, mas Fleur já estava acostumada a ver aquilo em filmes de horror. Chamar sua amiga para contemplar a cena, só era uma forma de querer gabar-se; gabar o quanto forte podia ser. Mas aquilo não tinha graça, afinal, fora de verdade. Jenny não sabia por que como alguém podia gostar de filmes de horror, ou qual era o prazer de ver outros morrendo, mas entendia o quanto sua amiga era sádica. O prazer da dor alheia era uma forma de esquecer que apenas ela sofria.

- Quem fez isso com ela? - Perguntou Fleur, para a sua surpresa, ela parecia estar com medo.

- Você não viu o Lenon entrar e puxá-la?

- Não! - Jenny começou a pensar, depois de uma fração de segundos pensando, raciocinou:

- Ninguém, nem a própria menina notou. - Disse Jenny.


Horas Depois...


  Já estava amanhecendo em New Squall quando Jenny terminou seu cadastro para o curso de verão de biologias humanas. Já estava se preparando para dormir quando viu o horário ser impresso. As aulas começariam na segunda-feira, e ela mal podia esperar.

  Jogou-se na cama e tirou o celular debaixo do lençol vendo a foto dela e Gabe com desenhos de bigode colados sobre os lábios; Gabe fora uma paixão antiga dela, cuja não poderia esquecê-la. Para uma pessoa equilibrada com Jenny, era infantil manter uma paixão tão inocente. Gabe e Jenny trocaram o primeiro selinho na primeira série e nunca mais ela se esquecera dele; assim como, ele prometera casar com ela na 3ª série. Eles eram muito ligados, parecia um casal de seis anos; lembrava muito: O primeiro amor - que ainda por cima, é o livro favorito dela.


  - Ai, Gabe! Que saudade de você! - Sussurrou ela, debaixo das cobertas.


  Desde que saíra da escola: New Squall School; Gabe não era o mesmo. Nunca mais telefonou para ele, e houve boatos que ele estava a namorar com uma menina de sua nova escola. Jenny sentira-se traídas, mas um amor tão inocente como o de duas crianças não iria durar até seus casamentos, quem diria a vida toda?

  Fleur tentara a convencê-la a não ficar deprimida; que ela era um ótimo partido... Bem, talvez não, Fleur gostava de insultá-la, pois eram como irmãs, mas Jenny sabia o quanto eram próximas. Contudo, Jenny aprofundara-se em músicas tristes e filmes de romances, a sombra dos outros, no desejo de poder ter um amor tão profundo e doce de novo.

  Nada parecia ajudá-la, principalmente o divorcio dos pais. Ela continuava carregando o fardo de ser traída. Para distrair-se, saia com Fleur à procura de fazer besteiras em lugares públicos como shoppings e livrarias. Lembrava-se perfeitamente de quando, ambas, estavam numa livraria e viram um casal na marmelada.


  “- O amor é tão lindo. - Comentou Jenny. - Nos livros!”


  As duas caíram na risada e o casal as ignorou. Fleur chegou a dar uma tapinha fraca e murmuram algo com ela, mas acabou não agüentando e caiu em uma frenética crise de riso com sua amiga.


  Quebrando-lhe os pensamentos mais profundos e antigos: o temido despertador. Ele berrava “SÃO SETE HORAS”. Ela colocou em soneca, e tentou cochilar por cinco minutos. Quando começava a fechar os olhos, seu telemóvel tocou. Relutante, atendeu-o sem ao menos ver o nome.


  - Alô? - Falou ela com um tom de ignorância.

  - Também vou entrar no curso de verão! - Disse uma voz masculina familiar. Jenny ficou em silêncio na tentativa de decifrar o proprietário da voz. - Puxa; eu não acredito que você continua com o mesmo telemóvel!

  - Desculpe-me; mas, com quem eu falo?

  - Esqueceu de mim, Jem? - As engrenagens começavam a funcionar. Só uma pessoa na terra a chamou de ‘Jem’ em toda sua vida. - Ah, sim: a Deby acabou comigo há três semanas... Como está sua ignorância?

  - GABRIEL! 




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