PDV - ALEC

     Meus olhos estranharam a claridade que vinha da janela. Eu estava me sentindo seco, com uma sede atroz. Encontrei uma bolsa de sangue ao lado da cama. Mas que lugar é esse? Olhei para o quarto , e minha cabeça doia. Dor é um sentimento que há muitos séculos não conheço. Mas a sede ainda queimava. Bebi todo o sangue. Estava morno ainda. Alguém tinha acabado de coloca-lo ali. Inalei o ar, buscando vestígios de quem tinha estado ali. Era Edward Cullen? Tentei puxar nas lembranças. Mas minha mente é um borrão sem lembranças. Senti passos de vampiro se aproximando. Eram dois. A porta estava abrindo, e eu já estava em posição de ataque. Mas uma imensa paz abrandou minha posição . A porta do quarto se abriu. Edward e Jasper entraram.

   – Fique calmo, Alec. Não vamos fazer nada contra você.

   Nova onda de calma. Eu sentia que tinha algo errado, mas não sentia vontade de ataca-los com meu dom.

  – O que está acontecendo comigo, Edward?

  – Não lembra? Quais, exatamente são suas últimas lembranças, Alec?

  – Me lembro de Nessie. Ela estava tendo o bebê. Eu saí! Fui para a floresta. Me sentia fraco. Não queria maxucá-la, nem ao bebê...

   Edward me olhava com profunda atenção. E seu olhar me analizava, tentando buscar algo na minha mente. Enfim falou, e sua voz era clara, firme e cortante como uma faca de gelo.

  – Ela morreu, Alec. Só o bebê sobreviveu.

   As palavras de Edward martelavam em minha mente. Eu agora via claramente Nessie morta. Seu corpo sem vida. Depois uma lápide em mármore branco, com seu nome.

     – Não!!!

    Minha voz saiu estranha e esganiçada. Olhei o semblante de Jasper e Edward. Não conseguia sentir nada. Provavelmente, Jasper usava seu dom em mim. Eu agradecia. Eu não queria sentir isso. Eu não queria sentir a morte daquela, que foi o único amor que eu conheci em toda a minha eternidade.

   – Lembra da promessa, Alec? Lembra que prometeu à ela cuidar de seu filho?

   – Sim, eu lembro.

   A memória de Nessie ainda grávida invadiu minha mente.

   Faria isso por mim? Cuidaria do meu filho, Alec?

   Levantei meu rosto, encarando eles. Edward me olhava, analizando cada pensamento meu. Devastando minha mente. Provavelmente, parecia verificar o que eu dizia.

   – Onde estamos?

   Perguntei, tentando entender toda aquela loucura.

   – Turin. Na nossa casa em Turin.

   – Como chegamos aqui?

   – Um avião particular nos trouxe. Você voltará para Volterra, Alec. Nossa família está desetruturada depois da morte de Renesmee. Não ficaremos mais juntos por muito tempo. Deve levar a criança aos reis e dizer a Aro, que cumprimos o trato. Ele não deve mais nos incomodar.

   Só consegui concordar com a cabeça. De alguma maneira, tudo que ele me dizia, parecia se encaixar estranhamente.

  – Onde está a criança?

  – Lá em baixo, com Jacob.

  – Jacob?

  – Sim.

    Descemos. Olhei Jacob com o menino nos braços. Estavam se despedindo. Suas testas unidas, mas não diziam nenhuma palavra. Ele me entregou o menino. Jacob me olhava com firmesa. Mas em seus olhos, não tinham mas o escárnio e o desprezo, que ele sempre me dedicava em cada olhada de morte. Era algo diferente. Uma dor. Tristeza. Estaria sofrendo pela morte de Nessie? Por que Jasper não lançava seu dom sobre ele também? Como ele estava suportando isso?

   - Jacob prefere sentir o que está sentindo, Alec.

   Edward respondeu minhas perguntas mentais .

   Peguei a criança meio sem jeito. Mas ela veio de bom grado. Parecia me conhecer, e não tinha medo em seus olhos.

   Jacob colocou nele, um medalhão de prata. E o menino começava a brincar com ele no pescoço.

  – Para eu te encontrar filho. Onde quer que você esteja.

  - Eu cudarei dele, Jacob.

   Não sei porque eu disse estas palavras para ele. Mas era a mais pura e simples verdade. Eu cuidarei daquela criança. Ele me olhou, consentindo e se afastou, saindo da sala.

   - Parta agora mesmo, Alec. Está tudo pronto. Há um carro lá fora. Use-o para os levar até Volterra. E... Obrigado, Alec!

    Edward beijou a testa do menino e foi comigo até o carro, ajeitando ele no banco de trás, em uma cadeirinha de criança. Jasper nos olhava de dentro da casa sem falar nada. Olhei para ele, fazendo um cumprimento com a cabeça, e ele respondeu. Entrei no carro. Edward olhava a criança pelo vidro e disse adeus a seu neto com seu olhar escurecido.

   - Adeus, Jason. Seja um bom menino.