Só mais uma história de amor escrita por Sali


Capítulo 24
All the things she said.


Notas iniciais do capítulo

Hey, hey, hey! Well, I am back!
Parafraseios (essa palavra existe?!) de AC/DC à parte, sim, eu voltei.
Demorei um pouquinho, né? Mas depois de tantos capítulos seguidos, eu merecia uma folguinha.
Well, capítulo novo aí com mais lágrimas, drama e tristeza. Só peço que não me matem, okay? O capítulo também tá pequeno, mas eu vou tentar aumentar eles, juro. É só essa maré de drama passar e eles vão voltar a ser grandinhos.
O título do capítulo é inspirado na música All The Things She Said - T.a.T.u.
A letra tem um pouquinho a ver com o cap, mas não o suficiente para vocês precisarem ouvir junto e tal.
Enfim, é isso
Agora, leiam :3



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Naquela manhã de terça-feira, a minha última vontade era levantar da cama.

Não que eu estivesse com sono; longe disso, eu não conseguira dormir durante a noite toda, com a cabeça cheia e pensamentos confusos para organizar. E ainda estava completamente desperta.

O meu desânimo possuía outra fonte, com nome e rosto: Júlia.

Eu sabia o quão infantil e imaturo era evitá-la, e por isso tinha completa consciência da minha obrigação. Mas isso não significava que eu tivesse gosto em fazê-la.

Com um suspiro resignado, me levantei para começar meu dia.

Depois de um banho frio e uma breve olhada pela janela, concluí o óbvio: meu dia não começara bem, e estava bem distante de terminar diferente.

Vestida com roupas quentes e a minha jaqueta de chuva, deixei o prédio em direção à faculdade ouvindo e sentindo a batida suave das gotas de água no meu capacete e no couro do casaco.

Como eu havia levantado atrasada naquela manhã, não perdi tempo ao chegar à faculdade e fui direto para a sala de aula, sem ver ninguém – e isso incluía Pedro, Ana, Júlia e Isabel. O segundo e o terceiro horários, ocupados pelo mesmo professor, se passaram aflitivamente, e a iluminação baça que o tempo nublado trazia para a sala não era de grande ajuda no clima pesado que se instalava dentro de mim. Por sorte, aquelas eram as únicas aulas que eu teria, então poderia aproveitar – ou não – o resto do dia.

Quando a aula finalmente chegou ao fim, eu soltei um suspiro. Aquele era o momento final, e eu não podia adiar ou fugir daquilo.

Enquanto descia as escadas do prédio, Júlia veio até mim.

– Mari, eu preciso falar com você.

Assenti.

– Eu também quero falar com você, Júlia.

– Tudo bem. – Ela assentiu, mordendo o lábio inferior. – Você tem... O direito de falar primeiro.

Assenti. Eu não sabia por onde começar, mas tinha que dizer aquilo. Era o certo. Suspirei e comecei.

– Júlia. Eu… Bom… Eu te amo. Te amo demais, e você sabe disso. Mas… Bom, eu sei que você ainda tem sentimentos por aquela… Pela Isabel. E por te amar tanto, Ju, eu quero te deixar livre. – Mordi o lábio, me forçando a segurar as lágrimas.

O olhar que Júlia me lançou fez com que eu sentisse meu coração se partindo novamente, mas eu não podia fraquejar.

– O… O que você quer dizer, Mari?

Suspirei.

– Você precisa se resolver com a Isabel, Júlia. E eu não quero te atrapalhar. Você tem que tomar uma decisão, e eu não quero que você se prenda a mim. Não quero que você se prenda ao argumento “eu tenho namorada”, ou que você se obrigue a ficar comigo, gostando dela.

Lágrimas, cintilantes graças à luz baça do sol encoberto por nuvens de chuva, rolavam pelas bochechas dela.

– Mari… Não termina comigo, por favor. Eu sei que eu errei, eu sei que eu não devia ter feito aquilo mas… Não é ela que eu amo. É você.

Balancei a cabeça.

– Eu não estou terminando com você, Ju. Só quero… Te dar um tempo. Um tempo para você pensar, e se decidir. Se você perceber que gosta dela, vai em frente, fica com ela. Mas se, daqui a algum tempo, você perceber que é de mim que gosta, então… – Dei de ombros.

– Eu não preciso de tempo, Mari. Eu tenho certeza. Eu te amo. Eu te amo, Mari. – Júlia esticou a mão, tocando meu rosto.

Suspirei e fiz o mesmo, pousando a mão na sua bochecha, acariciando-a.

– Eu te amo mais que tudo, Júlia. Te amo como eu nunca amei nenhuma outra pessoa na vida.

Sem que eu conseguisse evitar, as lágrimas caíram pelo meu rosto, e pelo dela também.

Inclinei-me para frente e Júlia ergueu a cabeça, como sempre fazia para me beijar, mas, no lugar disso, beijei-lhe a testa. Suspirei e fiz uma última carícia na sua bochecha, tirando a mão do seu rosto e secando os meus olhos.

– Tchau, Júlia.

Ela abaixou a cabeça, mantendo a mão no meu rosto.

– Eu te amo, Mari.

Segurei a sua mão por alguns instantes, como uma despedida silenciosa, e então soltei-a, virando as costas para Júlia e caminhando lentamente para longe dela, em direção ao estacionamento. Sequei novamente meus olhos, antes que as lágrimas voltassem a cair e senti meu coração batendo tão furiosamente como se quisesse sair de mim.

. . .

Quando eu vi Mariana virando as costas, senti como se uma parte de mim tivesse indo junto com ela. E provavelmente estava.

Minhas pernas mal aguentavam o peso do meu corpo, e, mesmo vestindo um casaco, comecei a sentir frio. Sem conseguir me manter de pé, sentei-me no canto do último degrau da entrada do prédio e apoiei a cabeça nas mãos, deixando que as lágrimas frias descessem pelo meu rosto. Lágrimas de tristeza, de culpa, de ódio.

Antes que eu evitasse, estava chorando sem conseguir me conter, sem nem ao menos me importar com as pessoas que passavam. As palavras de Mariana não saíam da minha cabeça, tanto as que ela dissera havia pouco quanto as que ela dissera no dia anterior.

Eu também não conseguia deixar de pensar no sofrimento dela – no sofrimento que eu causara a ela, como minha mente não parava de me lembrar –, e das lágrimas que saíam dos seus olhos verdes. Lágrimas que, mesmo a conhecendo por quase um ano, eu nunca vira em seu rosto antes.

– Júlia? Você está chorando? – A voz de Isabel se fez ouvir, cortando minha linha de pensamento e embrulhando meu estômago.

– Não te interessa. – Respondi, sem ao menos levantar a cabeça. Eu não queria falar com ela, não queria nem olhar para aquele rosto.

– Que isso, Júlia. Você não precisa ser grossa que nem a sua namorada. Falando nisso… Foi ela quem te deixou assim? Porque…

– Cala a boca, Isabel! – Exclamei, sem aguentar mais ouvir a sua voz e as suas palavras. Já de pé, encarei-a. – Sai daqui. Eu não quero te ver, não quero falar com você, eu te odeio!

Meu tom de voz era elevado, e eu empurrava Isabel pelos ombros com força, mas não ligava. Se havia uma pessoa pela qual eu nutria mais ódio que por mim mesma, essa pessoa era ela.

– Ei, ei. Calma, Júlia. – Ela esticou os braços, as mãos estendidas. O tom de voz era mais brando. – Espera, vamos conversar.

– Eu não quero conversar com você, droga. Só quero que você saia daqui agora.

– Se é o que você quer… – Ela balançou a cabeça e deu de ombros, saindo dali.

Novamente sozinha, suspirei e senti mais lágrimas descendo pelos meus olhos. Sequei-as com as costas dos dedos e mordi o lábio.

Sem a mínima ideia do que fazer, e um tanto desnorteada, rumei em direção ao estacionamento, ignorando as aulas que eu ainda teria naquele dia.


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Notas finais do capítulo

Pronto, é isso. Não me matem, ok? Eu não fiz por mal, era necessário.
Mas relaxem que a fic não vai acabar agora. Ainda falta muito (algum, talvez) chão pela frente.
Agradecimentos especiais a todo mundo, porque vocês são fodas e graças a todas vocês, chegamos finalmente aos duzentos (e seis) reviews.
Bom, é isso.
Não me matem, se não nunca saberão o futuro da Mari e da Ju.
Até o próximo! o/