Só mais uma história de amor escrita por Sali


Capítulo 22
tudo começou com uma aparente felicidade."


Notas iniciais do capítulo

Sim, o resto da frase do título do capítulo anterior tá aqui porque combinou demais.
Sim, eu estou postando outro capítulo e não faz nem 24 horas que eu postei o anterior.
Sim, eu sei que nunca fiz isso.
E sim, esse capítulo contém MUITA TRETA.
Todas estavam curiosas para saber o que a nossa querida Isabel aprontaria. Well, aqui está a resposta.
Só peço que vocês não me matem, okay? Vocês precisam saber o final dessa fic ;)



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Depois da discussão com Isabel, eu ainda estava irritada e nervosa, e não sabia direito se era com Júlia, com Isabel, com as duas ou com nada.

Minha mente não parecia querer ajudar, pois me fazia lembrar de cada vacilação da minha namorada diante de Isabel, quase suplantando os bons momentos que havíamos passado naquele final de semana. Eu também não conseguia tirar da cabeça o sonho que me angustiara tanto no sábado, o que deixava meu coração apertado e a minha garganta com um nó.

Júlia havia ido para a sua sala, em outro andar do mesmo prédio onde eu estava. Mas eu percebera, graças à sua postura e o modo de segurar o livro junto ao peito, que ela não era a mais feliz das pessoas naquele momento. Mas, mesmo vendo a minha namorada triste, eu simplesmente não conseguia superar a raiva que me tomava, aquela sensação terrível de frustração e angústia.

Durante a aula, se eu ouvi duas frases do professor foi muito. Eu simplesmente não conseguia prestar atenção na matéria imaginando a minha namorada em outro lugar, distante de mim e exposta à ardileza de Isabel. Minha imaginação, implacável, criava cenas torturantes, me deixando à beira das lágrimas – eu, que quase nunca chorava.

Quando a aula finalmente chegou ao fim, eu cheguei à conclusão de que cinquenta minutos poderiam, sim, se tornar uma eternidade. E para isso não era necessário nada além da ajuda de um coração triste e uma cabeça cheia.

Quase no automático, me dirigi ao banheiro mais próximo – o do segundo andar do prédio onde havia sido a minha aula – a fim de lavar o rosto e esfriar as minhas ideias. Mas, antes que eu terminasse de empurrar a porta, ouvi duas vozes em tom de discussão e reconheci nelas Júlia e Isabel.

– Só um beijo, Júlia. A sua namorada não precisa saber. Eu só quero um beijo seu para ter certeza de que você não sente mais nada por mim.

– Eu não sinto nada por você, Isabel, e não preciso provar isso.

– Por favor, Júlia. Um beijo. Você não sabe como eu senti a sua falta.

Mordi com força o lábio. Era incrivelmente idiota ouvir a conversa alheia escondida pela porta de um banheiro, mas eu desejava saber a continuação daquilo – o que era ainda mais idiota, quando eu podia simplesmente interromper aquela discussão e o pedido estúpido de Isabel.

Ouvi um passo e imaginei que fosse de Júlia, já que eu não conseguia vê-las de onde eu estava.

– Não, Isabel. Para. Para de me iludir. Você sabe que eu estou namorando. O que você quer com tudo isso?

Ouvi mais passos e então era possível ver as duas. Júlia com as costas contra a pia, sendo cercada pelo corpo de Isabel, que estava perigosamente perto.

– Eu quero você. – Foi a sua resposta.

E, no momento em que eu decidi interromper aquela discussão, os lábios de Isabel estavam sobre os de Júlia.

Paralisada, eu vi o momento em que a minha namorada envolvia o pescoço de Isabel com os braços – como fazia comigo – e retribuía ao seu beijo, permitindo que ela abraçasse a sua cintura – como eu fazia com ela.

E então, com uma dor tamanha que eu não imaginava poder caber em uma pessoa só, soltei a porta que eu segurava até então, deixando o ruído que ela fez ao bater para trás enquanto andava quase sem rumo, em direção à saída daquele prédio.

Meus passos eram apressados quando eu cruzei o campus, esbarrando com Ana e Pedro no caminho e ignorando completamente o que eles disseram. Quando cheguei onde a minha moto estava estacionada, me atrapalhei na missão de encontrar a chave que abria a trava do capacete. Mas, quando finalmente desvencilhei-o, subi na moto e dei a partida, deixando para trás a faculdade, Isabel e Júlia, mas levando comigo a pior sensação que eu já havia sentido.

. . .

Desde que eu vira Isabel no início desse ano, meus sentimentos eram tão conflitantes que mal cabiam em mim. Eu tinha guardada em mim a certeza de que eu amava Mariana, mas por mais firme que fosse essa certeza, cada vez que eu via aquela parte do meu passado, com seus dreads, olhares ardilosos e sorrisos cheios de malícia, uma onda de desejos e sentimentos estranhos me envolvia.

Não era como se meu amor pela minha namorada diminuísse. Era como uma parede firme sendo coberta até o topo por uma onda gigante, se mantendo firme ali, porém submersa pela água.

Eu sabia que precisava colocar, de uma vez por todas, um ponto final naquela situação, e percebera isso ao ver a ousadia de Isabel e a raiva de Mariana. Era incrivelmente doloroso ver a minha namorada – sempre sorridente e alegre – tão nervosa e aflita, como ela estava antes de ir para a aula e também no sábado, ao dizer que tinha medo de me perder. Eu a sentia diferente, distante, havia vários dias e ela parecia sentir o mesmo.

Assim, decidi-me a conversar com Isabel assim que a encontrasse, para resolver de uma vez por todas o que atormentava a mim e ao meu relacionamento.

Por sorte – ou azar, eu não sabia ao certo –, encontrei-a no banheiro do andar da minha sala, onde, felizmente, a aula terminara mais cedo.

– Júlia, que surpresa agradável. – Ela sorriu ao me ver entrar no banheiro, terminando de secar as mãos.

– Eu preciso falar com você. – Respondi secamente.

– Pois fale. Sou toda ouvidos.

Suspirei.

– Isabel, eu preciso que você entenda uma coisa: o que tinha entre nós acabou. Chegou ao fim. Não existe mais. – Falei de uma vez, repetindo aquele texto que eu não parara de dizer desde que Isabel voltara. De qualquer forma, por mais repetitivo que fosse, era a verdade.

Ela soltou um suspiro e jogou os papéis-toalha na lixeira, colocando as mãos nos bolsos. Retesei-me, aguardando mais uma de suas respostas dramáticas, mas não foi isso que recebi.

– Tudo bem, Júlia. – Ela disse por fim. – Pelo visto você gosta mesmo dessa garota, a Mariana. Eu, pessoalmente, não entendo a graça que você vê nela, mas já que vê, eu não posso fazer nada.

– Eu não gosto da Mari, eu a amo. E não se trata de ver graça. Se trata de muito mais. Se trata de carinho, cumplicidade, preocupação, cuidado. É isso que forma um relacionamento, não beijos e idas para a cama ocasionais. Acho que isso é uma coisa que você precisa saber, Isabel.

Ela sorriu de canto, balançando a cabeça.

– Tudo bem, que seja. Você é livre para tomar suas decisões. Eu fiz quase tudo que podia para te reconquistar, mas se não consegui, paciência. Mas... Antes de você sair daqui, Júlia. Eu quero te fazer um último pedido.

Revirei os olhos, mordiscando o lábio inferior. Em uma parte de mim, eu temia o que ela diria depois.

– O que você quer, Isabel?

– Um beijo. – Ela respondeu. – Um beijo seu, e aí eu paro de te incomodar, nunca mais falo com você. Mudo de campus, volto para o Sul. Mas... Eu quero um beijo seu, para ter certeza de que você não sente nada por mim.

Senti uma sensação estranha me tomar. Eu havia construído em mim aquela barreira contra Isabel, repetindo como um gravador os argumentos de sempre, mas, ao ouvi-la dizer o que eu queria – ela longe de mim –, vacilei.

– Não, Isabel. Eu não vou e nem quero te beijar.

A sua expressão mostrou frustração, mas eu sabia que ela nem sempre sentia o que suas expressões demonstravam.

– Só um beijo, Júlia. A sua namorada não precisa saber. Eu só quero um beijo seu para ter certeza de que você não sente mais nada por mim. – Ela repetiu, e a sua frase causou-me ainda mais sensações estranhas, trazendo como uma pancada de lembranças de Mariana na minha cabeça.

Respondi o que nem eu sabia.

– Eu não sinto nada por você, Isabel, e não preciso provar isso.

– Por favor, Júlia. Um beijo. Você não sabe como eu senti a sua falta. – Ela insistiu, aproximando-se de mim e estendendo a mão para tocar meu rosto. Afastei-me um passo.

– Não, Isabel. Para. Para de me iludir. Você sabe que eu estou namorando. O que você quer com tudo isso? – Respondi, balançando a cabeça furiosamente.

De repente, Isabel cobriu a distância entre nós e me prendeu contra a pia, seu corpo tão perto do meu que eu conseguia sentir o perfume que a sua pele exalava.

– Eu quero você. – Foi a sua resposta, e então seus lábios estavam sobre os meus.

Havia muito tempo que eu só tinha os beijos de Mariana, tão bons e característicos, com a sua boca se moldando perfeitamente à minha e o toque discreto da sua argola no canto do lábio. E, assim, voltar a beijar Isabel foi como um choque diretamente no meu sistema nervoso.

Diversos pensamentos corriam na minha cabeça sem que eu os controlasse. Pensei na falta que eu sentira do beijo de Isabel e de como ele era bom, e me censurei por pensar isso. Voltei a pensar no beijo de Mariana, e em como eu o preferia muito mais. Estreitei os braços ao redor do pescoço da minha ex-namorada e percebi o quão errado era aquilo, sentindo também o erro que existia quando ela me abraçou pela cintura.

E então, como um interruptor desligando todos aqueles pensamentos, o ruído das dobradiças enferrujadas da porta do banheiro me sobressaltou, e eu pude ver um vulto de cabelos castanho-avermelhados saindo dali com velocidade antes que a porta batesse, se fechando novamente.

E, naquele momento, eu nem precisei pensar no que havia acontecido. Só tinha a constatação de duas coisas: eu havia feito uma besteira enorme, e Mariana presenciara aquilo.


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Notas finais do capítulo

Ahn... É isso. Vou nem falar nada pra não estragar a tensão. Sei que tô postando capítulos disparadamente, mas acho que isso foi tipo um lapso criativo louco. Foda-se, eu estou aproveitando, e espero que vocês também.
Vou agradecer aqui rapidinho os reviews novos (quatro, porque nem deu tempo de vocês comentarem direito) e... sei lá. É isso.
Só... Não me matem. Vocês dependem de mim para terminar essa história.
Até mais ver o/