POV Ricardo

Pedi que Thaís fosse rápida no que ela tivesse pra dizer, afinal eu queria, o mais rápido possível, poder ir atrás de Alice .  Em vez disso Thaís começou um grande discurso:

- Caso você ainda se recorde, você tinha uma noiva Ricardo, por sinal minha prima, Vanessa. Mesmo que eu e você não tenhamos nos falado muito ela sempre conversou comigo sobre você e me pediu ajuda em muitas coisas e dessa vez ela me ligou chorando, desesperada, dizendo que está esperando um filho seu e que você não deu um pingo de atenção a ela coitada! Primeiro pensei que talvez você estivesse no trabalho, ou até mesmo em alguma aula, mas aí, andando pra minha sala te vejo aqui com a sonsa da Alice! Claro que tive que impedir você de fazer algo estúpido e lembrar que agora você vai ser pai e agradeça por eu não ter dito isso pra sua esquisitinha querida.

Ouvi cada palavra que Thaís disse em silêncio, embora minha vontade maior fosse de estrangula-la. A garota mal me conhecia e só porque era prima de uma ex minha se achava no direito de dar palpites na minha vida? Além disso, até onde eu sei, toda essa história de gravidez poderia ser uma grande mentira da Vanessa, afinal ela seria capaz de qualquer coisa para me manter ao lado dela. Assim que ouvi o discurso, falei:

- Olha aqui Thaís, como você mesma me disse, nós mal nos conhecemos, e eu não gosto de amigos dando opinião na minha vida, muito menos uma pessoa que só vi uma ou duas vezes. Pode ficar tranquila que, caso seja verdade essa história da Vanessa e caso eu seja o pai, eu não vou abandonar a criança, irei cumprir com meu papel, mas no mundo de hoje, e como somos todos de maior, não tenho nenhuma obrigação de me casar com ela ou algo assim. Agora, se me dá licença, preciso resolver assuntos meus.

Senti o olhar de ódio de Thaís, mas ela não tinha mais argumentos, e nem havia nada que ela pudesse fazer naquele momento, ela limitou-se a dizer:

- Tudo bem Ricardo, mas se a Vanessa me fizer mais alguma queixa de você eu irei contar aos pais dela, ela não tem coragem de fazer isso, mas eu tenho.

Ela virou as costas e foi embora, com certeza eu estava feliz por ela ter ido, mas agora eu tinha dois problemas, resolver o mais rápido possível essa história com Vanessa e por um ponto final de vez nela e encontrar Alice.

Comecei ligando para Vanessa, apenas caixa postal, depois da quinta tentativa deixei um recado para que ela me ligasse na manhã seguinte e fui atrás da minha pequena. Comecei procurando na biblioteca, nem o menor sinal dela. Fui até a estufa, por sorte lá tinham algumas pessoas a quem eu pudesse perguntar por ela, mas tudo o que disseram foi que Alice esteve ali, mas já tinha saído. Fiquei um tempo sentado em um banco qualquer imaginando onde ela poderia ter ido, quando chegou a hora da aula seguinte resolvi ir para a sala, talvez ela estivesse lá.

Sentei em uma cadeira próxima à janela, assim caso ela não fosse à aula eu talvez pudesse vê-la passando do lado de fora. Nada. Alice não passou, nem entrou na sala. Comecei a ficar realmente preocupado, tentei ligar pra ela, mas estava fora de área, decidi tentar ir até a casa dela, certa vez ela havia me dito mais ou menos o lugar em que morava, era perto do ponto final do ônibus que ela pegava no centro, provavelmente alguém deveria saber me informar quando eu chegasse.

Quando saí do prédio estava começando a chover, tirei meu guarda-chuva de dentro da mochila e fui para o ponto de ônibus foi então que lá, em pé com um guarda chuva na mão vi uma figura baixinha, andando meio desajeitada e com uma cor vermelho fogo no topo, sem dúvida era Alice.

Comecei a andar na direção dela, ela parou, deve ter ficado assustada, então quando cheguei perto, estendi-lhe a mão e disse:

- Pensei que tinha te perdido...