Mesmo que parecesse invisível, poderia sim haver no coração daqueles dois monstros alguma coisa boa, capaz de nutrir algo que fosse talvez tão belo quanto um lírio, a flor que é capaz de nascer em meio ao lodo.

-Levante-se do chão, por favor._Janina disse suplicante para a recém chegada._Logo o Andrews volta e você não vai querer ver a reação de nenhum deles caso fiquem zangados.

-Quem é você?_Layane levantou os olhos ainda inchados para encarar Janina._E o que faz aqui?

-Meu nome é Janina, mas não sei se posso falar sobre o que eu faço aqui com você ainda. Não quero problemas, se é que me entende..._Janina disse cautelosa em relação a nova colega.

-Não se preocupe, não quero causar mais problemas._Layane disse se levantando._Vou tratar de pensar em um jeito pra sair daqui e depois arrumar uma arma bastante carregada para estourar os malditos miolos desses dois desgraçados. Em especial a Muralha idiota que é o Andeza.

Janina arregalou os olhos com as palavras vindas da pequena garota a sua frente. Sua aparência não condizia em nada com seu vocabulário. Era de longe uma “mocinha” nada comum.

-Tem algum banheiro por aqui ou ficamos literalmente na merda?_Layane voltou a se pronunciar.

-O banheiro está bem atrás daquela porta._Janina disse segurando uma risada pela fala exagerada da menina._Posso te fazer uma pergunta?

-Poder você pode, só não te garanto uma resposta satisfatória..._Layane deu de ombros.

-Por que você está aqui?_Janina perguntou curiosa.

-Eu sou Layane Ferrero, meu pai me odeia e o Andrews odeia meu pai._a mais nova disse casualmente._O Derek obedece o Andrews e na cabecinha burra deles o meu velho daria alguma coisa pra me ter de volta._Ela disse a ultima frase com escárnio palpável.

-Problemas familiares então?_Janina perguntou.

-Que tal pararmos com as perguntas por enquanto ok?_Layane disse parecendo simpática._Não costumo gostar de ser interrogada, a menos é claro que o policial que o faça esteja quase sem farda e segurando no cassetete, se é que você pode me entender..._Ela disse gargalhando em seguida e fazenda e Janina ruborizar.

-Ora vamos, não precisa ficar corada ta bom...Você está grávida e eu tenho certeza que sabe muito bem os meios necessários para se colocar uma criança ai dentro._Layane disse em tom divertido fazendo Janina quase morrer para segurar uma risada._  A propósito...De quem é o seu filho?

-Meu._A voz de Andrews se fez ouvir assim que a porta foi aberta.

-Estou começando a acreditar que você realmente está gostando da idéia._Derek sussurrou para apenas Andrews ouvir.

-Cala a boca._Andrews sussurrou de volta fazendo o amigo sorrir.

-Vejo que as ladies já se conhecem  e já estão prontas para o passeio da semana._Derek falou em tom de sarcasmo._Vamos logo, ou precisaremos usar as coleiras?

-Use a coleira só se for pra pender a cadela da sua m..._Layane começou a frase no intuito de responder Derek, mas calou assim que viu as duas figuras a mais na porta._Desculpe senhora Andeza...

-Não se preocupe querida._Ela disse sorrindo._Só viemos checar as risadas.

-Os meninos só sorriem assim quando estão fazendo arte._A senhora Montanova disse fazendo Andrews revirar os olhos.

-Estamos saindo._Andrews anunciou puxando Janina e dando espaço para Derek segurar Layane._Qualquer gracinha e um dos seguranças se sentirá honrado em enfiar uma bala na garganta de cada uma._Ele sibilou fazendo Janina arrepiar e Layane revirar os olhos.

Eles seguiram juntos até a garagem da casa. Janina tampou os olhos devido a luz do sol mais forte do lado de fora. Todo o tempo dentro de casa a fez perder o costume. Observou atentamente a pequena frota de carros que Andrés colecionava e viu ele escolher um dos mais discretos para ser usado na ocasião. Derek revirou os olhos quando viu a escolha do amigo e sussurrou um baixo “estraga prazeres” que fez Andrews revirar os olhos. Derek foi na frente no banco do carona e Janina e Layane foram atrás. O caminho foi bastante silencioso e Janina se contentava em apenas observar a pequena amostra de liberdade que estava tendo em meses. Ela tinha muitas perguntas, mas sabia que não era o momento certo para nenhuma delas ser feita. Aprendeu que a vida se encarregava de tudo. As surpresas agora faziam parte da sua rotina.O carro parou em um estacionamento reservado frente a um imponente prédio. Não era um hospital Era provavelmente um consultório particular.

-Eu sei que eu disse pra me obedecer, mas coisas simples não precisam de ordem não acha?_Andrews disse rude fazendo Janina perceber que os demais já se encontravam fora do carro esperando por ela.

-Me desculpe._Ela respondeu simplesmente.

Andrews olhou em volta, respirou fundo e segurou na mão de Janina, fazendo  mulher ao seu lado o olhar assustada.

-Da pra parar de me olhar a cada instante como seu eu fosse matá-la?_Ele perguntou irritado._Finja que está feliz garota. Você é a “refém” mais bem tratada que eu conheço. Isso não é um velório e sim uma consulta em que vamos conhecer “nosso filho”._Ele disse debochadamente._Pareça feliz e mostre os dentes em um sorriso, antes que o médico mande seu “papai” vir me prender por maus tratos.

-Está bem._Janina disse e se forçou a sorrir vendo Andrés ao seu lado revirar os olhos.

-Quanto a você tampinha._Derek chamou a atenção de Layane._Faz uma gracinha qualquer que eu te faço ter que voltar aqui daqui uns meses para fazer o mesmo procedimento da sua coleguinha Janina ali.

-Eu prefiro um iro na testa Andeza._Ela disse com cara de nojo.

-Não provoca não pirralha... Eu adoro psicologia reversa._Ele disse sorrindo e recebendo um gesto obsceno de Layane.

-Não me façam separa a briguinha estúpida de vocês agora ta bom?_Andrews se pronunciou vendo que os dois já chamavam atenção das pessoas.

-Não se preocupe Montanova, eu não vou expor você. Eu sou uma boa garota as vezes._Layane disse sarcástica.

-Faça a maldita calar a boca Derek._Andrews pediu.

-Se não calar a merda da boca e eu enfiar uma coisa tão grande dentro dela que você vai ficar incapacitada de falar por pelo menos uns dois ou três dias._Derek ameaçou e viu Layane arregalar de leve os olhos._Não imagine a cena pirralha. Se não for boazinha vai ficar só na vontade._Ele riu assim que ela acertou um tapa forte no braço dele.

Eles caminharam até a entrada do prédio e juntos foram até a recepção. Subiram de elevador em silencio até o andar correto e encontraram o consultório. Andrés foi até a recepcionista e deixou Janina a cargo de Derek.

-Não precisa se preocupar Derek amor, não vamos matar você._Layane disse rindo de maneira infantil._Não aqui e não agora.

-Deus sabe o medo que sinto de ma criança e uma grávida Layane...Deus sabe._Derek disse suspirando.

-Vamos._Andrews falou._Hora de conhecer o mais novo membro da família..._Ele disse rindo sarcástico.

O coração de Janina perdeu uma batida. Era como conhecer alguém que já se ama mesmo sem nunca antes ter visto.

O médico os recebeu e realizou alguns procedimentos padrões. Pediu que fossem feitos alguns exames e Andrews se prontificou a conseguir que ela fizesse todos.

-Bom, eu realizei os exames possíveis por hoje e agora gostaria de dar alguns diagnósticos._O doutor de meia idade disse seriamente._Janina é uma moça jovem,e teria tudo para desenvolver uma gravidez saudável.Porém uma anemia foi desenvolvida e você parece estar abaixo do peso ideal. Isso pode influenciar no desenvolvimento do bebê e sendo assim você precisa se cuidar. O quadro emocional da paciente também se encontra um pouco instável. É necessário Andrés que você preste maior atenção a ela antes que uma depressão seja desenvolvida. Os remédios estão listados e devem ser administrados de maneira correta. Eu espero que façam os exames que pedi e na próxima consulta poderemos ver o sexo do bebê.

-Claro doutor._Andrews assentiu._Faremos o melhor para o nosso filho._Ele disse lançando um olhar sugestivo a Janina.

-Faremos sim doutor._Janina concordou._Obrigado pela atenção e nos vemos em breve certo?_Ela disse e o homem assentiu simpático.

Eles saíram em silencio do consultório e no instante em que a porta atrás deles se fechou ela viu no rosto de Andrews certo desconforto e de longe notava-se irritação.Se calmo ele era perigoso, nervoso ele poderia ser bastante destrutivo. Algo dizia a Janina que logo ela teria uma demonstração disso.