Como Os Lírios escrita por BiaSiqueira, ThansyS


Capítulo 26
Culpa


Notas iniciais do capítulo

LEIAM AQUI AGORA MESMO AMORES LINDOS DO MEU POBRE CORAÇÃO.
Olá!
O maior e melhor capitulo na minha opinião.
Se ninguem me der nenhuma recomendação nesse capitulo eu nuca mais falo com vcs! Sério mesmo tah?! sóqñ..
Mas...Ok! Vamos lá divirtam-se.
Espero que gostem.
O proximo é ultimo e depois epilogo e fim :)
Quem chora?
Musica do capitulo, para fazer todo mundo chorar :
http://www.kboing.com.br/mcfly/1-1020980/
Ouçam por favor. Vai ficar mais emocionante.



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A recepção de um hospital não é nem de longe um lugar que alguém aprecia. Não é um ambiente realmente agradável. Para Derek e Andrews porém tinha um peso a mais. Foi para um lugar como aqueles que algum tempo atrás eles tinham se direcionado e foi exatamente em uma sala como aquela em que estavam agora que haviam tido a pior das noticias de toda a sua vida. A garota desacordada nos braços de Derek era levada depressa para a sala de atendimento. Andrews segurava Janina em trabalho de parto e as outras duas mulheres, assim como os dois estavam machucados. As recepcionistas ficaram realmente tentadas a contatar a policia, mas as armas visíveis ali serviram de longe como um modo eficaz de deixar todos ali de boca calda.

– Precisamos levá-la senhor. – Uma enfermeira dizia calma e amedrontada enquanto puxava Janina pela mão a guiando a cadeira de rodas que tinha por perto.

– Eu vou com ela. – Andrews falou e a mulher o encarou ainda mais medrosa devido ao tom de voz que ele usou.

– O senhor também precisa de cuidados. Sua esposa ficará bem. – Um enfermeiro um pouco menos amedrontado se pronunciou.

– Deixe ela meu filho. Eu a acompanho. – A voz de Pietra se fez ouvir e Andrews a encarou em duvida. – Se você perder mais uma gota de sangue desse machucado no seu braço, pode não agüentar ficar de pé quando ela realmente precisar de você. – A mulher disse e ele assentiu relutante lançando um ultimo olhar assustado a Janina que o encarava em um misto de dor e complacência.

– Vai ficar tudo bem. – Ela disse mais pra si mesma e se fazendo ouvir por ele enquanto era guiada pelos enfermeiros até a sala de parto.

Andrews encarou Derek percebeu pela primeira vez que o rapaz parecia ainda pior do que ele. O supercílio estava cortado e tinha sangue seco no restante do rosto. Os braços tinham arranhões e uma marca mais funda quase que como a do próprio Andrews.

– Alguém precisa cuidar de vocês. – Luciana disse nervosa tocando no filho e no rapaz que ela considerava também como parte da própria família.

– Não só de nós como da senhora também. – Derek falou e logo viu mais alguém se aproximar.

Por instinto misturado a adrenalina ambos postaram as mãos sobre as armas mal escondidas. A pequena enfermeira que se aproximava sentiu o sangue lhe abandonar as faces e os olhos quase saltarem das órbitas.

– Vocês precisam de cuidados. O doutor Marcio os aguarda. – Ela falou amedrontada e viu Derek assentir. Em seguida eles se puseram a caminhar e logo foram atendidos pelo apavorado doutor Marcio. O homem atendeu primeiro a Andrews que tinha a maior ferida visível. Em seguida Derek recebeu o devido atendimento e Luciana recebeu alguns curativos nos machucados um tanto quanto superficiais.

Nesse meio tempo uma enfermeira se fez ser vista na porta onde estavam os três.

– Eu vim trazer noticias da senhorita do quarto 23. – Ela falou e viu três pares de olhos a encararem em questionamento.

– E como quer que saibamos quem está nesse quarto? – Derek respondeu nervoso e mulher estremeceu. O homem enorme a sua frente parecia sem duvidas ameaçador com aquele tom de voz.

– A senhorita que veio com o senhor. A que não está grávida. – A mulher disse rapidamente e viu um brilho diferente passar pelos olhos do bonito, mas ainda assim assustador homem a sua frente.

– E como ela está? – Derek perguntou com um tom de voz um tanto quanto desesperado.

– Fraturou uma costela e a mão esquerda. Está em observação. Ademais sofreu apenas escoriações leves. – Ela disse em tom profissional e viu o grande homem assentir.

– Quero vê- lá. – Ele sentenciou e a mulher o encarou sem saber como responder, mas em um fio de coragem ainda o fez.

– Não pode senhor. Ela esta desacordada. São regras do hospital. – Ela disse no mesmo tom profissional agora um tanto mais baixo.

– Não me lembro de ter questionado as regras desse maldito hospital. Apenas me leve até ela, antes que eu de fato perca a paciência. – Ele falou com um brilho vermelho e assustador pairando claramente.

– É só me seguir. – A mulher disse rápida temendo a reação dele e seguiu a passos rápidos sendo seguida de perto por ele.

Não demorou para que chegassem ao quarto de número 23. Em meio a grande e insuportável paisagem branca, o corpo pequeno de Layane se fazia notar. Derek sorriu ao ver que assim ela parecia apenas uma pequena boneca de porcelana adormecida. Os hematomas causados pelas cordas estavam tapados pelos lençóis e a camisola fina branca de hospital. Tinha o rosto sereno. Não parecia estar sentindo dor. Mas ele sabia que ela havia sentido. Ela havia visto talvez o maior dos horrores de toda a sua vida. E Layane não merecia isso. Não a sua Lay não merecia o sofrimento. E era em momentos como aquele que ele se martirizava por já ter sido ele mesmo o responsável de parte do sofrimento dela. Ela era frágil e ele era forte. Mas foi com pesar que ele constatou que não era forte o suficiente. Não tinha tido a força necessária para a manter a salvo e livre dos horrores que havia sofrido nas mãos do próprio pai. O mesmo que ela viu morrer aos seus pés. Aquele mesmo cadáver que ela nem se quer se deu ao trabalho de observar. O cadáver do homem que biologicamente havia lhe dado a vida, mas que ironicamente tinha sido o responsável por destruir sem piedade a maior parte dela até agora. Mas a partir daquele momento, o passado estava definitivamente morto. E a morte não era motivo para se comemorar. Mas naquele momento havia vindo com um gosto a mais de alivio. Ele sabia que logo ela acordaria, e dessa vez, ele com toda a certeza estaria ali ao lado dela. Nunca mais a deixaria sozinha. Nunca.

Andrews sentia que a dor que estava sentindo era bem merecida de fato. O braço enfaixado ardia ainda com a dor aguda que havia resistido a anestesia do patético médico a sua frente. Ele sentia a dor e isso o dava a certeza de que era de fato isso que merecia. Merecia o sofrimento. Não era digno de algo que fosse além disso. Ele era um monstro. De fato era. Havia sujado suas mãos. Havia nelas agora o sangue que ele sempre tentou evitar ter. Mas ele não se arrependia. Não tinha orgulho de matar, mas também não se arrependia de tê-lo feito, simplesmente por que em seu coração ele sabia que faria de novo. E quantas vezes fosse necessário ele faria. Morreria, mas não perderia a sua família. Não perderia ela. Não outra vez. Ele sentia o corpo reclamar até pelos seus pensamentos, mas não se incomodava. A dor o lembrava de que estava vivo e que talvez isso realmente significasse alguma coisa. Talvez, só talvez valesse a pena estar vivo.

Na sala de espera ele ouviu passos se aproximarem uma vez mais. Não se alarmou realmente. Imaginou que seria apenas mais uma minúscula e irritante enfermeira.

– Senhor... - A mulher chamou baixo se fazendo notar. Andrews sentiu uma pontada de nervosismo quando imaginou que ela viria com alguma noticia de Janina. Ele apenas levantou a cabeça na direção dela a dando o consentimento mudo para continuar a falar.

– A senhorita Janina deu a luz. O senhor pode ir vê-la se quiser. – Ela falou baixo e viu uma chama de luz de acender nos olhos sofridos do homem a sua frente. A mulher viu vida neles pela primeira vez.

Andrews se levantou e a seguiu sem dizer uma palavra. Seu peito parecia a ponto de explodir. Viu ela seguir por um corredor frio e irritantemente branco. A cada passo que se obrigava a dar, Andrews sentia a ansiedade tomar conta de si. Ele não sabia se quer o que esperar.

A enfermeira abriu a porta e deu passagem a ele. Antes porém de ele entrar resolveu se pronunciar na tentativa falha de matar de uma vez o nervosismo que o corroia a cada passo.

– Ela está bem? – Ele perguntou baixo. Era calmo. Quase que um tom assustado. Temeroso.

– Por que não vê por si mesmo? – A enfermeira lhe respondeu e saiu em seguida sem perceber o olhar assassino que ganhou de Andrews. A petulância dela o instigou a acrescentar mais um item a sua extensa lista de pecados. Viu sua mãe passar apressada por is. A mulher lhe sorriu cansada e passou rapidamente.

Andrews venceu o medo que o dominava. Era um medo que ele nunca havia sentido na vida. Era medo da reação dela. Mas ele adentrou o cômodo e no mesmo instante a visão que teve fez o seu coração machucado e frio se acender um pouquinho. Janina estava lá. Ela parecia um tanto cansada e o olhou com um sorriso tão cálido que o fez se sentir o homem mais sujo do mudo por um dia ter pensado em machucá-la, como de fato o fez. Em seu colo um pequeno embrulho podia ser visto. Não passava de trinta centímetros e Janina encarava com uma admiração expressa. Ele mal pode conter um sorriso involuntário.

Ela o encarou uma vez mais e pediu silenciosamente que se aproximasse. Ele obedeceu. Silenciosa e calmamente, como se a pudesse assustar se o fizesse de qualquer outra forma. Viu ela olhar mais uma vez para o embrulho em seus braços e com um sorriso nos lábios o levantar em sua direção.

– Vamos Andrews. Pegue. – Ela disse e ele a encarou como se visse algo muito estranho.

– Eu não posso fazer isso Janina. – Ele falou encarando o chão. Ela sorriu uma vez mais.

– Não é como se ele fosse te morder. – Ela falou e ele riu baixinho. – Não tenha medo.

Ela falou e nesse momento Andrews se sentiu privilegiado. Ele estendeu os braços e ergueu o pequeno bebê para mais perto de si. Ele analisava o rosto pequeno e inocente do anjo que tinha nas mãos. Era uma vida que ele segurava. E isso era de fato irônico. Era como segurar uma vida depois de tirar tantas outras. Mas naquele momento Andrews sentiu a culpa diminuir um pouco. Ele sentiu que tinha mais um motivo para ele saber que havia valido apena. Ele acreditou por um momento que talvez Deus um dia o pudesse perdoar. Sua mãe sempre lhe disse que esse era misericordioso, e talvez ainda houvesse alguma esperança de salvação para a sua alma. Não que ele realmente merecesse algum tipo de misericórdia, mas ele se permitui pensar por um momento que se a recebesse de fato não a rejeitaria. Se sentiria verdadeiramente lisonjeado. O momento de admiração no entanto durou pouco. Ele sentia o olhar da mulher a sua frente cravado sobre si e se lembrou quase que num flash que precisava falar.

– Me desculpe. – Foi tudo o que ele conseguiu dizer antes de devolver a ela o pequeno bebê. – Eu sei que não vale de nada realmente o que essa palavra pode significar, mas não sei de que outra forma poderia amenizar todo o mal que lhe causei. Sei que tudo foi minha culpa e que não tenho o direito de lhe pedir perdão e nem sequer o mereço realmente. Eu sei que destruí a sua vida e sei que nada do que eu falar ou fizer vai mudar isso. Eu só queria que você soubesse que eu daria minha vida para não ver você sofrer uma vez mais se quer Janina. Mas sei que isso também não seria o suficiente. Sei que minha alma não tem valor. Mas eu poderia implorar a você agora e pelo resto da minha vida para que me perdoe. Só por favor, não vá embora e leve consigo o ultimo vestígio de vida que me restou. Não leve consigo o aroma característico de flores que você carrega e nem mesmo o pequeno lírio que você segura agora. O lírio nascido em meio ao lixo que eu te forcei a conviver. A mais bela flor que brotou trazendo consigo tudo de melhor que poderia haver no meio de nós. Por favor, uma ultima vez antes que você me diga qualquer coisa eu te imploro. Não vá...

Dizendo aquelas ultimas palavras Andrews abaixou os olhos deixando cair uma única lagrima. Solitária, que representava tudo o que sentia. E de certa forma era o simbolismo explicito de como seria se ela realmente o deixasse. Não restava a ele nada mais a se fazer. Era apenas esperar pela resposta dela. Ele mal tinha coragem para levantar os olhos, mas assim que o fez sentiu o que viria seguir, e foi justamente isso que fez seu coração pulsar desesperado no peito...Ela já tinha a sua decisão tomada.


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Notas finais do capítulo

E então?
Beijos e fiquem com Deus!
Comentem pelo amor de Deus, heim gente!