–Lírios.

–Mas que..._Andrews começou, mas foi interrompido pela voz de Derek.

–Você está ferrado meu amigo._Ele falou e Andrews o encarou descrente._Completamente ferrado.

E logo todos sumiram dos corredores, deixando apenas um Andrews confuso, imerso em confusão, curiosidade e seu característico perfume com cheiro de Lírios frescos.

Na cabeça de Andrew, algo estava muito errado. Dois meses já haviam se passado desde que levará Janina para ver seu pai e o homem parecia cada vez mais disposto e menos assustado com tudo aquilo. Janina agora já estava quase nos seus sete meses de gestação e com todos os problemas que a garota já tinha, o processo estava ficando cada vez mais delicado. A policia já estava praticamente despistada. Andrews acabou sendo obrigado a recrutar mais “aliados” já que Emanuel sozinho estava dando resultados demasiadamente lentos e não muito precisos. Ele sabia que algo estava errado. Tudo estava caminhando para um destino que não havia sido traçado por ele e era isso o que mais lhe assustava.

Na mente de Andrews uma lembrança em particular o atormentava há semanas. Desde o dia em que ouviu algo estranho sobre lírios vindo de Janina, de Layane e até do próprio Derek ,que na opinião de Andrews estava agindo como um perfeito cachorrinho perto de Layane, ele acabou fazendo mais uma de suas besteiras habituais.

Já era tarde da noite e Andrews não conseguia dormir. Na sua cabeça s pensamentos daquele dia estranho o atormentavam como um pesadelo que nunca pretende acabar. Era apenas questão de fechar os olhos e rever aquele dia. Rever a maneira como ele estava agindo, rever o sorriso de Derek, que na visão do amigo indicava muitas coisas, e ver ainda os expressivos olhos de Janina. Esses que a tempos já não eram os mesmos. Esses que naquele dia em especial demonstravam emoções que ele jamais havia visto neles antes. Estavam transbordando muito mais que surpresa. Estavam cheios de esperança. Cheios de uma felicidade estranha, que parecia querer se esconder e ser contida a todo momento, mas era quase impossível não se transbordar. E foi pensando nesses olhos que Andrews levantou de sua cama e saiu de seu próprio quarto indo de encontro a porta habitualmente trancada no final do corredor. Hesitou antes de girar a chave e rodar a maçaneta. Hesitou antes de caminha para o seu destino. Mas o medo não foi suficiente para fazê-lo recuar tanto assim. Com a pouca força que ainda lhe restava, abriu a porta e encarou o anjo adormecido sobre os lençóis da cama simples. Parecia inexpressiva, e na visão dele ainda mais linda. Usava um shortinho de dormir que ele mesmo se lembrava de ter comprado junto com Layane e Derek. A blusa encontrava-se um pouco levantada por conta da barriga irregular. Os cabelos soltos e espalhados pelo travesseiro e os olhos fechados graciosamente. Ele perdeu alguns segundos absorvendo aquela imagem. Assimilando que a garota que estava ali agora dormindo na sua frente, era a mesma para quem ele havia planejado as piores atrocidades, e cometido até mesmo algumas delas. Se aproximou calmamente e logo já estava parado ao lado da cama. Não se conteve e tocou nos cabelos dela seguindo delicadamente até o rosto. Sorriu ao se sentir tocá-la mais uma vez. Estava reprimindo tal vontade desde que a havia beijado imprudentemente em um outro acesso de loucura em um dia de insanidade qualquer.

Sentiu ele se mover minimamente ao tocá-la e assim que ele desceu as mãos até os lábios entreabertos dela viu as orbes castanhas serem abertas rapidamente e o encararem assustadas. Janina rapidamente se levantou e ele se afastou rapidamente sorrindo em seguia ao notar a cara de pânico que ele sustentava.

-Não precisa se assustar._Ele disse calmamente._Não vim machucar você. Estou de saída.

Antes, porém que ele cruzasse a porta a voz baixa e ainda um pouco assustada de sua refém soou.

-Espere._Janina pediu._Por favor, Andrews, espere._E ela pela primeira vez na vida chamou por seu algoz. Usou seu nome.

Ele retesou ao ouvir o próprio nome ser dito pela voz assustada e um tanto quanto exasperada dela.

-Me diga o que faz aqui._Ela pediu assim que o viu a encarar outra vez.

-Eu não sei._Ele disse depois de pensar e repensar varias possíveis repostas diferentes, até se dar por vencido e dizer a limpa e cristalina verdade.

Janina o encarou com a mesma expressão perdida que ele sustentava, mas logo essa foi substituída por uma pequena careta. Ela fechou os olhos rapidamente e pousou as duas mãos sobre o ventre atraindo a atenção de Andrews que logo voltou a se aproximar.

- O que houve? Algum problema?_Ele se abaixou ao lado dela.

-Não não pelo contrario._ela sorriu e por impulso segurou uma das mãos dele e a colocou sobre a sua barriga assustando um pouco Andrews e o vendo arregalar os olhos logo em seguida.

-É o bebê._Ela disse com lagrimas nos olhos o encarando.

-Ele chutou minha mão._Andrews disse sem conter o sorriso.

-É a primeira vez que isso acontece._Janina disse sorrindo ainda mais._Ele estava demorando tanto. Mas acho que só estava esperando a hora certa.

Andrews a encarou mais uma vez olhando profundamente nos olhos emocionados da mulher a sua frente. Ele invejava a coragem dela. Invejava o fato de mesmo em meio a tudo aquilo ela ainda se manter forte e viva, ainda dando o milagre da vida a um ser inocente dentro de si.

Alguns segundo se passaram, e junto com o tempo a razão de Andrews pareceu querer retomar seu lugar de direito. Se afastou dela ainda um pouco incerto e antes de deixar definitivamente o quarto da moça, ele sorriu e disse as palavras que fizeram a mesma chama que ele vira mais cedo reacender com força total.

-Acho que agora já sabemos o por que de eu ter vindo até aqui._Ele disse e saiu do quarto sem esperar pela resposta que ele nunca saberá se viria ou não.

Andrews foi chamado de volta de seus pensamentos assim que ouviu passos sendo seguidos pela conhecida voz de Derek pelos corredores. Naquele momento, ele se lembrou de um outro problema. E esse também tinha nome e sobrenome.Layane Ferrero.  Eles haviam tirado algo de alguém, e agora esse alguém queira de volta. João Paulo Ferrero havia dado sinais de que queria reaver a filha e estava disposto a muito por isso.

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