A Filha Da Morte escrita por Messer


Capítulo 35
Epílogo - Hurricane


Notas iniciais do capítulo

Hurricane - 30 Seconds to Mars. Música linda. Mas o que acontece com ele, é mais devastador do que qualquer furacão que já existiu.
Jared.



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Bianca era somente um borrão em cima de Nova Iorque.

Em segundos horríveis, seu corpo se transformou em sombras. Quando ela se sacrificou para matar o titã, todo o lado inimigo sumiu, desapareceu, ou bateu em retirada. Mas mesmo assim, o Olimpo tinha sofrido vários danos, alguns irreparáveis. E Bianca estava morta. Nada poderia reparar isso. Nada.

Eu me sentei no chão. Minha blusa tinha alguns pedaços de grama e estava chamuscada. Quando olhei a minha esquerda, vi uma longa espada dourada ensopada de sangue até a guarda, e outra negra, com desenhos de pequenas caveiras na guarda e no cabo. Eu peguei a espada de Bianca e a coloquei em meu colo.

Nico se deixou cair ao meu lado. Sua expressão era de luto completo. Seus olhos estavam longe, suas madeixas negras e bagunçadas com alguns cortes estranhos. Seu casaco tinha vestígio de sangue de monstro e estava queimado em algumas partes. Ele fitava o horizonte, esperando algo acontecer. Quando percebeu que eu estava observando-o, ele se virou, e fitou a espada em meu colo.

– Bela espada.

E colocou a sua entre nós. Era uma espada também negra, não tão grande, e tinha uma única caveira com rubis no lugar dos olhos, logo abaixo da guarda, de uma forma que parecia que o crânio estava comendo a base. Eu coloquei a espada de Bianca ao seu lado.

Ele suspirou, e abraçou os joelhos, usando-os de apoio para a cabeça. Ficamos um tempo assim, fitando o horizonte para ver o que aconteceria. Poderíamos ter esperanças de que Bianca aparecesse voando lá. Ou de que surgisse de uma sombra. Mas, mesmo que aquilo acontecesse, ela estaria gravemente ferida.

Um sacrifício com sangue pode tudo.

As palavras de seu pai finalmente fizeram sentido. Bianca poderia voltar, mas ela estava morta. Ela se sacrificou por nós. Eu faria de tudo para honrar seu nome, sua ação.

Nisso, um barulho interrompeu. Parecia vir de atrás de nós, e eu e Nico nos preparamos para ver o que era. Aline surgiu das plantas, com algumas de suas irmãs a seguindo. Seus olhos estavam vermelhos, e lágrimas ainda corriam de seu roso pálido.

– Onde ela está? Onde?

Eu me levantei, e segui em direção a Aline.

– Aline, olhe...

– Não! - Ela gritou. - Não, não e não! Ela não pode ter ido! Ela não pode... - e sua voz se transformou em um sussurro, e ela caiu no chão, e desabou a chorar. Falava algumas coisas sem sentido, e ficava dizendo para si mesma que era uma mentira. Ela estava em um estado de choque.

Nico se aproximou, e se sentou sobre suas próprias pernas. Tocou o ombro de Aline, e ela levantou a cabeça com uma expressão assassina nos olhos, como se ele tivesse feito aquilo.

– Ela fez isso por nós - disse Nico. - Não se culpe, e não culpe a ninguém. Ela fez isso pois nos amava. Por favor. A expressão de Aline sumiu. Ela olhou para mim, desesperada. Eu não disse nada. Então, o barulho de uma concha, igual a que usamos no acampamento soou. Aline se deixou ser carregada pelos irmãos e irmãs, e eu e Nico fomos atrás.


Depois de nos ter arrumado e limpado grande parte dos vestígios da guerra, nos reunimos em um local para queimar as mortalhas. Todos os deuses, semideuses, espíritos da natureza e outros estavam lá. Todos tinham uma expressão de luto no rosto.



Haviam cerca de umas vinte mortalhas espalhadas em meia lua. Uma dourada, com um desenho de uma lira, outra azul com peixes, duas roxas com vinhas, duas pratas, uma com uma lua bordada e outra com uma coruja, outra verde com um caduceu e outras. A de Bianca era a do centro, uma mortalha negra, com caveiras em cinza escuro e um arco prateado bordado no centro.


A praça era ao ar livre, um dos únicos lugares intocados. As cadeiras foram posicionadas de um jeito que tinha um corredor no meio. Eu me sentei no meio de uma das fileiras, junto com meus companheiros de chalé. Eles estavam com uma expressão dolorosa no rosto, e alguns até vieram desejar seus pêsames. Aline estava do outro lado, chorando e soluçando bastante, e sendo reconfortada por amigos.

Eu vi as mortalhas sendo queimadas uma de cada vez. Amigos faziam suas declarações, ou só ateavam fogo a mortalha. Todos estavam mais do que abatidos.

A mortalha de Bianca foi a última a queimar. Nessa hora, o céu já estava escuro, com estrelas pontilhando a imensa massa negra, com a Lua mandando sua luz prateada. Alumas tochas foram acesas para melhor iluminação, mas seria melhor termos ficado no escuro.

O próprio pai de Bianca foi quem incendiou a mortalha. Ele estava com seu manto negro, e, a medida em que se mexia, rostos torturados apareciam de suas dobras. Mas o rosto que mais parecia torturado era o do próprio deus. Ele se aproximou lentamente da mortalha. Todos estavam em silêncio, exceto pelo crepitar do fogo. Ele pegou a tocha e incendiou a mortalha. Depois voltou para sua cadeira, na primeira fileira.

Com isso, todos foram se afastando aos poucos. Um de meus irmãos perguntou se eu iria, mas pedi um tempo sozinho. Aline foi carregada por amigos e irmãos. No fim, só sobraram Hades e eu. Hesitante, me levantei e caminhei em direção do deus. Ele fitava as chamas, fazendo-as ficarem negras e verdes a medida do tempo que se passava.

Eu me sentei ao seu lado.

– Eu sinto muito - disse. - Ela era uma ótima amiga, e deveria... - minha voz foi sumindo.

Hades continuou olhando as chamas.

– Ela fez isso por você - ele finalmente disse, depois de alguns minutos.

– O que? - Eu perguntei, confuso.

– Ela tinha uma maldição. E fez isso por você. A maldição dizia que ela iria tomar uma péssima decisão no final de Setembro.

Eu pensei... Hoje era dia 31 de Setembro. Já escurecia.

– Peraí, ela se matou por mim? - Eu disse, ficando irritado. Por que raios ela faria isso?

Hades me olhou, e sua expressão dizia que queria me queimar junto com a mortalha.

– Ela se apaixonou por você, filhote de deus. Era um amor impossível. E se matou, querendo que isso acabasse. Ela tinha planos para a Caçada. Mas você apareceu. E a maldição também. Ela se matou para que ela acabasse, mas não adiantou. Ela o amava.

Então, ele se transformou em sombras, que foram levadas com o vento. Eu fiquei só, num silêncio profundo. Até o fogo parecia ter se calado. Eu fitei a fumaça subindo ao céu estrelado, e me dei conta de tudo.

Bianca havia morrido por mim. E eu jamais me deixei perdoar por isso.


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Notas finais do capítulo

Bem povo, acabou, muito obrigada a vocês que leram, e espero que tenham gostado. Enfim, eu vou escrever outra fic, então não deixem de visitar meu perfil
Beijooss! E obrigada!



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