As aulas terminaram com o sinal tocando, todos os alunos correram para sair do prédio como se ele estivesse em chamas, apenas eu e o outro garoto que sentava ao meu lado tínhamos ficado na sala. Sempre fui muito lerdo em arrumar meu material e sair da sala, o outro garoto também tinha esse costume, pois ainda colocava todos os seus lápis e canetas dentro do estojo.

Saímos juntos da sala sem trocar olhares, talvez pelos mesmos motivos, a conversa durante a aula.

Nem tinha ligado muito para aquilo, um homem pode “achar” outro bonito não? Sei lá qual a sua visão sobre isso, mas naquele instante não ligava para a opção sexual dele ou até de seu colega tinha outras coisas com que me preocupar, como o trabalho de historia ou a prove de matemática, isso é o que da pegar o bonde andando, isso me lembrou que amanhã não andarei com o Lukas e sua turminha de bonés rosa, por que na minha concepção de cor aquilo era rosa e não azul bebê.

Assim que sai na rua o garoto olhou para mim.

- Até amanhã Matheus. - Sorriu e subiu a rua da escola.

Fiquei sem reação nenhuma. Depois de alguns minutos parado olhando ele subir a rua segui o meu caminho que era o contrario.

Cheguei à casa de meus avôs, me deitei e fiquei pensando na minha falta de coragem de dizer as coisas na hora de vida, coisas do tipo “Oi”, “Tchau”, “Tudo bem?” e “Não”. Poderia ter evitado a minha aproximação do grupinho de maloqueiros, enfim come alguma coisa, menti sobre minha popularidade na escola logo no primeiro dia e fui dormir.

No dia seguinte tudo se repetiu igual, todos me olhavam, o outro grupinho de gays me encarou, só que dessa vez os dois garotos que se sentavam ao meu lado estavam lá e identifiquei os gêmeos que também eram da minha sala.

- Tudo de boa? - Lukas vinha na minha direção com mais dois garotos a sua volta, todos com o mesmo boné.

- Melhor. - disse ainda olhando para os garotos da minha sala.

- Que foi? Caiu balão? - Disse ele ao olhar na mesma direção que eu.

- Não está tudo bem. - Menti.

- Cê tava olhando pras bixinha da escola?

- Estava por quê? - Desafiei.

- Aff, cê é muito estanho, fala que nem eles e fica secando depois. - Os outros que estavam com ele começaram a me chamar de bixinha em um tom alto, para que todos pudessem ouvir.

- Olha foi muito legal te conhecer, mas você não está apto para ser um contato dentro deste estabelecimento de ensino, faça um grande favor para toda a humanidade, suma. – Disse com a maior calma do mundo antes de entrar na sala.

Sentei na minha cadeira um grupinho de bonés azul bebê surgiu a minha volta.

- Ta a fim de morre é? - Disse o maior deles, Lukas estava na rodinha também.

- Na verdade não, mas uma briga no meu da sala de aula não é uma atitude adequada segundo o regulamento escolar.

- Então te pego na saída. - Falou Lukas.

- Sem problema. - Abri minha mochila e peguei meu material. - Estarei esperando ansiosamente.

A rodinha se dissipou e muitos dos alunos que presenciaram aquela cena me olhavam com cara de “ele vai morrer” para mim.

O garoto que sentou ao meu lado, o mesmo de ontem me olhava com um ar preocupado.

- Oi. - Disse ao vê-lo.

Ele ficou quieto. Lukas olhava todos os meus movimentos dentro da sala, só durante a aula de Inglês a professora nos pediu para sentar em dupla, sentei com o garoto ao meu lado.

- Sabe falar inglês? - Perguntei a ele com certa rigidez.

- Sei...

- Melhor. - Sorri ao ver sua timidez. - You already know my name, but I don’t know yours. - E fiquei esperando sua resposta.

- I’m Samuel, Nice to meat you. - Ele também sorri com um pouco de timidez ainda.

- So what do you like... - Antes de terminar a frase que estava no questionário que a professora nos entregou ele me interrompeu.

- Did you hear what I tell yesterday? - Ele demonstrava preocupação.

- Yeah, but…

- I lied.

- Why?

- ‘Cause you are more than just beautiful. - Ele ficou vermelho ao disser isso,mas não tirou os olhos de mim.

- Stop, I’m not gay. - Deu uma risada de nervoso.

- I can’t hold it. - Ele susurou.

- Look, I’ll fight against the most dangerous group of school and this is not so good, you know?

- I can help you. - Ele respondeu calmamente

- And why you’ll help me?

- Simple, I love you.

O sinal do intervalo tocou, pulei da cadeira.

- Prove.