And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 22
Capítulo 22 - Conversas na estrada


Notas iniciais do capítulo

Meus títulos de capítulo são péssimos... enfim...

E lá vamos nós! Boa leitura!



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And more confusion

Kaline Bogard

Parte 22

Conversas na estrada

Dean abriu os olhos devagar e lutou contra o casaco que o cobria.  Sentou-se sobre o banco muito mais macio do que se lembrava e analisou o carro.  Notou de primeira que não era o Impala.

– Acordou.

A voz desconhecida o fez olhar em direção ao espelho retrovisor e encarar um par de olhos verdes que o fitavam de volta.

– Cadê o Sammy? – perguntou ainda com sono.

Os olhinhos meio empapuçados de quem dormira demais pareceram derreter algo no coração da kitsune, mas ela balançou a cabeça de leve, organizando os pensamentos.

– Sammy pediu pra eu cuidar de você – falou suave.

O loirinho ergueu as sobrancelhas, desconfiado.

– Meu irmão num ia pidi algo assim nunca.  E o Sammy num gosta que chama ele de Sammy.  Só o Dean pode chama ele assim.

– Só o Dean...?

– É!  Só eu!

A mulher sorriu.  Com um mínimo de esforço tinha descoberto informações preciosas daquele menino.  Crianças eram tão inocentes...

Observou enquanto o garotinho livrava-se completamente do casaco e ajoelhava-se para observar a paisagem através do vidro.  Era muito cedo, mas atravessavam uma cidade de bom tamanho e já havia bastante movimento.  Não temeu que ele tentasse fugir ou algo do tipo, as portas estavam travadas, evidentemente.

– Então... Dean... o seu irmão pediu para que eu tomasse conta de você.  Sei que não me conhece e...

– Claro que o Dean conhece você! – o loirinho a cortou, fazendo a mulher surpreender-se e temer um pouco – Você é a Lisa, aquela moça que trabalha no parque que a gente foi e tinha um trem de madeira bem grande.

A boa memória do loirinho deixou Elisa sem palavras por alguns segundos.  Fez um esforço para recuperar o sangue frio.  Pelo menos não eram recordações perigosas para ela.

– Sim, sou mesma.  Como eu dizia... er... Sam... muel – arriscou-se no nome que poderia ser origem do diminutivo “Sammy”, como o menino continuou prestando atenção sem reclamar supôs que tinha acertado – disse que tinha feito algo muito perigoso no parque e que faria algo ainda mais arriscado.  Por isso vou cuidar de você.

Dean ficou confuso.  Era bem a cara de seu irmão fazer de tudo para protegê-lo.

– Dean que fala com o Sammy.  Num vou aceita isso!  Aquele bobão.

Elisa riu do jeito do menino.

– Pode falar com seu irmão.  Só que não agora.  Agora estamos no trânsito e falar ao celular é contra a lei.

O loirinho sorriu mostrando todos os dentes.

– Sammy e eu faz um monte de coisa contra a lei – então o sorriso diminuiu – Mais agora o Dean tem que faze um monte de coisa sem graça de pirralho! Mais eu tenho um pijama do Batman.  Vo briga com ele no telefone!

Elisa desviou os olhos e concentrou-se na estrada.  Deixou a criança continuar com seus planos que jamais se concretizariam.  Jamais...

Pois o que ela desejava para aquele loirinho era um único e irreversível destino...

– Eu to cum fome... – o menino exclamou ajoelhado no banco e observando a rua – Podemos toma um Milk shake? Poor favooor?

Elisa tinha pressa de chegar logo ao destino.  Por um segundo pensou em dizer não.  Acabou reconsiderando.

– Tudo bem.  Vamos passar por uma lanchonete e comprar um Milk shake pra você.

– Oba!  Com muito chocolate!! – o loirinho comemorou empolgado.

– Com muito chocolate – Lisa sorriu.

– E uma montanha de batatas fritas!

– E uma montanha de... ei, nada de batatas fritas!

– Ah, mais...

– Nada de “mas”.  Isso não é saudável.  Pode pedir outra coisa se quiser.

Chateado Dean sentou-se no banco e cruzou os bracinhos, esperando comover a mulher e convencê-la a satisfazer seu desejo.

A kitsune divertiu-se com a cena.  Não estava mimando o menino ao conceder-lhe o Milk shake.  Aquilo era apenas... apenas... o último desejo de um condenado.  Nada mais que isso.

S&D

Sam estava tão irritado e sem sossego que não se conformou em esperar que o mecânico trocasse todos os pneus furados.  Ele próprio encarregou-se de concertar o Impala, enquanto Bobby andava de um lado para o outro falando ao telefone.  Faltaria apenas trocar o vidro quebrado da janela.

– Obrigado.  Fico te devendo essa – Singer agradeceu desligando o aparelho.  Passou a mão pela barba e esperou que Sam se levantasse e viesse ter com ele.

A um gesto de cabeça foram para um canto mais afastado do posto de gasolina.  O mecânico que terminava o serviço na caminhonete de Bobby era o mesmo que fora buscá-los na estrada durante a madrugada com um guincho.

Quando conseguiram um pouco de privacidade o mais velho respirou fundo e começou a compartilhar o que tinha descoberto.

– Tem esse cara, o Mike, ele é um conhecido meu que entende do assunto.  Mike me disse que não sabe de nenhuma kitsune de três caudas...

– Droga! – Samuel cortou a frase, e foi magnificamente ignorado por Bobby que continuou falando como se não tivesse sido interrompido.

– Mike me contou sobre um tal de Connelly, um caçador específico de kitsunes, vai saber Deus porque.

– E esse Connelly sabe alguma coisa?  Você chegou a falar com ele?

– Não.  Mike não tem mais o número dele e me disse que nem quer ter.  Mike o classificou como um idiota metido que ficava se gabando de ter matado uma kitsune de três caudas há coisa de dois anos atrás.

Nesse ponto Sam ficou muito interessado.

– Outra kitsune de três caudas?!  Pra algo que parecia lenda tem surgido muitas ultimamente.

Bobby balançou a cabeça ruminando a teoria.

– Não sei garoto.  Não posso acreditar que seja tão fácil matar uma, mas eu nem acreditava que existissem mesmo.  Talvez... talvez faça sentido.  Esse Connelly entra no reduto, acha que exterminou todos os monstros, mas um escapa e quer vingança.

Samuel fez uma careta.

– Mas não fomos nós quem...

O rapaz calou o protesto.  Na verdade quando o assunto era vingança não fazia muita diferença.  Sabia disso por Gordon, o caçador que matava cada vampiro como se fosse o culpado pela tragédia em sua família.  Não importava que o verdadeiro responsável já tivesse pagado o preço.  Gordon ainda cobrava sua dívida e eliminava todo e qualquer sugador de sangue que tivesse o azar de passar por seu caminho.

Os próprios Winchester eram uma mostra disso.  Odiavam cada demônio parido das profundezas do inferno, não apenas por serem criaturas más.  Grande parte do ódio nascera da tragédia ocorrida quando Sam tinha apenas seis meses de vida, com a morte de Mary Winchester.  Cada novo sinistro lapidara o sentimento, como a lâmina flamejante de uma espada sendo criada a batidas de um ferreiro.  Cada novo golpe doloroso e sem piedade, cada novo golpe deixando o fio mais mortal e sedento por sangue.  A morte de Jesse. A morte de John.

Fazia todo o sentido do mundo.  Se Connelly invadira um reduto de kitsunes e fora estúpido o bastante para deixar uma escapar com vida, então essa criatura estaria sedenta por vingança.  E seu ódio se alimentaria não apenas do causador de sua desgraça, e sim de todo e qualquer caçador que caísse em suas garras.

Desanimado, Sam passou a mão pelos cabelos castanhos.

– Como ela poderia saber que nós somos caçadores?  Como ela nos descobriu, Bobby?  E se esse monstro quer vingança por que apenas levou o Dean?  Por que não nos matar de uma vez...?

O outro homem ergueu o queixo e coçou a barba devagar, pensativo.

– Vamos fazer assim: encontramos essa kitsune e convidamos ela pra ir pro programa da Oprah, okay? Então você pode fazer todas as perguntas que quiser, garoto.  Por que eu não sou vidente pra responder esse interrogatório.  Estou no mesmo barco que você, caso não tenha percebido.

Sam engoliu em seco e torceu os lábios.  Péssimo gênio tinha Bobby Singer.  Mas já estava acostumado com as tiradas ácidas de qualquer forma.

– Sinto muito, Bobby...

– Eu sei, garoto.  Se aquela criatura encostar em um fio de cabelo do Dean...

– Ela vai desejar ir para o inferno – Sam falou sério e comedido, do jeito que fazia o mais velho arrepiar-se e se perguntar se aquele era o mesmo rapaz que praticamente vira crescer.

– Sam...

– Por que eu farei o inferno parecer uma colônia de férias, se ela machucar o meu irmão.  Eu juro.

Singer não disse nada, mas ele sabia com toda certeza do mundo que Sam Winchester falava sério.  Um irmão não suportava o sofrimento do outro.

Para evitar uma desgraça maior, eles precisavam resgatar logo Dean Winchester.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Dels: ah, mas eu tenho sido boazinha até esse tempo todo! Imagina: nenhum monstro dos grandes apareceu na história! Alguém tinha que botar um pouco mais de terror, hum?
—--
Puxa, faz duas semana que eu to trabalhando no último capítulo. Que dó de terminar a fic, então eu vou enrolando, enrolando, enrolando...

Mas um dia termino!

Boa semana!



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