And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 23
Capítulo 23 - Uma coisa malvada


Notas iniciais do capítulo

Importante: A morte do Dean nesse capítulo não é definitiva! Por isso não marquei "Death Fic" nas caracteristicas e...

É melhor você ler pra entender o que eu quis dizer.

Enjoy.



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And more confusion
Kaline Bogard

Parte 23

Uma coisa malvada...

Elisa dirigia por horas e horas, cada milha avançada os levava mais próximos do reduto em que a kitsune pretendia se esconder com o que restara da família.

Sua condição sobrenatural a fazia mais resistente e forte que um humano comum.  Não precisa descansar com tanta freqüência, ao contrário do pequeno Dean.  O garoto já tirara vários cochilos.  Vez ou outra perguntava quando iam chegar, pois estava cansado de viajar tanto tempo, de ter que parar para fazer xixi na estrada e não poder tomar banho.  Faziam paradas rápidas para abastecer o carro e refeições ainda mais rápidas.

A mulher respondia que logo chegariam e em breve todo aquele transtorno teria fim.

Num dos silêncios prolongados que caiam sobre os dois viajantes Lisa finalmente se rendeu a curiosidade e perguntou algo que vinha incomodando desde que vira o menino pela primeira vez no Parque Florestal.

– O que houve com seu rosto?

Dean ergueu a cabeça e parou de brincar com os botões do casaco de adulto que o envolvia.

– Oi?

– O seu rosto – a loira insistiu olhando pelo retrovisor – O que aconteceu?

O Winchester desviou os olhos para a rodovia.  Um Pejout branco seguia bem lá na frente, nenhum outro veículo estava a vista.  Era um caminho solitário.

– Foi uma “coisa malvada”, mas eu num posso fala disso com você...

– Por que não? – a motorista perguntou erguendo as sobrancelhas.

– Por que você num sabe das coisas malvadas, ué – ele respondeu no tom complacente de voz de quem fala algo que deveria ser óbvio.

– Ah, mas eu sei das “coisas malvadas”, Dean.  Se eu não soubesse Samuel nunca confiaria de deixar você comigo – ela mentiu sem remorso.

O loirinho refletiu o que ela dissera por alguns segundos.  Pareceu convencido de que tinha certa lógica.

– Foi uma “coisa malvada”.  Ela tava tentano machuca o meu irmão e o Dean salvou ele.

– Ah... – Elisa se perguntava o que poderia ser essa “coisa malvada”.  Se eles estavam caçando, poderia ser praticamente qualquer criatura sobrenatural.

– Sabe... – o loirinho sussurrou – Uma coisa malvada matou a mamãe.

– O que disse? – Elisa surpreendeu-se com o que escutara.

– O Dean não lembra direito.  Uma coisa malvada destruiu a nossa casa inteira e matou a mamãe.  Depois uma coisa malvada matou a namorada do Sammy... eles ia até casa e tinha um monte de planos, mas agora num dá mais.

Elisa engoliu em seco sem saber o que dizer.  As revelações do menino caíram sobre ela como um balde de água fria, revelações estas que pareciam longe de acabar.

– E uma coisa malvada matou o papai também.  Nossa família acabou... sobro só o Sammy e o tio Bobby.  E o Dean.

– Foi... foi por isso que vocês se tornaram caçadores? – Lisa perguntou com uma certa dificuldade de organizar as idéias.

– É.  Papai num queria que outra família sofresse que nem a nossa.  Ai a gente tentou protege as pessoas.  Mais o papai morreu e o Sammy morreu também.  O Dean ficou tão triste que procurou o demônio da encruzilhada e fez um pacto.

– O demônio da encruzilhada?! – Elisa era uma criatura sobrenatural.  Conhecia outros seres como ela e isso incluía demônios, fantasmas e muitas outras.  Não podia acreditar que aquele loirinho vendera mesmo a alma para salvar o irmão.

– Dean tem um ano.  Depois de um ano vai pro inferno.  Que dize, o Dean tinha um ano... agora tem alguns meses só.  Mais o Sammy num que que o Dean vai pro inferno, daí ele fica tentano acha um jeito de impedi.  Foi assim que eu machucou o rosto e o braço – tirou o bracinho de sob o casaco e mostrou o ferimento coberto com gaze.

– Você vai pro inferno?  Está mentindo...

O loirinho balançou a cabeça.

– Eu num ia menti disso.  Dean num se importa de i pro inferno se fo pra salva o Sammy.

A kitsune engoliu em seco.  Pouco a pouco compreendeu a ironia da coisa: aqueles caçadores tiveram a vida destruída por causa de uma criatura sobrenatural.  Elisa tivera sua vida arruinada por causa deles.  Um círculo vicioso se formava, retroalimentando-se de ódio e sentimentos de vingança.

Aquele menininho não era mais culpado que seu próprio filho.  E ela tomava consciência que não poderia matá-lo.  Talvez soubesse disso desde o principio, quando o raptara.  Sim.  Não o raptara para torná-lo mais uma vítima do rancor e do ódio... precisava daquela desculpa esfarrapada para dar o passo inicial.  Agora que conseguira suas pretensões deixaria cair por terra as defesas e encararia a realidade por trás do plano de “vingança”.

– Dean... – chamou e aguardou que o pequenino lhe fitasse de volta pelo espelho retrovisor – Lembra quando eu disse que meu filho foi morto?  Timothy foi morto por uma “coisa malvada”.

– Oh... Dean sente muito.

– Mas essa “coisa malvada” ainda está atrás de mim, sabe?  Na verdade foi por isso que Samuel mandou você ficar comigo: pra me proteger.  Você consegue me proteger, Dean, mesmo se tiver que morar comigo por um tempo?

– Claro! – o loirinho estufou o peito – Num precisa te medo!  O Dean vai fica com você e impedi qualquer coisa ruim de acontece!  Prometo!

Elisa sorriu e voltou a atenção para a estrada.  Era hora de parar de enganar a si mesma.  Não roubara aquela criança para matá-la.  A trouxera consigo por ser extremamente parecida com Tim, seu precioso bebê.  Cuidaria dele como se fosse o próprio filho.

Estavam quase chegando ao reduto.  E uma das primeiras providências tomadas seria descobrir mais sobre aquela história de demônios e inferno.  Não conseguira um novo garoto, apenas para perdê-lo tão facilmente.

Não dessa vez.

S&D

Sam respirou fundo encarando a construção abandonada.  Uma placa de “Aluga-se” parecia estar ali há muito tempo e isso só indicava a dificuldade de passar a propriedade adiante.

– Então a kitsune morava aqui? – o Winchester perguntou enfiando a mão no bolso.  O outono cada vez mais proeminente fazia a tarde de Riverfields, Wisconsin, tornar-se mais do que fresca.  Quase fria.

– Sim.  Connelly foi bem eloqüente ao detalhar como derrotou a família de sete kitsunes, incluindo uma de três caudas – conseguir o telefone do caçador foi mais fácil do que tinham temido a princípio, graças à rede de conexões de Bobby.  Dessa forma descobriram que o reduto atacado ficava no vizinho Wisconsin, por pura sorte.  Graças a isso não precisaram viajar muito.

O rapaz moreno ergueu a cabeça e observou a parte de cima da casa.  Era uma construção antiga, de dois andares.

– Connelly envenenou a água?

– Hn, hn.  Usou um veneno fabricado por um monge xintoísta que funciona contra kitsunes, mas pelo jeito não dá certo com as mais antigas.  Connelly tinha tanta certeza que não voltou para verificar se tinha sido bem sucedido.  Todas as suas “caçadas” são assim a traição: ele dá um jeito de envenenar as kitsunes.

– Sempre funcionou?

– Sim.  A poção xintoísta funciona para kitsunes quase da mesma forma que água benta funciona para os demônios: machuca um bocado.  Quando servida em drinques, mata.  Um brinde a isso.

O Winchester tirou a mão do bolso e alisou o terno escuro, de corte barato; mas que, incrivelmente, caia muito bem no corpo definido.

– Isso que nós temos é bem frágil.  A única pista é uma suposta raposa de três caudas...

– Agradeça por temos ao menos isso, garoto.  Não seja ingrato.

– Mas se a pista for errada... o Dean...

Bobby ergueu as duas sobrancelhas, fingindo surpresa.

– Minha mão esquerda quer te acertar um cascudo, Sam.  Mas a direita está dizendo que é muito mais forte e vai fazer um senhor estrago nessa cabeça oca...

– Já entendi – o rapaz cortou a frase sorrindo com um pouco de humor – Nada de pessimismo.  Temos uma raposa de três caudas e no nosso ramo essa é uma pista quente.

– Minha mão direita aprecia a compreensão.  Apesar de lamentar não poder amaciar isso que você usa de enfeite e deveria ter um cérebro.

– Pelo menos você usa a sua para segurar o boné – Sam provocou e saiu andando em direção à casa que ficava ao lado da antiga residência da kitsune – Agentes de seguro, não se esqueça.

– Claro, agente Grimm – o resmungo de Singer denunciou-lhe o mau humor – E eu virei o agente Andersen.  Isso não vai dar muito na cara, garoto?

O Winchester balançou os ombros.  Dean sempre escolhia nomes de celebridades e geralmente funcionava pra ele.  Por que Sam não podia escolher algo mais erudito?  Algo que tinha mais a ver com sua personalidade?

E, não podia negar, gostava da ironia da coisa: ele parecia estar num conto de fadas.  Por que não homenagear os criadores das mais famosas histórias infantis?

Então meneou a cabeça irritado, caindo em si.  Melhor não pensar no trabalho daqueles escritores, já que nem todas as histórias criadas por eles tinham um final muito feliz para os protagonistas.

A linha de pensamento foi interrompida.  Mal tinham pisado na área da frente da casa e uma mulher abriu a porta, parecendo muito curiosa com a aproximação, enquanto disfarçava secando as mãos num avental cor de rosa.

– Em que posso ajudar, senhores...?

Continua...


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Notas finais do capítulo

#EuMenti

Huhaushaushaushauhsaus

Sempre fazia isso numa outra fanfic que eu postava. Os leitores queriam me matar depois. Vish, cadê o senso de humor galera isso foi só pra animar essa segunda-feira fria.

Andei assistindo umas séries novas. Da Vincis Demons, achei tudo de bom! Mesmo. Baixei Defiance, mas ainda não deu tempo de assistir. E Hannibal. Alguém aí assistiu Hannibal? É bom?

Essa semana volta supernatural. Finalmente vamos ver o final da temporada, fala sério. Agora que a coisa esquentou mesmo, eles querem que a gente broxe né?

Enfim, boa semana! Huahsuahsaushaushausha

#SouMá



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